Os custos da privatização da Galp
Preços dos combustíveis em Portugal superiores aos da UE
Lucros excessivos das petrolíferas
Elevados dividendos distribuídos aos acionistas privados
Tudo isto pago pelos portugueses, cujas remunerações
são metade da média da UE e menos de metade da zona euro
Quando se critica os preços e os lucros excessivos das
petrolíferas e das distribuidoras de combustíveis em Portugal
ouve-se muitas vezes dizer
(é uma autêntica cassete),
"que a culpa não é delas mas sim dos elevados impostos
cobrados pelo Estado". Para saber se isso é verdadeiro, vamos
utilizar na nossa análise os
preços dos combustíveis em Portugal sem impostos
comparando-os com os praticados nos países da União Europeia
também sem incluir impostos
divulgados pela Direção Geral de Energia do Ministério da
Economia, portanto dados oficiais. Desta forma ficará claro, por um
lado, se esse argumento utilizado pelas petrolíferas e seus defensores,
procurando criar a ideia na opinião pública de que não
têm qualquer responsabilidade nos preços excessivos que os
portugueses pagam, é verdadeiro e, por outro lado, conhecer os custos e
consequências da privatização da GALP.
OS LUCROS EXCESSIVOS DAS PETROLIFERAS EM PORTUGAL SÓ NO GASÓLEO
(por cobrarem preços superiores aos da UE) VARIAM ENTRE 113,4
MILHÕES E 195,5 MILHÕES /ANO. EIS UMA CONSEQUEN-CIA
DA PRIVATIZAÇÃO DA GALP POIS O GOVERNO DIZ QUE NADA PODE FAZER
POR SER PRIVADA
O quadro 1, com dados da Direção Geral de Energia, mostra a
desproporção existente entre os preços pagos pelos
portugueses pelo gasóleo rodoviário quando se compara com os
praticados nos diferentes países da União Europeia.
E recorde-se que são preços que não incluem impostos por
isso não se poder afirmar que a culpa é dos elevados impostos
pagos em Portugal.
Como revelam os dados da Direção Geral de Energia os
preços do gasóleo, sem incluir impostos, são em Portugal
superiores aos praticados na esmagadora maioria dos países da
União Europeia. Entre os 28 países da União Europeia, em
janeiro de 2019, Portugal estava no grupo dos seis mais caros e, em janeiro de
2020, estava no grupo dos oito mais caros.
O preço médio do gasóleo sem impostos
em Portugal era, em janeiro de 2019, superior à média da
União Europeia em 0,019/litro e, em janeiro de 2020, esse excesso
tinha subido para 0,032/litro.
Multiplicando estes valores pelo consumo anual de gasóleo em Portugal
obtém-se, no 1º caso, um lucro extra de 113,4 milhões
e, no 2º caso, de 195,5 milhões . E ainda têm a
desfaçatez de enganar a opinião publica afirmando que a culpa do
preço elevado do gasóleo no nosso país deve-se apenas ao
facto de os impostos serem elevados. A verdade é que as
petrolíferas aproveitam a falta de controlo existente, e também o
facto de dominarem o mercado para inflacionarem os preços e imporem
preços superiores aos praticados nos outros países.
OS LUCROS EXCESSIVOS DAS PETROLIFERAS EM PORTUGAL SÓ NA GASOLINA (por
cobrarem preços superiores aos da UE) VARIAM ENTRE 25 E 50
MILHÕES /ANO. EIS TAMBÉM UM RESULTADO DA
PRIVATIZAÇÃO DA GALP POIS O GOVERNO DIZ QUE NADA PODE FAZER POR
SER PRIVADA
O quadro 2, com os preços da gasolina 95 sem impostos praticados nos
diferentes países da União Europeia, divulgados também
pela Direção Geral de Energia, revela que os preços que os
portugueses estão a pagar às empresas são superiores aos
dos outros países da União Europeia
Também
os preços da gasolina 95 sem incluir impostos
, são em Portugal superiores aos praticados na esmagadora maioria dos
países da União Europeia. Entre os 28 países da
União Europeia, em janeiro de 2019, Portugal estava no grupo dos cinco
com preços mais elevados e, em janeiro de 2020, mantinha-se no grupo dos
cinco em que o preço da gasolina sem impostos era mais elevado. Em
janeiro de 2019, o preço pago pelos portugueses era superior à
média da União Europeia em 0,019/litro e, em janeiro de
2020, esse excesso tinha subido para 0,037/litro.
Multiplicando estes valores pelo consumo anual de gasolina 95, que é
muito inferior ao de gasóleo (4,5 vezes menos) obtém-se, no
1º caso, um lucro extra de 25,2 milhões e, no 2º caso,
de 50,1 milhões . E tal como acontece em relação ao
gasóleo também em relação à gasolina os
defensores das petrolíferas dizem que a culpa do preço elevado da
gasolina no nosso país deve-se apenas ao facto dos impostos serem
elevados. A verdade é que as petrolíferas aproveitam
também aqui da falta de controlo existente, da passividade do governo e
da Autoridade da Concorrência e o facto de dominarem o mercado para
inflacionarem os preços e imporem preços superiores aos
praticados nos outros países.
Eis um custo da privatização da GALP pois o governo dá
como desculpa esfarrapada que a empresa é privada e que nada pode fazer
embora isso não seja verdadeiro.
PREÇOS DO GASÓLEO E DA GASOLINA SEM IMPOSTOS EM PORTUGAL
SUPERIORES AOS DA GENERALIDADE DOS PAISES DA UNIÃO EUROPEIA MAS AS
REMUNERAÇÕES DOS PORTUGUESES SÃO METADE DA MÉDIA
DAS DOS PAISES DA UE.
TEMOS PREÇOS DA EUROPA DESENVOLVIDA MAS SALARIOS DE PAÍSES
SUBDESENVOLVIDOS
Como provamos (dados oficiais da Direção Geral de Energia), os
portugueses pagam o gasóleo e a gasolina a um preço sem impostos
superior ao praticado na maioria dos países da União Europeia.
Mas os salários em Portugal são menos de metade dos recebidos
pelos trabalhadores da Zona do Euro de que Portugal faz parte, como revelam os
dados do Eurostat constantes do quadro 3
Em 2018, o custo hora da mão-de-obra, que inclui todo o tipo de
remunerações recebidas em dinheiro e em espécie, dos
trabalhadores em Portugal correspondia apenas a 46,3% da média dos
países da Zona Euro, e a 51,8% da média dos países da
União Europeia. E entre 2008 e 2018, a percentagem que o custo hora da
mão-de-obra em Portugal representava, quando comparado com o
médio da Zona Euro, diminuiu de 48,6% para 46,3%, e em
relação à União Europeia a diminuição
foi, no mesmo período, de 55,7% para 51,8%. É o retrocesso
salarial.
LUCROS EXCESSIVOS DAS PETROLIFERAS EM PORTUGAL, EIS UM CUSTO DA
PRIVATIZAÇÃO DA GALP: só a GALP, no período
2008/2019, obteve 4.198 milhões de lucros líquidos e
distribuiu aos acionistas 3.227 milhões de dividendos entre
2008/2018, à custa dos portugueses
É de 46,4% a percentagem do capital da GALP já pertencente aos
chamados grandes investidores institucionais
(ex. Isabel dos Santos, Sonangol. e Amorim)
com sede no estrangeiro (o Estado tem apenas 7,48% do capital), por isso os
dividendos que recebem não pagam impostos em Portugal porque
estão isentos por lei, mas se for recebido por um pequeno acionista em
Portugal paga 28%. A GALP já deu de lucros aos acionistas privados mais
do que pagaram ao Estado aquando da sua privatização, e para os
portugueses preços excessivos. O preço do petróleo
está a cair muito devido ao "coronavírus", mas as
petrolíferas vão certamente manter os seus lucros
excessivos porque ninguém as controla e têm grande poder de
mercado.
09/Março/2020
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edr2@netcabo.pt
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