Urânio empobrecido: Bombas sujas, mísseis sujos e balas sujas
Uma sentença de morte aqui e lá fora
Os militares são apenas animais estúpidos a serem utilizados como
peões na política externa".
Henry Kissinger, citado
em Kiss the Boys Goodbye: How the United States Betrayed Its Own POW's in
Vietnam
O Vietnam foi uma guerra química, contaminando de modo permanente
grandes regiões e países a jusante com o Agente Laranja, e
ambientalmente a mais devastadora guerra da história mundial. Mas desde
1991 os EUA dirigiram quatro guerras nucleares utilizando armamento com
urânio empobrecido (depleted uranium, DU) o qual, tal como o Agente
Laranja, cumpre a definição do governo americano de Armas de
Destruição Maciça. Vastas regiões no Médio
Oriente e na Ásia Central foram contaminadas permanentemente com
radiação.
E o que se passa com os nossos soldados? Terry Jemison, do Department of
Veterans Affairs, relatou esta semana à American Free Press que os
veteranos da era do Golfo com incapacidades médicas desde 1991 chegam a
518.739, com apenas 7.035 feridos no Iraque no mesmo período de 14 anos.
Esta semana a American Free Press lançou uma "bomba suja"
sobre o Pentágono ao revelar que oito em cada 20 homens que serviram
numa unidade na ofensiva militar americana de 2003 no Iraque agora têm
tumores (malignancies). Isto significa que 40 por cento dos soldados naquela
unidade desenvolveram tumores num período de apenas 16 meses.
Uma vez que estes soldados estiveram expostos apenas a vacinas e ao
urânio empobrecido, isto constitui uma forte evidência para
investigadores e cientistas a trabalhar nesta questão de que o DU
é a causa definitiva da Síndroma da Guerra do Golfo. Não
consta que as vacinas causem câncer. Um dos primeiros investigadores que
publicou trabalhos sobre a Síndroma da Guerra do Golfo, o Dr. Andras
Korényi-Both, que em 1991 também serviu no Iraque, está de
acordo com Barbara Goodno, do Deployment Health Support Directorate do
Departamento de Defesa, em que desta vez estes soldados não foram
expostos a produtos químicos, pesticidas, bioagentes ou outras causas
suspeitas de confundir a questão.
Esta poderosa nova evidência está a encher de buracos o
encobrimento perpetrado pelo Pentágono e por três
administrações presidenciais desde 1991 quando o DU foi utilizado
pela primeira vez sobre campos de batalha. Os efeitos a longo prazo revelaram
que o DU é uma sentença de morte e algo asqueroso.
Cientistas que estudaram os efeitos biológicos do urânio na
década de 60 relataram que ele atinge o DNA. Marion Fulk, um
físico-químico nuclear aposentado do Livermore Nuclear Weapons
Lab e anteriormente envolvido no Manhattan Project, interpreta os novos e
rápidos tumores nos soldados da guerra de 2003 como
"espectaculares... e uma matéria de preocupação".
Esta evidência mostra que dos três efeitos que o DU tem sobre os
sistemas biológicos radiação, químico e em
forma de partículas o efeito das nano-partículas é
o mais dominante imediatamente após a exposição e atinge o
Código Mestre no DNA. Isto é uma má notícia, mas
explica porque o DU provoca uma miríade de doenças que são
difíceis de definir.
Em palavras simples, o DU "apodrece o corpo". Ao ser perguntado se a
principal propósito do seu uso é destruir coisas e matar pessoas,
Fulk foi mais específico: "Eu diria que isto é a arma
perfeita para assassinar montes de pessoas".
Pode-se esperar que soldados que desde 2003 desenvolveram tumores tão
rapidamente possam desenvolver câncers múltiplos de causas
independentes. Este fenómeno tem sido relatado por médicos em
hospitais que trataram civis a seguir aos bombardeamentos da NATO com DU na
Jugoslávia em 1998-1999 e da invasão americana do Iraque em 1991
quando o DU foi utilizado pela primeira vez. Peritos médicos relatam
que este fenómeno de tumores múltiplos de causas não
relacionadas tem sido ignorado até agora e é um novo
síndroma associado à exposição interna com DU.
Apenas 467 americanos foram feridos nas três semanas da Guerra do Golfo
Pérsico em 1990-1991. Dos 580.400 soldados que serviram na I Guerra do
Golfo, 11.000 estão mortos, e em 2000 havia 325.000 com incapacidade
médica permanente. Este número espantoso de veteranos
incapacitados significa que uma década depois 56 por cento daqueles
soldados agora têm problemas médicos.
O número de veteranos incapacitados relatado até 2000 tem estado
a aumentar ao ritmo de 43.000 por ano. Brad Flohr, do Department of Veterans
Affairs, acredita que há mesmo mais veteranos incapacitados agora do que
após a Segunda Guerra Mundial.
CONTAMINARAM AS ESPOSAS
Não só os soldados foram expostos ao DU sobre os campos de
batalha e fora deles como eles os trouxeram para casa. O DU no sémen
dos soldados contaminou internamente as suas esposas, parceiras e namoradas.
Tragicamente, algumas mulheres nos seus 20 e 30 anos que foram parceiras
sexuais de soldados expostos desenvolveram endometriose e foram forçadas
a sofrer histerectomias devido a problemas de saúde.
Num conjunto de 251 soldados de um grupo de estudo no Mississipi que haviam
tido bebés normais antes da Guerra do Golfo, 67 por cento dos
bebés do pós-guerra nasceram com defeitos severos. Vieram
à luz sem pernas, braços, órgãos ou olhos ou
tiveram doenças do sistema imunitário e do sangue. Agora, em
algumas famílias de veteranos, os únicos membros normais ou
saudáveis da família são as crianças nascidas antes
da guerra.
O Department of Veterans Affairs declarou que não mantem registos de
nascimentos defeituosos verificados em famílias de veteranos.
Como fizeram eles para esconder isto?
Antes que um novo sistema de armas possa ser usado, ele deve ser plenamente
testado. O plano para armas de urânio empobrecido é um documento
desclassificado de 1943 do Projecto Manhattan.
O presidente de Harvard e o físico James B. Conant, que desenvolveu o
gás venenoso na I Guerra Mundial, foi trazido para o Manhattan Project
pelo pai do candidato presidencial John Kerry. O pai de Kerry trabalhou num
alto nível do Projecto Manhattan e era agente da CIA.
Conant era presidente do S-1 Poison Gas Committee, que recomendou o
desenvolvimento de armas de gás venenoso a partido do lixo radioactivo
do projecto da bomba atómica na II Guerra Mundial. Naquele tempo, era
sabido que materiais radioactivos dispersos por bombas a partir do ar, a partir
de veículos terrestres ou sobre campos de batalha produziam um pó
radioactivo muito fino que penetraria através de todos os
vestuários de protecção, quaisquer máscaras ou
filtros de gases ou a pele. Ao contaminar os pulmões e o sangue, ele
poderia muito rapidamente matar ou provocar doenças.
Eles também recomendaram o DU como um contaminante permanente de
terrenos, o qual poderia ser utilizado para destruir populações
através da contaminação de abastecimentos e terras
agrícolas com pó radioactivo.
O primeiro sistema de armas DU foi desenvolvido pela U.S. Navy em 1968, e as
armas DU foram dadas a Israel, que as utilizou em 1973 sob a supervisão
americana na guerra do Yom Kippur contra os árabes.
O sistema de armas Phalank, utilizando DU, foi testado no USS Bigelow
saído dos Estaleiros Navais Hunters Point em 1977, e armas DU foram
vendidas pelos EUA a 29 países.
Relatos de investigação militar resumem pormenores dos testes de
DU entre 1974 e 1999 em terrenos militares de teste, em bombardeamento e
artilharia e em laboratórios civis sob contrato. Hoje 42 estados
estão contaminados com DU devido à sua fabricação,
teste e instalação.
Mulheres que vivem em torno destas instalações têm relatado
aumentos de endometriose, nascimentos defeituosos de bebés, leucemia em
crianças e canceres e outras doenças em adultos. Milhares de
toneladas de armas DU testadas durante década pela U.S. Navy em quatro
perímetros de bombardeamento e artilharia em torno de Fallon, Nevada,
causaram sem dúvida o crescimento mais rápido do agregado da
leucemia nos EUA ao longo da última década. Os militares negam
que o DU seja a causa.
A profissão médica tem sido activa no encobrimento assim
como tem estado a esconder os efeitos do público americano da
radiação de baixo nível dos testes atmosféricos e
das centrais nucleares. Um médico da Califórnia do Norte
informou ter sido treinado pelo Pentágono, juntamente com outros
médicos, meses antes de a guerra de 2003 começar, no sentido de
diagnosticar e tratar soldados que retornassem da guerra apenas por problemas
mentais.
Profissionais médicos em hospitais e instalações que
tratam soldados evacuados foram ameaçados com multas de US$10.000 se
conversassem com os soldados acerca dos seus problemas médicos.
Também foram ameaçados com prisão.
Repórteres tem sido impedidos de terem acesso a mais de 14.000 soldados
evacuados desde 2003 por razões médicas, em voos nocturnos de
C-150s a partir da Alemanha, que foram trazido para o Walter Reed Hospital
perto de Washington, D.C.
O dr. Robert Gould, antigo presidente da filial da Bay Area do Physicians for
Social Responsability (PSR), contactou três médicos em Fevereiro
de 2004, depois de um ter sido convidado a falar sobre o DU. A dra. Katharine
Thomasson, presidente da filial de Oregon do PSR, informou-me que o dr. Gould a
tinha contactado e tentara convencê-la a cancelar o convite que me fizera
para falar sobre o DU na Portland State University em 12 de Abril. Embora me
fosse permitido fazer uma apresentação, a dra. Thomasson
informou-me que eu poderia falar apenas sobre o DU no Oregon "e nada do
ultramar... nada de política".
Vários meses depois o dr. Gould também contactou e desencorajou o
dr. Ross Wilcox de Toronto, Canadá, de convidar-me a falar a Physicians
for Global Survival (PGS), o equivalente canadiano do PSR. Como isto
não funcionou, ele contactou o dr. Allan Connoly, o presidente canadiano
do PGS, que conseguiu cancelar o meu convite e quase teve êxito em
impedir o dr. Wilcox, seu próprio membro, de mostrar fotos e apresentar
pormenores sobre o sofrimento de civis decorrente da exposição ao
DU e sobre os canceres que lhe haviam sido oferecidos por médicos no sul
do Iraque.
A dra. Janette Sherman, associada há muitos anos ao PSR, informou que
acabara por abandoná-lo depois de ter sido convidada para um
almoço por uma nova administradora executiva do PSR. Depois de a mulher
ter sondado a dra. Sherman durante todo o almoço para saber da sua
posição sobre questões chave, ela informou a dra. Sherman
que o seu último emprego fora na CIA.
Como a verdade sobre o DU foi escondida do pessoal militar que serviu em
sucessivas guerras DU? Antes da sua morte trágica, o senador Paul
Wellstone informou Joyce Riley, R.N., B.S.N., director-executivo da American
Gulf War Veterans Association, que 95 por cento dos veteranos da Guerra do
Golfo haviam sido reciclados para fora da instituição militar por
volta de 1995. Todos aqueles que continuaram o serviço militar foram
isolados uns dos outros, impedindo a informação crítica de
ser transferida para as novas tropas. A "guerra seguinte do DU"
já foi planeada, e aqueles que a planeiam "não querem
gambás no jardim da festa".
OS EUA TÊM UM SEGREDO SUJO
Um novo livro de Michael Collins Piper que acaba de ser publicado pela American
Free Press, "Os grandes sacerdotes da guerra: A história secreta
de como os trotsquistas neoconservadores da América chegaram ao poder e
orquestraram a guerra contra o Iraque como primeiro passo no seu impulso pelo
império global" (The High Priests of War: The Secret History
of How America's Neo-Conservative Trotskyites Came to Power and Orchestrated
the War Against Iraq as the First Step in Their Drive for Global Empire),
pormenoriza os planos primitivos para uma guerra contra o mundo árabe de
Henry Kissinger e dos neo-cons no fim da década de 60 e
princípios da de 70. Acontece que os planos de obtenção
do DU em andamento e a crise petrolífera no Médio Oriente
coincidem, o que causou preocupação não apenas ao
presidente Nixon. Os britânicos tem estado a conspirar e tramar pelo
controle do petróleo do Iraque durante décadas desde que em 1912
utilizaram pela primeira vez gás venenoso sobre os iraquianos e os
curdos.
O livro dá pormenores da criação dos neo-cons pelo seu
"padrinho" e por Irving Kristol, amigo de Trotsky, que pressionou por
uma "guerra contra o terrorismo" muito antes do 11 de Setembro e
durante anos foi abundantemente financiado pela CIA. Seu filho, William
Kristol, é um dos homens mais influentes nos Estados Unidos.
Ambos são relações públicas da rede neoconservadora
do lobby israelense, com fortes ligações a Rupert Murdoch.
Kissinger também tem ligações a esta rede, bem como o
Carlyle Group, o qual, pode-se dizer, tem facilitado estas guerras omnicidas
desde o tempo que o anterior presidente Bush tomou posse. Seria fácil
dizer que estamos a reciclar as I e II Guerras Mundiais, com as mesmas caras.
Quando perguntei capitão John McCarthy, Boina Verde das
Operações Especiais no Vietnam, que poderia ter concebido estes
planos omnicidas para utilizar o DU a fim de destruir o código
genético e o futuro genético de vastas populações
de árabes e muçulmanos no Médio Oriente e na Ásia
Central por coincidência as áreas onde estão
localizadas a maior parte das reservas de petróleo do mundo ele
respondeu: "Isto tem todas as impressões digitais de Henry
Kissinger".
No livro de Zbignew Brzezinski, O grande tabuleiro de xadrez: O primado
americano e os seus imperativos geoestratégicos (The Grand
Chessboard: American Primacy
and Its Geostrategic Imperatives), o mapa do tabuleiro de xadrez
euro-asiático inclui quatro regiões estratégicas para a
política externa americana. A região "Sul" corresponde
precisamente às regiões agora contaminadas permanentemente com a
radiação das bombas, mísseis e balas americanas fabricadas
com milhares de toneladas de DU.
Um professor japonês, o dr. K. Yagasaki, calculou que 800 toneladas de DU
é a atomicidade equivalente a 83.000 bombas de Nagasaki. Os EUA
utilizaram mais DU desde 1991 do que a atomicidade equivalente a 400.000 bombas
de Nagasaki. Quatro guerras nucleares na verdade, e 10 vezes a quantidade de
radiação libertada na atmosfera a partir dos testes
atmosféricos!
Não é de admirar que os nossos soldados, as suas famílias
e o povo do Médio Oriente, da Jugoslávia e da Ásia Central
estejam doentes. Mas, como disse Henry Kissiger após o Vietnam quando
os nossos soldados voltaram para casa com doenças do Agente Laranja,
"Os militares são apenas estúpidos animais mudos a serem
utilizados na política externa".
Infelizmente, um número cada vez maior destes soldados são homens
e mulheres com pele castanha. E infelizmente, o pó radioactivo do DU
será transportado pelo mundo e depositado nos nossos ambientes, assim
como a "poluição" ("smog") da Guerra do Golfo
de 1991 foi encontrada em depósitos na América do Sul, nos
Himalaias e no Hawai.
Em Junho de 2003 a Organização Mundial de Saúde anunciou
num comunicado de imprensa que as taxas globais de câncer
aumentarão 50 por cento em 2020. O que mais saberão eles que
não estão a contar-nos? Sei que o urânio empobrecido
é uma sentença de morte... para todos nós. Todos
nós morreremos de modos silenciosos.
Fontes usadas neste artigo que os leitores são encorajados a consultar:
American Free Press, série de quatro partes sobre DU da autoria de
Christopher Bollyn.
Part I: Depleted Uranium: U.S. Commits War Crime Against Iraq,
Humanity,
www.americanfreepress.net/depleted_uranium.html
;
Part II: Cancer Epidemic Caused by U.S. WMD: MD Says Depleted Uranium
Definitively Linked,
www.americanfreepress.net/html/cancer_epidemic_.html
August 2004 World Affairs Journal. Leuren Moret: Depleted Uranium: The
Trojan Horse of Nuclear War,
www.mindfully.org/Nucs/2004/DU-Trojan-Horse1jul04.htm
and
http://globalresearch.ca/articles/MOR407A.html
August 2004 Coastal Post Online. Carol Sterrit: Marin Depleted Uranium
Resolution Heats Up GI's Will Come Home To A Slow Death,
www.coastalpost.com
/04/08/01
World Depleted Uranium Weapons Conference, Hamburg, Germany, October 16-19,
2004:
www.worlduraniumweaponsconference.de/speakers/speakers.htm
International Criminal Tribunal for Afghanistan. Written opinion of Judge
Niloufer Baghwat:
www.mindfully.org/Reform/2004/Afghanistan-Criminal-Tribunal10mar04.htm
Discounted Casualties: The Human Cost of Nuclear War by Akira
Tashiro, foreword by Leuren Moret,
www.chugoku-np.co.jp/abom/uran/index_e.html
________________
[*]
Leuren Moret é uma geocientista que trabalhou por todo o mundo em
questões de radiação, educando cidadãos, os media,
membros de parlamentos e do Congresso e outros responsáveis. Em 1991
ela fez uma denúncia no Livermore Nuclear Weapons Lab depois de
verificar uma grande fraude científica no Yucca Mountain Project. Ela
é comissária ambiental da cidade de Berkeley. Seu email é
leurenmoret@yahoo.com
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