Declaração final do 1º encontro nacional de solidariedade com as lutas do povo colombiano

por MMSLPC [*]

. Nosso continente é hoje cenário de uma recusa aberta ao imperialismo e à sua política de guerra e intervenção. A viagem de Bush, depois do seu fracasso militar no Médio Oriente, pretende recompor a dominação sobre os nossos povos. Mas onde quer que o presidente gringo ponha os pés, as massas rebeldes e insubmissas o repudiam.

A heróica luta dos povos do Iraque e do Afeganistão mostra-nos que, para além do poderio militar e da capacidade destrutiva – ou seja, o fatalismo da invencibilidade do imperialismo –, está o papel da resistência popular. Na América Latina ocorre algo semelhante: os movimentos sócio-politicos das massas protagonizam a ruptura com o neoliberalismo e repudiam os planos imperialistas de dominação e submetimento.

Um papel central na resistência tiveram o povo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo, sem cujo combate seria impossível explicar o estado actual da luta anti-neoliberal na Nossa América. Por isso, é importante que a solidariedade com o povo colombiano abrigue também essa guerrilha heróica, que por mais de quatro décadas manteve no alto as bandeiras de Bolívar e do povo trabalhador.

Na Colômbia, a agressividade do imperialismo assemelha-se à acometida contra o Vietnam. Como o napalm do século passado, o glifosato com que hoje se regam as montanhas, selvas e vales da Colômbia é um crime contra a humanidade e a natureza. A contaminação e a destruição da Amazónia, da sua biodiversidade e da sua riqueza aquífera devem provocar um forte Não! Colectivo, por parte dos homens e mulheres do planeta, contra a presença e intervenção do imperialismo norte-americano na Colômbia e no resto da região andino-amazónica.

É o imperialismo quem alimenta a reacção colombiana e, portanto, os crimes de Estado contra milhares de dirigentes operários, camponeses, estudantis, indígenas, afro-colombianos, mulheres e homens, patriotas, militantes comunistas e de esquerda. São milhares os colombianos que, a lutar por democracia e libertação, foram assassinados pelas forças militares e paramilitares do Estado.

Aumenta a cada dia a evidência da fusão do narcotráfico com o paramilitarismo, elementos característicos do fascismo desencadeado pela oligarquia colombiana com o apoio total do imperialismo norte-americano.

Para o projecto imperial é vital manter a Colômbia como ponta de lança contra os processos de libertação no sul do continente, como o que se desenvolve na Venezuela bolivariana. Não é casual que o regime colombiano, depois do Estado sionista de Israel, seja o principal receptor de apoio e assessoria militar e financeira da Casa Branca.

O maior obstáculo a esses propósito imperiais é a luta do povo e os insurgentes colombianos. Por isso os gringos lançaram o Plano Colômbia e o Plano Patriota, principalmente para quebrar as FARC-EP e garantir a Colômbia como base principal da contra-revolução no continente. A justeza das ideias e o apoio popular com que contam as FARC-EP fizeram fracassar esses planos imperiais, assim como farão fracassar também o Plano Vitória.

Pelo que se expôs, é preciso recusar as teses que afirmam a impossibilidade de uma saída revolucionária para o conflito social e armado na Colômbia. As referidas teses desmobilizadoras golpeiam fortemente a solidariedade.

Para o Movimento Mexicano de Solidariedade com as Lutas do Povo Colombiano são claras as tarefas que tem pela frente. A solidariedade não pode ser abstracta, deve concretizar-se no apoio às lutas mais decididas e às organizações que as protagonizam. Por isso apoiamos as FARC-EP.

Avançaremos com iniciativas para conseguir a liberdade de Simón Trinidad e Sónia, prisioneiros do império, assim como de Rodrigo Granda, prisioneiro da oligarquia colombiana. Apoiamos totalmente a proposta, impulsionada pela FARC-EP, de realizar um intercâmbio humanitário de prisioneiros de guerra na Colômbia, no qual deve ser libertado também o comandante Francisco Caravallo, do Exército Popular de Libertação (EPL).

Apoiamos decididamente a exigência do povo colombiano de que Álvaro Uribe Velez renuncie à presidência da Colômbia, pois seu governo representa a fusão dos mais repudiáveis interesses antipopulares, os do narcotráfico, o paramilitarismo e a oligarquia.

Apoiamos totalmente a proposta de um Novo Governo de Reconstrução e Reconciliação Nacional, patriótico, democrático e pluralista, como verdadeira alternativa popular e saída viável para o prolongado conflito interno.

Apoiamos o trabalho valente do jornalista colombiano Carlo Lozano Guillén, dirigente comunista e director do semanário Voz, que foi ameaçado pelo paramilitar Álvaro Uribe devido ao seu compromisso militante com a verdade das maiorias e os trabalhadores.

Repudiamos a aliança reaccionária entre os governos de Felipe Calderón e Álvaro Uribe, os quais, com o amparo da Casa Branca, procuram contrapor-se ao avanço das forças patrióticas, democráticas e revolucionárias na América Latina e no Caribe.

Repudiamos, particularmente, a aplicação no México da política de "Seguridad Democrática" uribista, pois com isso procura-se militarizar ainda mais o território nacional, intensificar a contra-insurgência e criminalizar o protesto social do nosso povo com o pretexto de "combater o narcotráfico e a delinquência organizada".

Concitamos o povo do México, e os povos da Nossa América e do mundo, a não se deixarem intimidar pelas políticas e leis "antiterroristas" adoptadas pelos governos para criminalizar a solidariedade com os patriotas e os revolucinários que, como os insurgentes das FARC-EP, lutam com dignidade contra o fascismo e o imperialismo.

Neste 1º Encontro, 170 delegados de 10 entidades de todo o país, pertencentes a 36 organizações partidos políticos – além de convidados especiais procedentes dos Estados Unidos, Colômbia, República Dominicana, Chile e Portugal – inspirados na luta histórica do nosso povo, assumimos a tarefa de recuperar o papel que o México sempre desempenhou na solidariedade com as lutas de libertação. Essa tradição solidária foi traída pelos de cima, os capitalistas e seus governos.

De baixo, contra a institucionalidade burguesa, vamos desenvolver uma solidariedade concreta com a revolução colombiana.

Inspira-nos o Che que, 40 anos depois de haver caído em combate, marca o espírito deste Encontro. O Che, na sua Mensagem aos povos do mundo, através da Tricontinental, reconhecia o mérito revolucionário do Comandante Manuel Marulanda Velez. Esse aval é suficiente para luta ao lado de combatentes honestos, abnegados, internacionalistas e revolucionários, como as mulheres e os homens das FARC-EP.

Viva a luta do povo colombiano!
Viva a revolução colombiana!
Viva a solidariedade internacionalista!

Movimiento Mexicano de Solidaridad con las Luchas del Pueblo Colombiano


Cidade do México, 11 de Março de 2007

O original encontra-se em http://www.farcep.org/?node=2,2720,1

Esta declaração encontra-se em http://resistir.info/ .

17/Mar/07