Crise sistémica global
Primavera de 2011: Benvindo ao United States of Austerity
Rumo ao grande descalabro do sistema económico e financeiro
mundial
por GEAB
Como antecipado pelo LEAP/E2020 em Fevereiro último, no GEAB nº 42,
o segundo trimestre de 2010 é bem caracterizado por um agravamento
brutal da crise assinalado pelo fim da ilusão da retomada que foi
alimentada pelos dirigentes ocidentais
[1]
e pelos milhões de
milhões engolidos pelos bancos e planos económicos de
"estímulo" sem eficácia duradoura. Os próximos
meses vão revelar uma realidade simples mas particularmente dolorosa: a
economia ocidental e, em particular, a dos Estados Unidos
[2]
, nunca saiu
verdadeiramente da recessão
[3]
. Os sobressaltos estatísticos
registados desde o Verão de 2009 não foram senão as
consequências passageiras de uma injecção maciça de
liquidez num sistema tornado fundamentalmente insolvente, tal como o consumidor
americano
[4]
. No cerne da crise sistémica global desde a sua origem, os
Estados Unidos vão portanto demonstrar nos próximos meses que
estão novamente em vias de arrastar as economias e as finanças
mundiais para o "coração das trevas"
[5]
pois não chegaram a sair desta "Muito Grande Depressão
estado-unidense"
[6]
. Assim, no momento da saída dos sobressaltos
políticos das eleições americanas de Novembro
próximo, sobre o pano de fundo de taxas de crescimento tornadas
negativas, o mundo vai ter de enfrentar a "Muito Grande Avaria" do
sistema económico e financeiro mundial fundado há mais de 60 anos
sobre a necessidade absoluta de a economia americana jamais se encontrar em
recessão duradoura. Ora, o primeiro semestre de 2011 vai impor à
economia americana uma cura de austeridade sem precedentes, mergulhando o
planeta num novo caos financeiro, monetário, económico e social
[7]
.
Neste número do GEAB a nossa equipe antecipa para os próximos
meses diferentes aspectos desta nova evolução da crise,
nomeadamente a natureza do processo de austeridade imposto que vai afectar os
Estados Unidos, a evolução do par infernal
"inflação/deflação", a
evolução real do PNB dos EUA, a estratégia dos bancos
centrais, as consequências directas para a Ásia e a
Eurolândia. Apresentamos, como todos os meses, nossas
recomendações estratégicas e operacionais. E
excepcionalmente este número do GEAB apresenta um extracto do novo livro
de Franck Biancheri, "Crise mondiale: En route pour le monde
d'après France, Europe et Monde dans la décennie
2010-2020", cuja versão francesa sairá a 7 de Outubro
próxima pelas
Editions Anticipolis
.
Neste comunicado público nº 47 do GEAB, optámos por
apresentar um extracto da antecipação respeitante à
próxima austeridade que será imposta aos Estados Unidos a partir
da Primavera de 2011: "Welcome to the United States of Austerity".
Os próximos trimestre vão ser particularmente perigosos para o
sistema económico e financeiro mundial. O patrão do Fed, Ben
Bernanke, fez igualmente passar a mensagem tão diplomaticamente quanto
possível aquando da recente reunião dos banqueiros centrais
mundiais em Jackson Hole, no Wyoming: Apesar de a política de
relançamento da economia americana ter fracassado, que seja o resto do
mundo a continuar a financiar em perda os défices estado-unidenses e
espera que num dado momento esta aposta venha a ser compensadora pois terá
evitado um afundamento do sistema global, ou seja, os Estados Unidos vão
monetizar a sua dívida e transformar em moeda de macacos o conjunto dos
dólares e Títulos do Tesouro dos EUA possuídos pelo resto
do planeta. Tal como toda potência acuada, os Estados Unidos doravante
são obrigados a juntar a ameaça à pressão para
poderem obter o que querem. Há apenas pouco mais de um ano, os
dirigentes e responsáveis financeiros do resto do mundo dispuseram-se
voluntariamente a "recolocar a flutuar o navio USA". Hoje contudo as
coisas mudaram muito pois a bela garantia de Washington (tanto a do Fed como a
da administração Obama) verificou-se não ser senão
pura arrogância fundamentada sobre a pretensão de ter compreendido
a natureza da crise e a ilusão de possuir os meios de dominá-la.
Ora, o crescimento americano evapora-se trimestre após trimestre
[8]
e
tornar-se-á negativo a partir do fim de 2010, o desemprego não
pára de crescer a estabilidade dos números oficiais e a
saída em seis meses de mais de dois milhões de americanos do
mercado do emprego (para o LEAP/E2020, o número real do desemprego
doravante é de pelo menos 20%)
[9]
, o mercado imobiliário americano continua deprimido a níveis
historicamente baixos e vai retomar a sua queda a partir do 4º trimestre
de 2010; enfim, como se pode facilmente imaginar nestas
condições, o consumidor estado-unidense permanece e
permanecerá ausente por longo tempo uma vez que a sua insolvência
perdura e mesmo se agrava
[10]
pois um americano em cada cinco não tem trabalho.
Por trás destas considerações estatísticas
escondem-se duas realidades que vão modificar radicalmente a paisagem
política, económica e social americana e mundial dos
próximos trimestres à medida que emergirem na consciência
colectiva.
A cólera popular vai paralisar Washington a partir de Novembro de 2010
Em primeiro lugar, há uma realidade popular muito sombria, uma
verdadeira viagem "ao coração das trevas", que é
a de dezenas de milhões de americanos (cerca de 60 milhões
dependem agora de selos de alimentação) que doravante não
têm mais emprego, nem casa, nem poupanças e que se perguntam como
vão sobreviver nos próximos anos
[11]
. Jovens
[12]
, reformados,
negros, operários, empregados administrativos
[13]
, ... eles constituem
esta massa de cidadãos em cólera que em Novembro próximo
se vai exprimir brutalmente e mergulhar Washington num impasse político
trágico. Apoiantes do movimento "Tea-Party"
[14]
, novos
secessionistas
[15]
, ... eles querem "partir a máquina
washingtoniana" (e por extensão a da Wall Street) sem entretanto
ter propostas realizáveis para resolver a multidão de problemas
do país
[16]
. Assim, as eleições de Novembro de 2010
vão ser a primeira ocasião para esta "América que
sofre" exprimir-se sobre a crise e suas consequências. E,
recuperados ou não pelos republicanos ou pelos extremos, estes votos
vão contribuir para paralisar ainda mais a administração
Obama e o Congresso (que provavelmente oscilará para o lado
republicano), não fazendo senão afundar o país num
imobilismo trágico no momento em que todos os indicadores passam
novamente para o vermelho. Esta expressão da cólera popular vai
igualmente entrar em choque a partir de Dezembro com a publicação
do relatório da
comissão sobre o défice
estabelecido pelo
presidente Obama, que automaticamente vai colocar a questão dos
défices no cerne do debate público do princípio de 2011
[17]
.
A título de exemplo, já se pode ver uma expressão bem
particular desta cólera popular contra a Wall Street no facto de que os
americanos desertaram da bolsa
[18]
. A cada mês, são sempre mais
os "pequenos accionistas" que deixam a Wall Street e os mercados
financeiros
[19]
deixando hoje mais de 70% das transacções nas
mãos das grandes instituições e outros
"high frequency traders"
. Se se recorda a imagem tradicional de que a bolsa
seria o tempo moderno do capitalismo, assiste-se então a um
fenómeno de perda de fé que poderia ser comparável ao
desgosto com grandes manifestações populares que o sistema
comunista experimentou antes da sua queda.
A Reserva Federal agora sabe que é impotente
Finalmente, há uma realidade financeira e monetária
trágica pois aqueles que são os actores têm
consciência da sua situação pouco invejável: a
Reserva Federal dos EUA doravante sabe que é impotente. Apesar das
acções excepcionais (taxa de juro zero, facilidade quantitativa,
apoio maciço ao mercado dos empréstimos imobiliários,
apoios maciços aos bancos, multiplicação por três do
seu balanço, ...) que ela executou a partir de Setembro de 2008, a
economia dos EUA não re-arranca. Os dirigentes do Fed descobrem que
não são senão um componente de um sistema, ainda que sejam
um componente central, e que nada podem contra um problema que afecta a
própria natureza do sistema, no caso, o sistema financeiro americano,
concebido desde 1945 como o núcleo solvente do sistema financeiro
mundial. Ora, o consumidor estado-unidense está agora insolvente
[20]
,
ele que no decorrer dos últimos trinta anos se tornou progressivamente o
actor económico central deste núcleo financeiro (com mais de 70%
do crescimento dos EUA dependente do consumo das famílias). Foi sobre
esta insolvência das famílias estado-unidenses
[21]
que se
romperam as tentativas do Fed. Habituados ao virtualismo e portanto à
possibilidade de manipular os acontecimentos, os processos e as
dinâmicas, os banqueiros centrais americanos acreditaram que podiam
"enganar" as famílias, dar-lhes novamente a ilusão da
riqueza e levá-los a assim relançar o consumo e atrás do
mesmo toda a máquina económica e financeira dos Estados Unidos.
Até o Verão de 2010, eles não acreditaram na natureza
sistémica da crise, ou então não compreenderam que ela
gerava problemas fora do alcance dos instrumentos de um banco central por muito
poderoso que ele fosse. Foi só no decorrer das últimas semanas
que tiveram de constar uma dupla evidência: as suas políticas
fracassaram e eles já não têm nem armas nem
munições. Daí o tom particularmente deprimido das
discussões durante a reunião dos bancos centrais em Jackson Hole,
daí a ausência de consenso sobre as próximas
acções, daí os debates infindáveis sobre a natureza
dos perigos a enfrentar nos próximos meses (inflação ou
deflação, por exemplo, quando os instrumentos internos do sistema
utilizados para medir as consequências económica destas
tendências já não são sequer pertinentes como
analisamos neste GEAB nº 47
[22]
, daí as oposições
cada vez mais violentas entre defensores de um relançamento do
crescimento pelo endividamento e adeptos da redução dos
défices, ... e finalmente daí o discurso cheio de ameaças
veladas de Ben Bernanke aos seus colegas banqueiros centrais. Em termos
alambicados, ele fez passar a seguinte mensagem: "vamos tentar tudo e
não importa o que para evitar um afundamento económico e
financeiro, e os senhores vão continuar a financiar este "tudo e
não importa o que", do contrário deixa-se a
inflação à solta e assim se desvaloriza o dólar
enquanto os Títulos do Tesouro dos EUA já não
valerão grande coisa"
[23]
. Quando um banqueiro central se exprime
como um vulgar extorsor de fundos, isso significa que há perigo na casa
[24]
.
A reacção dos grandes bancos centrais mundiais será
revelada nos próximos dois trimestres. O BCE já fez compreender
que pensava que uma política de estímulo através de uma
alta dos défices estado-unidenses seria suicidária para os
Estados Unidos. Já a China, sempre declarando que nada faria para
precipitar as coisas, passa o seu tempo a vender activos US para comprar
activos japoneses (o nível histórico da paridade Yen/Dólar
reflecte este processo). Quanto ao Japão, doravante ele está
constrangido a alinhar-se simultaneamente com Washington e Pequim ... o que
provavelmente vai neutralizar toda a sua política em matérias
financeira monetária. O Fed, tal como o governo federal, vão
descobrir nos próximos trimestres que quando os Estados Unidos
não são mais sinónimos de lucros sumarentos e/ou de
potência partilhada, sua capacidade de convencer seus parceiros declina
rápida e fortemente, sobretudo quando estes últimos põem
em dúvida a pertinência das políticas escolhidas
[25]
.
As consequências destas duas realidades que pouco a pouco se
impõem à consciência colectiva americana e mundial podem
concretizar-se, para a equipe do LEAP/E2020, pela entrada dos Estados Unidos,
na Primavera de 2011, numa era de austeridade sem precedentes uma vez que o
país se tornou o núcleo do sistema económico e financeiro
mundial. Bloqueios políticos federais num fundo de exaustão
eleitoral de Washington e da Wall Street, forte dependência do
financiamento federal para o conjunto da economia estado-unidense e
impotência do Fed num fundo de reticências internacionais
crescentes para financiar os défices dos EUA vão conjugar-se para
precipitar o país na austeridade. Uma austeridade que além disso
já começou a afectar drasticamente pelo menos 20% da
população e que influi directamente sobre pelo menos um americano
em cada dois, com a preocupação da entrada nas fileiras dos sem
abrigo, dos sem trabalho e outros desempregados de longa duração.
Para estas dezenas de milhões de americanos, a austeridade já
está presente e chama-se pauperização duradoura. O que se
vai jogar daqui até à Primavera de 2011 é sobretudo a
transposição no discurso oficial, nas políticas
orçamentais e na consciência internacional de que os Estados
Unidos já não são "the land of plenty", mas
"the land of few". E para além das opções
políticas internas, esta também a descoberta de um nova
limitação para o país: os Estados Unidos já
não têm os meios para um novo relançamento
[26]
. Ao
invés de um arrastamento multi-decenal numa situação
à japonesa, numerosos decisores serão tentados pela terapia de
choque... esta mesma terapia que, com o FMI, os Estados Unidos recomendaram aos
países da América Latina, aos países asiáticos e
à Europa do Leste.
Isto normalmente constitui uma boa razão para as agências de
classificação, sempre prontas a verem a palha no olho da maior
parte dos países do planeta, ameaçarem dos Estados Unidos com uma
forte degradação da sua nota se não puserem em
execução rapidamente um vasto plano de austeridade. Mas de
qualquer maneira, para o LEAP/E2020, devido às condições
internas e externas para o país, anteriormente apresentadas, é
certamente na Primavera de 2011 que os Estados Unidos têm um encontro com
a austeridade: um encontro que lhes imporá o resto do mundo se eles
ficaram paralisados politicamente.
Daqui até lá, é provável que o Fed venha a tentar
uma nova série de medidas "não convencionais"
(expressão técnica significando "tentativas
desesperadas") para tentar evitar lá chegar pois, nesta etapa,
só uma coisa é certa quanto às consequências da
entrada dos Estados Unidos num vasto programa de austeridade: isto será
o caos nos mercados financeiros e monetários habituados desde há
décadas exactamente ao contrário, ou seja, o esbanjamento
americano; e um choque económico e social interno sem equivalente desde
os anos 1930
[27]
.
Notas:
(1) Quanto a isso, no GEAB nº 48 de Outubro próximo a nossa equipe
traçará como todos os anos a sua carta de riscos-país e
perspectivas económicas para 2011. O que já é certo para
nos investigadores é que o fim de 2010 será marcado por uma forte
revisão em baixa de todas as previsões actuais (inclusive das
perspectivas já reduzidas dos Estados Unidos). Fonte: Reuters,
09/09/2010
(2) Fontes: Bloomberg, 20/07/2010; Oftwominds, 15/07/2010; New York Times,
09/08/2010; CNBC, 12/08/2010.
(3) O gráfico abaixo ilustra como o crescimento já está em
vias de afundar. O índice de crescimento CMI mostrou-se um dos
indicadores avançados mais fiáveis para antecipar a
evolução do PNB dos EUA. Ora, 92% dos americanos consideram que o
país ainda está em recessão. Fonte:
GlobalEconomicAnalysisBlogspot, 09/09/2010
(4) Assim como descrevia a nossa equipe no GEAB nº 9 de Novembro de 2006.
(5) Para retomar o título evocativo do excelente romance de Joseph
Conrad o qual inspirou Francis Ford Coppola no seu filme Apocalypse Now.
(6) Como o LEAP/E2020 denominou a crise económica americana desde Abril
de 2007, no GEAB nº 14.
(7) Além disso, sem chegar a integrar esta antecipação na
sua análise, mesmo os peritos da OCDE previnem que o crescimento mundial
vai sofrer uma travagem brusca daqui até o fim de 2010. Fonte:
Marketwatch, 09/09/2010
(8) O índice Wells Fargo/Gallup das PME americanas continua a cair
mês após mês. Fonte: Gallup, 02/08/2010
(9) Mesmo a Wall Street continua a programar despedimentos maciços para
os próximos meses. Fonte: Bloomberg, 07/09/2010
(10) Mesmo os altos rendimentos agora são afectados pelo problema dos
arrestos imobiliários. Fonte:
USAToday,
29/07/2010
(11) Para esclarecer esta situação social terrível, pode
ser útil ler o relatório conjunto FMI/OIT iniciado pelo governo
norueguês sobre "Os desafios do crescimento, do emprego e da
coesão social" no contexto da crise actual. Fonte: OsloConference,
22/07/2010
(12) Um indicador muito eloquente mostra o preço que as jovens
gerações americanas pagam por causa da crise. O número de
empregos de Verão, elemento tradicional central da autonomia dos jovens
americanos para o ano seguinte, caiu ao seu mais baixo nível desde 1948.
Fonte:
USAToday,
03/09/2010
(13) Estas imagens dos cortes drásticos no número de
polícias em Auckland são emblemáticas do que se passa em
todo o país em termos de serviços públicos. Fonte:
DailyMotion
(14) A este respeito, o jornal
USAToday
de 16/08/2010 realizou uma muito interessante galeria de retratos de apoiantes
do movimento "Tea-Party".
(15) Ver GEAB n°45
(16) O êxito da manifestação dos "tea-partisans"
em Washington a 28/08/2010, organisado por Glenn Beck é um exemplo
flagrante. Fonte:
Washington Post,
29/08/2010
(17) Fonte:
New York Times,
31/08/2010
(18) Bolsas que estagnam ou baixam desde há vários trimestres
apesar das tentativas ininterruptas das autoridades financeiras para tentar
restaurar o seu brilho... e que se aproximam de um novo choque violento, ligado
ao "presságio do Hindenburgo" ou à
antecipação das condições económicas e
financeiras mundiais. Fonte:
Telegraph,
27/08/2010
(19) Fonte:
New York Times,
22/08/2010
(20) Mesmo quando chegar a reencontrar um emprego, é um emprego
geralmente menos bem pago que o anterior. Fonte: CNBC, 01/09/2010
(21) Assim o processo dos arrestos imobiliários traduz um
fenómeno formidável de baixa do valor dos activos das
famílias americanas. Fonte: Foxnews, 23/08/2010
(22) Se a perspectiva da deflação foi o que oficialmente
"estragou o ambiente" da reunião dos banqueiros centrais em
Jackson Hole no fim de Agosto de 2010, são de facto as dúvidas
crescentes sobre a capacidade do Fed para escolher e por em acção
medidas apropriadas para relançar a economia dos EUA que torna
tão nervoso o pequeno mundo dos banqueiros centrais. Fontes: CNNMoney,
31/08/2010;
Financial Times,
10/09/2010
(23) Há que notar a respeito que diante da reticência crescente do
resto do mundo em comprar os Títulos do Tesouro dos EUA e de Government
Sponsored Enterprises (GSE), o Fed não só começou a
comprá-los ele próprio oficial (ou mais discretamente
através dos seus "primary dealers") como também
começou a organizar a venda maciça da dívida federal aos
próprios operadores económicos americanos. Deve com efeito
parecer-lhe mais fácil gerir a espoliação de várias
dezenas de milhões de cidadãos mais ou menos ignorantes das
subtilezas e financeiras do que a de grandes actores estratégicos como a
China, o Japão e os países petrolíferos do Golfo, ... (ver
gráfico no GEAB nº 47).
(24) Depois de ter explicado que uma política moderadamente
inflacionista fora discutida mas não estava na ordem do dia, Ben
Bernanke sugeriu que se os riscos de deflação entretanto
aumentassem, nesse caso a utilidade de certos métodos de
intervenção poderia ser reconsiderada. Fica claro que não
mais funcionar e se os outros actores globais não quiserem mais
alimentar a máquina de défices dos EUA, então a
monetização da dívida será executada em grande
escala. Pelo menos as coisas agora são claras! Quando o LEAP/E2020
advertia que esta era a opção inevitável dos Estados
Unidos na crise que se perfilava, isso parecia arrogante. Hoje, é o
próprio patrão do Fed que dá esse tom. Fonte: US Federal
Reserve, 27/08/2010
(25) O fracasso das gigantescas medidas de apoio ao mercado imobiliário
fica bem ilustrado no gráfico abaixo.
(26) Começam-se mesmo a ouvir vozes recomendando "copiar a
Europa", como a de Jim Rogers e Doug Noland, que publicam o notável
"Credit Bubble Bulletin". Fontes: CNBC, 31/08/2010; Prudent Bear,
30/07/2010
(27) Como recorda o historiador Niall Ferguson neste artigo publicado em
29/07/2010 por
The Australian,
"o sol pode-se esconder muito rapidamente sobre um império quando
surge a dívida". Uma recordação histórica que
não desmente o editorialista Thomam Friedman. Ainda que muito patriota,
ele não desmente no
New York Times
de 04/09/2010 o declínio brutal da potência americana em
consequência da crise económica.
Outros comunicados do Global Europe Anticipation Bulletin:
Os quatro pontos críticos de falha do sistema mundial no 2º semestre de 2010
Do "golpe de Estado da Eurozona" ao isolamento trágico do Reino Unido
EUA-Reino Unido: O par explosivo do 2º semestre de 2010
As cinco sequências da fase de deslocamento geopolítico global
Segundo trimestre de 2010: Agravamento brutal da crise sistémica global
Década 2010-2020: Rumo a uma vitória por nocaute do ouro sobre o dólar
Em 2010, novo ponto de viragem da crise sistémica global
Crise sistémica global: Os Estados face às três opções brutais de 2010
Crise sistémica global: A União Europeia na encruzilhada em 2010: cúmplice ou vítima do afundamento do dólar?
Crise sistémica global: Em busca da retomada impossível
Crise sistémica global: O choque acumulado das três "ondas monstruosas" do Verão de 2009
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Verão de 2009: Confirma-se a ruptura do sistema monetário internacional
Crescem as tensões transatlânticas na véspera do G20
Princípio da fase 5 da crise sistémica global: A deslocação geopolítica mundial
Fase IV da crise sistémica: Começa a sequência da insolvência global
Crise sistémica global: Novo ponto de inflexão em Março de 2009
Fase IV da crise sistémica global: Ruptura do sistema monetário mundial até ao Verão de 2009
Crise sistémica global: Cessação de pagamentos do governo americano no Verão de 2009
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Julho-Dezembro de 2008: O mundo mergulha no coração da fase de impacto da crise sistémica global
Novo ponto de inflexão da crise sistémica global: Quando a ilusão de que a crise está dominada se desvanece…
Crise sistémica global: Quatro grandes tendências para o periodo 2008-2013
Crise sistémica global: Fim de 2008: Derrocada dos fundos de pensão
Crise sistémica global: Fase de afundamento da economia real dos EUA: Setembro/2008
2008: Fase de pleno impacto global da Muito Grande Depressão dos EUA
Fase de ruptura do sistema financeiro mundial em 2008
Bancos mundiais aspirados para o "buraco negro" da crise financeira: Os quatro factores desencadeadores da grande falência bancária
As sete sequências da fase de impacto da crise sistémica global (2007-2009)
A crise actual explicada em mil palavras
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A economia americana entrou em recessão no 1º trimestre de 2007
Crise sistémica global - Abril de 2007: Ponto de inflexão da fase de impacto e entrada em recessão da economia dos EUA
Fase de impacto da crise sistémica global: Os seis aspectos da "Muito grande depressão americana" de 2007
Novembro/2006: Princípio da fase de impacto da crise sistémica global
15/Setembro/2010
O original encontra-se em
www.leap2020.eu/...
Este comunicado público encontra-se em
http://resistir.info/
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