Livrar o mundo da doença do pacifismo
Imaginem a cena: o Afeganistão, dois camiões cisterna roubados
cheios de combustível altamente inflamável, rodeados por uma
multidão de afegãos desejosos de obter um bocado de
graça
Qual seria a última coisa que pensaríamos
fazer? Claro deitar bombas para cima dos camiões. Pois foi o que
um comandante militar alemão mandou fazer a um avião
telecomandado americano no dia 4 de Setembro. Catapum!! Ficaram reduzidos a
cinzas pelo menos 100 seres humanos. Este incidente gerou uma grande
controvérsia na Alemanha, porque o Artigo 26 da
Grundgesetz
(Lei
Fundamental/Constituição) da Alemanha do pós-guerra
declara: "Actos que possam tender e sejam praticados com a
intenção de perturbar as relações pacíficas
entre nações, principalmente para preparar uma guerra de
agressão, são declarados anticonstitucionais. Devem ser
considerados criminosos".
Mas a NATO (também conhecida por Estados Unidos) pode congratular-se com
o facto de que os alemães puseram o seu estúpido pacifismo de
lado e agem como verdadeiros homens, treinados assassinos militares; embora
antes deste incidente os alemães se tenham envolvido em combates
aéreos e no terreno, nunca tinha havido um resultado de mortes de civis
tão dramático e divulgado. A Deutschland tem actualmente mais de
4 000 soldados no Afeganistão, o terceiro maior contingente no
país, a seguir aos EUA e à Grã-Bretanha, e lá em
casa acabaram de erigir um monumento aos militares mortos da Bundeswehr
(Forças Armadas Federais), fundada em 1955; 38 dos seus membros
(até agora) perderam as suas jovens vidas no Afeganistão.
Em Janeiro de 2007 escrevi aqui que os EUA estavam a empurrar a Alemanha nessa
direcção; que as circunstâncias na altura indicavam que
Washington podia estar a perder a paciência com o ritmo da
submissão da Alemanha às necessidades do império. A
Alemanha recusava-se a enviar tropas para o Iraque e só enviara para o
Afeganistão forças não combatentes, que não eram
suficientemente boas para os guerreiros do Pentágono e seus aliados da
NATO. A principal revista noticiosa da Alemanha,
Der Spiegel,
noticiava o seguinte:
Numa reunião em Washington, funcionários da
administração Bush, falando no contexto do Afeganistão,
censuraram Karsten Voigt, representante do governo alemão para as
relações germano-americanas: "Vocês concentram-se na
reconstrução e na manutenção da paz, mas deixam
connosco as coisas desagradáveis"
"Os alemães
têm que aprender a matar".
Um oficial britânico disse a um oficial alemão na sede da NATO:
"Todos os fins-de-semana enviamos para casa dois caixões
metálicos, enquanto vocês alemães distribuem lápis e
cobertores de lã". Bruce George, chefe da Comissão
Britânica de Defesa, disse "uns bebem chá e cerveja e os
outros arriscam a vida".
Um colega da NATO do Canadá observou que já era tempo de "os
alemães saírem das suas camaratas e aprenderem a matar os
talibãs".
E no Quebec, um funcionário canadiano disse a um funcionário
alemão: "Nós temos mortos, vocês bebem cerveja".
[1]
Ironicamente, em muitos outros contextos desde o fim da II Guerra Mundial os
alemães têm-se desligado da imagem de assassinos nazis e monstros.
Quando chegará o dia em que "o Mundo Livre" troce dos
talibãs e dos rebeldes iraquianos por eles viverem em paz?
Os Estados Unidos também se envolveram num esforço que dura
há décadas para desligar o Japão da sua
constituição pacifista pós II Guerra Mundial e da sua
política externa e para o fazer regressar ao caminho correcto de ser de
novo uma potência militar, só que agindo desta vez em
coordenação com as necessidades da política externa
americana.
"Aspirando sinceramente a uma paz internacional baseada na justiça
e na ordem, o povo japonês renuncia para sempre à guerra como um
direito soberano da nação e à ameaça ou uso da
força como meio de resolver conflitos internacionais.
"A fim de cumprir o objectivo do parágrafo precedente,
deixarão de existir forças terrestres, marítimas e
aéreas, assim como qualquer outro potencial de guerra. Não
será reconhecido o direito à beligerância do estado"
Artigo 9 da Constituição japonesa, 1947, palavras muito
queridas de uma grande maioria do povo japonês.
No triunfalismo do fim da Segunda Guerra Mundial, a ocupação
americana do Japão, dirigida pelo general Douglas MacArthur, desempenhou
um importante papel na criação desta constituição.
Mas, depois de os comunistas terem conquistado o poder na China, em 1949, os
Estados Unidos optaram por um Japão forte bem assente no campo
anticomunista. Desde então tem-se verificado sempre uma descida. Passo a
passo
o próprio MacArthur ordenou a criação de uma
"reserva policial nacional", que se tornou no embrião das
futuras forças militares japonesas
Quando visitou Tóquio em
1956, o secretário de Estado americano, John Foster Dulles, disse aos
funcionários japoneses: "No passado, o Japão demonstrou a
sua superioridade sobre os russos e sobre a China. Chegara a altura de o
Japão voltar a pensar em ser e agir como uma Grande Potência"
[2]
diversos tratados EUA-Japão de cooperação sobre
segurança e defesa que, por exemplo, convidavam o Japão a
integrar a sua tecnologia militar na dos EUA e da NATO
o fornecimento
pelos EUA de novos aviões e porta-aviões militares
sofisticados
todos os tipos de assistência logística
japonesa aos EUA nas suas frequentes operações militares na
Ásia
repetida pressão dos EUA sobre o Japão para
aumentar o seu orçamento militar e a dimensão das suas
forças armadas
mais de cem bases militares americanas no
Japão, protegidas por forças armadas japonesas
exercícios militares conjuntos EUA-Japão e
investigação conjunta sobre um sistema de defesa por
mísseis
o embaixador americano no Japão, em 2001:
"Penso que a realidade das circunstâncias no mundo vai levar os
japoneses a repensar ou a redefinir o Artigo 9"
[3]
sob pressão de Washington, o Japão enviou vários
navios de guerra para o Oceano Indico para abastecer navios de guerra
americanos e britânicos por altura da campanha no Afeganistão em
2002, depois enviou forças não combatentes para o Iraque para
apoiar a guerra americana assim como para Timor Leste, outro cenário de
guerra feito na América
o secretário de Estado Colin
Powell, em 2004: "Se o Japão vai desempenhar um papel a
sério na cena mundial e tornar-se um membro inteiramente participativo
do Conselho de Segurança, e ter o tipo de obrigações que
lhe competem como membro do Conselho de Segurança, o Artigo Nono
terá que ser examinado a essa luz"
[4]
Uma consequência ou um sintoma de tudo isto poderá ser visto
talvez no processo de 2005 de Kimiko Nezu, uma professora japonesa de 54 anos,
que foi castigada, sendo transferida de escola em escola, suspensa, sofrido
cortes de salários e ameaças de despedimento por causa da sua
recusa de se pôr de pé durante a execução do hino
nacional, uma canção da II Guerra Mundial escolhida como hino em
1999. Opôs-se à canção porque era a mesma que fora
cantada quando o Exército Imperial saiu do Japão clamando por um
"reinado eterno" do imperador. Em cerimónias de
graduação em 2004, 198 professores recusaram-se a pôr-se de
pé por causa da canção. No ano seguinte, depois de uma
série de multas e de acções disciplinares, os
únicos protestantes foram Nezu e mais nove professores. Depois disso,
Nezu só foi autorizada a ensinar quando estiver presente outra
professora.
[5]
O que nos leva à Itália, o restante membro dos três aliados
da Segunda Guerra Mundial, ou Eixo. Uma parte do Artigo 11 da
Constituição italiana de 1948 diz: "A Itália rejeita
a guerra como meio de resolver controvérsias internacionais e como
instrumento de agressão contra as liberdades de outros povos"
[6]
Mas Washington cedo reclamou a alma da Itália do pós-guerra. Em
1948 os Estados Unidos fizeram tudo pela campanha eleitoral italiana para
garantir que os Democratas Cristãos (DC) derrotassem o candidato
comunista-socialista. (E os EUA mantiveram-se uma força eleitoral em
Itália durante os trinta anos seguintes mantendo a DC no poder. Os
Cristãos Democratas, por seu turno, foram leais aos seus parceiros da
Guerra-Fria).
[7]
Em 1949, os EUA trataram de fazer com que a Itália fosse membro
fundador da NATO. Isso não foi encarado como uma ameaça ao Artigo
11 porque a NATO sempre se apresentou como uma organização
"defensiva", em 1999 quando efectuou o bombardeamento da
Jugoslávia durante 78 dias enquanto a Itália e a Alemanha
forneceram a aviação militar e uma base aérea da NATO em
Aviano, a Itália funcionou como principal ponto de apoio para os ataques
diários de bombardeamentos. Durante décadas, a Itália tem
sido o abrigo de bases militares americanas e de aeroportos utilizados por
Washington em aventuras militares, umas atrás de outras, desde a Europa
até à Ásia.
Há actualmente uns 3 000 soldados italianos no Afeganistão
executando uma série de serviços que possibilitam aos Estados
Unidos e à NATO envolverem-se na sua guerra sangrenta. E também
15 soldados italianos já perderam a vida naquele país
desgraçado. A pressão sobre a Itália dos seus camaradas da
NATO, tal como sobre a Alemanha, para passarem a ser combatentes competentes no
Afeganistão e noutros sítios é permanente.
[8]
O Muro de Berlim Mais um mito da Guerra-Fria
Dentro de poucas semanas é de esperar que muitos dos meios de
comunicação ocidentais virem as suas máquinas de
propaganda para comemorar o 20º aniversário da queda do Muro de
Berlim, no dia 9 de Novembro de 1989. Serão exibidos todos os
clichés da Guerra-Fria sobre O Mundo Livre vs a Tirania Comunista e
será repetido o conto simples de como apareceu o muro: Em 1961, Berlim
Leste, comunista, construiu um muro para impedir que os seus cidadãos
oprimidos fugissem para Berlim Oeste e para a liberdade. Porquê? Porque
os comunas não gostam que as pessoas sejam livres, conheçam a
"verdade". Que outra razão poderia haver?
Primeiro que tudo, antes de o muro ser construído havia milhares de
alemães de Leste que passavam para ocidente para ir trabalhar todos os
dias e depois regressavam a Leste ao fim da tarde. Portanto, não estavam
obviamente a ser presos no leste contra a sua vontade. O muro foi
construído principalmente por duas razões:
1- O ocidente estava a prejudicar o Leste com uma vigorosa campanha de
recrutamento de profissionais e trabalhadores especializados da Alemanha de
Leste, que tinham sido educados à custa do governo comunista. Isto
acabou por levar a uma grave crise de mão-de-obra e de
produção no Leste. Referindo-se claramente a isto, o
New York Times
noticiou em 1963: "Berlim Oeste ressentiu-se economicamente do muro com a
perda de cerca de 60 mil trabalhadores especializados que saíam
diariamente das suas casas em Berlim Leste para os seus locais de trabalho em
Berlim Oeste".
[9]
2- Durante os anos 50, os guerreiros-frios americanos na Alemanha Ocidental
instituíram uma campanha feroz de sabotagem e subversão contra a
Alemanha de Leste destinada a fazer descarrilar a maquinaria económica e
administrativa deste país. A CIA e outros serviços americanos de
informações e militares recrutaram, equiparam, treinaram e
financiaram grupos e indivíduos activistas alemães, do ocidente e
do leste, para efectuarem acções que percorressem o espectro
desde o terrorismo até à delinquência juvenil, tudo o que
tornasse difícil a vida do povo da Alemanha de Leste e enfraquecesse o
seu apoio ao governo, tudo o que denegrisse os comunas.
Foi um empreendimento fantástico. Os Estados Unidos e os seus agentes
utilizaram explosivos, incêndios, curto-circuitos, e outros
métodos para danificar centrais eléctricas, estaleiros, canais,
docas, edifícios públicos, bombas de gasolina, transportes
públicos, pontes, etc, fizeram descarrilar comboios de carga, ferindo
gravemente trabalhadores; queimaram 12 carruagens de um comboio de carga e
destruíram tubagem de ar comprimido de outros; utilizaram ácidos
para danificar maquinaria fabril vital; puseram areia na turbina duma
fábrica, fazendo-a paralisar; deitaram fogo a uma fábrica de
telhas; promoveram greves de zelo em fábricas; mataram 7 000 vacas duma
fábrica cooperativa de lacticínios através de
envenenamento; acrescentaram sabão ao leite em pó destinado
às escolas da Alemanha de Leste; estavam na posse, quando foram presos,
duma grande quantidade do veneno cantárida
[NT1]
que se destinava à produção de cigarros envenenados para
matar importantes alemães de Leste; lançaram bombas de mau cheiro
para interromper reuniões políticas; tentaram interromper o
Festival Mundial da Juventude em Berlim Leste enviando convites falsificados,
promessas falsas de alojamento e pensão grátis, notícias
falsas de cancelamento, etc; efectuaram ataques aos participantes com
explosivos, bombas incendiárias e equipamento de furar pneus; forjaram e
distribuíram grande quantidade de senhas alimentares falsas para
provocar a confusão, a escassez e a revolta, enviaram falsos avisos de
impostos e outras orientações do governo e documentos para
provocar a desorganização e a ineficácia na
indústria e nos sindicatos
tudo isto e muito mais.
[10]
Durante os anos 50, os alemães de Leste e a União
Soviética apresentaram queixas, repetidas vezes, aos antigos aliados dos
soviéticos no ocidente e às Nações Unidas sobre
actividades específicas de sabotagem e de espionagem e exigiram o
encerramento dos gabinetes na Alemanha Ocidental que acusavam de serem
responsáveis, e de que forneceram nomes e moradas. As suas queixas
caíram em saco roto. Inevitavelmente, os alemães de Leste
começaram a dificultar a entrada no país aos que provinham do
ocidente.
Não nos esqueçamos que a Europa de Leste se tornou comunista por
causa de Hitler que, com a aprovação do ocidente, utilizou-a como
a via rápida para chegar à União Soviética e varrer
o bolchevismo para sempre. Depois da guerra, os soviéticos decidiram
fechar essa via rápida.
Em 1999, o
USA Today
noticiava: "Quando caiu o Muro de Berlim, os alemães de Leste
imaginaram uma vida de liberdade em que os bens de consumo fossem abundantes e
terminassem as dificuldades. Dez anos depois, uns espantosos 51% dizem que eram
mais felizes com o comunismo".
[11]
Mais ou menos na mesma época, nasceu um novo provérbio russo:
"Tudo o que os comunistas disseram sobre o comunismo era mentira, mas tudo
o que disseram sobre o capitalismo era verdade".
Cuidados de saúde: ninguém repara no enorme elefante vermelho no
meio da sala
Na procura frenética dos últimos meses de uma melhor forma de
prestar cuidados de saúde ao povo americano, os meios de
comunicação americanos têm discutido frequentemente os
sistemas de cuidados de saúde de outros países, em especial da
Europa. Normalmente, pouco ou nada se refere sobre o sistema de Cuba, em que
toda a gente está coberta, em tudo, onde as condições
pré-existentes não contam, e nenhum doente paga por coisa
nenhuma; i.e., nada de nada. Provavelmente, a razão por que o sistema
cubano raras vezes é referido nos meios de comunicação de
massas é porque é um tanto embaraçoso que aquele
país pobre em quase tudo, que trabalha sob o terrível jugo do
(gaguejo, suspiro) socialismo, consegue prestar cuidados de saúde com
que a maioria dos americanos apenas pode sonhar.
Agora temos um livro novo de T.R. Reid, antigo correspondente do
Washington Post
e comentador da Rádio Pública Nacional. Chama-se "The
Healing of America: A Global Quest for Better, Cheaper, and Fairer Health
Care" (A cura da América: Uma busca global para cuidados de
saúde melhores, mais baratos e mais justos). Reid não hesita em
dar algum crédito ao sistema cubano, mas certifica-se de que o leitor
saiba que ele não foi apanhado por qualquer propaganda comuna. Refere-se
ao governo de Cuba como um "feudo comunista totalitário" e
acrescenta: "Em todos os países (excepto, talvez, num estado
policial como Cuba) há um grupo de cidadãos que não
está preso ao sistema de cuidados de saúde unificados: os
ricos".
[12]
Portanto, o facto de que Cuba tenha um sistema de cuidados de saúde
igualitário é apresentado como uma coisa bastante negativa, uma
coisa que só se pode esperar encontrar num estado polícial.
Ao discutir o facto de a Organização Mundial de Saúde ter
dado a Cuba uma nota alta pela justiça do seu sistema, Reid faz notar:
"Claro, a justiça e o tratamento igual só chegam até
aí; quando o próprio Fidel Castro adoeceu em 2007, voaram
especialistas médicos da Europa para o tratar".
[13]
Aha! Eu já sabia! Os americanos, e não apenas os
fanáticos da ala direita, nunca aceitariam um sistema médico em
que alguém tivesse cuidados totalmente grátis para todas as
doenças se o seu presidente alguma vez tivesse direito a qualquer tipo
de tratamento especial. Acham que não? O melhor seria perguntar-lhes.
Por falar em fanáticos da ala direita, saiu uma notícia no
New York Times
que dizia: "Amanhã à noite, metendo-se mesmo no aceso da
batalha", o presidente vai "transmitir a sua mensagem ao povo num
discurso na televisão e rádio nacionais" lutando pela
legislação da sua proposta de reforma da saúde, cujos
oponentes etiquetaram de "medicina socializada" e "uma cunha de
penetração para o governo federal se apoderar da medicina
privada". O presidente era John F. Kennedy, o programa era a Medicare, a
notícia do
Times
foi publicada em 20 de Maio de 1962. Apesar do discurso, a tentativa fracassou
até à sua aprovação em 1964.
[14]
E por falar da ditadura do estado polícial cubano, totalitário,
comunista, socialista, fascista, Reid e outros poderiam ter interesse num
artigo que escrevi
o qual demonstra que durante o período da sua revolução,
Cuba obteve um dos melhores registos de direitos
humanos de toda a América Latina.
Mas como ultrapassar todo um passado de condicionamentos e atingir os
espíritos americanos com esta mensagem? Numa recente
convenção da AFL-CIO, a principal organização
laboral do país, apareceu uma resolução muito progressista
exigindo o direito de todos os americanos poderem viajar para Cuba e acabar com
o embargo dos EUA contra aquele país ilha. Mas, no final, a
resolução e os seus autores faziam-nos lembrar que há
americanos que exigem que Cuba "liberte todos os prisioneiros
políticos".
[15]
Para apreciar o que está errado nesta resolução é
preciso entender o seguinte: Os Estados Unidos estão para o governo de
Cuba como a al Qaeda está para Washington, só que são
muito mais poderosos e estão muito mais perto. Desde a
revolução cubana, os Estados Unidos e os exilados cubanos
anti-Castro nos EUA têm infligido a Cuba prejuízos enormes e maior
perda de vidas do que aconteceu em Nova Iorque e Washington em 11 de Setembro
de 2001. Os dissidentes cubanos normalmente têm mantido
ligações políticas e financeiras muito estreitas,
íntimas mesmo, com funcionários do governo americano, em especial
em Havana através da Secção de Interesses dos Estados
Unidos. Será que o governo americano ignora que um grupo de americanos
recebe fundos da al Qaeda e/ou se envolve em repetidas reuniões com
conhecidos líderes daquela organização? Nos últimos
anos, o governo americano prendeu muita gente nos EUA e no estrangeiro apenas
com base em alegadas ligações à al Qaeda, com muito menos
provas do que Cuba tem tido quanto às ligações dos seus
dissidentes aos Estados Unidos, provas recolhidas por agentes duplos cubanos.
Na prática, todos os "prisioneiros políticos" de Cuba
são os tais dissidentes.
29/Setembro/2009
Notas
1-
Der Spiegel
(Germany), November 20, 2006, p.24
2-
Los Angeles Times,
September 23, 1994
3-
Washington Post,
July 18, 2001
4- BBC, August 14, 2004
5-
Washington Post,
August 30, 2005
6- Wikipedia: "
Article 11 of Italian Constitution
"
7- William Blum, "Killing Hope", chapters 2 and 18
8- Para uma discussão mais aprofundada da oposição dos EUA
ao pacifismo do Eixo pós II Guerra Mundial, ver "
Former Axis Nations Abandon Post-World War II Military Restrictions
"
9-
New York Times,
June 27, 1963, p.12
10- Ver Killing Hope, p.400, note 8, para uma lista de fontes para os
pormenores da sabotagem e da subversão.
11-
USA Today,
October 11, 1999, p.1
12- p.234 do livro de Reid
13- Ibid., p.150-1
14-
Washington Post,
September 9, 2009
15-
PDF da resolução
NT 1- Cantárida: tipo de terpenóide, que é um composto
químico venenoso segregado por certas espécies de insectos,
nomeadamente a "mosca espanhola",
Lytta vesicatoria.
Ver também
Background to the Kunduz airstrike of 4 September 2009
List of suspected civilian casualties in Kunduz airstrike of September 4 2009
[*]
Autor de numerosas obras, como
La CIA Una Historia Negra/ Killing Hope: Intervenciones de La CIA desde la segunda guerra mundial/ U.S. Military and CIA Interventions Since World War II
e
Les Guerres scélérates
O original encontra-se em
http://killinghope.org/bblum6/aer74.html
.
Tradução de Margarida Ferreira.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
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