Esquecimento da dívida e nacionalização são as
respostas para a crise económica
por Paul Craig Roberts
As companhias de aviação dos EUA conduziram-se à
bancarrota ao recomprarem as suas próprias acções num
esquema de enriquecimento para os seus presidentes e membros dos seus conselhos
de administração (
www.lewrockwell.com/...
). Com o impacto do vírus nas suas receitas, o Congresso está
entregar-lhes um salvamento
(bailout)
de US$50 mil milhões. Ao invés de serem salvas elas deveriam ser
nacionalizadas.
Na crise económica e de saúde em que nos encontramos, o governo
vai precisar de toda a confiança pública que possa obter.
Salvamentos daqueles que causaram os seus próprios problemas e os nossos
não cumprem o teste de decência.
Como escrevi anteriormente, nacionalização é uma palavra
de quatro letras para muita gente, mas ela realmente apresenta uma
probabilidade de corrigir décadas de desregulamentação e
concentração e dessa forma restaurar a competição
na economia. Bancos nacionalizados demasiado grandes para falirem, por exemplo,
podem posteriormente serem partidos aos bocados e estes serem revendidos a
privados. Bancos comerciais podem ser separados outra vez dos bancos de
investimento e o poder financeiro concentrado pode ser rompido.
Agora que já sabemos que mercados não são auto-regulados,
podemos restaurar uma regulamentação financeira sensata e exigir
aos bancos que emprestem para finalidades produtivas, não para
financiarizar e alavancar activos existentes. O sistema financeiro dos EUA
não tem servido o lado produtivo da economia estado-unidense de
há muito tempo.
Enquanto americanos comuns fortemente endividados estão a perder seus
empregos por toda a parte quando fecham negócios, lobistas de centros
comerciais estão a pedir garantias de US$1 milhão de
milhões. A indústria hoteleira quer US$150 mil milhões. A
indústria da restauração quer US$145 mil milhões. A
National Association of Manufacturers quer US$1,4 milhão de
milhões. (
www.cnbc.com/...
) Distribuidores de serviços alimentares estão em
perturbação. A Boeing quer US$60 mil milhões financiados
em parte por empréstimos garantidos. Governos locais e estaduais
necessitam apoio. A conferência estado-unidense de presidentes de
municipalidades quer US$250 mil milhões. A lista é
infindável.
O que é tem de ser feito para os 40% de americanos que, segundo um
estudo do Federal Reserve, não podem obter US$400 em cash sem vender
propriedade pessoal? Como é que o grande número dos que
não tem seguro vai ser cuidados durante esta crise de saúde? Onde
hospitais e médicos obterão o dinheiro?
A única solução é nacionalizar cuidados de
saúde de modo a que as contas possam ser pagas. Não podemos
sobreviver com grande número de pessoas infectadas e desempregadas a
perambular pelas ruas a vasculhar por comida e o que quer que possam tomar.
A única solução para a economia é esquecimento de
dívida para as pessoas comuns e nacionalização das
companhias. Trump indicou que pode ser dada ajuda na forma de uma
participação accionista e posteriormente vender a parte do
governo com lucro numa privatização quando as coisas retornassem
ao normal. Isto seria uma nacionalização parcial. Muito melhor
é ir à totalidade pois isto permite um saneamento por
concentração e desregulamentação.
A pandemia tornou claro que uma sociedade de indivíduos egoístas
não é uma sociedade. Uma sociedade é um
sistema social.
Um sistema social com êxito é aquele que pode apoiar seus
membros. Uma vez que exista um sistema social auto-sustentado, então
há uma base para que as pessoas desenvolvam-se por si próprias.
Mas sem um sistema social sustentável, não pode haver nada.
Criar uma sociedade sustentável nos Estados Unidos exige o abandono de
modos dogmáticos de pensamento. As velhas ideologias atravessam-se no
caminho. Nós e nossos líderes devemos pensar com criatividade se
quisermos tratar com êxito a crise económica e de saúde.
23/Março/2020
O original encontra-se em
www.paulcraigroberts.org/...
Este artigo encontra-se em
https://resistir.info/
.
|