A falsificação da história climática
a fim de "provar" o aquecimento global
por John L. Daly
[*]
"Whan that Aprille with his shoures soote -
The droughte of March hath perced to the roote,
And bathed every veyne in swich licour
Of which vertu ungendred is the flour;"
- from The Canterbury Tales, by Geoffrey Chaucer, 1386
"Our years are turned upside down;
our summers are no summers;
our harvests are no harvests!"
- John King, an Elizabethan preacher,1595
Introdução
Em 1995, o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) editou, com grande
publicidade, o seu relatório quinquenal sobre as
alterações climáticas
[10]
. Nele aparecia esta afirmação hoje tristemente célebre:
há
"uma influência humana perceptível sobre o clima do
planeta".
No seu relatório anterior de 1990
[33]
o IPCC apresentava uma
estimativa acerca do modo como o planeta havia evoluído não
só durante os 95 anos anteriores como também durante os
últimos mil anos. Assim, apresentava-se o
gráfico
(figura 1)
das variações de temperatura desde o ano 900 dC.
Este gráfico assevera que as temperaturas durante o
Óptimo Climático Medieval
foram mais elevadas que as actuais (como sugere os
"Contos de Canterbury" de Geoffrey Chaucer). Mostra também
que fazia bastante mais frio durante a
Pequena Era do Gelo
(como sugere o rei John). Registos históricos provenientes de toda a
Europa e da
Gronelândia atestam a realidade destes dois acontecimentos e do seu
impacto profundo na humanidade. A colonização da
Gronelândia pelos vikings no início do milénio, por
exemplo, só foi possível graças ao calor que se fazia
sentir na época medieval. Durante a Pequena Era do Gelo, estas
colónias da Gronelândia desapareceram. Na mesma época, o
Tamisa gelou muitas vezes. Testemunham-no as múltiplas "feiras do
gelo" que se realizavam sobre o rio gelado.
Os períodos do Óptimo Climático Medieval e da Pequena Era
do Gelo dependem de certa maneira daquilo que se considera "quente" e
"frio" em relação às temperaturas actuais. Os
seguintes períodos dão-nos uma aproximação:
-
Óptimo Climático Medieval: 700-1300.
-
Período frio: ("mínimo de Sporer"): 1300-1500.
-
Curto aquecimento climático: 1500-1560.
-
Pequena Era do Gelo: ("mínimo de Maunder"): 1560-1830.
-
Curto período mais quente: 1830-1870.
-
Curto período frio: 1870-1910.
-
Período quente do século XX: 1910-2000.
A actividade variável do Sol é uma das causas mais
prováveis dos dois principais acontecimentos climáticos
mencionados atrás. Sobretudo relativamente à Pequena Era do Gelo.
Com efeito, existem observações directas do número de
manchas solares desde o ano 1600. Estas observações permitem-nos
comparar as variações do Sol com o clima do planeta. A
figura 2
mostra as variações da actividade solar no tempo. A
radiação solar é maior durante o máximo de
actividade solar. Os dois acontecimentos reproduzem-se com um ciclo de onze
anos.
Quando se observa a variabilidade da actividade solar dos últimos quatro
séculos, o
mínimo de Maunder
constitui a característica
mais impressionante. Tratou-se de um período de 70 anos durante o qual
não se verificou qualquer mancha solar. Um pouco como se o Sol tivesse
"deixado de respirar". Todavia, mesmo antes de 1640, no início
do mínimo de Maunder, o ciclo foi nitidamente fragmentado e irregular em
relação aos ciclos regulares dos anos posteriores a 1710. Quando
se compara este acontecimento solar extraordinário com os dados
climáticos da
figura 1,
verifica-se que o mínimo de Maunder aparece exactamente ao mesmo tempo
que as temperaturas mais baixas da Pequena Era do Gelo.
A conclusão é clara: as variações solares foram a
causa da Pequena Era do Gelo e, com forte probabilidade, também do
Óptimo Medieval. Utilizando o isótopo de carbono 14 como indicador
da actividade solar antes de 1600, foi possível pôr em
evidência um nível elevado de actividade solar durante o
período medieval. Esse nível arrastou a elevação da
temperatura. Também sobressaiu um período frio designado
"mínimo de Sporer", durante o ano de 1350.
Esta análise histórica do clima contém duas dificuldades
sérias para a teoria actual do aquecimento global:
1) Se o período Óptimo Medieval, sem contribuição
de gases antropogénicos, foi mais quente do que o dos dias de hoje, qual
o espanto por a época moderna ser igualmente quente?
2) Se as variações solares foram a causa simultânea do
Óptimo Medieval e da Pequena Era do Gelo, a mais forte actividade solar
do século XX não explicará, pelo menos em parte, o
pretenso calor anunciado?
Estas duas proposições abalam verdadeiramente a crença
pública na visão catastrofista dos modeladores do clima. Novas
descobertas da ciência solar fazem pensar que foi o Sol e
não os gases com efeito de estufa que determinou as
tendências do clima do século XX.
A ideia segundo a qual o Sol pode modificar o nosso clima foi reforçada
por numerosas investigações recentes. Os seus resultados mostram
que não são somente os aquecimentos e os arrefecimentos
cíclicos do Sol (sob a forma de ciclos de onze anos) que modificam o
clima. São também as variações do espectro solar
dirigidas para uma radiação ultravioleta mais importante
comparada com a do espectro visível ou infravermelho
(figura 3)
[14-8]
.
O aumento desproporcionado da parcela ultravioleta do espectro de
radiação solar, afectando a camada de ozono assim como outros
componentes atmosféricos, poderia amplificar um aquecimento. Além
disso, variações recentes da actividade magnética do Sol
influenciam a radiação cósmica que atinge a Terra. Essa
influência, por seu lado, modifica as baixas camadas nebulosas e, por
consequência, as temperaturas
[24]
.
Por outras palavras, os especialistas do Sol identificaram actualmente
três mecanismos distintos através dos quais a nossa estrela
poderia aquecer ou arrefecer a Terra. Pensa-se agora que eles são os
verdadeiros responsáveis do Óptimo Medieval, da Pequena era do
Gelo e das tendências climáticas do século XX.
Estas novas descobertas solares foram ignoradas pelos teóricos do efeito
de estufa. Foram mesmo consideradas por eles com hostilidade. Porque, nestas
circunstâncias, os gases com efeito de estufa teriam desempenhado um
papel insignificante no aquecimento do século XX.
Em 1999, um artigo publicado na
Geophisical Research Letteres
(GRL)
[16]
pretendeu alterar a visão normal da história do clima. Teve
igualmente a pretensão de alterar a percepção correcta de
a teoria do efeito de estufa abordar o funcionamento do clima. Este artigo
começou por produzir um forte abalo nas bases científicas dos
especialistas do Sol. O famoso "bastão de hockey"
("hockey stick")
foi revelado pela primeira vez. Constituía, de facto, uma fraude
científica como se veio a verificar
O
"hockey stick"
Foi como um golpe de estado científico para alterar o conjunto da
história climática
[16]
. O Dr. Michael Mann, do departamento de geociências do Massachusetts
Institute of Technology, era o principal autor do artigo da GRL.
Utilizou o cerne de crescimento das árvores
(tree rings)
corte transversal das árvores como base da
evolução das temperaturas dos primeiros séculos do
milénio passado. Misturou aquela evolução com a
evolução das temperaturas dos séculos mais recentes
determinada por outros meios (termómetros). Misturou árvores com
termómetros. Deste modo, Mann redesenhou completamente a história
do clima. Assim, fez desaparecer o Óptimo Climático Medieval e a
Pequena Era do Gelo. Como se estes notáveis acontecimentos não
tivessem sucedido. Um buraco na memória climática do tipo
orwelliano
[22]
. A
figura 4
mostra o clima do último milénio revisto e corrigido por Mann.
Como se vê, o
Óptimo Medieval e a Pequena Era do Gelo desapareceram do mapa por arte
mágica. Foram substituídos por uma tendência quase linear
de ligeiro arrefecimento até 1900.
A partir daí, ao
realizar o seu golpe de magia, Mann enxertou, bruscamente, no cerne das
árvores, os dados das temperaturas de superfície do século
XX. Segue-se a curva vermelha entre 1900 e 1998 que se vê na
figura 4.
Esta subida em rampa é, em grande parte, o resultado do efeito das
ilhas de aquecimento urbano. A rampa foi enxertada nos cernes
"arrefecidos" desde o ano 1000 até 1900. O efeito visual foi
espectacular. Descreveu um século XX em plena ascensão
climática vertiginosa. Esta linha vermelha prolonga-se até 1998
("o ano mais quente do milénio",
segundo Mann), ano aquecido pelo importante El Niño. Nota-se que
os dados de superfície estão em total contradição
com os recolhidos pelos satélites
[20]
. Se tivessem sido utilizados estes últimos para representar os
últimos vinte anos, o século XX teria aparecido menos
significativo em relação aos séculos precedentes.
Do ponto de vista da
ciência e da estatística, o procedimento de Mann é mais do
que imperfeito: não é seriamente aceitável que duas
séries de dados representando variáveis tão diferentes
quanto as temperaturas extraídas dos cernes das árvores possam
ser simplesmente confundidas numa única série com temperaturas
avaliadas com termómetros.
Em qualquer ramo da
ciência, quando se declara uma revisão tão drástica
de uma teoria anteriormente aceite pela comunidade científica,
assiste-se inicialmente a um vivo debate e a um cepticismo por parte dos
cientistas envolvidos. A nova teoria sofre o fogo cruzado da crítica e
é examinada à lupa. Só se a nova ideia consegue sobreviver
a este processo é que se torna largamente aceite pela comunidade
científica e pelo grande público.
Ora, este procedimento normal nunca aconteceu com o
"hockey stick".
O golpe foi total, rápido e sem efusão de sangue. Com
efeito, o artigo de Mann foi aclamado por um coro de aprovação
acrítica por parte da indústria da teoria do efeito de estufa.
No espaço de apenas doze meses a teoria ficou estabelecida como uma nova
ortodoxia.
O coroamento final da nova
teoria veio com a sua difusão pelo IPCC no relatório preliminar
intitulado
Third Assessment Report
(TAR 2000)
[11]
. Rejeitando o seu próprio ponto de vista expresso no relatório
de 1995
(vd. figura 1),
o IPCC apresentou o
"hockey stick"
como a nova ortodoxia, sem desculpas ou explicações para
esta reviravolta brutal. O IPCC não foi mesmo capaz de explicar
cientificamente a sua nova linha.
Nos meses seguintes à
publicação do documento do IPCC, o muito esperado documento
preliminar da US National Assessment-Overview colocou o
"hockey stick"
à cabeça dos numerosos gráficos e tabelas do seu
relatório. Sublinhou assim a importância crucial desta curva.
Não se trata de uma teoria esotérica a propósito do
passado longínquo, marginal para este debate, mas antes de um fundamento
crucial sobre o qual foi montado uma nova ofensiva publicitária a favor
do aquecimento global.
O "
hockey stick
" levanta duas questões:
1. Porquê a comunidade científica do clima deixou de efectuar a
revisão crítica da validade da nova teoria, ao ponto de
adoptá-la sem questionamento e na sua totalidade?
2. Haverá algo nela de verdadeiro? Ou será um meio de se
desfazer dos embaraçosos Óptimo Medieval e Pequena Era do Gelo, e
consequentemente evitar o problema do papel do Sol na história
climática?
As origens do
"hockey stick"
O cerne das árvores constitui o indicador principal do
"hockey stick".
Em particular, para o início do segundo milénio. Os
cernes formam-se somente durante o período de crescimento e não
durante todo o ano. Assim, dizem pouco sobre o clima ou mesmo nada sobre o
clima anual. Por exemplo, em 2000, houve no nordeste dos Estados Unidos um
Inverno quente e uma Primavera precoce. Seguiram-se um Verão e um Outono
inabitualmente frescos. Como os dois acontecimentos se anularam em grande
parte, o ano acabou por ser, para as estatísticas, um bom ano
médio. Mas os cernes registaram apenas o Verão frio e deram deste
modo uma informação completamente falsa sobre a temperatura
média anual. Os cernes não registam mesmo as temperaturas
nocturnas porque a fotossíntese produz-se apenas durante o dia.
Entretanto, as temperaturas invernais e nocturnas são componentes
essenciais acerca da noção da "temperatura média
anual".
Tudo o que um cerne nos pode
dizer é se as condições micro ambientais combinadas
durante o período de crescimento foram favoráveis ao crescimento
da árvore ou não. Com efeito, os cernes são influenciados
por numerosos factores além da temperatura, tais como as
precipitações, a exposição ao Sol, a nebulosidade,
os insectos parasitas, a promiscuidade, os fogos florestais, os nutrientes, o
gelo e a neve. Deste modo, os cernes não constituem um bom indicador das
temperaturas diárias para além de alguns meses do período
de crescimento. Existem melhores indicadores
proxies,
de longe superiores, como os isótopos contidos nos corais, no gelo, nos
minerais e nos sedimentos marinhos.
As árvores apenas se
desenvolvem em terra pelo que nada podem informar sobre o clima
marítimo. Ora, 71 % do planeta é revestido pelos oceanos, mares e
lagos. Conhece-se que os oceanos são dos principais factores
determinantes das condições climáticas do planeta.
Noutros termos, não
é simplesmente possível descrever a história do clima sem
considerar as temperaturas dos Invernos, dos meses adjacentes e das noites.
Assim como a da superfície dos oceanos.
Os cernes, mesmo que
cuidadosamente medidos e examinados, não podem fornecer qualquer
informação sobre aqueles parâmetros chave. Fornecem pois
registos proxies a utilizar com precaução mesmo quanto a
temperaturas diárias terrestres do Verão.
Um último ponto fraco
aparece quando se calibra os cernes de crescimento com as temperaturas. Qual
temperatura é exactamente representada pela medida da largura ou da
densidade de um cerne? Pode-se somente determiná-la ao calibrar os
cernes recentes com as temperaturas reconhecidas para a época. Ora, isto
é problemático porque quando se fala de "temperaturas
conhecidas", pode tratar-se de uma série de temperaturas fortemente
contaminadas pelas ilhas de calor urbano ou de outros erros locais. Se as
temperaturas padronizadas são falsas, toda a reconstrução
das temperaturas através dos cernes para um passado longínquo
fica comprometida. A "dendrocronologia" estudo dos cernes das
árvores é um dos numerosos sub-ramos das ciências do
efeito de estufa. Este sub-ramo particular prosperou e conseguiu ser aceite por
uma grande parte da comunidade científica do clima apesar de debilidades
dos registos
proxies.
No que respeita à Europa
e à Gronelândia, o IPCC e o US National Assessment não
põem em causa a existência do Óptimo Medieval e da Pequena
Era do Gelo pois eles estão demasiado bem registados em outros
indicadores
proxies
e testemunhos históricos. Todavia, estes acontecimentos são
agora apresentados como puramente regionais circunscritos à Europa e
à Gronelândia e totalmente ausentes noutras partes do mundo.
Em geral, os fabricantes do
efeito de estufa antropogénico não têm em conta as provas
históricas. Pretendem dizer que se tratam apenas de
"anedotas". Contudo, afastar provas tangíveis em favor de
indicadores
proxies
contestáveis como os cernes das árvores é sugerir que
não se pode confiar na objectividade de historiadores profissionais.
A objectividade vem do modo
como se trata a prova e não da natureza da prova propriamente dita. Os
historiadores podem também ser objectivos como qualquer cientista. A
maior parte deles considera verdadeiramente o seu trabalho como uma
ciência. Como notou um cientista finlandês a propósito de um
acontecimento militar, que se desenrolou no passado longínquo da
Finlândia, "
se o gelo "anedótico" é bastante espesso para conter um
exército completo podemos deduzir como conclusão objectiva que
repousa num facto histórico documentado que o gelo era espesso e
duradouro".
Deduções
semelhantes podem ser feitas algures no Mundo. Por exemplo, se
populações inteiras passaram fome por causa da seca, podemos
deduzir uma redução das precipitações. Neste caso
não são necessários indicadores
proxies
que até nos poderiam induzir em erro. Quando sabemos que uma
população foi devastada por grandes inundações
pode-se deduzir um acréscimo das precipitações. Que os
polinésios tenham sido capazes de povoar ilhas do Pacífico
graças à navegação, permite também tirar
conclusões climáticas.
Se os partidários do
efeito de estufa antropogénico não têm coragem de
considerar o Óptimo Medieval e a Pequena era do Gelo como inexistentes
na Europa é porque as provas históricas são muito pesadas.
Uma tal afirmação quanto à Europa teria sido acolhida com
escárnio. Se bem que os especialistas do efeito de estufa
antropogénico considerem os indicadores
proxies
como mais objectivos que as "anedotas" históricas, este ponto
de vista é partilhado somente pelos seus pares. O resto da comunidade
académica, os governos e a opinião pública (a comunidade
mais importante) concedem mais crédito à prova histórica
obtida por uma investigação séria.
Se o IPCC fosse sincero
relativamente às informações completas sobre o clima do
último milénio, isso implicaria que os historiadores trabalhassem
os dados que determinariam os climas anteriores tais como foram observados e
vividos pelas sociedades humanas. O que assusta certos partidários do
aquecimento global é que os historiadores encontrem o Óptimo
Medieval e a Pequena Era em todo o planeta e que os governos e a opinião
pública prefiram os testemunhos históricos aos cernes das
árvores.
Na formulação inicial de Mann, o
"hockey stick"
aplicava-se apenas ao hemisfério Norte. Todavia, a US National
Assessment reproduziu o gráfico de Mann com um novo título que
sugere que se pode aplicar à escala mundial e não somente
hemisférica
[19]
. A
figura 5
mostra a versão de Mann revista e corrigida.
Aparte a "mundialização" subtil do título do
gráfico, esta versão omite as largas margens de erro
incluídas no gráfico inicial de Mann (
figura 4,
a amarelo). Estas margens de erro eram a única indicação
de Mann de que a sua hipótese podia estar errada. Mann reconhecia assim
que os dados anteriores a 1400 eram incertos. A ideia segundo a qual a
temperatura mundial de há mil anos podia ser calculada com uma
precisão de 0,1 ºF na base de um número limitado de cernes
simplesmente não é crível, por qualquer critério
razoável.
O US National Assessment
não teve em consideração qualquer destas questões e
utilizou todo o seu peso para sustentar uma nova teoria com a
afirmação seguinte:
"Novos trabalhos mostram que as temperaturas dos decénios recentes
são superiores às de outras épocas, pelo menos para os
últimos milhares de anos"
NACC Overview, p.11).
Mann havia tirado uma
conclusão semelhante no resumo do seu artigo inicial: "Os nossos
resultados sugerem que o fim do século XX constitui uma anomalia no
contexto pelo menos do último milénio. Os anos 90 e 1998 foram o
decénio e o ano mais quentes, com níveis de confiança
moderadamente elevados".
Esta afirmação
era dramática e inflexível. Apenas admitia uma alusão
às incertezas próprias ao conjunto da sua análise.
Não houve vozes discordantes se exceptuarmos as dos cientistas já
catalogados como sendo de todo cépticos quanto ao aquecimento global. A
última afirmação segundo o qual
"1998 foi o ano mais quente do milénio"
era exactamente aquela que os proponentes das alterações
climáticas desejavam ouvir. Serviria para repetir nas próximas
conferências do Protocolo de Quioto.
O
"hockey stick":
verdadeiro ou falso?
Para refutar o
"hockey stick"
basta simplesmente demonstrar de modo conclusivo a existência do
óptimo Climático Medieval e/ou da Pequena Era do Gelo.
Para tal pode-se recorrer a provas históricas e/ou indicadores
proxies
provenientes do mundo inteiro. Segundo o princípio da
"refutação" da ciência, uma prova física
substancial que contradiz uma teoria é suficiente para
"refutar" essa teoria. Deste modo, apresentam-se seguidamente
várias provas físicas convincentes que demonstram a
existência do Óptimo Climático Medieval e a Pequena era do
Gelo. Estes acontecimentos não foram apenas realidades
climáticas. Eles verificaram-se globalmente em todo o planeta.
Prova nº 1: Mar dos Sargaços
L. Keigwin
[12]
realizou a datação pelo radiocarbono de
organismos marinhos dos sedimentos dos fundos do Mar dos Sargaços (uma
área popularmente conhecida pelo nome de "Triângulo das
Bermudas"). Demonstrou que as temperaturas da superfície do mar
eram há quatrocentos anos cerca de 2 ºF mais baixas do que hoje
(Pequena Era do Gelo). E que as temperaturas da superfície do mar eram
cerca de 2 ºF mais elevadas há mil anos do que hoje (Óptimo
Medieval). Os dados mostraram também que durante o período de
há 500 anos aC (que se designa por Óptimo Climático
Holoceno), as temperaturas eram 4 ºF superiores. Tudo isso sem gases com
efeito de estufa antropogénico
(figura 6).
Esta área do Mar dos Sargaços situa-se bem longe da
Europa-Gronelândia.
Prova nº 2: Mar das Antilhas
As medidas dos isótopos de oxigénio nos esqueletos de corais
efectuadas em Porto Rico por Winter
et al.
[32]
permitiram comparar as relações isotópicas actuais com as
do passado longínquo. A calibração dos isótopos dos
corais como indicador
proxy
das temperaturas da superfície do mar foi feita através dos
registos das temperaturas actuais dessa superfície na região de
Porto Rico no período de 1983-1989. Deste modo, os investigadores
puderam analisar os corais para temperaturas das fases conhecidas da Pequena
Era do Gelo: 1700-1710, 1780-1785 e 1810-1815. Eles descobriram que, durante a
Pequena Era do Gelo, a temperatura da superfície do Mar das Antilhas era
de 2 ºC a 3 ºC inferior às de hoje. Era uma
redução verdadeiramente considerável para se imaginar que
se tratou de um fenómeno apenas local.
Prova nº 3: Mauritânia
A partir de uma perfuração ao largo do Cabo Branco
(Mauritânia), os investigadores de Menocanal
et al.
[6]
recuperaram sedimentos dos fundos oceânicos. A partir deles, examinaram
numerosas amostras minerais e biológicas. De acordo com o
Abstract
(resumo) do artigo,
"Dados biológicos das variações das temperaturas da
superfície do mar ao largo do ocidente da África informam-nos
acerca de uma série de bruscos arrefecimentos, à escala do
milénio, que marcaram o período quente do Holoceno. Estes
acontecimentos provêem de maneira evidente de uma advecção
(transporte na horizontal)
importante em direcção ao Sul de temperaturas mais frescas, ou de
águas subpolares neste local subtropical, ou de importantes
"upwellings"
locais. O mais recente destes acontecimentos foi a Pequena Era do Gelo, entre
1300 e 1850 dC, quando as temperaturas da superfície do mar subtropicais
baixaram 3 ºC a 4 ºC."
Obteve-se assim um perfil das temperaturas oceânicas durante 2500 anos
muito semelhante ao do Mar dos Sargaços. A
figura 7
mostra claramente a existência do Óptimo Medieval e da Pequena
Era do Gelo. De facto, de Menocanal
et al.
identificaram dois períodos de clima mais frio coincidindo com dois
períodos frios similares revelados no Mar dos Sargaços.
Tanto o Óptimo Medieval como a Pequena Era do Gelo estão bem
representados em toda a Bacia do Atlântico Norte desde os trópicos
até à América, à Europa e às regiões
polares (Gronelândia). Isto representa uma enorme parte do
hemisfério Norte e é quase impossível que o clima, algures
neste hemisfério, tenha podido anular o efeito destes acontecimentos
numa qualquer média hemisférica.
Prova nº 4: Quénia
No Quénia, Verschuren
et al.
[29]
extraíram sedimentos do fundo do lago Naivasha (a norte de
Nairobi). Os autores afirmam no
Abstract:
"Os nossos dados indicam que, no milénio passado, a África
equatorial de leste alternou as condições climáticas
contrastadas: um clima bastante mais seco que o actual durante o Óptimo
Climático Medieval (1000-1270 dC) e um clima relativamente húmido
durante a Pequena Era do Gelo (1270-1850 dC) interrompida por três
episódios secos prolongados".
Os investigadores determinaram as medidas do nível histórico do
lago e da sua salinidade a partir dos indicadores
proxies
nos sedimentos lacustres
(figura 8).
Podemos ver o pico da pequena Era do Gelo (final do século XVII,
meados do XVIII). Estes resultados confirmam os dados do Mar dos
Sargaços e do Cabo Branco. Durante o Óptimo Medieval, do ano 1000
até 1200, o lago conheceu claramente um período de seca
prolongada. Hoje, o nível do lago está aproximadamente a meio dos
dois extremos. Esta conclusão é importante porque sugere o mesmo
para o clima actual.
Prova nº 5: Glaciar de Quelccaya (Peru)
Os cilindros de gelo retirados deste glaciar, de alta altitude,
continham isótopos de oxigénio 16 que são um bom indicador
das temperaturas existentes da época em que se formou
[23]
. A Pequena Era do Gelo destaca-se nitidamente. Já o Óptimo
Medieval é menos pronunciado do que noutros locais. Mas mesmo assim,
esta indicação mostra claramente que o século XX
não que foi mais quente do que anteriormente à Pequena Era do
Gelo. Com
efeito, certos picos de temperaturas medievais são mais elevados do que
as temperaturas recentes
(figura 9).
Como o Peru está situado no hemisfério Sul, temos aqui uma prova
directa de que estes fenómenos climáticos notáveis do
milénio anterior não se circunscreveram ao hemisfério
Norte.
Prova nº 6: Formosa e China
Na Formosa, Kuo-Yen Wei
et al.
estudaram sedimentos lacustres similares aos do Quénia. Revelaram-se
novamente as marcas do Óptimo Medieval e da Pequena Era do Gelo
[13]
. Segundo o resumo do artigo,
"A alternância das camadas claras e escuras dos sedimentos
provenientes de
diversos lagos montanhosos faz aparecer em grande escala ciclos de humidade e
de seca nos últimos dois mil e quatrocentos anos
(Chen
et al.,
1993; Lou
et al.,
no prelo).
A periodicidade de 450 anos assim detectada é semelhante à da
oscilação solar: o Óptimo Climático Medieval
(1000-1300 dC) e a Pequena Era do Gelo (1300-1850 dC) foram detectados
(Lou
et al.,
no prelo).
Estes dois acontecimentos também foram identificados pelos dados da
polinização da Cadeia Central
(Liew
et al.,
1995)."
Os investigadores referiram-se ao estudo dos dados anuais e sazonais dos cernes
das árvores:
"O estudo dos cernes de pinheiros da Formosa permitiu-nos reconstruir as
temperaturas históricas estivais e invernais da região montanhosa
durante os últimos trezentos anos. Foi demonstrado que o clima frio
prevaleceu durante a Pequena Era do Gelo
(Tsou
et
Liu, 1995)."
Enfim, na sinopse dos numerosos indicadores
proxies
estudados na Formosa e arredores:
"Durante os últimos dois mil anos, o clima tornou-se mais quente e
mais
húmido no Óptimo Climático Medieval (1000-1300 dC). Os
dados dos cernes confirmam também a influência da Pequena Era do
Gelo (1300-1850 dC) nas montanhas chinesas da Formosa. As
flutuações da humidade nos últimos dois mil e quatrocentos
anos, derivadas dos sedimentos lacustres, fazem-nos pensar que os
períodos secos e frios reconhecidos coincidem com as maiores calamidades
da história chinesa".
O veredicto da Formosa é concludente. A partir de uma variedade de
indicadores
proxies,
encontram-se acontecimentos idênticos. O mesmo acontece a oeste da
cintura do Pacífico.
Os investigadores chineses da
Formosa estabeleceram um laço entre os principais "acontecimentos
das calamidades" da China continental e os acontecimentos
climáticos. Estes acontecimentos foram igualmente influenciados pelo
clima, segundo Hong
et al.
[9]
. O estudo dos isótopos de oxigénio de uma turfeira do nordeste
da China, perto da fronteira norte-coreana, revelou um histórico de
temperaturas de seis mil anos. Este foi comparado com indicadores
proxies
solares do carbono 14, a fim de estabelecer uma relação entre a
evolução das temperaturas e as variações solares.
Os investigadores estimaram que
as temperaturas eram cerca de 2 ºF mais elevadas do que hoje entre os anos
1100 e 1200. Este período corresponde ao Óptimo Medieval e
confirma existência de vestígios de espécies vegetais que
não existem normalmente no sul da China. Eles também revelaram
temperaturas muito frias entre aproximadamente 1550 e 1750 que corresponde
à Pequena Era do Gelo que se encontra por todo o lado.
Enfim, os investigadores
também estabeleceram um laço entre as variações
climáticas e a actividade solar visto que existe uma
correlação entre o carbono 14 (Sol) e o oxigénio 18
(temperaturas). Por outras palavras, o Sol foi a causa das
variações climáticas na China.
Prova nº 7: Japão
Com a prova evidente do Óptimo Medieval e da Pequena Era do Gelo na
Formosa e na China continental, a detecção dos mesmos
acontecimentos no Japão forneceu uma validação
útil. Ironicamente, o sítio onde se encontra a maior parte dos
testemunhos históricos ou indicadores
proxies
é nem mais nem menos do que Quioto! A antiga capital do Japão.
Citemos alguns trechos dos trabalhos de Tagami [26].
"Acerca do Óptimo Climático Medieval. Houve, sem qualquer
dúvida, nos tempos históricos, um clima quente no Japão.
Um certo número de trabalhos, como por exemplo o estudo das
variações das datas de florescimento das cerejeiras de Quioto,
situa aquele clima quente no início do milénio. Todavia, estes
dados não nos informam claramente acerca do início e do fim desse
clima nem sobre a sua ligação com o clima de outras
regiões. Graças aos estudos acima referidos, o Óptimo
Climático Medieval do Japão foi reconstituído e o seu
contexto foi comparado ao de outras regiões".
"Tratamento das bases de dados e análise. Este estudo utiliza
principalmente documentos históricos com dados classificados em duas
categorias: o clima sazonal do século VII e o clima diário do
século X. Os dados deste último compreendem as
intempéries, estados do tempo inabituais, datas de florescimento das
cerejeiras, datas de congelamento dos lagos, etc. As intempéries
consistem nas secas, chuvas prolongadas, tempestades de neve, Invernos
clementes, etc. Estes últimos dados são descritos nos
diários dos nobres de Quioto. Permitiram reconstituir o Óptimo
Climático Medieval da seguinte maneira: primeiro, foram estabelecidos
gráficos do clima sazonal, depois examinaram-se as
condições climáticas de cada estação
[
]"
"Algumas notas sobre o Óptimo Climático Medieval. Os
resultados
mostram algumas características do Óptimo Medieval. Todavia,
embora a tendência do aquecimento tivesse continuado até ao
século VIII, o arrefecimento apareceu durante um curto período no
final do século IX. Depois um aquecimento estendeu-se do século X
até à primeira metade do século XV. A partir deste
momento, apareceu um arrefecimento e, mais considerável ainda, a partir
do século XVII. Assim, entre a primeira época fria e a
últimas, as condições climáticas quentes são
evidentes desde o século X até ao século XIV".
As conclusões deste estudo sublinham a importância de não
se restringir a um ponto de vista exclusivamente centrado na Europa,
privando-se desta maneira de trabalhos válidos realizados nos
países não ocidentais. Apesar do estilo aproximado, donde a
necessidade de citar
in extenso,
a conclusão dos investigadores japoneses é clara e sem
ambiguidade: houve seguramente um Óptimo Medieval e uma Pequena Era do
Gelo que se desenrolaram ao mesmo tempo que noutras partes do Mundo.
Um artigo de J. Magnuson
et al.
sobre as datas do congelamento e descongelamento dos lagos e cursos de
água no Mundo inteiro
[15]
confirma a existência da Pequena Era do Gelo no Japão. Com
efeito, estudando os dados para o lago Suwa observa-se que as primeiras datas
de congelação indicam um clima frio e as últimas um clima
mais quente (menos frio). Neste estudo, o lago Suwa detém o maior
registo de datas de congelamento com dados que remontam até 1443 dC.
Isto é, para um período três vezes mais longo que qualquer
outra massa de água no estudo.
Segundo Magnuson
et al.,
observa-se também o impacto da Pequena Era de Gelo:
"De 1443 a 1700, o lago Suwa esteve coberto de gelo durante 240 em 243
Invernos (99 %). Mas de 1700 a 1985, apenas 261 em 291 Invernos (90 %).
O período dos "99%" encaixa bem na Pequena Era de Gelo.
Prova nº 8: Tasmânia
A Tasmânia é uma ilha situada a 300 km ao sul da Austrália.
Tem uma área igual à da Irlanda. Nesta prova, não
só encontraremos a confirmação do Óptimo Medieval
como obteremos igualmente uma sinopse das origens e dos defeitos
intrínsecos ao próprio
"hockey stick".
Ed Cook, um eminente
investigador de cernes de árvores, visitou várias vezes a
Tasmânia durante os últimos dez anos. Recolheu amostras de uma
espécie única de uma árvore de madeira tenra, o
"pinho de Huon"
(Lagarostrobos Franklinii).
Alguns deles com uma vida de mais de mil anos. Devido ao afastamento da
Tasmânia em relação ao continente australiano os
papers
de Cook não foram sujeitos a qualquer crítica que deveriam ter
recebido. Com efeito, existiam pequenas imperfeições tanto no
tratamento dos dados locais como nas conclusões.
Para calibrar os cernes com as
temperaturas, Cook e a sua equipa utilizaram as temperaturas urbanas de
superfície reveladas na parte oriental e seca da ilha. Compararam-nas
com os cernes recolhidos na parte oeste e húmida, se bem que existissem
temperaturas rurais de superfície a oeste (do lado de recolha dos
cernes) a partir das quais podiam estabelecer uma comparação mais
correcta. Nos seus trabalhos precedentes, o efeito fertilizante do CO
2
não havia sido considerado pelo que invalidaram as suas
conclusões desses decénios.
Em 1992, sete anos antes do
aparecimento do artigo de Mann, Ed Cook foi o co-autor de um artigo da revista
The Holocene
[3]
. Apresentou aí uma série cronológica de cernes de pinhos
de Huon com idades de até 900 anos dC. A
figura 10
representa o gráfico desta série.
Olhando para esta curva,
verifica-se que houve fortes crescimentos entre 940 e 1000 e entre 1110 e 1200,
durante o Óptimo Climático Medieval. Cook reconheceu este facto
no seu artigo.
Estes dados fazem com que a
Pequena Era do Gelo pareça fraca. Cook atribuiu esse facto à
influência do oceano sobre uma tão pequena ilha.
A evolução do
crescimento dos pinhos de Huon não pode ser atribuída somente ao
clima. Deve inevitavelmente resultar do efeito fertilizante do CO
2
, fenómeno este que Cook não teve em conta. Todavia, descobriu-se
depois que este fenómeno acelerava o crescimento das plantas em qualquer
parte do Mundo, exactamente como haviam previsto os biólogos de
vegetais. Quando se desqualifica o crescimento que se produziu no fim do
século XX, já que este factor não foi tomado em
consideração, verifica-se claramente que o clima da
Tasmânia era mais quente na época medieval do que nos dias de hoje.
Cook traçou uma curva a
traço mais cheio para servir de curva "zero" que considerou em
grande parte como sendo de origem não climática. Com efeito,
impôs a sua própria visão subjectiva do que significam os
dados. Se, por outro lado, a
"tendência geral do crescimento"
(como ele disse) é climática à partida,
então todos os registos indicariam uma marca
(imprint)
ainda mais forte do Óptimo Medieval.
Neste mesmo artigo, Cook
utilizou esta curva como base para reconstituir as temperaturas das
estações de crescimento na Tasmânia. Produziu um
gráfico rectificado por um
"filtro de banda estreita" ('low-pass filter')
de 25 anos. A semelhança deste gráfico com o
"hockey stick"
de Mann é notável. A
figura 11
mostra este processo estatístico.
É importante a
explicação de Cook quanto ao modo como ele converteu o
gráfico das larguras dos cernes
(figura 10)
em gráfico das temperaturas
(figura 11).
Com isso, fez quase desaparecer o Óptimo Medieval. Calibrou o
resultado dos cernes em temperaturas de superfície ao considerar valores
de três estações meteorológicas da Tasmânia:
Hobart, a capital (130 000 habitantes), Launceston (70 000 habitantes) e Low
Head Lighthouse, sobre a costa Norte. Hobart é uma ilha de calor urbano
(devido à densidade populacional)
[21]
. Launceston é afectada pelo mesmo motivo. Low Head é
caracterizada por uma anomalia diária
[4]
. Nos últimos decénios, verificou-se uma elevação
da temperatura diária devida ao crescimento da vegetação
que se encontra próxima dos instrumentos de medida que provocou um
microclima. A partir destes dados problemáticos, Cook desenvolveu a sua
própria reconstrução.
A própria geografia da
ilha falseou os seus trabalhos. A Tasmânia possui duas regiões
climáticas distintas: um clima fresco e húmido a oeste e um
clima mais quente e seco a leste. O contraste entre estes dois climas é
nítido para quem visita a ilha
(figura 12).
Os pinhos de Huon estão
no oeste, perto do monte Read, numa região muito pluviosa. As
três séries de dados de calibração da temperatura
pertencem ao leste mais quente e mais seco. Se bem que o tratamento
estatístico utilizado por Cook tenha sido elegante e esotérico,
os dados problemáticos das temperaturas de superfície invalidaram
todo o trabalho de reconstituição.
Tudo isto serve para verificar
que esta falha fundamental também afecta os resultados do "
hockey stick
". De facto, este repousa principalmente nos cernes das árvores, em
particular para a primeira metade do milénio. Os cernes são
calibrados com temperaturas de superfície do hemisfério Norte.
Eles próprios estiveram fortemente contaminados pelas ilhas de calor
urbano e por outras anomalias locais. Um outro defeito de tais tentativas de
calibração aparece com o efeito fertilizante do CO
2
que melhora o crescimento dos cernes e introduz também um erro
estrutural cada vez maior na calibração.
Prova nº 9: África do Sul
Num artigo recente do
South African Journal of Science
[27]
, Tyson
et al.
desenvolveram uma base de dados histórica a partir de
isótopos de oxigénio 18 (um indicador
proxy
de temperaturas), de isótopos de carbono 14 (um indicador
proxy
da actividade solar) e de dados de densidade de coloração
obtidos a partir de uma estalagmite. Esta, cuja datação é
bem estabelecida, situa-se numa gruta do vale de Makapansgat. Os autores
explicaram:
"O clima do interior da África do Sul era aproximadamente 1 ºC
mais
fresco durante a Pequena Era do Gelo e mais quente 2 ºC durante os
extremos do Óptimo Climático Medieval. O tempo foi
variável durante todo o milénio. Consideravelmente mais durante o
aquecimento dos séculos X ao XIII. Acontecimentos extremos revelados por
estes dados apresentam relações distintas e com
semelhanças aos de outras partes do Mundo, nos hemisférios Norte
e Sul ao mesmo tempo".
Tyson
et al.
situaram o Óptimo
Medieval entre pouco antes do ano 1000 e 1300. As temperaturas médias
eram de 6 ºF a 7 ºF mais elevadas do que hoje. Estes autores situaram
a Pequena Era do Gelo entre 1300 e 1800 com temperaturas médias de 2
ºF mais baixas que actualmente.
Os autores atribuíram causas a estes dois acontecimentos:
"As temperaturas mais baixas registadas na África do Sul durante a
Pequena Era do Gelo coincidem com os mínimos de Maunder e de Sporer
relativamente às radiações solares. O aquecimento medieval
coincide com os máximos isotópicos do berílio 10 e do
carbono 14 cosmogónicos das radiações solares registados
nos cernes de outras partes do Mundo durante o Óptimo Medieval".
Este estudo sul-africano
reafirma a influência das variações solares sobre o clima
da Terra. Todas as variações climáticas que estes autores
constataram correspondiam a variações contínuas do Sol.
Prova nº 10: Idaho, EUA
Num estudo sobre os cernes, F. Biondi
et al.
[1]
utilizaram um registo de dados de 858 anos de um indicador
proxy
para as temperaturas de Verão do centro-este de Idaho. Como se
mencionou anteriormente, os cernes não constituem uma medida
fiável das temperaturas anuais. O estudo de Mann não salientou
este facto como devia ter feito. Biondi encontrou períodos de
"arrefecimento extremo" por altura de 1300, 1340, 1460 e depois de
1600. Isso confirma as conclusões de outros trabalhos da provas
precedentes. Estes detectaram pequenas eras de gelo: uma menor durante o
mínimo solar de Sporer e uma segunda (a principal) durante o
mínimo de Maunder (século XVII).
Os autores afirmam também:
"Nem os dados dos instrumentos, nem os dos indicadores proxies dos vales do
nordeste de Idaho mostram um aquecimento inabitual durante o século
XX".
Esta afirmação põe em causa a "ponta"
do
"hockey stick"
que apresenta o século XX, ao mesmo tempo, sem precedentes e o de
aquecimento mais rápido. Nomeadamente, a afirmação dos
investigadores é confirmada pelos dados das temperaturas rurais de longo
prazo provenientes de Ashton, no este de Idaho
(figura 13).
Em cem anos, verificaram-se poucas variações da temperatura
confirmando as afirmações de Biondi.
Prova nº 11: Argentina
Certos trabalhos (Villalba, 1994
[30]
; Cioccale, 1999
[2]
) confirmam a existência do Óptimo Medieval e da Pequena Era do
Gelo na Argentina.
Nas regiões centrais da
Argentina, houve um clima quente após 600 dC até perto de 1320.
Tal clima permitiu às populações estabelecerem-se e
cultivarem nas mais elevadas altitudes, durante o Óptimo Medieval.
Depois de 1320, notam-se duas "manifestações
repentinas" de frio. Durante a segunda (a principal Pequena Era do Gelo),
os glaciares do Sul dos Andes começaram a avançar de tal modo que
os habitantes tiveram de fugir das altitudes elevadas. Segundo Cioccale,
"As duas manifestações repentinas de frio podem estar
respectivamente ligadas aos mínimos de Sporer e de Maunder".
O Sol foi então, uma vez mais, responsável por estes
acontecimentos bruscos.
A Argentina completa um
círculo descrito em pleno hemisfério Sul, até à
Tasmânia depois de passar pela África do Sul. Por
consequência, os nossos dois acontecimentos climáticos realizaram
uma volta pelas latitudes médias do hemisfério Sul, depois da sua
presença manifesta no hemisfério Norte.
Prova nº 12: Califórnia, EUA
Nos trabalhos de 1993
[25]
, cernes de coníferas subalpinas do sul da Serra Nevada (Estados Unidos)
foram utilizados para reconstituir as temperaturas e as
precipitações depois de 800 dC. A reconstituição
das temperaturas estivais mostrou um período, pouco depois de 1100 a
1375, correspondente ao Óptimo Medieval, com valores ultrapassando os do
fim do século XX. Houve também um período de temperaturas
baixas de 1450 a 1850, na altura da Pequena Era do Gelo.
Prova nº 13: Ilhas do Índico oeste
Dullo
et al.
[7]
estudaram os esqueletos de corais de recifes da Reunião (ilhas
Mascarenhas), de Mayotte (arquipélago das Comores) e de
Madagáscar. Os dados isotópicos de oxigénio foram
calibrados com os dados locais de instrumentos de medida a fim de estabelecer
um indicador
proxy
das temperaturas históricas marítimas de superfície. O
registo de dados mais longo de Madagáscar, que remonta a 1640, revelou
claramente o impacto da Pequena Era do Gelo. Revelou também a marca do
indicador meteorológico conhecido por ENSO (El Niño Southern
Oscilation) com um ciclo de três a cinco anos, tal como nos dias de hoje.
Prova nº 14: Nível dos oceanos
As previsões actuais de elevação do nível dos
oceanos são estabelecidas a partir da hipótese de que o
século XX conheceu um aquecimento de 0,7 ºC e de um aquecimento
suplementar futuro previsto pelos modelos. Na base desta
afirmação, o IPCC estimou que o nível do mar já
subiu 10 cm a 25 cm no decurso destes cem últimos anos. Esta estimativa
repousa em grande parte em cálculos de modelos. Porém, o
aquecimento do século XX foi menor devido a erros de cálculo dos
modelos e de dados obtidos por estações meteorológicas
pouco fiáveis (urbanização, etc). Como tal, o nível
do mar no século XX não sofreu, de facto, qualquer subida
significativa
[5]
.
Todavia, é
razoável admitir que um aquecimento significativo provocaria a
elevação do nível dos oceanos e que um arrefecimento, pelo
contrário, provocaria um rebaixamento. Tanto num caso como noutro,
devido à expansão e à contracção da massa da
água oceânica. Embora com reservas, aquele raciocínio segue
a par das variações dos mantos de gelo das regiões polares
que afectam igualmente o nível dos oceanos.
Dito isto, o nível dos oceanos oferece um indicador
proxy
que permite determinar a existência do Óptimo Medieval. Um
aquecimento global desta amplitude deveria ter causado uma
elevação do nível dos oceanos. Do mesmo modo, a Pequena
Era do Gelo deveria ter provocado uma baixa do nível.
Um estudo do nível dos
mares realizado por van de Plassche e van der Borg (Universidade Livre de
Amesterdão e Universidade de Utrecht
[28]
) definiu uma curva média dos pauis
(marsh)
do Hammock River em Clinton (Connecticut, EUA). A elevação dos
pauis foi calculada a partir de análises de foraminíferos de um
cilindro de turfa com 1,8 m de comprimento.
As variações do
nível do mar foram validadas segundo outras tendências
semelhantes, dos últimos 1400 anos, do nível de marinhas de sal
situadas a 17 km mais a oeste. Os investigadores concluíram:
"Na base da curva média do nível de água em Clinton. O
nível real do mar oscilou de centímetros a decímetros numa
escala de tempo secular dos mil e quatrocentos últimos anos e era 25 cm
mais elevado cerca do ano de 1050 (Óptimo Medieval) do que à
volta de 1650".
A ideia segundo a qual o nível do mar era constante antes do
século XX provou-se que era falsa.
Esta diferença de 25 cm
do nível do mar entre o período do Óptimo Medieval e o da
Pequena Era do Gelo confirma, mais uma vez, a existência dos dois
acontecimentos.
Noutros trabalhos acerca do nível do mar
[31]
, Wang Wen e Xie Zhiren da Universidade de Nanquim, China, analisaram mais de
duas mil testemunhas de maremotos que marcaram os dois mil últimos anos
da China. Os períodos das dinastias Tang 8618) e Song (960-1279)
partilham os picos de maremotos, enquanto os séculos seguintes
conhecerem menos acontecimentos deste género. A resposta dos chineses
foi de construir diques apenas depois destes períodos de
catástrofes. Os investigadores concluíram:
"Uma análise profunda mostra que os picos de temperatura ligados
às flutuações climáticas tiveram lugar durante o
Óptimo Medieval e da Pequena Era do Gelo coincidem com os picos dos
maremotos, estes últimos seguidos por uma mais intensa
construção de diques. A investigação revela a
relação entre clima, nível do mar, maremotos e
construção de diques. Por outras palavras, os períodos
quentes coincidem com um mar relativamente alto, picos de maremotos seguidos
por períodos de intensas construções de diques".
Quando a ciência se perde no caminho
É agora evidente que a história climática do
hemisfério Norte e do conjunto do globo não se assemelha nada ao
que é descrito pelo
"hockey stick"
de Mann. É inconcebível que dois dos maiores
acontecimentos climáticos do último milénio o
Óptimo Climático Medieval e a Pequena Era do Gelo possam
ser observados com as mesmas referências cronológicas em tantos
sítios diferentes e com uma tal variedade de indicadores
proxies
por todo o mundo e que tenham sido omissos nos trabalhos de Mann. Uma
explicação possível desta diferença reside no facto
de que os cernes são inadequados para indicadores
proxies
de temperatura, o que os especialistas da dendrologia estão pouco
dispostos a admitir.
Deve-se colocar as seguintes questões: Porquê aqueles que
se
reclamam das referências científicas nos seus domínios
apegam-se de maneira tão tenaz a uma descrição do clima
histórico que é manifestamente falsa? Porquê apareceram
tão poucas contestações à teoria de Mann no seio
dos seus pares? Porquê houve uma recusa colectiva do papel do Sol quando
as provas publicadas pelos especialistas e examinadas pelos seus pares
demonstram uma relação evidente entre variações
solares e variações climáticas?
Um folheto intitulado
Ser cientista: uma atitude responsável perante a
investigação
[18]
, publicado, em 1995, pela Academia Nacional das Ciências, dos Estados
Unidos da América, fornece-nos um conjunto de critérios bem
esquematizados a fim de balizar a conduta dos cientistas. Com efeito, estes
navegam através de escolhas difíceis e devem eles próprios
comportar-se de modo ético.
"A falibilidade dos métodos recorda-nos, e isso é precioso, a
importância do cepticismo em matéria de ciência. Os
conhecimentos e os métodos científicos, velhos e novos, devem ser
continuamente observados tendo em consideração os eventuais
erros. Um tal cepticismo pode-se encontrar em conflito com outros pontos
importantes da ciência como a necessidade de criatividade e de
convicção na defesa de um ponto de vista dado. Todavia, o
cepticismo organizado e preciso, tanto como uma abertura a novas ideias,
são essenciais para prevenir a intrusão de dogmas ou de
partis pris colectivos nos resultados científicos".
Aqui, o cepticismo é erigido em virtude, o que contrasta com o
tratamento hostil reservado aos cépticos nas ciências do clima.
Entretanto, a defesa contra os dogmas e os partis pris, citados atrás,
aplicam-se directamente aos especialistas das alterações
climáticas que têm numerosas vezes feito prova de um partis pris
no seu trabalho, o que contaminou o processo do exame critico pelos seus pares.
Uma fraqueza corrente dos
cientistas, em particular daqueles comprometidos na investigação
com impacto público, é o de rejeitar toda a intrusão de
alguém na conduta do seu trabalho. O processo de exame da comunidade
científica fornece uma barreira eficaz ao exame do público:
há uma tendência para considerar o público como pessoas
atrasadas que precisam ser ensinadas e não como instruídas. A
arrogância intelectual que daí resulta faz dos cientistas uma
espécie de clérigos medievais, guardiões de um segredo e
de um saber exclusivo, fora do alcance dos olhos indiscretos do público.
Uma tal atitude, corrente em cientistas mal formados, é
imperdoável dado que a maior parte da investigação
é financiada pelos dinheiros públicos. Isto, todavia, não
impede esses cientistas de adoptar uma visão possessiva dos seus
resultados. O folheto da Academia das Ciências coloca-se na defesa:
"Preenchendo estas responsabilidades, os cientistas devem ocupar tempo a
comunicar os conhecimentos à sociedade, de modo que o público
possa avaliar as investigações com conhecimento de causa. Por
vezes, os investigadores reservam-se eles próprios esse direito,
considerando os não-especialistas como não qualificados para
estabelecer tais julgamentos. Nomeadamente, a ciência não oferece
se não uma janela acerca da experiência humana. Enquanto defendem
a honra da sua profissão, os cientistas devem procurar evitar colocar
num pedestal o saber científico obtido com meios públicos".
Isto é uma crítica directa ao "cientismo", uma
crença mantida por muitos cientistas de que o conhecimento não
adquirido por cientistas profissionais é conhecimento sem valor. O
cientismo é uma afronta às pessoas livres quando nega o direito
do público de julgar o trabalho da ciência, mesmo quando este
trabalho é financiado pelo dinheiro dos contribuintes. É uma
fórmula que mantem os cientistas acima da crítica e
irresponsabiliza-os perante toda a gente excepto os seus pares. É uma
visão anti-democrática do mundo que é claramente
contrariada pela Academia Nacional das Ciências.
Entretanto, nas ciências
do clima, verificam-se numerosos exemplos de críticas e de
preocupações da parte do público que são afastadas
através de estatísticas injustificadas e de falsos recursos
à autoridade académica.
Quem é Michael Mann?
No momento da publicação do seu artigo do
"hockey stick",
Michael Mann era professor auxiliar da universidade de Massachusetts,
no departamento de geociências. Doutorou-se em 1998 e foi promovido um
ano mais tarde, aos 34 anos, a assistente da Universidade da Virgínia, no
departamento de ciências ambientais.
Coordenou o capítulo
Variações e Alterações Climáticas
do relatório do IPCC designado por
TAR - Third Assessment Report, 2000.
É também um dos autores de vários capítulos
daquele relatório, cujo resumo técnico, fazendo eco do artigo de
Mann, afirma:
"Os anos 90 constituíram provavelmente o decénio mais quente
do milénio e 1998 foi provavelmente o ano mais quente".
Mann faz também parte do comité editorial do
Journal of Climate
e foi o redactor de uma edição fora de série deste
periódico. Desempenha também o papel de perito das revistas
Nature, Science, Climatic Change, Geophysical Research Letters, Journal of
Climate, JGR-Oceans, JGR-Atmospheres, Paleo oceanography, EOS, International
Journal of Climatology.
Estende a sua acção de perito aos programas de estudo NSF, NOAA
e DOE (no sistema de exame pelos pares, com o poder, como árbitro
anónimo, de rejeitar os artigos que ele julgar não responderem
aos critérios científicos).
Foi nomeado "conselheiro científico" do governo americano
(White House OSTP) para as questões das alterações
climáticas. O inventário da "visibilidade pública e
mediática" de Mann é a seguinte: "CBS, NBC, ABC, CNN,
CNN headline news, BBC, NPR, PBS (Nova/Frontline), WCBS, Time, Newsweek, Life,
US News & World report, Economist, Scientific American, Science News, Rolling
Stone, Popular Science, USA Today, New York Times, New York Times (Science
Times), Washington Post, Boston Globe, Irish times, AP, UPI, Reuters e
numerosos outros media escritos e televisões"
[17]
.
A carreira de Mann levanta um grande problema nas ciências
climáticas modernas, a saber: a "mediatização"
dos cientistas, que lhes permite serem imediatamente promovidos a
posições de influência. Um tal sistema conduz a
ciência ao nível de Hollywood.
Conclusão
As Provas apresentadas são esmagadoras. O Óptimo Medieval e a
Pequena Era do Gelo aparecem claramente nos quatro cantos do Mundo,
graças a uma variedade de indicadores
proxies:
marcadores mais representativos das temperaturas do que os cernes inadequados
de Michael Mann.
O que é inquietante no
"hockey stick",
não é a apresentação que Mann fez à
partida. Como para todo o artigo, ele teria caído no esquecimento se
tivessem sido desde logo apontados os erros. Pelo contrário, os
artesãos do efeito de estufa deram uma aprovação
unânime, uma falta total de avaliação crítica da
teoria expendida, uma aceitação cega de provas tão pouco
sólidas. Havia uma razão e uma só: eles abarcaram uma
teoria que dizia exactamente o que eles
desejavam
ouvir.
Os investigadores do
"hockey stick"
deveriam recordar-se do "1984" de George Orwell, um drama
negro de ficção científica em que um regime
totalitário utiliza "falhas de memória"
para reinventar a história passada
[22]
. Nesta era de comunicações instantâneas, não
há "falha de memória" suficientemente grande para
reverter a verdade histórica do Óptimo Medieval e da Pequena Era
do Gelo.
Referências
[1] Biondi F. et al., "July Temperature During the Second Millennium
Reconstructed from Idaho Tree Rings", Geophysical Research Letters, v.26,
no.10, p.1445, 1998
[2] Cioccale M., "Climatic Fluctuations in the Central Region of Argentina
in the last 1000 Years", Quaternary International 62, p.35-37, 1999 (as
reported by the Center for the Study of Carbon Dioxide and Global Change -
http://www.co2science.org/
)
[3] Cook et al., "Climatic Change over the Last Millennium in Tasmania
Reconstructed from Tree-Rings", The Holocene, 2.3 pp.205-217, 1992
[4] Daly J., "The Surface Record: Global Mean Temperature and How it is
Determined at Surface Level" April 2000,
http://www.greeningearthsociety.org/Articles/2000/surface1.htm
[5] Daly J., "Testing the Waters: A Report on Sea Levels", June 2000
http://www.greeningearthsociety.org/Articles/2000/sea.htm
[6] deMenocal P. et al. "Coherent High- and Low-Latitude Climate
Variability During the Holocene Warm Period", Science, v.288, p.2198-2202,
Jun 23 2000
[7] Dullo, W. et al., "Stable Isotope Record from Holocene Reef Corals,
Western Indian Ocean", Journal of Conference Abstracts v.4 no.1, Symposium
B02,
http://www.campublic.co.uk/science/publications/JConfAbs/4/164.html
[8] Fligge & Solanki, "The Solar Spectral Irradiance since 1700",
Geophysical Research Letters, v.27, No.14, p.2157, July 15 2000
[9] Hong Y. et al., "Response of Climate to Solar Forcing Recorded in a
6000-year delta18O Time-Series of Chines Peat Cellulose", The Holocene,
v.10, p.1-7, 2000
[10] Houghton, J. et al. "Climate Change 1995: The Science of Climate
Change", Cambridge Univ. Press, UK, 1995
[11] IPCC, Third Assessment Report (draft), January 2000
[12] Keigwin L.D., "The Little Ice Age and Medieval Warm Period in the
Sargasso Sea", Science, v.274 pp.1504-1508, 1996
[13] Kuo-Yen Wei et al, "Documenting Past Environmental Changes in Taiwan
and Adjacent Areas", Department of Geology, National Taiwan University,
1996.
http://www.gcc.ntu.edu.tw/gcc/research/igbp/1996_igbp/sec3-4/3-4.html
[14] Lean J., "Evolution of the Sun's Spectral Irradiance Since the
Maunder Minimum", Geophysical Research Letters, v.27, no.16, p.2425,
August 15 2000
[15] Magnuson J. et al., "Historical Trends in Lake and River Ice Cover in
the Northern Hemisphere", Science, v.289, p.1743, 8 Sept 2000
[16] Mann M.E. et al, "Northern Hemisphere Temperatures During the Past
Millennium: Inferences, Uncertainties, and Limitations", AGU GRL, v.3.1,
1999
[17] Mann M.E., Personal Website -
http://www.people.virginia.edu/~mem6u
[18] National Academy of Science,
"On being a Scientist: Responsible Conduct in Research"
, National Academy Press, 1995
[19] National Assessment Synthesis Team (NAST), "Climate Change Impacts on
the United States: The Potential Consequences of Climate Variability and
Change" - Overview document, USGCRP, June 2000
[20] National Research Council, "Reconciling Observations of Global
Temperature Change", National Academy Press, 2000
[21] Nunez, M., "The Urban Heat Island: Some Aspects of the Phenomenon in
Hobart", University of Tasmania, ISBN 0-85901-121-6, 1979
[22] Orwell, George, "Nineteen Eighty-Four", Penguin Books, London.
[23] Peru ice core
http://academic.emporia.edu/aberjame/ice/lec19/fig19d.htm
[24] Svensmark H., "Influence of Cosmic Rays on Earth's Climate",
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[25] ---, "A 1000-year Record of Temperature and Precipitation in the
Sierra Nevada", Quaternary Research, v.39, p.249-255, 1993.
[26] Tagami, Y. Reconstruction of Climate in the Medieval Warm Period
http://edcgeo.edu.toyama-u.ac.jp/Geohome/IntN/Abs.htm
[27] Tyson, P.D. et al., "The Little Ice Age and Medieval Warming in South
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[28] van de Plassche & van der Borg, "Sea level-climate correlation during
the past 1400 yr", Free University Amsterdam & Utrecht University,
http://www.fys.ruu.nl/
[29] Verschuren D., "Rainfall and Drought in Equatorial East Africa during
the past 1,100 Years", Nature v.403(6768) pp.410-414, 27 Jan 2000
[30] Villalba, R., "Tree-ring and Glacial Evidence for the Medieval Warm
Epoch and the Little Ice Age in Southern South America". Climate Change,
26: 183-197, 1994
[31] Wang Wen & Xie Zhiren, "Historical Sea Level Fluctuations in China:
Tidal Disaster Intensity and Sea Level Change", Nanjing University,
http://www.chinainfo.gov.cn/periodical/hhdxxb/hhdx99/hhdx9905/990509.htm
[32] Winter et al. "Caribbean Sea Surface Temperatures: Two-to-Three
Degrees Cooler than Present During the Little Ice Age", Geophysical
Research Letters, v.27, 20, p.3365, Oct 15 2000
[33] J T Houghton, G J Jenkins, J J Ephraums, Eds,, "Climate Change; The
IPCC Scientific Assessment". 1990 . Cambridge University Press, p.202
[*]
John L. Daly
(1943-2004), cientista de origem britânica, é autor de
The Greenhouse Trap
(Bantam Books, 1989), e também de artigos e documentos no
New Zealand Science Monthly, New Woman, Forest Industries Journal , Norwegian
Oil Review,
no "Climate Change" (Univ. of Western Sydney) e para o ANZAAS Congress em
1990. Contribuiu para a Industry Commission e a 1996 National Greenhouse
Response Strategy Review.
Para uma crítica à metodologia de Mann consultar:
Ross McKitrick
http://www.climatechangeissues.com/files/PDF/conf05mckitrick.pdf
Steven McIntire
et
Ross McKitrich
http://www.uoguelph.ca/~rmckitri/research/trc.html
O original encontra-se em
http://www.john-daly.com/hockey/hockey.htm
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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