Um fenómeno sociológico, não um fenómeno
físico
Aquecimento global:
origem e natureza do alegado consenso científico
Cientistas fazem declarações sem significado ou ambíguas.
Advogados e medias traduzem tais declarações em sinais de alarme.
Políticos respondem ao alarme alimentando cientistas com mais dinheiro.
por Richard S. Lindzen
[*]
"Procurar falhas no IPCC é crucial. A noção de que se
você for ignorante em alguma coisa e alguém lhe aparecer com uma
resposta errada tem de aceitá-la porque não tem uma outra
resposta errada para dar é como a cura pela fé, é como o
charlatanismo na medicina. Se alguém lhe disser que deve ingerir
caramelos para curar o cancro e você responder que isso é
estúpido, ele diz: bem, pode sugerir alguma outra coisa? Será
que ao responder que não isso quer dizer que você tem de ingerir
caramelos?
A maior parte das pessoas instruídas aceita o aquecimento global como
real e perigoso. Realmente, a propaganda em torno do aquecimento global leva
muita gente a acreditar que se trata da principal ameaça que se
apresenta à humanidade. Na Cimeira do Rio sobre o Clima, em Junho de
1992, foram esboçados acordos internacionais para lidar com aquela
hipotética ameaça, em reunião assistida por chefes de
estado de dúzias de países. Tenho a declarar de início
que, como cientista, não vejo nenhuma base substantiva para as
ameaças do aquecimento popularmente difundidas. Além disso, de
acordo com muitos estudos de economistas, agrónomos, e
hidrólogos, haveria pouca dificuldade na adaptação a um
tal aquecimento, se viesse a acontecer. Tal é, também, a
conclusão do relatório recente do Conselho Nacional de
Investigação sobre adaptação às
mudanças do clima. Muitos aspectos do cenário catastrófico
já foram descartados pela comunidade científica. Por exemplo, o
temor da elevação do nível do mar, presente em muitas das
discussões iniciais sobre o aquecimento global, teve estimativas
sucessivamente reduzidas em várias ordens de grandeza. Agora há
acordo de que até mesmo a contribuição do aquecimento para
a elevação do nível do mar seria secundária, face a
outros factores mais importantes.
Para demonstrar porque afirmo não haver qualquer base substantiva para
previsões de grande aquecimento global, devido a aumentos observados de
gases com efeito de estufa tais como o dióxido de carbono, o metano, e
os clorofluorcarbonetos (CFC), passarei em revista, de maneira breve, a
ciência associada às previsões.
RESUMO DAS QUESTÕES CIENTÍFICAS
Antes de considerar a teoria do efeito de estufa em si é útil
começar com algo que quase sempre é aceite como pacífico
é inevitável que a concentração
atmosférica do dióxido de carbono venha a aumentar para o dobro
do teor actual e possivelmente para o quádruplo. A prova da
análise de amostras de cilindros de gelo polar e a amostragem
atmosférica directa, mostram que a quantidade de anidrido
carbónico no ar tem aumentado desde o ano de 1800. Antes de 1800 a
densidade era de aproximadamente 275 partes por milhão em volume. Hoje
é de 355 partes por milhão. Acredita-se que o aumento
também é devido à combinação da queima de
combustíveis fósseis e, antes de 1905, da
desflorestação. Calcula-se que o volume total tenha aumentado
exponencialmente, pelo menos até 1973. De 1973 até 1990 a taxa de
aumento foi mais lenta. Cerca da metade do anidrido carbónico gerado
migrou para a atmosfera.
É bastante incerto prever o que sucederá à emissão
do anidrido carbónico ao longo deste século. Admitida uma
tendência de expansão do uso de carvão, com
desenvolvimentos rápidos no nível de vida do terceiro mundo, com
grande aumento da população e reduzida participação
no uso de combustíveis não-fósseis, de energia nuclear e
outras, pode-se considerar um cenário de emissões que
conduzirá à duplicação (em relação
aos níveis actuais) do teor de anidrido carbónico por volta de
2030. O Painel Intergovernamental sobre Alterações
Climáticas, da ONU, refere-se a este como o "cenário
normal''
(business as usual)
de desenvolvimento global. Como se mostra, o cenário usado é
incompatível com dados registados do último século, ao
prever que já teríamos aproximadamente 400 partes por
milhão em volume. Um cenário desenvolvido no Max Planck
Institute, de Hamburgo, mostra que nem sequer no tal "cenário
normal'' seria duplicado o teor de anidrido carbónico
até o ano 2100. Parece improvável, além disso, que o
futuro da energia venha a pertencer apenas ao carvão, indefinidamente.
Também acho difícil de acreditar que o desenvolvimento
tecnológico não conduza a reactores nucleares
aperfeiçoados num prazo de cinquenta anos.
Não obstante, já convivemos com um aumento significativo do teor
de anidrido carbónico que foi acompanhado por aumentos de outros gases
com efeito estufa antropogénicos tais como metano e
clorofluorcarbonetos. Realmente, em termos de potencial de efeito estufa
antropogénico, tivemos um aumento de 50 por cento em teor de
dióxido carbónico equivalente durante o último
século. Os efeitos dos aumentos são certamente merecedores de
estudo, independentemente de qualquer cenário futuro quanto ao clima.
O EFEITO ESTUFA
A ideia simplificada na divulgação popular do efeito de estufa
é a de que a atmosfera é transparente à
radiação solar (ressalvada a interferência muito
significativa da reflectividade das nuvens e da superfície) a qual
aquece a superfície da Terra. A superfície compensa aquele
aquecimento com contra-radiação infravermelha. Essa
radiação aumenta com a temperatura crescente da
superfície, e a temperatura ajusta-se até se alcançar o
equilíbrio. Se a atmosfera também fosse transparente à
radiação infravermelha, a contra-radiação induzida
por uma temperatura média de superfície de menos dezoito graus
Celsius equilibraria a radiação solar entrada (menos a reflectida
para o espaço pelas nuvens). Mas a atmosfera não é
transparente ao infravermelho. Desta forma a Terra aquece um pouco mais pela
devolução à superfície terrestre da
radiação do espaço (gases naturais com efeito de estufa)
de um certo fluxo de radiação infravermelha. Isso é o que
é chamado de efeito estufa natural.
O facto de a temperatura média da superfície da Terra ser de
quinze graus Celsius positivos em lugar de menos dezoito graus Celsius é
atribuído àquele efeito. Os absorvedores principais de
infravermelho na atmosfera são o vapor de água e as nuvens. Mesmo
que todos os outros gases com efeito estufa (como anidrido carbónico e
metano) desaparecessem, ainda teríamos 98 por cento do efeito estufa
natural. Não obstante, é alegado que aumentos de dióxido
de carbono, e de outros gases antropogénicos, conduziriam a uma
elevação significativa da temperatura. Como vimos, o teor de
dióxido de carbono está a aumentar, assim como o de outros gases
com efeito estufa antropogénicos. Uma hipótese amplamente aceite,
mas questionável, é que esses aumentos se manterão com a
mesma tendência do último século.
Esta explicação do mecanismo do efeito de estufa é
demasiado simplista para ser levada a sério. Muitos de nós
aprendemos na escola elementar que o calor pode ser transportado por
radiação, convecção e condução. A
hipótese acima só se refere à transferência por
radiação. Como se mostra, se houvesse apenas transferência
por radiação, o efeito estufa aqueceria a Terra ao nível
de aproximadamente 77 graus Celsius em lugar de 15 graus Celsius. De facto, o
efeito estufa só é de aproximadamente 25 por cento do que deveria
ser numa situação de perda exclusivamente por
radiação. A razão para isto é a presença de
convecção (transporte de calor por movimentos de massas de ar)
que reduz em muito a absorção por radiação.
O que está realmente a acontecer é ilustrado esquematicamente na
Figura 1.
A superfície da Terra é arrefecida em grande medida por
correntes atmosféricas (em várias formas que incluem nuvens
espessas) as quais conduzem o calor em altitude e para os pólos, a
partir dos trópicos. Uma consequência deste mecanismo é que
os gases com efeito de estufa, bem acima da superfície da Terra,
são de importância primordial para marcar a temperatura da Terra.
Isso é especialmente importante para o vapor de água cuja
densidade diminui por um factor de mil, entre a superfície e a altitude
de dez quilómetros. Outra conclusão é que não se
pode calcular a evolução da temperatura da Terra sem modelos que,
com precisão, consigam reproduzir os movimentos da atmosfera. Realmente,
os modelos actuais introduzem erros grandes da ordem dos 50 por cento.
Não causa surpresa que esses modelos estejam impossibilitados de
calcular correctamente a temperatura média da Terra ou a sua
variação do equador aos pólos. Para corrigir aqueles erros
os modelos são ajustados ou "parametrizados'' a fim de
reconciliá-los com a realidade, de maneira aproximada.
Continua a ter interesse perguntar o que esperar com a duplicação
do teor de dióxido de carbónico. Um grande número de
cálculos já efectuados conclui que, se isto acontecer,
teríamos um aquecimento de 0,5 a 1,2 graus Celsius. O consenso é
que tal aquecimento teria poucas consequências, se é que alguma.
Mas até mesmo aquela previsão está sujeita a alguma
incerteza por causa
do modo complicado como actua o efeito de estufa. Além do mais, o clima
é um sistema complexo onde é impossível que todos os
factores internos permaneçam constantes. Com os actuais modelos
climáticos existem factores que ampliam os efeitos do dióxido de
carbono e conduzem a previsões de aquecimento na vizinhança de
quatro a cinco graus Celsius. Processos internos do sistema climático
que aumentam a resposta ao aquecimento são designados como
rectroalimentações positivas. Processos internos que diminuem a
resposta são designados como rectroalimentações negativas.
A rectroalimentação positiva mais importante considerada nos
modelos actuais é a do vapor de água. Em todos os modelos
actuais, na troposfera superior (cinco a doze quilómetros de altitude),
o vapor de água o principal gás com efeito estufa
cresce com o aumento das temperaturas na superfície terrestre. Sem
aquela rectroalimentação, nenhum modelo actual poderia prever
aquecimento maior do que 1,7º Celsius quaisquer que fossem os
outros factores. Infelizmente, o modo como os modelos actuais tratam factores
como as nuvens e o vapor de água é muito arbitrário. Em
muitos casos simplesmente não é conhecida a física
subjacente. Em outras instâncias há erros identificáveis.
Até mesmo erros de computação têm tido papel de
peso. Realmente, há forte evidência de que todos os factores de
rectroalimentação conhecidos são, na verdade, negativos.
Neste caso, é de se esperar que a resposta seria um aquecimento menor
devido ao anidrido carbónico.
É sugerido pelos modeladores que as previsões não dependem
de realimentações negativas que nos poupariam de uma
"catástrofe devida ao efeito estufa antropogénico". O
que é omisso, em tais afirmações, é que os modelos
actuais dependem pesadamente de indemonstráveis factores de
rectroalimentação positiva que fazem prever níveis
exagerados de aquecimento. Os efeitos das nuvens têm vindo a receber
melhor atenção, e isso não é descabido. A
consideração das nuvens, nos modelos, é tratada de modo
sumário e leva a previsões imprecisas. Mas as nuvens reflectem
aproximadamente 75 watts por metro quadrado. Dado que a
duplicação da concentração de dióxido de
carbono mudaria o fluxo de calor de superfície em apenas 2 watts por
metro quadrado, é evidente que uma pequena mudança na
existência de nuvens pode afectar fortemente o comportamento do
dióxido de carbono. A situação é complicada pelo
facto de as nuvens a altas altitudes também acentuarem o efeito de
estufa. Realmente, o efeito das nuvens ao reflectir calor e aumentar o efeito
de estufa pode anular-se e conduzir aproximadamente a um equilíbrio. O
efeito global das nuvens sobre o clima depende, por um lado, do seu desempenho
no aquecimento e, por outro, do possível desequilíbrio resultante
dos seus efeitos de arrefecimento e de aquecimento.
De modo semelhante, factores que envolvem a contribuição da
cobertura de neve para a reflectividade servem, nos modelos actuais, para
ampliar o aquecimento atribuído ao teor crescente de anidrido
carbónico. O que acontece parece bastante razoável; climas mais
quentes estariam presumivelmente associados a menos neve e menos reflectividade
o que acentuaria o aquecimento. Porém, a neve é associada
ao Inverno, quando a luz solar incidente é mínima. Além
disso, as nuvens escudam a superfície da Terra do Sol e minimizam a
resposta da cobertura de neve. Realmente, há crescente evidência
de que as nuvens acompanham a diminuição da cobertura de neve com
tal intensidade que torna aquela rectroalimentação negativa.
Porém, se se perguntar porque os modelos actuais prevêem um
aquecimento tão grande devido ao teor crescente de anidrido
carbónico, a razão é principalmente devida ao efeito da
rectroalimentação do vapor de água. Todos os modelos
actuais prevêem que climas mais quentes serão acompanhados por
aumento de humidade em todos os níveis. Como já foi notado, tal
é o produto inevitável dos modelos uma vez que eles não
têm nem o apoio da física nem a precisão numérica
para levar em conta o vapor de água. Recentes estudos do processo
físico de como nuvens espessas hidratam a atmosfera de modo forte
sugerem que esta, tida como a maior das realimentações positivas,
é de facto negativa e também de grande peso.
Não só há razões fortes para acreditar que os
modelos
estão a exagerar as consequências do anidrido carbónico
crescente mas, talvez de modo mais significativo, as previsões dos
modelos ao longo do último século descrevem a mecânica do
aquecimento incorrectamente e superestimam muito sua magnitude. O registo da
temperatura média global durante o último século é
irregular e não sem ambiguidades. Porém, mostra um aumento
médio de cerca de 0,45º C mais ou menos 0,15º C, com a maior
parte do aumento acontecido antes dos anos 40, seguido por algum arrefecimento
no início dos anos 70 e por um rápido (mas modesto) aumento de
temperatura no fim dos anos 90. Como notado, já vimos que houve um
aumento de concentração de "dióxido de
carbónico equivalente" da ordem de 50 por cento. Assim, com base em
modelos que prevêem um aquecimento de 0,25º C, ao duplicar a
concentração de anidrido carbónico, poderíamos
esperar um aquecimento de dois graus Celsius. Porém, se incluímos
a desfasagem imposta pelo calor latente dos oceanos, poderíamos esperar
um aquecimento de cerca de um grau Celsius o qual ainda é duas
vezes o observado. Além disso, a maior parte do aquecimento aconteceu
antes de o efeito de estufa dos gases antropogénicos ser somado aos
naturais da atmosfera. A Figura 2 mostra o que poderia ter sido esperado
de modelos com diferentes sensibilidades a uma duplicação do dióxido de carbono.
O que se observa nos registos do passado é muito
consistente com a hipótese de um aumento em cerca de 1,3 graus Celsius
para o dobro da concentração admitido que todo o
aquecimento observado seria devido ao aumento do anidrido carbónico.
Porém, nada há na série de dados históricos que
possa ser distinguido da variabilidade natural do clima.
Se forem consideradas as regiões tropicais a conclusão é
até mais discordante. Há ampla evidência de que a
temperatura da superfície do mar equatorial permaneceu dentro da faixa
de mais ou menos um grau Celsius, relativamente à sua temperatura
presente, por milhares de milhões de anos, mas os modelos actuais
prevêem aquecimentos de até dois a quatro graus Celsius no
Equador. Deve ser notado que ao longo de grande parte da história da
Terra a atmosfera já teve maiores concentrações de
anidrido carbónico do que aquela que actualmente se prevê nos
séculos vindouros. De facto, eu poderia listar a evidência
pormenorizada dos pequenos efeitos que seguem a duplicação do
teor de anidrido carbónico.
CONSENSO E VISÃO POPULAR
Muitos estudos realizados a partir do século XIX sugerem que
emissões de anidrido carbónico, industriais e outras, poderiam
levar ao aquecimento global. Também foram notados problemas com tais
previsões, e seu insucesso em reconciliações com
temperaturas observadas lança suspeita sobre os mecanismos postulados.
Realmente, a tendência para menores temperaturas globais nos anos 50 deu
origem ao alarme sobre um possível arrefecimento global nos anos 70.
Havia debate científico normal, embora a histeria sobre o arrefecimento
tivesse certa analogia com a actual histeria sobre o aquecimento, inclusive em
livros como
A Estratégia do Genesis,
por Stephen Schneider e
Alterações Climáticas e Economia Mundial
por Crispin Tickell ambos os autores bem actuantes na defesa das
preocupações actuais como a "explicação'' do
problema e a promoção de regulamentação
internacional. Também houve um livro do distinto escritor de
ciência, Lowell Ponte
(O Arrefecimento)
que tentou ridicularizar os cépticos e
recomendou actuar mesmo na ausência de fundamentos
científicos firmes. Houve mesmo um relatório do Conselho de
Investigação Nacional da Academia Nacional das Ciências
Americana que chegou às conclusões ambíguas habituais, no
caso sobre o arrefecimento. Mas a comunidade científica nunca levou o
assunto a sério, os governos ignoraram-no, e como as temperaturas
globais aumentaram nos anos 70 o assunto ficou mais ou menos adormecido.
Enquanto isso, cálculos feitos com modelos especialmente no
Laboratório Geofísico de Dinâmica de Fluidos, de Princeton
continuaram a prever aquecimento significativo devido ao anidrido
carbónico crescente. Essas previsões foram consideradas
interessantes, mas de âmbito académico até mesmo
pelos cientistas envolvidos.
A histeria presente começou formalmente no Verão de 1988, embora
a sua preparação tenha sido iniciada uns três anos antes.
Foi um Verão
especialmente quente em algumas regiões, particularmente nos Estados
Unidos. O aumento abrupto de temperatura nos anos 70 era demasiado acentuado
para ser associado ao aumento gradual de anidrido carbónico. Não
obstante, James Hansen, director do Instituto Goddard de Estudos Espaciais, em
testemunho perante o Comité de Ciência, Tecnologia e Espaço
do senador Al Gore, disse, com efeito, ter 99 por cento de certeza de que a
temperatura havia aumentado, e que ocorrera aquecimento por efeito de estufa.
Porém, ele nada disse sobre a relação entre as duas
variáveis. Apesar do facto de essa correlação não
estar demonstrada, o movimento ecológico adoptou-a imediatamente como
tese.
AUTO-PERPETUAÇÃO
O crescimento dos movimentos ecológicos desde os anos 70 tem sido
fenomenal. Na Europa o movimento centrou-se na formação de
partidos Verdes; nos Estados Unidos o movimento orientou-se para a
criação de grandes organizações de lobby do
ambiente. Esses grupos de lobby têm orçamentos de várias
centenas de milhões de dólares e empregam aproximadamente 50 mil
pessoas; seu apoio é tido em alta conta por muitas figuras
políticas. Como em qualquer grupo grande, a
auto-perpetuação torna-se a preocupação dominante.
O aquecimento global virou um cavalo de batalha dos esforços para
angariar fundos. Ao mesmo tempo, os media aceitam os pronunciamentos desses
grupos como verdade objectiva, sem questionamento.
Dentro da comunidade da modelação do clima em grande escala
um subconjunto pequeno da comunidade interessada em ciência do
clima a resposta imediata foi criticar Hansen por divulgar resultados de
um modelo, altamente incertos, como relevantes para a acção
pública. A motivação de Hansen não era totalmente
óbvia, mas apesar da crítica a comunidade da
modelação concordou em que aquele rápido aquecimento
não seria possível sem influência externa. Isso bastou para
que políticos e activistas se agarrassem a qualquer sugestão
de perigo como razão suficiente para regulamentação
governamental, a menos que a sugestão pudesse ser contestada com rigor.
Isso é uma assimetria particularmente perniciosa, uma vez que o rigor
geralmente é impossível em ciências ambientais.
Outros cientistas concordaram rapidamente em que com o aumento do anidrido
carbónico algum aquecimento poderia ser esperado e que com
concentrações de anidrido carbónico suficientemente
grandes o aquecimento poderia ser significativo. No entanto, houve cepticismo
generalizado. No início de 1989,
porém, os media mais populares, na Europa e nos Estados Unidos,
declaravam que "todos os cientistas" concordavam em que o aquecimento
era real e com potencial catastrófico.
PERSEGUIÇÃO & HISTERIA
Tal como a maior parte dos cientistas preocupados com clima, eu estava ansioso
por ficar
fora do que parecia ser um espectáculo de circo. Mas no Verão de
1988 Lester Lave, professor de economia do Carnegie Mellon University,
escreveu-me sobre o seu afastamento de uma audiência no Senado por
sugerir que o assunto do aquecimento global era cientificamente controverso. Eu
assegurei-lhe que o assunto não só era controverso como
também improvável. No Inverno de 1989 Reginald Newell, professor
de meteorologia do Massachusetts Institute of Technology, viu cortada a
dotação da National Science Foundation para análises de
dados que não demonstrassem aquecimento durante o último
século.
Peer-reviewers
(revisores) das revistas sugeriram que os seus resultados eram
perigosos para a humanidade. Na primavera de 1989 fui convidado para um
simpósio sobre aquecimento global na Tufts University. Eu era o
único cientista climático num painel de ecologistas. Ouvi, da
parte destes, apelos estridentes por acção imediata e amplas
expressões de impaciência com a ciência. Claudine Schneider,
então congressista de Rhode Island, afirmou que
"os cientistas podem discordar, mas podemos ouvir a Mãe Terra, e ela
chora".
Parecia claro que uma situação perigosa estava a surgir, e o
perigo não era propriamente do aquecimento global em si.
Na primavera de 1989 preparei uma crítica à ideia do aquecimento
global, a qual submeti à
Science,
revista da Associação Americana para o Progresso da
Ciência. A monografia foi rejeitada sem revisão como carente de
interesse para os leitores. Submeti então o artigo ao
Bulletin of the American Meteorological Society,
onde foi aceite após
revisão, re-revisão, e renovada aceitação
um procedimento inabitual, para dizer o mínimo. Enquanto isso, o artigo
foi atacado na
Science
antes mesmo de ter sido publicado. O artigo circulou por aproximadamente seis
meses como clandestino
("samizdat").
Mas foi apresentado na conferência Humboldt do MIT e divulgado pelo
Frankfurter Allgemeine.
Enquanto isso, o circo do aquecimento global estava no auge.
Reuniões sucediam-se sem interrupção. Uma das mais
notáveis dessas reuniões teve lugar no Verão de 1989 no
rancho de Robert Redford em Sundance, Utah. Redford proclamou que era tempo de
cessar a investigação e começar a actuar. Suponho
que seria uma sugestão razoável quando feita por um actor, mas
também é indicativa da atitude geral para com a ciência.
Barbara Streisand empenhou-se em apoiar pessoalmente a
investigação de Michael Oppenheimer fazendo pressão junto
ao Environmental Defense Fund, embora ele seja um activista do ambiente e
não um climatologista. Meryl Streep fez um apelo na televisão
pública para travar o aquecimento global. Até foi preparado um
projecto de lei para garantir um clima estável para os americanos.
Pelo outono de 1989 parte da imprensa estava a dar conta que havia
controvérsia
(Forbes
e
Reader's Digest
foram notáveis nisso). Reclamações de ecologistas
alegavam que os cépticos estavam a receber exposição
excessiva. A publicação do meu artigo foi seguida pelo empenho
insistente por parte do editor
Bulletin of the American Meteorological Society,
Richard Hallgren, em solicitar refutações. Tais artigos foram
preparados por Stephen Schneider e Will Kellogg, administrador
científico menor nos últimos trinta anos, e esses artigos foram
seguidos por uma correspondência activa principalmente em apoio à
visão céptica. Realmente, uma recente pesquisa de opinião
Gallup entre cientistas do clima na American Meteorological Society e American
Geophysical Union mostra que a maioria esmagadora duvida que tenha havido
qualquer aquecimento identificável provocado pela acção
humana (49 por cento afirmaram que não, 33 por cento não sabiam,
18
por cento pensavam que houve algum; porém, entre os activamente
envolvidos em investigação e com
contribuições frequentes de artigos em revistas de
investigação
sérias, nenhum acredita em qualquer aquecimento global provocado por
acção humana até hoje conhecida). Em geral, o debate
dentro da comunidade meteorológica foi saudável e, neste
episódio, de rara unanimidade.
Fora do meio da meteorologia, Jeremy Legett, da Greenpeace, um geólogo,
publicou um livro em que ataca os críticos da hipótese do
aquecimento especialmente a minha pessoa. George Mitchell, líder
da maioria do Senado e pai de um activista ambiental proeminente, também
publicou um livro que apela à aceitação do problema
do aquecimento
(World on Fire: Saving an Endangered Earth).
O senador Gore publicou um livro
(Earth in the Balance: Ecology and the Human Spirit).
Esses são apenas uns poucos exemplos da caudalosa torrente de
publicações sobre aquecimento global. Raramente um tão
magro conteúdo científico provocou tamanha onda de
popularização da parte de indivíduos que nada entendiam do
assunto.
As actividades da Union of Concerned Scientists merecem uma menção
especial. Esta organização amplamente apoiada dedicou-se
originalmente ao desarmamento nuclear. Ao terminar a guerra fria, o grupo
começou a opor-se activamente à produção de energia
em centrais nucleares. A sua oposição à energia nuclear
era impopular entre muitos físicos. Nos últimos anos, a
organização voltou-se para a batalha contra o aquecimento global
de modo particularmente histérico. Em 1989 o grupo começou a
difundir uma petição que urge o reconhecimento do aquecimento
global como o grande perigo potencial para a espécie humana. A maioria
dos destinatários que não assinou foi solicitada a fazê-lo
pelo menos mais duas vezes. A petição acabou por ser assinada por
700 cientistas, inclusive muitos sócios da Academia Nacional de
Ciências e laureados com o prémio Nobel. Só três ou
quatro dos signatários, porém, tinham qualquer envolvimento com a
climatologia. De maneira interessante, a petição tinha duas
páginas, e na segunda havia um apelo para a consideração
renovada da energia nuclear (antes combatida). Quando a petição
foi publicada no
New York Times,
esta segunda página foi omitida. Em todo caso, aquele documento ajudou a
solidificar a percepção pública de que "todos os
cientistas" concordavam com o cenário do desastre climático.
Tal abuso flagrante de autoridade científica não passou
desapercebido. Na reunião anual de 1990 da Academia Nacional de
Ciências, Frank Press, seu presidente, alertou os membros da sociedade
sobre o inconveniente de emprestar a sua credibilidade a campanhas sobre as
quais não tinham um conhecimento especial. Destacou o caso da
petição publicada. Na minha opinião o que a
petição demonstrou foi que o imperativo de lutar contra o
aquecimento global tornara-se parte do dogma da consciência liberal um
dogma ao qual os cientistas não estão imunes.
Ao mesmo tempo, aumentaram as pressões políticas sobre os que
discordam da "visão majoritária". O senador Gore
censurou publicamente os "cépticos" em artigo de fundo do
New York Times.
Num exemplo perverso de falta de lógica ele associou os
"verdadeiros crentes", no aquecimento, com Galileu. Também se
referiu, em outro artigo no verão de 1988, a uma Kristallnacht (Noite de
Cristal) antes do holocausto do aquecimento.
A noção de "unanimidade científica" actualmente
está
intimada ligada ao relatório do Grupo de Trabalho I do Painel
Intergovernamental sobre Alterações Climáticas, da ONU,
divulgado em Setembro de 1990. Aquele Painel era constituído em grande
parte por
cientistas designados pelos governos respectivos. O Painel tem três
grupos de trabalho. O Grupo de Trabalho I nominalmente trata de ciência
climática. Aproximadamente 150 cientistas contribuíram para o
relatório, mas a representação de universidades americanas
foi relativamente pequena e é provável que assim
permaneça, uma vez que os recursos e o tempo para
participação nas discussões intergovernamentais não
estão disponíveis para a maioria dos cientistas
universitários. Muitos governos concordaram em usar aquele
relatório como a base autorizada para política do ambiente. O
relatório, como tal, tem características positivas e negativas.
Metodologicamente, o relatório confia profundamente em grandes modelos,
e no seu interior os modelos de relatório são em grande parte
verificados por comparação com outros modelos. Uma vez que os
modelos são conhecidos por concordarem mais entre si do que
com a Natureza (até mesmo depois de "afinados"), tal
abordagem não parece promissora. Além do mais, vários dos
participantes experimentaram pressões para enfatizar resultados que
apoiam o cenário oficial e para suprimir outros resultados. Aquela
pressão frequentemente foi eficaz, e uma consulta entre os participantes
revelou discordância significativa deles em relação ao
expresso no relatório final. Todavia, o corpo do relatório
é extremamente ambíguo, e as ressalvas são numerosas. O
relatório é antecedido por um resumo executivo escrito pelo
editor, sir John Houghton, director do Instituto de Meteorologia do Reino
Unido. O resumo não dá relevo à incerteza que prevalece em
grande parte do relatório e tenta apresentar a expectativa de
aquecimento significativo como resultado científico firmemente
estabelecido. O resumo foi publicado como um documento separado, e é
seguro dizer que os decisores governamentais lerão pouca coisa a mais do
que o resumo. Com base no resumo, ouve-se frequentemente dizer que
"centenas dos maiores cientistas do clima, de dúzias de
países, todos concordaram que..." Não importa saber quem
está de acordo, uma vez que os que citam o sumário insistem em
avalizar os cenários mais extremistas. Devo acrescentar que a comunidade
da climatologia, até aos anos mais recentes, era bastante pequena e
estava concentrada nos Estados Unidos e na Europa, não em
"dúzias de países".
Enquanto os relatórios do Painel Intergovernamental sobre
Alterações Climáticas estavam em elaboração,
o Conselho de Investigação Nacional dos Estados Unidos foi
incumbido de preparar uma síntese do estado actual do conhecimento sobre
a mudança global do clima. O painel escolhido não era promissor.
Quase nenhum membro da academia era especialista em climatologia. Realmente,
só um cientista esteve directamente envolvido em estudos do clima,
Stephen Schneider, que é um activista ambiental ardente. Também
incluía três activistas ambientais profissionais, e foi chefiado
pelo ex-senador, Dan Evans. O painel incluiu cientistas distintos e economistas
fora da área de clima e, talvez por causa disto, o relatório
emitido pelo Painel foi em geral correcto. O relatório concluiu que era
carente a base científica para justificar uma acção
dispendiosa, embora a prudência recomendasse que acções
baratas mereceriam ser consideradas, ou feitas as que deveriam de qualquer modo
ser feitas. Um subcomité do painel emitiu um relatório sobre a
adaptação à mudança climática, o qual levou
em conta até mesmo os cenários de aquecimento mais extremos, e
afirmou que os Estados Unidos teriam pouca dificuldade de
adaptação. Não surpreende que os ecologistas no Painel
tenham influenciado fortemente o teor dos relatórios, mas não
tendo conseguido impor completamente as suas opiniões, tentaram
distanciar-se dos relatórios, ora renunciando ou emitindo
opiniões dissidentes minoritárias. Igualmente não
surpreende que o
New York Times
publicasse os relatórios daquele painel na página 46. Os temas
nunca foram discutidos nos media salvo em breves alegações
de que os relatórios apoiavam uma visão catastrofista. Não
obstante, os relatórios daquele Painel americano eram indicativos do
cepticismo crescente relativo ao assunto do aquecimento global.
Realmente, o cepticismo emergente é notável sob muitos aspectos.
Um dos protagonistas mais antigos da hipótese do aquecimento global,
Roger Revelle, o falecido professor de ciências oceanográficas da
Scripps Institution of Oceanography que iniciou a monitorização
directa da concentração atmosférica do anidrido
carbónico durante o Ano Geofísico Internacional (1958), é
co-autor com S. Fred Singer e Chauncy Starr de uma monografia a recomendar que
a acção quanto ao aquecimento global seja adiada por
falta de base científica adequada. Outro defensor activo da
hipótese de aquecimento global, Michael McElroy, chefe do Department of
Earth and Planetary Sciences em Harvard, escreveu recentemente um artigo onde
reconhece que os modelos existentes não podem ser usados para prever o
clima.
Seria razoável esperar que tal cepticismo crescente tivesse mais
influência sobre o debate público, mas a insistência na
"unanimidade científica" continua e não diminui.
Às vezes, aquela insistência adquire algumas formas estranhas.
Há mais de um ano, Robert White que chefiou a U.S. Weather Bureau e
é actualmente o presidente da Academia Nacional de Engenharia, escreveu
um artigo para o
Scientific American
onde destacava que a questionável a base científica de
previsões de aquecimento global era totalmente inadequada para
justificar quaisquer
acções dispendiosas.
Declarou ele que se houvesse insistência em fazer algo, só se
deveriam fazer coisas que de qualquer modo seriam feitas mesmo sem a
ameaça do aquecimento. Após aquele artigo, Tom Wicker, colunista
do
New York Times
e confidente do senador Gore escreveu uma nota na qual declarou que White
havia recomendado acção imediata sobre o "aquecimento
global." A minha própria experiência é semelhante. Num
artigo, publicado em
Audubon,
Stephen Schneider declara que eu "admiti
agora que algum aquecimento parece inevitável". Diferenças
entre expectativas de mudanças medidas em alguns décimos de grau
e aquecimento de vários graus são convenientemente escondidas.
Karen White num artigo longo e laudatório de James Hansen no
New York Times Sunday Magazine
relatou que eu concordara em que haveria aquecimento, tendo
"relutantemente dado uma estimativa de 1,2 graus''. Isso era, é
claro, uma inverdade.
Mais recentemente testemunhei numa audiência do Senado conduzida pelo
senador Al Gore. Desenrolava-se ali uma discussão abstracta sobre o
vapor de
água na troposfera superior. Dois anos antes eu salientara que, se a
fonte de vapor de água naquela área nas regiões tropicais
fossem nuvens espessas, então o aquecimento superficial seria
acompanhado por redução de vapor de água em camadas de
nível superior. Investigação subsequente estabeleceu que
deve haver uma fonte adicional amplamente atribuída a cristais de
gelo libertados por essas nuvens espessas. Eu notei que aquela fonte muito
provavelmente diminuía a humidade numa atmosfera mais morna. Ambos
invertem processos de rectroalimentação os quais tornam-se
negativos em lugar de positivos. O senador Al Gore perguntou se eu rejeitava
agora minha sugestão de dois anos atrás como sendo factor
principal. Eu respondi que sim. Al Gore chamou o escrivão para anotar
que eu tinha retractado as minhas objecções ao "aquecimento
global". No debate que se seguiu, envolvendo principalmente outros
participantes na audiência, foi dito a Al Gore que ele estava a confundir
os assuntos. Porém, logo depois disso Tom Wicker publicou um artigo no
New York Times
em que afirma ter-me retractado da minha oposição à
hipótese do aquecimento global e que isto confirmava a necessidade de
acção imediata para restringir a ameaça iminente. Escrevi
uma carta ao
Times
em que protestei por a minha posição ter sido grosseiramente
falseada e, após um mês de espera, a minha carta foi publicada. O
senador Al Gore, todavia, voltou a afirmar no seu livro que eu me retractara
das objecções científicas ao cenário de aquecimento
catastrófico e também adverte outros cientistas, que duvidam do
cenário do aquecimento global, que estão a prejudicar a
humanidade.
QUALQUER CIENTISTA SERVE
Por que há tal insistência na unanimidade científica no
assunto do aquecimento global? Afinal de contas, a unanimidade em ciência
é virtualmente inexistente em assuntos menos complexos. Unanimidade em
um assunto tão incerto quanto o do aquecimento global seria
surpreendente e levanta suspeitas. Além disso, por que são
procuradas as opiniões de cientistas de outros campos que não o
da climatologia? Raramente são pedidas opiniões de
biólogos e de médicos sobre alguma teoria da física de
alta energia. Aparentemente, quando se trata de "aquecimento global''
qualquer cientista serve.
A resposta a estas questões está quase seguramente na
política. Por exemplo, na Cimeira da Terra, realizada no Rio, foram
ensaiadas propostas para negociar acordos internacionais sobre a emissão
de anidrido carbónico. É certo que os custos e
implicações de tais acordos seriam profundos para países
industrializados e países em desenvolvimento. Dadas as
circunstâncias, seria muito arriscado para os políticos fazer tais
acordos a menos que os cientistas "insistissem" neles. Não
obstante, a situação provavelmente é bem mais complicada
que a que se sugere.
[*]
Professor Titular de Meteorologia do Massachusetts Institute of Technology.
Foi colaborador proeminente do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC)
e o principal responsável dos "Assessment Report" pedra
basilar dos relatórios quinquenais do IPCC. Renunciou a essa
colaboração perante a falta de ética do núcleo
central de decisão do IPCC. Este publicou textos não aprovados
pelo grupo de climatologistas responsáveis pela componente
científica dos documentos oficiais. Muito especialmente insurgiu-se com
a afirmação "da prova discernível da
intervenção humana nas alterações
climáticas" quando os cientistas apontavam exactamente para a falta
de provas e salientavam as muitas incertezas na matéria. A sua voz
é regularmente ouvida nas comissões científicas do
Congresso dos Estados Unidos. É membro da Academia das Ciências
dos EUA. O autor tem uma vastíssima obra publicada, tanto em livros
como em revistas e jornais. Ver nota em
http://en.wikipedia.org/wiki/Richard_Lindzen
O original encontra-se em
http://www.cato.org/pubs/regulation/reg15n2j.html
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
|