Marcha para a guerra: Concentração naval no Golfo Pérsico e no Mediterrâneo Oriental (2)

por Mahdi Darius Nazemroaya [*]

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USS Eisenhower. O "alargamento" da NATO e o Cáucaso

Tal como aconteceu no Afeganistão, a NATO posicionou-se estrategicamente no Líbano. Ao abrigo de um mandato formal de manutenção da paz, a NATO tornou-se numa força de ocupação de facto que faz parte da agenda anglo-americana.

Há mais dois factores que encaixam na equação da NATO. O primeiro é a militarização da Geórgia e da República do Azerbeijão, duas repúblicas da ex-União Soviética que estão firmemente alinhadas com a NATO. A Geórgia ocupa uma posição estratégica no que se refere ao controlo e protecção dos corredores dos pipelines petrolíferos a partir da Bacia do Mar Cáspio. Também cosntitui uma cunha entre a Rússia, a Arménia e o Irão. O Azerbeijão é acima de tudo o petróleo na bacia do Mar Cáspio à entrada do pipeline Baku-Tbilisi-Ceyhan.

É a Geórgia que está a ser apoiada militarmente para se opôr à Rússia, ao Irão e à Arménia, sua aliada.

O Afeganistão a leste, o Cáucaso a norte e o Levante a oeste formam um triângulo estratégico, em que o Iraque e o Irão se situam algures no seu centro.

A Geórgia é essencial para conquistar o controlo desta área a partir do norte. A região do Cáucaso é também uma frente interligada com o Médio Oriente e a Ásia Central e que se tornará mais activa à medida que o mapa militar anglo-americano avançar.

Parece que as tensões crescentes entre a Rússia e a Geórgia fazem parte deste processo. A intranquilidade civil e os conflitos no Cáucaso estão intimamente relacionados com a luta para garantir os recursos energéticos do Médio Oriente e da Ásia Central.

Os Balcãs, o coração da Ásia Central, e o Sudão são outro triângulo estratégico do mapa militar anglo-americano. A reconfiguração da Jugoslávia e a entrada na esfera da NATO de estados como a Bulgária, a Albânia, Montenegro e a Macedónia também são passos essenciais no mapa anglo-americano.

A Rússia foi ultrajada pelo acolhimento dos rebeldes tchechenos na Geórgia e pela colaboração do governo da Geórgia com os Estados Unidos para minar a influência russa no Cáucaso. A Rússia reagiu e tentou opor-se à influência da Geórgia e da aliança anglo-americana no Cáucaso apoiando os movimentos separatistas da Abkacia e da Ossécia do Sul. Além disso, a delimitação de fronteiras tornou-se um problema entre a Geórgia e a Rússia. Tudo isto resultou num empate desconfortável, mas parece que a situação está a alterar-se. Tropas russas têm estado também a sair das suas bases na Geórgia [47] e tem havido um crescendo de tensões entre os russos, por um lado, e a Geórgia e a NATO, por outro.

Durante o mês de Setembro de 2006 as relações chegaram à beira do colapso. O governo da Geórgia acusou os militares russos de espionagem na Geórgia e a Federação Russa de tentar derrubar o governo da Geórgia e instalar em seu lugar um governo pró-russo e anti-NATO. Além disso, forças da Ossécia do Sul abateram um helicóptero com o ministro da defesa da Geórgia a bordo e, dias depois, autoridades da Geórgia abortaram o que disseram ser uma tentativa de um "coup d'état" apoiado pela Rússia, coisa que a Rússia desmente. [48]

Há também um paralelo flagrante entre as "operações de manutenção de paz" na Geórgia e no Líbano. Ambas são operações de fachada com uma agenda oculta. Na Geórgia são as tropas russas que estão posicionadas como forças para a manutenção da paz e no Líbano a manutenção da paz é dominada "não oficialmente" pela NATO. O ministro dos estrangeiros da Geórgia disse, "Se continuarmos a manter a situação [na Geórgia]... com os actuais actores e com o poder dominante da Rússia... vamos acabar na violência [guerra]". Exigiu a retirada das tropas russas situadas na Geórgia e acusou Moscovo de procurar sabotar o governo da Geórgia. [49]

O segundo factor é a rápida política expansionista da NATO.

A NATO tem vindo a expandir-se para leste. Está agora a tentar a entrada na NATO da Geórgia, da República do Azerbeijão, da Ucrânia e de outros países. [50] O ministro dos estrangeiros russo disse ao secretário-geral da NATO que a "Reconfiguração das forças militares da NATO na Europa, assim como o desejo dos Estados Unidos de posicionar alguns locais de lançamento de mísseis na Europa de Leste são de grande preocupação para nós [Federação Russa]". [51]

Quanto a este aspecto, a Associated Press assinala tensões crescentes entre a Federação Russa e a NATO, no que se refere à entrada da Geórgia para a NATO.

Moscovo [o governo russo] denunciou a jogada [de a Geórgia se comprometer ainda mais com a NATO] como um regresso à Guerra Fria que prejudica os interesses da Rússia e pode desestabilizar ainda mais a região do Cáucaso. O ministro da defesa russo Sergei Ivanov ameaçou enviar duas divisões de tropas russas para a fronteira com a Geórgia para garantir que a "segurança da Rússia não será beliscada se a Geórgia entrar para a NATO".

As relações tensas entre a Rússia e a Geórgia pioraram na quinta-feira quando Moscovo fez regressar o seu embaixador, anunciou o regresso de diplomatas e se queixou às Nações Unidas da detenção na Geórgia de cinco funcionários russos acusados de espionagem. Sergei Ivanov chamou à Geórgia um "estado bandido".

Na sexta-feira a Geórgia acusou de espionagem quatro dos funcionários, preparando-se para os levar a julgamento no final do dia, disse Shota Khizanishvili, porta-voz do ministro do interior. Um quinto funcionário foi libertado na sexta-feira (Setembro de 2006). [52]

Formação de uma Aliança Militar da Eurásia?

Desde Agosto de 2006 que a Rússia, a China, o Casaquistão, o Uzbequistão, o Tajiquistão e o Quirguistão têm efectuado conjuntamente manobras militares e exercícios anti-terrorismo. Estas operações foram supervisionadas pela Conferência Internacional de Xangai (SCO) e/ou Organização do Tratado de Segurança Colectiva (CSTO) (com o envolvimento da Comunidade de Estados Independentes (CIS). Estas manobras militares foram efectuadas na mesma altura em que o Irão esteve também envolvido em importantes manobras militares.

  • a Rússia e a Bielorrússia efectuaram manobras militares conjuntas em 2006 (17 a 25 de Junho) [53]

  • os EUA efectuaram operações e manobras militares nos Balcãs com a Bulgária e a Roménia (Julho-Agosto de 2006) [54]

  • as manobras iranianas começaram em 19 de Agosto de 2006. [55]

  • os exercícios anti-terrorismo da Organização do Tratado de Segurança Colectiva (CSTO), que incluiram a Rússia, o Casaquistão, o Quirguistão e o Tajiquistão, foram efectuados nos finais de Agosto de 2006. [56]

  • a China e o Casaquistão efectuaram exercícios conjuntos anti-terrorismo nos finais de Agosto (com início em 23-24 de Agosto de 2006). [57]

  • a Rússia, o Uzbequistão e o Casaquistão efectuaram exercícios anti-terrorismo (19-23 de Setembro de 2006). [58]

  • a China e o Tajiquistão efectuaram o seu primeiro exercício militar conjunto (22-23 de Setembro de 2006). [59]

  • exercícios anti-terrorismo da CIS e da Organização do Tratado de Segurança Colectiva (CSTO) na Arménia (26-28 de Setembro de 2006). [60]

    O início de um "Clube Energético da Eurásia" foi o resultado prático para a SCO de uma conferência realizada em 15 de Setembro de 2006 em Dushanbe, Tajiquistão. [61] Este é um objectivo que só pode ser alcançado quando o Irão for um membro de pleno direito da SCO.

    A IRNA [Agência Noticiosa da República Islâmica] citou o vice-primeiro-ministro do Uzbequistão, Rustam Azimov, como tendo dito que "os projectos económicos, sobre os quais se tinha chegado a acordo durante a Conferência Internacional de Xangai (SCO), não podem ser implementados sem a cooperação do Irão, enquanto país significativo da região". [62]

    A Mongólia também está apostada em tornar-se membro de pleno direito da SCO. A Mongólia, o Irão, a Índia e o Paquistão são todos eles membros observadores da SCO. A Arménia, membro da Organização do Tratado de Segurança Colectiva (CSTO), e da CIS, e a Sérvia, um aliado histórico da Rússia, são possíveis candidatos à SCO. A Arménia também já deixou claro que não tem intenções de se juntar à União Europeia ou à NATO. [63] A Bielorrússia também tem mostrado interesse em aderir à SCO como estado de pleno direito. [64]

    A expansão da SCO e a total inclusão do Irão como membro de pleno direito foi contestada pela Comissão de Helsínquia (a Comissão de Segurança e Cooperação na Europa) num inquérito (em 26 de Setembro de 2006) quanto ao impacto da SCO sobre os objectivos anglo-americanos e a influência dos EUA na Ásia Central.

    Afirmou-se que a expansão da SCO seria pouco provável porque a "missão económica da SCO parece estar mal definida" e que a organização não parece disposta a admitir novos membros que podem acabar por competir com a Rússia e a China pelo controlo da Ásia Central. Também foi assinalado durante as audiências da Comissão de Helsínquia que "eles [os membros da SCO] estão interligados por um conjunto partilhado de interesses de segurança e um conjunto partilhado de riscos previstos".

    "Interesses de segurança e riscos previstos" são subentendidos para a crescente ameaça de intrusão anglo-americana nas ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central.

    As manobras militares efectuadas na ex-União Soviética e na Ásia Central [65] foram dominadas pela Rússia e pela China. Foram efectuadas sob o disfarce de combate ao "terrorismo, ao extremismo e ao separatismo". O terrorismo, o extremismo e o separatismo são áreas críticas de cooperação para todos os estados membros. [66] Qual é a agenda oculta? Estarão estas manobras militares relacionadas com os preparativos dos EUA para a guerra?

    O terrorismo, o extremismo e o separatismo são alimentados pelas operações dos serviços secretos anglo-americanos, que incluem sabotagem e ataques terroristas feitos por Forças Especiais. O incitamento de tensões étnicas, ideológicas e sectárias e as movimentações separatistas têm sido uma marca tradicional da estratégia anglo-americana no Médio Oriente, nos Balcãs, na Índia, no Sudeste Asiático, na ex-União Soviética e em África.

    Quanto à manipulação e criação do extremismo, o Afeganistão é testemunho desta estratégia. Foi no Afeganistão que os ISI paquistaneses e os Estados Unidos ajudaram a criar os talibãs para lutar contra a União Soviética. Os Estados Unidos, o Paquistão e a Arábia Saudita também contribuiram para apoiar movimentos extremistas na ex-União Soviética. Esta é uma das razões por que o governo iraniano se manteve silencioso quanto à ajuda ou ao reconhecimento de movimentos separatistas ou ideológicos baseados na religião no Cáucaso e na ex-União Soviética, incluindo a Tchechénia.

    Curdistão: Sementes de balcanização e "finlandização"?

    Tanto os Estados Unidos como Israel têm estado a treinar secretamente uma série de grupos curdos no norte do Iraque. O Irão e a Síria acusaram Israel de instalar uma presença militar no Curdistão iraquiano. Israel também treinou forças especiais anglo-americanas em missões assassinas e na formação de "equipas de caçadores assassinos" no Iraque. [67]

    Magdi Abdelhadi, analista de assuntos árabes e do Médio Oriente, escreveu:

    "Desde que começou a invasão do Iraque encabeçada pelos EUA há mais de três anos [em 2003], que jornalistas árabes têm vindo a falar de israelenses a operar no interior da região autónoma do Curdistão [no norte do Iraque].

    Afirmaram que isso era uma prova de que o derrube de Saddam Hussein tinha sido apenas o primeiro capítulo de uma conspiração americano-israelense mais alargada para eliminar ameaças aos seus interesses estratégicos e para re-desenhar o mapa do Médio Oriente [vis-à-vis um mapa militar].

    Pensa-se que a Síria e o Irão, que têm fronteiras comuns com áreas curdas, são os alvos principais". [68]

    Há tentativas deliberadas para fabricar ou criar conflitos civis e divisões no interior dos países do Médio Oriente. Os objectivos subjacentes são a balcanização (divisão) e a "finlandização" (pacificação). [69]

    O Curdistão é o centro geográfico do Médio Oriente contemporâneo e o nó górdio que mantém ligado todo o mosaico de estados e povos. Do ponto de vista estratégico o Curdistão é também a ponte que liga a Síria e o Mediterrâneo oriental ao Irão. O povo curdo tem sido continuadamente manipulado e enganado pelos Estados Unidos. A manipulação deliberada do povo curdo pelos Estados Unidos e por Israel pode provocar um abalo grave e caótico na estabilidade do Curdistão e da unidade nacional da Síria, da Turquia, do Irão, do Iraque e, por extensão, dos países seus vizinhos.

    Além disso, a balcanização do Iraque pode desencadear um efeito de dominó, que pode ter impacto em todo o Médio Oriente e mesmo para além dele. Os Estados Unidos criaram as condições para a divisão social no interior do Iraque. A divisão da sociedade iraquiana enfraquece o movimento de resistência à ocupação militar anglo-americana. A criação de divisões sectárias e étnicas na sociedade iraquiana tem uma influência directa nos planos de guerra dos EUA em relação ao Irão e à Síria. A premissa é que os iraquianos estarão demasiado ocupados a lutarem uns contra os outros para poderem prestar apoio significativo à Síria e ao Irão.

    A balcanização do Iraque também é consistente com os objectivos anglo-americanos para o "Corredor da Eurásia" e o "Plano Yinon" [70] para um Médio Oriente mais alargado.

    Ambos os objectivos têm em comum e dependem de uma parceria entre os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e Israel. Estes objectivos assentam em mudanças de regime iniciais a partir do interior de um estado alvo através do despoletamento de conflitos étnicos e sectários. Esta estratégia está também a ser utilizada contra a Rússia, a China, e a Ásia Central. O objectivo final é a criação de um novo conjunto de mini-estados tipo-Kuwait ou tipo-Bahrain ou de protectorados anglo-americanos no Médio Oriente e na ex-União Soviética que possam ser facilmente controlados pelos EUA, pela Grã-Bretanha e por Israel.

    Numa entrevista ao Der Spiegel, o presidente sírio disse que o Médio Oriente estava num equilíbrio instável à beira do caos e do conflito. Quando o questionaram sobre a partição ou balcanização do Iraque ocupado pelos anglo-americanos, o presidente sírio respondeu:

    "Seria um desastre, não apenas para o Iraque, mas para toda a região, desde a Síria até ao Golfo [Pérsico] e à Ásia Central. Imaginem quebrar um colar e todas as pérolas a cairem no chão. Quase todos esses países têm linhas divisórias naturais, e se acontecer uma partição étnica e religiosa num país, rapidamente acontecerá noutro lugar. Seria como o fim da União Soviética – só que muito pior. Guerras maiores, guerras menores, ninguém teria hipótese de manter as consequências sob controlo". [71]

    O problema pode vir a complicar-se. Uma guerra com a Síria pode propagar-se e incendiar outros conflitos na Palestina, na Jordânia e no Líbano, e afectar também a Turquia, Chipre e todo o mundo árabe.

    Uma guerra com o Irão ou qualquer balcanização afectando o Irão pode contribuir também para desestabilizar o Cáucaso, a Turquia e a Ásia Central que têm todos laços étnicos e culturais com o Irão. Isto inclui a Ossécia do Norte-Alania, a Tchechénia, o Daguetão, a Ingushetia, que fazem parte do Distrito Federal do Sul da Federação Russa.

    Uma guerra com o Irão pode respingar para as diversidades étnicas do Cáucaso com graves e imprevisíveis ramificações para a Rússia.

    O Cáucaso está intimamente interligado com o Irão. Os conflitos entre a Arménia e a República do Azerbeijão sobre a região Nagorno-Karabakh, os conflitos internos na Geórgia sobre a Ossécia do sul e a Abkacia, e a luta na Tchechénia e no Daguestão podem voltar a incendiar-se todos. Estes conflitos não só ameaçarão a segurança nacional da Rússia, como afectarão também a SCO, que integra a China, a Rússia e várias das ex-repúblicas soviéticas assim como a CSTO.

    Ligar-todos-os-Pontos: As peças estão a encaixar-se?

    Há uma evidente concentração militar de forças convencionais, terrestres, aéreas, navais e nucleares no Médio Oriente e na Ásia Central e seus arredores. Inclui a mobilização de tropas britânicas na fronteira iraniana [72] e o prolongamento de comissões de serviço militares no Iraque ocupado pelos anglo-americanos e no Afeganistão onde se encontra uma guarnição da NATO. [73] Foi prolongada a comissão de serviço da 1ª Brigada da 1ª Divisão Blindada, uma unidade de 4 000 homens que está a operar na província de Al-Anbar do Iraque, fronteiriça à Síria. Não é o primeiro grupo de soldados americanos ou britânicos a ver prolongadas as suas comissões de serviço no Iraque ou no Afeganistão. A brigada tem cerca de 4 000 soldados no Iraque. [74] Estavam programados para ficar no Iraque por um máximo de 12 meses, mas as comissões foram prolongadas repetidas vezes tal como em outras unidades militares. O exército americano também prolongou por várias vezes a comissão da 172ª Brigada de Ataque com base no Alasca, uma unidade do exército com mais de 3 500 efectivos. [75]

    Muitas das ditaduras árabes também apoiarão secretamente a aliança anglo-americana. Manter-se-ão como observadores se a Síria e o Irão forem atacados e o Líbano, a Palestina, o Iraque e o Afeganistão forem ainda mais devastados pelo conflito. Os governos pró-EUA da Arábia Saudita, os emirados árabes, o Egipto e a Jordânia são apoiantes do "mapa militar" dos EUA, apesar de os povos desses países se oporem fortemente à guerra travada pelos EUA. Os líderes palestinos também já abandonaram a esperança de um estado palestino.

    Isto ficou demonstrado pelo sua atitude em relação ao Iraque antes e depois da invasão anglo-americana de 2003. Aceitaram tacitamente a opressão do povo palestino, assim como a invasão e bombardeamento do Líbano por Israel (referida no Líbano como a "conspiração árabe contra o Líbano"). Tem havido notícias nos media de que a Arábia Saudita e Israel também têm efectuado conversações secretas relativas ao Irão e ao Médio Oriente mais alargado. [76]

    A Roménia e a Bulgária são já importantes centros de operações militares anglo-americanas na Eurásia que se estendem desde os Balcãs ao Médio Oriente e à Ásia Central. Estes dois estados também são importantes parceiros da aliança anglo-americana. Segundo Lawrence Korb num artigo de 2003 no New York Times:

    O Pentágono está a penetrar na Roménia. E na Polónia. E também na Bulgária. O Departamento de Defesa está a pensar fechar muitas, ou mesmo todas, as suas bases na Europa ocidental – que são fundamentalmente na Alemanha – e mudar as suas tropas para novos locais mais económicos no ex-bloco soviético. Já nos dizem [a nós público] que a Primeira Divisão Blindada, actualmente no terreno no Iraque, não regressará às bases da Alemanha de onde saiu em Abril [2003]. E o general James Jones, chefe do Comando Europeu [dos Estados Unidos], disse este mês que podiam vir a ser fechadas todas as 26 instalações do exército e da força aérea na Alemanha, com excepção da base da força aérea em Ramstein. Na prática, isto pode significar a transferência de cinco brigadas do exército, cerca de 25 mil efectivos, para o leste [ou seja, Europa do leste, Bulgária e Roménia].
    (The Pentagon's Eastern Obsession, NYT, July 30, 2003)

    Em retrospectiva, a decisão do Pentágono de avançar para leste foi estrategicamente correcta e foi baseada na premissa da mudança para leste das operações militares anglo-americanas. A situação na ex-Jugoslávia e nos Balcãs foi pacificada na segunda metade dos anos 90. Com o início de 2001 chegou a altura de fazer avançar as operações ainda mais para leste.

    A NATO também tem estado em ligação com Washington, Londres e Tel Aviv. A NATO tem servido os interesses anglo-americanos e israelenses. A NATO, formal ou informalmente, tem vindo a enviar tropas para ajudar a "fase ocupacional" de todas as operações anglo-americanas depois das "blitzkriegs" ou "fases militares iniciais". A NATO e os estados membros têm vindo a actuar como forças de ocupação no Afeganistão e no Iraque e também se estão a movimentar para o Líbano. O secretário-geral da NATO prometeu que a missão da NATO no Afeganistão será alargada e intensificada. [77]

    O porta-voz da NATO no Afeganistão informou que em Fevereiro de 2007 o general McNeil do exército dos EUA assumirá o comando das forças da NATO no Afeganistão, a chamada Força Internacional de Assistência de Segurança e das tropas americanas do Afeganistão. Isto significa que as tropas americanas e as tropas da NATO, que têm estado sob estruturas de comando separadas, passarão a ficar juntas sob uma única estrutura de comando no Afeganistão. [78] Os media assinalaram o facto de que as tropas americanas ficarão sob o comando da NATO. Mas, na prática, o que se passa é que é um general americano quem dirige agora as forças da NATO.

    Em Outubro de 2006, começarão a integrar-se na NATO cerca de 12 000 efectivos, na sua maioria americanos, no Afeganistão. [79] O supremo comando da NATO no Afeganistão é actualmente chefiado pelo tenente-general David Richards da Grã-Bretanha. No caso de um conflito com o Irão, as tropas da NATO no Afeganistão atacarão o Irão. De igual modo, as tropas da NATO posicionadas no Líbano atacarão a Síria.

    A conexão paquistanesa

    Também há sinais de que a NATO e os Estados Unidos estão à espera da queda do general Musharraf e do governo paquistanês dado o caos que se despoletará no Paquistão a partir de ataques ao Irão e à Síria. [80] Isto poderá explicar o pedido para que a Índia envie tropas para o Afeganistão. [81] Os interesses da NATO e da Índia convergem para assegurar que o Paquistão e o seu arsenal nuclear não caiam nas mãos de radicais ou extremistas que poderão ameaçar os interesses anglo-americanos e a segurança da Índia.

    Não há embargo de armamento à Síria para a importação de sistemas de defesa, mas em Limassol, Chipre, foi detido um navio mercante vindo da Ásia e do Egipto que transportava sistemas de defesa destinados à Síria. O navio foi deixado em liberdade mas o destino da carga ainda não foi decidido. [82] O presidente e o governo da Síria também disseram que estavam à espera de ser atacados por Israel no contexto de uma guerra no Médio Oriente mais alargada. [83]

    Numa entrevista à NBC com Brian Williams, o presidente iraniano disse que a política externa da Casa Branca e dos EUA no Médio Oriente está a "levar o mundo para a guerra". Isto é uma afirmação significativa vinda de um líder de um estado do Médio Oriente e tal afirmação deve ser levada muito a sério. O presidente iraniano fez uma declaração semelhante quando em Setembro discursou na Assembleia Geral das Nações Unidas, apontando para o facto de os Estados Unidos estarem a arrastar o mundo para uma grande guerra.

    Os líderes iranianos anunciaram que os esforços diplomáticos britânicos e americanos são uma mera farsa destinada ao público em geral. Sublinharam que "a tentativa de tentarem resolver a crise através da guerra é uma fantasia". Tanto no caso do Iraque como do Afeganistão, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha decidiram avançar muito antes de informarem o público das suas intenções. No caso do Iraque existe documentação, que já deixou de ser confidencial, que prova que isto é verdade e, no caso do Afeganistão, não havia forma logística possível de preparar uma invasão sem meses de planeamento antes da declaração de guerra, que teve lugar a 12 de Setembro de 2001.

    O Irão está plenamente consciente da ameaça dos EUA de o bombardear e invadir. A sua população está plenamente consciente da possibilidade de ataques aéreos anglo-americanos. O Irão avisou os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. Em Agosto de 2006, efectuaram-se manobras iranianas em coordenação com as manobras russas, chinesas e da CSTO, em todo o Irão, incluindo as províncias fronteiriças geo-estrategicamente importantes do Irão com o Paquistão, o Afeganistão, o Golfo Pérsico, a Turquia e o Iraque. Foram enviados sinais claros à aliança anglo-americana.

    A Venezuela, aliada iraniana, avisou os Estados Unidos por diversas vezes de que não irá assistir impávido à invasão ou ataque ao Irão e à Síria. O presidente da Venezuela, Hugo Chavez, referiu-se aos preparativos militares americanos para a invasão do Irão no seu discurso na 61ª Assembleia Geral das Nações Unidas:

    "E agora [os Estados Unidos] ameaçam a Venezuela – novas ameaças contra a Venezuela, [também] contra o Irão?" [84]

    O presidente venezuelano também afirmou: "Entretanto, a actual administração dos EUA também anda a sonhar [a planear incorrectamente] com a invasão do Irão e da Venezuela para assumir o controlo dos recursos petrolíferos destes dois países da mesma forma [do Iraque]". [85]

    Quais são os planos da Venezuela para ajudar o Irão e a Síria numa guerra contra os Estados Unidos, isso é um tópico para debate, mas é muito provável que, em caso de guerra, sejam cortadas as relações diplomáticas venezuelanas com o governo americano e os fornecimentos de petróleo para os Estados Unidos.

    Elo entre o Golfo Pérsico e o Mediterrâneo oriental?

    Há um processo de militarização em curso no Levante e no Mediterrâneo oriental, essencialmente liderado pelas forças da NATO, sob o pretexto de manutenção da paz das NU.

    Se vier a acontecer a guerra liderada pelos EUA, o Terminal de Petróleo Baku-Tbilisi-Ceyhan (BTC), assim como o percurso do pipeline que o leva até Ceyhan, serão alvos militares óbvios das forças sírio-iranianas. Entretanto, a Marinha iraniana tentará boquear o Estreito de Ormuz. Isso pode levar à paralização do fluxo dos fornecimentos mundiais de petróleo como o Irão prometeu repetidas vezes. A Venezuela também pode parar o fluxo do seu petróleo como o seu governo já avisou por diversas vezes.

    A base aérea Ýncirlik é uma importante base da NATO na Turquia, perto da fronteira e da linha da costa síria. De notar que também foram posicionadas armas nucleares americanas na base aérea Ýncirlik da Turquia. Esta última foi um dos principais eixos centrais para os Estados Unidos e para a NATO durante a campanha militar no Afeganistão em 2001. Esta base turca ainda é de importância vital para os Estados Unidos, Grã-Bretanha e NATO. Estão ali estacionados milhares de efectivos aeronáuticos americanos e britânicos. Está também adjacente ao Terminal de Petróleo Baku-Tbilisi-Cehyan (BTC).

    O Terminal de Petróleo Baku-Tbilisi-Cehyan (BTC) tornar-se-á ainda mais significativo e importante se o Irão conseguir fechar o Estreito de Ormuz.

    Esta é uma das razões por que a base aérea Ýncirlik é tão importante estrategicamente. A base aérea Ýncirlik será usada para proteger o porto de Ceyhan, o ponto de partida do Terminal de Petróleo Baku-Tbilisi-Cehyan (BTC) se a Síria ou o Irão tentarem interromper o fluxo de energia para o Mediterrâneo oriental.

    Há duas armadas navais distintas: no Golfo Pérsico-Mar Arábico e no Mediterrâneo oriental ao largo das costas da Síria e do Líbano.

    Estas armadas estão a concentrar-se simultaneamente. A concentração no Mediterrâneo oriental caracteriza-se essencialmente pelas forças navais e terrestres de Israel e da NATO. No Golfo Pérsico, a armada naval é substancialmente americana com a participação da Grã-Bretanha, Austrália e Canadá. Nesta extensa faixa de terra entre o Mediterrâneo oriental e o Golfo Pérsico, estão a ocorrer diversas movimentações militares no terreno, incluindo no norte do Iraque e na Geórgia.

    O teatro de guerra mais alargado estender-se-á muito para além dela, para norte até à bacia do Mar Cáspio e para leste até ao Paquistão e à fronteira ocidental da China. Estamos a lidar com um tabuleiro de xadrez para mais uma guerra no Médio Oriente, que pode possivelmente englobar uma região muito mais vasta.

    Notas
    [47] Russian Military Hardware and Ammunition Left Georgia, The Georgian Times, September 19, 2006
    http://www.geotimes.ge/index.php?m=home&newsid=1743

    [48] Nicola, Stefan; Analysis: Georgia-Russia conflict heats up, United Press International, September 22, 2006
    www.upi.com/InternationalIntelligence/view.php?StoryID=20060921-125716-2166r

    [49] Ibid

    [50] Russia slams move to speed Georgia's NATO entry, Interfax, September 22, 2006
    http://www.interfax.ru/e/B/0/28.html?id_issue=11592648

    [51] Russia concerned about NATO reconfiguration in Europe—Lavov, Information Telegraph Agency of Russia (ITAR-TASS News Agency), September 20, 2006
    http://www.tass.ru/eng/level2.html?NewsID=10807863&PageNum=0

    [52] Paul Ames, NATO set for uneasy meeting with Russia, Associated Press, September 29, 2006

    [53] Russia, Belarus hold joint military exercise, People's Daily, June 17, 2006
    http://english.people.com.cn/200606/17/eng20060617_275009.html

    [54] Romanian, US pilots hold exercise at Black Sea coastal base, People's Daily, August 12, 2006
    http://english.people.com.cn/200608/12/eng20060812_292455.html
    U.S., Romania, Bulgaria team up for Immediate Response 06, Army Public Affairs (ArNews, U.S. Army News Service), August 3, 2006
    http://www4.army.mil/ocpa/read.php?story_id_key=9380

    [55] Mahdi Darius Nazemroaya, Iranian War Games: Exercises, Tests, and Drills or Preparation and Mobilization for War?, Centre for Research on Globalization (CRG), August 21, 2006 globalresearch.ca/index.php?context=viewArticle&code=DAR20060821&articleId=3027

    [56] Chossudovsky, Michel; Russia and Central Asian allies Conduct War Games in Response to US Threats, Centre for Research on Globalization (CRG), August 24, 2006 globalresearch.ca/index.php?context=viewArticle&code=CHO20060824&articleId=3056

    [57] Ibid

    [58] Russia, Kazakhstan special forces hold antiterrorist exercises, Information Telegraph Agency of Russia (ITAR-TASS News Agency), September 19, 2006
    http://www.tass.ru/eng/level2.html?NewsID=10805692&PageNum=0

    [59] China, Tajikistan to hold military exercises, Xinhua News Agency, September 19, 2006
    http://news.xinhuanet.com/english/2006-09/19/content_5111376.htm

    [60] CIS security services to hold anti-terror exercises in Armenia, Information Telegraph Agency of Russia (ITAR-TASS News Agency), September 25, 2006
    http://www.tass.ru/eng/level2.html?NewsID=10824585&PageNum=0

    [61] Energy outcome of SCO meeting in Dushanbe, Russian News and Information Agency (RIA Novosti), September 20, 2006
    http://en.rian.ru/analysis/20060920/54104304.html

    [62] Uzbek official: SCO projects cannot be implemented without Iran, IRNA, September 15, 2006
    http://www.irna.ir/en/news/view/menu-237/0609161789184030.htm

    [63] Armenia not to join NATO, EU: president, People's Daily, April 24, 2006
    http://english.people.com.cn/200604/24/eng20060424_260758.html

    [64] The Shanghai Cooperation Organization acquires military character: Iran eager to join SCO, Kommersant, April 27, 2006
    http://www.kommersant.com/page.asp?idr=527&id=670100

    [65] Heather Maher, Central Asia: U.S. Helsinki Commission Concerned About SCO's influence, Radio Free Europe/Radio Liberty, September 27, 2006
    www.rferl.org/featuresarticle/2006/09/99fd928c-9967-431e-8062-751b6e2a1ece.html

    [66] The Shanghai Cooperation Organization acquires military character: Iran eager to join SCO, Kommersant, April 27, 2006
    http://www.kommersant.com/page.asp?idr=527&id=670100

    [67] Ju.lian Borger, Israel trains US assassination squads in Iraq, Guardian, December 9, 2003
    http://www.guardian.co.uk/Iraq/Story/0,2763,1102940,00.html

    [68] Magdi Abdelhadi, Israelis 'train Kurdish forces,' British Broadcasting Corporation (BBC), September 20, 2006
    http://news.bbc.co.uk/2/hi/middle_east/5364982.stm

    [69] Mahdi Darius Nazemroaya, Beating the Drums of War. US Troop Build-up: Army and Marines authorize "Involuntary Conscription," Centre for Research on Globalization (CRG), August 23, 2006
    www.globalresearch.ca/index.php?context=viewArticle&code=20060823&articleId=3042

    [70] O "Plano Yinon" é um conjunto de objectivos estrategicamente criados para Israel que advoga a fractura de todos os inimigos ou rivais potenciais. É uma parceria sincronizada com a aliança anglo-americana. Visa produzir mini-estados pequenos e passivos no Médio Oriente alargado. O "Plano Yinon" realça que Israel deve ser o centro do poder imperialista no Médio Oriente com hegemonia regional. Envolve um dogma expansionista e o controlo de recursos naturais tais como o petróleo, a água e o gás.

    [71] "America Must Listen," Der Spiegel, September 24, 2006
    http://www.spiegel.de/international/spiegel/0,1518,438804,00.html

    [72] Mahdi Darius Nazemroaya, British Troops Mobilizing on the Iranian Border, Centre for Research on Globalization (CRG), August 30, 2006
    www.globalresearch.ca/index.php?context=viewArticle&code=20060830&articleId=3097

    [73] Nazemroaya, Beating the Drums of War, op cit.
    www.globalresearch.ca/index.php?context=viewArticle&code=20060823&articleId=3042

    [74] Homecoming delayed for 4,000 U.S. troops in Iraq, Cable News Network (CNN), September 25, 2006
    http://www.cnn.com/2006/WORLD/meast/09/25/iraq.troops.ap/

    [75] Nazemroaya, Beating the Drums of War, op cit .

    [76] Joshua Brilliant, Analysis: Israeli, Saudi officials met, United Press International, September 25, 2006
    www.upi.com/InternationalIntelligence/view.php?StoryID=20060925-035251-7556r

    [77] Helene Cooper, NATO Chief Says More Troops Are Needed in Afghanistan, The New York Times, September 22, 2006
    http://www.nytimes.com/2006/09/22/world/asia/22nato.html

    [78] Washington to send 4-star general to assume Afghanistan command, International Herald Tribune, September 26, 2006
    www.iht.com/articles/ap/2006/09/26/asia/AS_GEN_Afghan_New_US_Commander.php

    [79] NATO ready for early takeover of Afghan peacekeeping, Reuters, September 28, 2006
    http://www.alertnet.org/thenews/newsdesk/JOH838685.htm
    Nota: O título da Reuters é extremamente enganador. A NATO não está pronta para fazer nada de novo e as operações no Afeganistão não são de manutenção de paz, são de uma guerra contra a rebelião que é incorrectamente chamada de "talibãs" nos media ocidentais. No Afeganistão, as tropas no terreno da NATO designam os rebeldes afegãos por Milícias Anti-Coligação (ACM's). Este título reflecte o facto de a NATO estar a combater um movimento de rebelião multi-étnico no Afeganistão que considera a aliança anglo-americana como forças de ocupação.

    [80] Khalid Hasan, US now viewing Pakistan without Musharraf, Daily Times, April 21, 2006
    Pennington, Matthew; Pakistani President Denies Coup Rumours, Forbes.com, September 25, 2006
    http://www.forbes.com/business/commerce/feeds/ap/2006/09/25/ap3043177.html

    [81] NATO wants Indian troops to operate in Afghanistan, India Defence, September 23, 2006
    http://www.india-defence.com/reports/2532

    [82] Cyprus holds 'Syria arms cargo,' British Broadcasting Corporation (BBC), September 12, 2006
    http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/5338518.stm

    [83] Assad says Israel likely to attack Syria, United Press International, September 21, 2006
    http://www.upi.com/NewsTrack/view.php?StoryID=20060921-020803-1201r

    [84] Rise Up Against the Empire, Speech at the UN General Assembly (President Hugo Chavez), Centre for Research on Globalization (CRG), September 21, 2006

    [85] Chavez: US Invasion of Iran Spikes Oil Prices to $200, Fars News Agency, September 24, 2006
    http://www.farsnews.com/English/newstext.php?nn=8506310324

    © Copyright Mahdi Darius Nazemroaya, GlobalResearch.ca, 2006


    [*] Editor colaborador de Global Research.

  • Do mesmo autor: Jogos de guerra iranianos: Exercícios, testes e ensaios ou preparação e mobilização para a guerra real?

    O original encontra-se em
    globalresearch.ca/index.php?context=viewArticle&code=NAZ20061001&articleId=3361
    Tradução de Margarida Ferreira (2ª parte).

    A primeira parte deste artigo encontra-se em
    http://resistir.info/chossudovsky/march_to_war_p1.html .


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
  • 06/Out/06