O amadurecimento de Matt Simmons,
um banqueiro consciente do pico petrolífero
por Jan Lundberg
[*]
"Talvez o inimigo sejamos nós... Cultivem alimentos em casa".
- Matthew R. Simmons, 20/Junho/2006,
no seminário sobre energia patrocinado pelo Pentágono.
Uma conversação acerca do nosso vício nacional: o
petróleo.
Não demora muito para que as pessoas que estudam o pico
petrolífero descubram algumas das pesadas implicações do
fim
do petróleo barato. Após algum tempo algumas das probabilidades
mais realistas tornam-se claras e muitas vezes passam ser um dos tópicos
principais da conversação. As possibilidades, perigos e
oportunidades começam a motivar uma pessoa a mudar a sua vida.
Mas leva mais do que os poucos anos que a maior parte dos estudiosos do pico
petrolífero têm hoje pela frente para que o quadro completo possa
vir à plena luz. É uma ajuda se alguém tiver algum
conhecimento da indústria petrolífera, mas é demasiado
raro. As pessoas das indústrias extractivas raramente parecem mostrar
grande preocupação com o bem estar do mundo. E aqueles que
não querem acreditar que há agora ou haverá dentro
em breve uma crise histórica respeitante ao pico da
extracção mundial de petróleo estão muitas vezes
casados a 100% com o status quo. É abandonada assim aos não
profissionais do petróleo a tarefa de falar do assunto e ajudar a
orientar-nos.
Entretanto, Matthew R. Simmons, presidente do banco de investimentos na
indústria de energia
Simmons & Company International
, avançou e
tornou-se um fenómeno do nosso tempo. Ele é
suficientemente independente para somar os dados e partilhar o que foi
observado e
aprendido ao longo de décadas. Sua firma preparou projectos de
investimento para os seus clientes que são avaliados em mais de US$ 65
mil milhões. Ele pronunciou 75 discursos desde a
publicação em 2005 do seu livro sobre o petróleo saudita,
Crepúsculo no deserto (Twilight in the Desert).
"À medida que estudo a situação do petróleo,
piores ficam os problemas... [mas] o movimento do pico petrolífero
cresceu, passando de uma simples bolha a uma pandemia", afirmou Simmons.
É agradável ser surpreendido pelo amadurecimento e
radicalização quanto ao pico petrolífero de uma grande
figura da indústria da energia. Simmons leva suas conclusões
ao público principiando por um resumo simples e lógico
de termos, história e dados que reforçam sua conclusão de
que o petróleo abundante e barato já se foi e ou está a
ir-se rapidamente. Com a sua palestra de 20 de Junho junto ao Rio Potomac, em
Washington, Matt Simmons qualificou-se como um líder entre os peritos.
O alarme de Simmons quanto à falta de um "Plano B" para
substituir o nosso status quo de dependência do petróleo tornou-se
algo mais próximo de uma Eco-utopia do que de um soldado da
industrialização contínua de todo o mundo. Esta busca
global parece dentro em breve aproximar-se do seu fim, na visão de
Simmons, devido à "incapacidade para crescer" devido à
crise energética que afirma já estar aqui. Tal análise
é próxima daquela de
Culture Change,
a qual, tal como Simmons, apresenta um quadro do futuro sem petróleo e
sem gás natural de reserva. Tal como este repórter, um antigo
analista da indústria do petróleo e apoiante da energia
verdadeiramente renovável, Simmons não vê
combustíveis alternativos capazes de movimentar e manter a economia como
a conhecemos.
Como firma bancária em investimentos de energia, a Simmons & Company
abarca um vasto espectro de energias para além dos combustíveis
fósseis. Na sua palestra sobre energia patrocinada pelo
Pentágono em 20 de Junho, em Crystal City, Virginia, ao ser perguntado
por participantes na sessão no que um investidor deveria investir,
Simmons não recomendou as indústrias petrolíferas e
isto apesar da sua declaração de que poderíamos ver
"US$ 500 por barril de petróleo bruto" pois "qualquer
escassez de energia rapidamente transmuta-se em PÂNICO" (a
ênfase está nos diapositivos projectados por Simmons).
Matt Simmons é um homem que tem reflectido acerca do desperdício
de energia que habitualmente faz as delícias de qualquer negociante da
especialidade. Ele ironicamente queixa-se dos "mirtilos no Maine
importados do Chile mesmo durante a estação dos mirtilos".
Da mesma forma quanto à infraestrutura nacional: "Você pode
eliminar as estradas", disse ele, a fim de parar a camionagem
inútil e começar a transportar cargas sobre água, para
poupar até 35 vezes de energia. Ele também menciona a ferrovia
como um grande substituto para as nossas auto-estradas, pois o frete por
ferrovia poupa 8 vezes a energia. Entretanto, tem consciência de que o
volume do comércio de hoje não pode ajustar-se às
ferrovias e barcaças existentes, e que há pouca probabilidade de
que a infraestrutura do país possa mudar de modo suficientemente
rápido para o calendário do pico petrolífero.
E quando é o pico? "Realisticamente, provavelmente estamos agora
no pico. Se não estivermos, a produção cairá mais
rapidamente pouco após" em resultado do crescimento da procura.
Esta conclusão definitiva é de um especialista nos dados dos
principais activos da indústria do petróleo: reservas e toda a
capacidade da indústria para extrair, refinar e distribuir com lucro.
Ele não se surpreende com o facto de o pico estar aqui, nem por nos
apanhar despreparados. E apresenta às suas audiências exemplos de
líderes que ignoraram advertências passadas, tais como as de M.
King Hubbert sobre o pico da extracção interna e global.
Como é que os analistas de petróleo e os governos foram apanhados
com a calças baixas? "A volatilidade dos preços mascarou os
seus sinais". As pessoas esperavam e ainda esperam ter reservas de
petróleo, mas não viram "qualquer prova de aumento das
reservas". Tem havido "apenas um amortecedor teórico de 1,5
milhão de barris por dia de capacidade de produção"
durante os últimos três anos. Mas a capacidade de
refinação de reserva não está presente: se
houver, é apenas para petróleos leves, brutos
sweet
cuja produção definha mais rapidamente. "O melhor
petróleo saudita já se foi... A produção do
Médio Oriente reduzir-se-á em um terço por volta de
2012". Ele relatou que um responsável da Occidental Petroleum
contou-lhe que estão no negócio de produzir "salmoura
misturada com petróleo". A Arábia Saudita tem estado a
esgotar a sua preciosa água doce bombeando-a para dentro dos seus campos
petrolíferos envelhecidos, e isto significa utilizar cada vez mais
salmoura em detrimento dos campos e do equipamento.
Simmons afirmou que se qualquer dos maiores campos sauditas a bombear
até seis milhões de barris por dia ficasse indisponível
(off line),
como ele parece prever que aconteça, então atingiremos os US$
500 por barril: "Um apagar de luzes".
"O INIMIGO SOMOS NÓS"
Dado o que Simmons sabe, e ainda a falar para uma audiência do
Pentágono com muitos Republicanos do Capitoll Hill, foi surpreendente
ouvi-lo informar-nos confiantemente que "Um apelo às armas pode ser
errado. Podemos nem mesmo saber que é o inimigo. E talvez o inimigo
sejamos nós". Na sua
apresentação Power Point
Simmons refere-se a "guerras falsas"
("phony wars").
Abandonar o velho hábito do petróleo significa, para Simmons,
utilizar primariamente menos energia nos transportes. Como fazer isto?
"Libertar a força de trabalho" das viagens diárias.
Ele utilizou mesmo a palavra aldeia para descrever o novo ambiente para o
trabalho. Encorajou a "redução da
globalização" que faz os produtos tão baratos quanto
possível em algum lugar para serem expedidos através do
petróleo para algum lugar alhures.
"A Crise da Energia chegou" é o título da sua
palestra. E concluía: "Cultivem alimentos em casa" O que?
Isto soa como maldições do juízo final de eco-oradores
como eu! Tenho estado na faixa dos radicais que despertam a
atenção dos media, os quais servem-se dos relatórios da
minha antiga firma, Lundberg Survey, sobre alterações menores no
preço da gasolina ao invés da minha crítica ao
consumo da energia e do uso da terra. Simmons também disse que
precisamos "andar a pé e de bicicleta", de modo que ele
certamente aplaude o antigo projecto Pedal Power Produce, de
Culture Change,
que estende o potencial de cultivo de alimentos no jardim.
Quanto ao gás natural, ele afirma que não há plano quando
um país imagina que o seu abastecimento virá de um outro
país que por sua vez tem outros planos. Como o gás natural
é crucial para o aquecimento e arrefecimento da indústria e das
habitações, ele destaca a vulnerabilidade dos idosos às
escassez de gás natural. Afirma que se um inverno frio se houvesse
verificado em 2005-2006 teríamos experimentado enormes altas de
preços e um grande choque energético e económico.
"Se os EUA tivessem tido um inverno como o que a Europa teve, teria havido
um apagão
(blackout)
maciço no inverno". Este exemplo da vulnerabilidade ao
petróleo é um dos "demasiados pontos explosivos e sem
capacidade de reserva".
Culture Change
tem relatado acerca da probabilidade de um choque a disparar o colapso que
agrava a dura situação do abastecimento já existente
devido ao pico da extracção em face do crescimento da procura.
Nos meus discursos e entrevistas menciono frequentemente possíveis
disparadores como furacões ou uma revolução na
Arábia Saudita. Mas Simmons tem mais um para nos brindar: MEND, a
organização nigeriana de tribos, que se opõe às
companhias petrolíferas. "As tribos acabarão por se livrar
das companhias petrolíferas".
Quanto a fontes de petróleo não convencionais, ele desengano-nos
do exagero de que xistos betuminosos, petróleo pesado e/ou areias
asfálticas serão uma próxima Arábia Saudita.
Explica que estas substâncias são demasiado exigentes em energia
para produzir numa escala que dê alguma esperança: elas
não podem ser mineradas e processadas em quantidade suficiente com
suficiência razoável como recursos de alta qualidade para terem um
efeito significativo a fim de mitigar a crise energética que já
começou. Exemplo: estima-se que a produção das areias
betuminosas do Canadá alcance, na melhor das hipóteses, o
nível de 2 milhões de barris por dia dentro de uns poucos anos,
mas Simmons duvida disto. Ele destaca que esta expectativa envolveria
utilizaria 20% do gás natural do Canadá (o qual está a
minguar rapidamente). E o Canadá já está "a cair nas
obrigações de Quioto devido às areias betuminosas",
acrescentou.
Aqui está o relativamente recente e frequentemente citado
"Não há Plano B"
, de Matt Simmons. Em 31 de Março de 2004, no Institute for the
Analysis of Global Security, ele afirmou o seguinte:
"O mundo inteiro assume que a Arábia Saudita pode aguentar as
necessidades energéticas de todos nas suas costas e de forma barata. Se
isto não acontecer não há 'Plano B'. A capacidade global
de reserva é agora 'toda a Arábia Saudita'. Esta é a
apólice de seguro do mundo e durante anos nenhum inspector de uma parte
terceira examinou-a. A sabedoria convencional diz 'não perturbe a
confiança no dia de hoje', mas se a sabedoria convencional estiver
errada o mundo enfrenta uma crise energética gigante". A clamar
por investigação em grande escala de novas fontes de energia,
Simmons diz: "Se todas estas preocupações estiverem
erradas, isto é como a nossa preocupação com a guerra
nuclear ou o futuro aquecimento global". Vinda de alguém que
aconselhou o secretário da Energia e a campanha de Bush em 2000, isto
constitui uma advertência a que vale a pena prestar atenção.
Com 260 mil milhões de barris de reservas provadas de petróleo,
um quarto do total mundial, a Arábia Saudita não é apenas
o principal fornecedor estrangeiro dos Estados Unidos o maior consumidor
de energia do mundo mas também, essencialmente, a única
fonte de liquidez no mercado de petróleo. Segundo a Energy Information
Administration (EIA) do Departamento da Energia, o mundo tornar-se-á
mais dependente do petróleo saudita nas próximas duas
décadas. Para atender à procura global por petróleo, a
Arábia Saudita precisará produzir 13,6 milhões de barris
por dia (mbd) em 2010 e 19,5 mbd em 2020. Tanto a Agência Internacional
de Energia como a EIA assumem que a produção saudita de
petróleo duplicará ao longo dos próximos 15 a 20 anos.
Num novo estudo a ser divulgado em breve, Matthew R. Simmons, presidente da
Simmons and Company Internatinal, um banco de investimento especializado em
energia, afirma que não é provável que isto
aconteça. Argumenta que os campos petrolíferos da Arábia
Saudita estão agora em declínio, que o país não
será capaz de satisfazer a sede do mundo por petróleo nos
próximos anos e que sua capacidade não subirá muito mais
do que a sua actual capacidade de 10 mbd. Considerando o crescimento da
procura, isto poderia facilmente desencadear uma crise energética global.
Simmons analisou 200 documentos técnicos sobre as reservas sauditas, da
Society of Petroleum Engineers, e o seu trabalho foi revisto por uma
dúzia de peritos técnicos senior. O que ele descobriu conta uma
estória diferente daquela da visão convencional.
A Arábia Saudita tem mais de 300 reservatórios reconhecidos, mas
90% do seu petróleo vem dos cinco campos super gigantes descobertos
entre 1940 e 1965. Desde a década de 1970 não houve mais novas
descobertas de campos gigantes. O mais significativo dos campos de
petróleo é Ghawar. Descoberto em 1948, o troço com 300
milhas (483 km) de comprimento próximo ao Golfo Pérsico é
o maior campo do mundo e representa 55%-60% de todo o petróleo saudita
produzido. A reservas provadas de Ghawar representam 12% do total mundial. O
campo produz 5 mbd, o que é 6,25% da produção
petrolífera mundial. Segundo Simmons, as regiões a norte de
Ghawar estão quase esgotadas. Dois outros campos gigantes, Abqaiq e
Berri, também parecem ter atingido o pico na década de 1970.
O enfoque acima sobre as reservas é crucial, mas na
apresentação de 20 de Junho Simmons não enfatizou muito as
reservas como seria de esperar. Ao invés disso, com muito a transmitir,
ele apresentou antes o grande quadro de fundo e a compreensão do mesmo
do que meras estatísticas. Ao substituir a sua ênfase original
quanto às reservas por, por exemplo, o cultivo alimentar em casa e o fim
das viagens diárias para o trabalho, adoptou a chamada agenda radical
que é puramente realista. Contudo, como isto será conseguido e
por quem é uma questão que Simmons não teve tempo para
tratar. Talvez acredite que a política governamental possa de alguma
forma aceitar o desafio, ou veja o povo simplesmente a reagir ao petrocolapso.
As observações de Simmons e os diapositivos apresentados poderiam
facilmente ajustar-se à temática da revista
Auto-Free Times
(precursora de Culture Change), especialmente quando lamentou o novo sistema
de auto-estradas na Índia que ajudará o país a
alcançar o nível de consumo de petróleo da China de 2
barris por pessoa por ano. O da Índia está agora em 1 barril/ano
per capita. Ele sugeriu-nos que figurássemos a China e a Índia a
pararem ambas o crescimento populacional e a alcançarem o México
com 6 barris por pessoa por ano: isto significaria que o mundo teria de chegar
a 44 milhões de barris adicionais por dia de extracção de
petróleo (é actualmente de 85 milhões).
Talvez os esforços de conservação na década de
1990, da nossa Alliance for a Paving Moratorium, fossem mais adequados nos dias
de hoje. Mas aquela modesta proposta para simplesmente reparar as estradas
existentes pode ser demasiado tardia e demasiado ambiciosa para uma
infraestrutura com a necessidade de cortar subitamente o desperdício de
energia.
A "Guerra da energia" de Simmons soa como o "equivalente moral
da guerra" de Jimmy Carter. Carter, contudo, era mais orientado para os
tecno-ajustes
(technofix),
ainda que três décadas para preparar para o pico
petrolífero mundial dessem um bocado de espaço de manobra. A
principal característica da guerra da energia de Simmons seria "um
novo plano de conservação que criaria uma sociedade não
intensiva em energia antes de ser demasiado tarde". Simmons clarificou
sua receita para a "Guerra da energia" quando lhe perguntei:
"Atacar a energia com a intensidade de uma guerra". Para mais
explicações, ele estendeu-se sobre o seu "Libertar a
força de trabalho": "80% das pessoas agora aqui precisam ir
para ali". Para ajudar a fazer com que as viagens e o comércio
cumpram o desafio ele quer ver os caminhos de ferro serem mais do que simples
caminhos de ferro. Eles podiam ser mudados e reconstruídos em cinco
anos, talvez, seguindo o exemplo do "Eisenhower's Interstate Highway
system."
Culture Change
sempre questionou a alegada necessidade por muita energia e transporte,
lançando suspeitas sobre as obsessivas e não comprovadas
iniciativas de grandes grupos ambientalistas pela salvação da
economia do consumidor através de dispositivos técnicos.
Anteriormente
Culture Change
identificara Simmons e Robert Hirsch da SAIC como interessados em manter o
crescimento económico e ver a economia de alguma forma fazer a ponte
para cobrir o fosso que está prestes a abrir-se devido ao pico
petrolífero. (Hirsch, um antigo homem do petróleo, pode ser
descrito como menos ousado no palco do que Simmons, mas Hirsch é outro
dos poucos analistas corajosos). Simmons quase declara que crescer e manter as
coisas como habitualmente já não é possível ou
adequado. Simmons marcou o significado do pico e a certeza do endurecimento ao
dizer: "A exaustão é realmente a incapacidade para
crescer". Para uma economia e uma cultura tradicionalmente condicionada
ao crescimento sem fim, isto é realmente o fim. Desconhece-se o que
pode substituir o crescimento e a capacidade do petróleo para alimentar
e proporcionar-nos quase tudo, mas Simmons provavelmente concordaria em que
envolve mudança cultural.
Simmons respondeu a uma pergunta do público sobre energia nuclear, que
não era tratada na sua apresentação. Ele admirou-se de
quão pouco espaço toda a quantidade de resíduos nucleares
ocuparia: "parte de um campo de futebol". Tal como o congressista
Roscoe Bartlett, Matthew Simmons ganhou o respeito de alguns advogados da
energia ao apoiar o nuclear. Contudo, uma vez que Bartlett e Simmons sabem que
o nuclear não pode mesmo remotamente resolver a crise da energia, eles
podem também advogar alguma coisa o nuclear que
provavelmente não está será tentada de qualquer forma
devido aos problemas que tem a indústria nuclear. Mas, supostamente,
novas ogivas podem ser construídas muito mais rapidamente do que nunca.
No entanto, a advocacia de Simmons e Bartlett pelo nuclear que
não é a componente principal da sua mensagem coloca-os
numa posição de centro quando se considera um espectro que vai de
Julia Butterfly num extremo até Richard Cheney no outro. Eu suspeitaria
que Simmons e Bartlett, como homens radicais e corajosos que são,
estariam mais do lado de Julia quanto a um aspecto ainda não mencionado
aqui ou na palestra de Simmons: Devemos começar a respeitar a Terra.
Dias depois de ter escrito isto, sempre sob o impacto da chocante
apresentação de Simmons, senti-me vingado em
relação aos meus muitos anos de promoção da
conservação principalmente da redução do uso
da energia como rota de acção principal para a
dependência do petróleo e para proteger o ambiente. Eu realmente
não gosto de estar certo, porque o oil crash e a distorção
ambiental são amedrontadores e o quadro está a ficar mais feio
enquanto os políticos estão congelados no antigo pensamento e na
mesquinharia. Apesar de algo de bom poder vir da transição final
para uma cultura sustentável e ecológica, aqueles que entendem o
"PÂNICO da energia" e a "incapacidade para crescer"
percebem que não temos de esperar uma fase de
"diminuição da velocidade" para aguentar e promover
mudanças.
Apesar de a mensagem ser uma bomba explosiva irrefutável vinda de um dos
mais confiáveis peritos em abastecimento energético, Matt
Simmons, não há dúvida que continuarão a ser bem
financiados os promotores da fantasia verde dos technofix, os quais afirmam que
a energia "renovável" juntamente com a
substituição de George Bush resolverá todo o problema da
energia e do ambiente, sem considerar a nossa infraestrutura de
petróleo, da superpopulação e a não
existência de "Plano B".
Quando deixávamos a sala perguntei a Simmons acerca do rendimento
energético líquido da mineração de urânio,
inaceitavelmente baixo, como meio de questionar a chamada solução
da energia nuclear para uma crise do petróleo que não pode ser
sanada por ogivas. Sua resposta foi contar-me que os prospectores do Utah
habitualmente eram capazes de detectar facilmente grandes depósitos de
urânio, mas nos dias de hoje os depósitos são muito
difíceis de descobrir. Então perguntei: "Então, isto
significa que este recurso minguante proporciona insuficiente capacidade para
colmatar o fosso?" Simmons anuiu amigavelmente, e foi tudo.
[*]
Editor de
Culture Change.
Ver também
Study raises doubts about Saudi oil reserves
, de Matthew Simmons.
O original encontra-se em
Culture Change Letter
, nº 134, 24/Junho/2006.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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