Crise sistémica global
Alerta vermelho para Setembro-Outubro/2012:
Quando as trombetas de Jericó soarão sete vezes
por GEAB
A evolução dos acontecimentos mundiais desenrola-se conforme as
antecipações elaboradas pelo LEAP/E2020 durante trimestres
recentes. A Eurolândia está finalmente a sair do seu torpor
político e do curto-prazismo desde a eleição de
François Hollande
[1]
à presidência da França e o povo grego acaba de confirmar
a sua vontade de resolver os seus problemas no seio da Eurolândia
[2]
[NR]
, desmentindo assim todos os "prognósticos" dos media
anglo-saxónicos e dos eurocépticos. A partir de agora, a
Eurolândia (de facto a UE menos o Reino Unido) vai portanto pode
avançar e dotar-se de um verdadeiro projecto de integração
política, de eficácia económica e de
democratização para o período 2012-2016, como o LEAP/E2020
antecipou em Fevereiro último (GEAB nº 62). É uma
notícia positiva mas, nos próximos semestres, este "segundo
Renascimento" do projecto europeu
[3]
constituirá mesmo a única boa notícia a nível
mundial.
Todas as outras componentes da situação global estão
efectivamente orientadas num sentido negativo, mesmo catastrófico. Aqui,
mais uma vez, os media dominantes começam a reflectir uma
situação antecipada desde há muito pela nossa equipe para
o Verão de 2012. Com efeito, de uma forma ou de outra, mais
frequentemente em páginas internas do que em grandes manchetes
(monopolizadas há meses pela Grécia e o Euro
[4]
), doravante encontra-se os 13 temas seguintes:
-
Recessão global (mais nenhum motor de crescimento em parte alguma /
fim do mito da "retomada estado-unidense")
[5]
-
Insolvência crescente, e doravante parcialmente reconhecida como tal,
do conjunto do sistema bancário e financeiro ocidental.
-
Fragilidade crescente dos activos financeiros chave como as dívidas
soberanas, o imobiliário e os CDS na base dos balanços dos
grandes bancos mundiais.
-
Queda do comércio internacional
[6]
-
Tensões geopolíticas (nomeadamente no Médio Oriente)
que se aproximam do ponto de explosão regional
-
Bloqueio geopolítico global duradouro na ONU
-
Colapso rápido de todo o sistema ocidental de aposentadoria por
capitalização
[7]
-
Fracturas políticas crescentes no seio de potências
"monolíticas" mundiais (EUA, China, Rússia)
-
Ausência de soluções "milagrosas", como em
2008/2009, devido à impotência crescente de vários grandes
bancos centrais ocidentais (Fed, BoE, Boj) e ao endividamento dos Estados
-
Credibilidade em queda livre para todos os Estados que tenham de assumir o
duplo encargo de um endividamento público e de um endividamento privado
excessivos.
-
Incapacidade para dominar/atenuar a progressão do desemprego em
massa e de longa duração
-
Fracassos das políticas de estímulos monetaristas e
financeiras assim como das políticas de austeridade "pura"
-
Ineficácia doravante quase sistemática dos grupos fechados
internacionais alternativos ou recentes, G20, G8, Rio+20, OMC, ... sobre todos
os temas-chave do que já não é de facto uma agenda mundial
[8]
dada a ausência de qualquer consenso: na economia, finanças,
ambiente, resolução de conflitos, combate contra a pobreza...
Segundo o LEAP/E2020, e conforme suas antecipações já
antigas, assim como aquelas de
Franck Biancheri
desde 2010 no seu livro
"Crise mondiale: En route pour le monde d'après", este segundo
semestre de 2012 vai realmente assinalar um ponto de inflexão importante
da crise sistémica global e das respostas que lhe são dadas.
Ele será caracterizado por um fenómeno de facto muito simples de
compreender: se a Eurolândia está hoje em condições
de abordar este período de modo prometedor
[9]
é porque atravessou nestes últimos anos uma crise de intensidade
e profundidade sem igual desde o arranque do projecto de
construção europeia após a Segunda Guerra Mundial
[10]
. A partir do fim deste Verão de 2012 serão todas as outras
potências mundiais, Estados Unidos à cabeça
[11]
, que deverão enfrentar um processo idêntico. É a este
preço, e só a este preço, que elas estarão a
seguir, em alguns anos, em condições de encetar uma lenta
reascensão para a luz.
Mas hoje, depois de terem tentado retardar o fracasso por todos os meios, chega
a hora da factura. E como em tudo, a capacidade retardar o inevitável
paga-se com um custo extra, a saber o agravamento do choque de ajustamento
à nova realidade. Trata-se de facto do fim de jogo para o mundo de antes
da crise. Os sete clarins das trombetas de Jericó que assinalarão
o período Setembro/Outubro 2012 provocarão a derrocada dos
últimos pedaços do "Muro Dólar" e das muralhas
que protegeram o mundo tal como o conhecemos desde 1945.
O choque do Verão de 2008 parecerá um pequeno furacão
estival em comparação com aquele que vai afectar o planeta dentro
de alguns meses.
O LEAP/E202 jamais constatou a convergência temporal de uma tamanha
série de factores explosivos, e de factores tão fundamentais
(economia, finanças, geopolítica, ...), desde 2006, data do
início dos seus trabalhos sobre a crise sistémica global.
Logicamente, na nossa modesta tentativa de publicar regularmente uma
"meteorologia da crise", devemos portanto emitir para os nossos
leitores um "alerta vermelho" pois é realmente a esta
categoria que pertence o fenómeno que se prepara para impactar o sistema
mundial em Setembro/Outubro próximo.
Neste GEAB nº 66 desenvolvemos nossas antecipações em
relação a sete factores chave deste choque de Setembro-Outubro
2012, os sete clarins das trombetas de Jericó
[12]
que marcam o fim do mundo de antes da crise. Trata-se de quatro factores
geopolíticos no Médio Oriente e de três componentes
económicos e financeiros no cerne do choque que vem aí:
-
Irão/Israel/EUA: A guerra supérflua verificar-se-á
-
A bomba assíria: o fósforo israelense-americano-iraniano no
paiol Síria-Iraque
-
O caos afegão-paquistanês: o exército dos EUA e da NATO,
reféns de uma saída de conflito cada vez mais difícil
-
O Outono árabe: os países do Golfo lançados na tormenta
-
Estados Unidos: o "Armagedão fiscal" começa a partir
do Verão de 2012 A economia estado-unidense em queda livre no
Outono.
-
A grande insolvência bancária chega em Setembro-Outubro/2012:
Bankia versão City-Wall Street
-
A insustentável leveza das
Quantitative Easing
do Verão de 2012 os bancos centrais americano, britânico e
japonês fora de jogo.
Desenvolvemos igualmente recomendações precisas sobre a maneira
de minimizar o impacto do choque em preparação sobre a sua
própria situação, quer seja um simples particular ou um
decisor em empresas ou instituições públicas. Apresentamos
igualmente o GlobalEurope Dollar Index do mês.
Finalmente, o LEAP/E2020 anuncia a retomada das suas formações em
antecipação político, no próximo Outono, que
doravante serão efectuadas on line a fim de responder aos pedidos
chegados dos quatro cantos do planeta. Se o GEAB é um "peixe",
um produto acabado da antecipação, com estas
formações esperamos ensinar um número crescente de pessoas
as "pescar" o sentido nas águas turvas do futuro. Pois se se
deseja que o fim de jogo do mundo de antes da crise desemboque na
construção de um mundo melhor após a crise, parece-nos
essencial desenvolver as capacidades de antecipação do maior
número de pessoas. Foi de facto esta ausência de
antecipação que em grande parte provocou os erros na origem da
crise actual.
Estas formações serão organizadas em parceria com a
fundação espanhola não lucrativa FEFAP (Fundacion para la
Educacion y la Formación en Anticipación Política) criada
recentemente graças a uma doação de Franck Biancheri
[13]
.
Notas
(1) Doravante os debates, saudáveis sobretudo se forem francos e amplos,
preocupam-se com o médio-longo prazo, a integração
políticas e as novas instituições necessárias.
Daqui até o fim do Verão, a evidência de que a
dimensão da Eurolândia é central impor-se-á e
permitirá contornar a dificuldade das instituições a 27
membros que estão hoje num estado ruína e da omnipresença
britânica a qual não permite nesta fase confiar-lhe uma tarefa
importante para estabelecer a governação da Eurolândia. A
problemática Hollande-Merkel tem a ver muito mais com esta realidade do
que com uma divergência "instituições comuns" ou
"abordagem intergovernamental". As instituições de
Bruxelas também pertencem ao mundo anterior à crise e são
inaptas a fundar a Europa do pós crise. Fontes: Deutsche Welle,
11/06/2012;
Spiegel,
06/05/2012;
El Pais,
10/06/2012;
La Tribune,
10/06/2012
(2) Que em contrapartida vai tornar mais tolerável o difícil
ajustamento do país após 30 anos perdidos no seio da UE, perdidos
pois desperdiçados sem qualquer modernização do Estado
grego. Fonte: YahooNews, 18/06/2012
(3) MarketWatch de 14/06/2012 chega mesmo a prever para a Suíça
uma inevitável integração na Eurolândia... como
já havia feito do LEAP há algum tempo.
(4) Estratégia de diversão obriga!
(5) Fontes: Bloomberg, 15/06/2012; Albawaba, 12/06/2012;
ChinaDaily,
05/06/2012; CNNMoney, 11/05/2012;
Telegraph,
04/06/2012; MarketWatch,
05/04/2012
(6) Fontes:
IrishTimes,
12/04/2012 ; CNBC, 08/06/2012
(7) Fontes:
WashingtonPost,
11/06/2012;
Telegraph,
11/06/2012;
The Australian,
15/06/2012;
Spiegel,
06/05/2012;
ChinaDaily,
15/06/2012
(8) Em dois anos houve realmente uma deslocação da agenda
diplomática mundial.
(9) A este respeito, o LEAP/E2020 antecipa a entrada das questões de
defesa no cerne do debate sobre a integração política.
Assim como o Euro foi criado no âmbito de um acordo complexo implicando
um forte apoio francês à unificação alemã
contra a mutualização do Deutsche Mark, a
integração política que se perfila vai implicar a
mutualização da "assinatura alemã" em
contrapartida de uma forma de mutualização (pelo menos para o
núcleo da Eurolândia) da dissuasão nuclear francesa. Os
dirigentes franceses vão assim descobrir três coisas: que a
questão da segurança/defesa preocupa muito seus parceiros da
Eurolândia contrariamente às aparências (devido nomeadamente
à perda de credibilidade rápida da protecção
estado-unidense); que não há razão para que um debate
complexo e difícil seja provocado por esta nova fase de
integração unicamente na Alemanha (a França também
vai ter de envolver) e finalmente que as opiniões públicas
não são contra este tipo de abordagem muito concreta ao
contrário dos tratados jurídicos incompreensíveis (como em
2005). Em matéria de defesa, assiste-se já a uma
evolução importante: a França afasta-se silenciosamente de
toda parceria significativa com o Reino Unido para se recentrar na
cooperação com a Alemanha e os países do continente. O
facto de o Reino Unido sempre prometer e nunca cumprir seus compromissos em
matéria de defesa europeia (último até à data: o
desenvolvimento comum de porta-aviões é posto em causa pela
decisão britânica de não adaptar seu porta-aviões
para receber os aparelhos franceses) foi finalmente analisado pelo que
é, ou seja, uma tentativa ininterrupta de impedir a emergência de
uma defesa europeia. E a redução drástica da capacidade de
defesa britânica, por razões orçamentais, tornaram-no de
facto um parceiro cada vez menos atractivo. Fontes:
Monde Diplomatique,
15/05/2012;
Telegraph,
06/06/2012;
Le Point,
14/06/2012
(10) Choque ampliado na psicologia colectiva europeia e mundial pela
incapacidade dos europeus durante este período de impedir serem
instrumentalizados pela City e a Wall Street em matéria
mediática, a fim de, por um lado, desviar a atenção das
suas próprias dificuldades e, por outro, tentar "partir" esta
Eurolândia em emergência que balouça a ordem estabelecida
após 1945.
(11) País que viu a riqueza dos seus habitantes ser reduzida em 40%
entre 2007 e 2010 segundo um estudo recente realizada pela Reserva Federal dos
EUA. Permitimo-nos lembrar que quando em 2006 indicávamos, desde os
primeiros números do GEAB, que esta cria ia provocar uma baixa de 50% da
riqueza das famílias americanas, a maior parte dos "peritos"
consideravam esta antecipação como totalmente aberrante. E o
estudo vai só até 2010. Como indicámos, ainda há
pelo menos 20% de baixa que aguarda as famílias dos EUA. Este
recordatório visa sublinhar que uma das maiores dificuldades do trabalho
de antecipação é a imensa inércia das
opiniões e a falta de imaginação dos peritos. Cada uma
reforça a outra para fazer crer que nenhuma mudança negativa
importante está ali na esquina. Fonte:
WashingtonPost,
11/06/2012; US
Federal Reserve, 06/2012
(12) Para saber mais sobre o mito das trombetas de Jericó:
Wikipedia
(13) Ele deve ser um dos muito poucos operadores a terem feito entrar dinheiro
no sistema bancário espanhol nestas últimas semanas. Prova de
convergência entre análise e acção.
18/Junho/2012
[NR] Ao publicar um texto resistir.info não tem de concordar com todo o
seu conteúdo.
O original encontra-se em
www.leap2020.eu/...
Este comunicado público encontra-se em
http://resistir.info/
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