por Michel Chossudovsky
Mal conhecidos pelos media ocidentais, os exercícios militares
organizados pela Rússia, Casaquistão, Quirguistão e
Tadjiquistão sob Collective Security Treaty Organisation, (CSTO) foram
lançados em 24 de Agosto. Estes jogos de guerra, oficialmente
etiquetados como parte de um programa de contra-terrorismo, são uma
resposta directa às ameaças militares americanas na
região, incluindo os planeados ataques contra o Irão.
O exercício Rubezh-2006 está programado para 24-29 de Agosto
próximo à cidade portuária de Aktau, no Casaquistão.
"Será o primeiro exercício militar conjunto empreendido
pelos países do CSTO, e envolverá 2500 membros retirados dos
vários serviços armados dos estados membros, com a Rússia,
o Casaquistão, o Quirguistão e o Tadjquistão como
participantes principais. O Uzbequistão, que recentemente retornou ao
CSTO, enviará observadores, ao passo que dois outros países
membros do pacto, a Bielorússia e a Arménia, não
tomarão parte (IPWR
News Briefing Central Asia
)
Os relatos da imprensa da região descrevem estes jogos de guerra como
uma resposta à presença militar americana e às suas
ambições na Ásia Central.
"A militarização crescente é ligada à
desconfiança mútua entre países na região, afirmam
analistas. Os media iranianos especularam que os Estados Unidos estão a
utilizar o Azerbaijão para criar um contrapeso militar ao Irão no
Cáspio. É possível que o exercício conduzido pelo
CSTO no qual a Rússia é dominante representa uma
resposta a preocupações acerca do envolvimento dos Estados Unidos
no desenvolvimento da Marinha do Casaquistão. Observadores dizem que a
Rússia está a inclinar-se cada vez mais para a visão
iraniana de que países de fora deveriam ser banidos de ter forças
armadas no Mar Cáspio".
Peritos dizem que os EUA estão a tentar aumentar a pressão sobre
o Irão, bem como defender o seus próprios investimentos no
Azerbaijão e no Casaquistão. Também estão a tentar
garantir a segurança do oleoduto estrategicamente vital
Baku-Tbilisi-Ceyhan.
Uma presença militar no Cáspio daria aos Estados Unidos uma
oportunidade para pelo menos parcialmente compensar sua influência a
enfraquecer na Ásia Central, como se viu no encerramento da base
aérea no Uzbequistão, no aumento da renda que tem de pagar pela
base de Manas no Quirguistão, e pelo escândalo diplomático
que resultou na expulsão de dois americanos do Quirguistão.
Segundo analistas, a segurança genuína na região só
pode ser alcançada se os interesses militares de todos os cinco
países do Cáspio forem coordenados. Numa conferência
internacional em Astrakan, em Julho de 2005, a Rússia propôs a
formação de um grupo de coordenação naval do
Cáspio, mas até à data a iniciativa não obteve
resposta. (ibid)
Toda a região parece estar em pé de guerra. Estes jogos de
guerra do CSTO deveriam ser vistos em relação
àqueles conduzidos há apenas uma semana pelo Irão
, em resposta às
contínuas ameaças militares americanas.
Apesar de o Irão não ser membro do CSTO, ele tem o estatuto de
observador na Organização de Cooperação de Shangai
(SCO), da qual a China é membro. A SCO tem um relacionamento estreito
com o CSTO.
A estrutura das alianças militares é crucial. No caso de um
ataque ao Irão, a Rússia e os seus aliados do CSTO não
permanecerão neutros.
Em Abril último o Irão foi convidado a tornar-se membro pleno do
Acordo de Cooperação de Shangai. Até então nenhum
calendário concreto para o acesso do Irão ao SCO foi estabelecido.
Esta ampliação do Acordo de Cooperação de Shangai,
o qual também inclui a Índia, o Paquistão e a
Mongólia com o estatuto de observadores, contrapõe-se aos
objectivos militares e estratégicos americanos na região.
A realização dos jogos de guerra do CSTO deve ser vista como um
sinal para Washington de que um ataque ao Irão poderia conduzir a um
conflito militar muito mais vasto no qual a Rússia e os estados membros
do CSTO poderiam potencialmente ser envolvidos, tomando partido pelo
Irão e pela Síria. Também é significativa a
estrutura dos acordos de cooperação militar bilaterias. A
Rússia e a China são os principais fornecedores de sistemas de
armas avançadas ao Irão e à Síria. A Rússia
está a contemplar
a instalação de uma base naval na Síria, na costa leste mediterrânica
. Por sua vez, os EUA e Israel
têm acordos de cooperação militar com o Azerbaijão e
a Geórgia.
24/Agosto/2006
O original encontra-se em
www.globalresearch.ca/
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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