A agenda real da Fundação Gates
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"Agências do governo dos EUA têm um longo historial na investigação de armas
biológicas alegadamente defensivas em laboratórios sitos na Libéria e Serra
Leoa.
Isto inclui o Center for Disease Control and Prevention (CDC), o qual é agora a
agência de ponta para administrar o alastramento do ébola dentro dos EUA.
Por que a administração Obama despachou tropas para a Libéria quando elas não
têm qualquer treino para tratamentos médicos nos africanos que estão
a morrer? Como é que o ébola do Zaire, onde foi identificado pela primeira vez
em 1976, foi para a África Ocidental a cerca de 3.500 km de distância?"
Prof. Francis Boyle, da Universidade de Illinois.
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"Está a tentar encontrar lugares onde o dinheiro terá a
máxima alavancagem, como se pode salvar o máximo de vida por
dólar, por assim dizer", observou Pelley. "Certo. E
transformar as sociedades", respondeu Gates.
[1]
Em 2009 o auto-designado "Good Club" uma reunião das
pessoas mais ricas do mundo cujo valor líquido colectivo totalizava
então uns US$125 mil milhões encontrou-se a portas
fechadas em Nova York para discutir uma resposta coordenada a ameaças
apresentadas pela crise financeira global. Liderado por Bill Gates, Warren
Buffett e David Rockfeller, o grupo resolveu descobrir novos meios de tratar as
fontes de descontentamento no mundo em desenvolvimento, em particular a
"superpopulação" e as doenças infeccionas.
[2]
Os bilionários presentes comprometeram-se a despesas maciças em
áreas do seu próprio interesse, sem levar em
consideração as prioridades de governos nacionais e de
organizações de ajuda existentes.
[3]
Pormenores da cimeira secreta escaparam para a imprensa e foram saudados como
um ponto de viragem para a Grande Filantropia. Foi dito que
fundações burocráticas tradicionais como a Ford,
Rockefeller e Carnegie render-se-iam ao "filantrocapitalismo", uma
nova abordagem muscular para a caridade na qual as presumidas
qualificações empresariais de bilionários seriam aplicadas
directamente aos mais prementes desafios do mundo.
Os filantrocapitalistas de hoje vêem um mundo cheio de problemas que
eles, e talvez apenas eles, podem e devem endireitar. ... A sua filantropia
é "estratégica", "consciente do mercado",
"orientada pelo impacto", "baseada no conhecimento", muitas
vezes de "alto compromisso" e sempre conduzida pelo objectivo de
maximizar a "alavancagem" do doador do dinheiro. ... Os
filantrocapitalistas tentam cada vez mais encontrar meios de aproveitar a
motivação do lucro para alcançar o bem social.
[4]
Exercendo "enorme poder que podia remodelar nações de acordo
com a sua vontade",
[5]
os doadores bilionários agora abraçariam abertamente não
só a teoria baseada no mercado como também as práticas e
normas organizacionais do capitalismo corporativo. Contudo, o impulso geral das
suas caridosas intervenções permaneceria coerente com as antigas
tradições da Grande Filantropia, como discutido abaixo:
I.
The World's Largest Private Foundation
(A maior fundação privada do mundo)
II. Fundações e imperialismo
III.
Gates and Big Pharma
(Gates e a grande indústria farmacêutica)
IV.
A Broader Agenda
(Uma agenda mais vasta)
(...)
II. Fundações e imperialismo
Quando aqueles que têm agressivamente estabelecido e mantido
monopólios a fim de acumular vastos capitais viram-se para actividades
caritativas, não precisamos assumir que os seus motivos são
humanitários.
[21]
Na verdade, em certas ocasiões estes "filantropos" definem
seus objectivos mais directamente como fazer o mundo mais seguro para a sua
espécie. Numa carta publicada no sítio web da sua
Fundação, Bill Gates invoca "o auto-interesse esclarecido
dos ricos do mundo" e adverte que "se as sociedades não
puderem proporcionar saúde básica para as pessoas, se não
puderem alimentá-las e educá-las, então suas
populações e problemas crescerão e o mundo será um
lugar menos estável".
[22]
O padrão de tais actividades "filantrópicas" foi
estabelecido nos EUA cerca de um século atrás, quando
barões industriais tais como Rockefeller e Carnegie estabeleceram as
fundações que portam os seus nomes, seguidas em 1936 pela Ford.
Como argumentou Joan Roelofs,
[23]
durante o século passado a filantropia privada em grande escala
desempenhou um papel crítico a níivel mundial a fim de assegurar a
hegemonia das instituições neoliberais enquanto reforçava a
ideologia da classe dominante ocidental. Redes entrelaçadas de
fundações, ONG patrocinadas por fundações e
instituições do governo dos EUA como a National Endowment for
Democracy (NED) notória como um "passador" para fundos
da CIA trabalham de mãos dadas com o imperialismo, subvertendo
estados e movimentos sociais populares através da
cooptação de instituições consideradas úteis
à estratégia global dos EUA. Em casos extremos mas não
pouco frequentes, fundações colaboraram activamente em
operações de mudança de regime administradas pela
inteligência dos EUA.
[24]
O papel da Grande Filantropia, entretanto, é mais vasto. Mesmo
esforços aparentemente benignos de fundações, tais como o
combate contra doenças infecciosas, podem ser melhor entendidos quando
colocados nos seus contextos históricos e sociais específicos.
Recordar que escolas de medicina tropical foram estabelecidas nos EUA no fim do
século XIX com o objectivo explícito de aumentar a produtividade
de trabalhadores colonizados e ao mesmo tempo garantir a segurança dos
seus supervisores brancos. Como escreveu um jornalista em 1907:
A doença ainda dizima populações nativas e remete para
casa homens dos trópicos prematuramente velhos e desgastados. Até
que o homem branco tenha a chave para o problema, esta mancha deve permanecer.
Colocar grandes porções do globo debaixo do domínio do
homem
branco tem um toque grandiloquente; mas a menos que tenhamos os meios de
melhorar as condições dos habitantes, isto é pouco mais do
que uma jactância vazia.
[25]
Precisamente este raciocínio fundamentou a formação da
Fundação Rockfeller, a qual foi incorporada em 1913 com o
objectivo inicial de erradicar a ténia
(hookworm),
a malária e a febre amarela.
[26]
No mundo colonizado as medidas de saúde pública encorajadas pela
Comissão Internacional de Saúde da Rockfeller proporcionavam
aumentos na extracção do lucro, pois a cada trabalhador agora
podia ser pago menos por unidade de trabalho, "mas com
força acrescida era capaz de trabalhar mais arduamente e mais tempo e
recebia mais dinheiro no seu envelope de pagamento".
[27]
Além da eficiência aumentada do trabalhador a qual
não era necessariamente um desafio crítico para o capital em
regiões onde vastas reservas de trabalhadores sub-empregados estavam
disponíveis para exploração os programas de
investigação de Rockfeller prometiam maior alcance para futuras
aventuras militares dos EUA no Sul Global, onde exércitos de
ocupação muitas vezes ficaram incapacitados devido a
doenças tropicais.
[28]
Como Rockfeller expandiu seus programas internacionais de saúde em
coordenação com agências dos EUA e outras
organizações, foram obtidas vantagens adicionais para o
núcleo imperial. A medicina moderna publicitava os benefícios do
capitalismo para povos "retrógrados", minando sua
resistência à dominação por potências
imperialistas e criando ao mesmo tempo uma classe profissional nativa cada vez
mais receptiva ao neocolonialismo e dependente da generosidade estrangeira. O
presidente da Rockfeller observou em 1916: "Para os objectivos de
apaziguar povos primitivos e suspeitosos, as medicinas têm algumas
vantagens sobre metralhadoras".
[29]
Após a II Guerra Mundial, a filantropia da saúde pública
tornou-se estreitamente alinhada à política externa dos EUA pois
o neocolonialismo abraçou a retórica, se não o
conteúdo, do "desenvolvimento". Fundações
colaboraram com a Agency for International Development (USAID) no apoio a
intervenções destinadas a aumentar a produção de
matérias-primas ao mesmo tempo que criavam novos mercados para bens
manufacturados ocidentais. Uma secção da classe dominante dos
EUA, representada mais destacadamente pelo secretário de Estado George
Marshall, argumentou que "aumentos na produtividade do trabalho tropical
exigiriam investimentos em infraestrutura social e económica incluindo
maiores investimentos em saúde pública".
[30]
Enquanto isso, o seminal Relatório Gaither, encomendado em 1949 pela
Fundação Ford, encarregou a Grande Filantropia de avançar
com o "bem estar humano" a fim de resistir à "maré
do comunismo ... na Ásia e na Europa".
[31]
Em 1956, um relatório do International Development Administration Board
para o presidente dos EUA enquadrou abertamente a assistência à
saúde pública como uma táctica de ajuda à
agressão militar ocidental na Indochina:
Áreas que à noite eram inacessíveis devido à
actividade do Viet Minh, durante o dia recebiam bem as equipes de
pulverização de DDT que combatiam a malária. ... Nas
Filipinas, programas semelhantes tornam possível a
colonização de muitas áreas anteriormente não
habitadas e contribuem grandemente para a conversão de terroristas Huk
em pacíficos proprietários de terra.
[32]
Durante algum tempo, portanto, a filantropia ocidental actuou para modelar
sistemas de saúde pública em países pobres, por vezes
condescendendo em ceder o controle da infraestrutura e do pessoal treinado a
ministérios da saúde nacionais.
[33]
Embora o investimento real em cuidados de saúde do Terceiro Mundo fosse
escasso em comparação com as promessas extravagantes da
retórica da Guerra Fria, alguma resposta a crises de saúde em
países pobres foi considerada necessária no contexto da luta do
pós-guerra por "corações e mentes".
A queda da União Soviética abriu a presente fase da
filantropia em saúde pública, caracterizada pela exigência
ocidental de "governação da saúde
pública" alegadamente como uma resposta à
difusão de doenças comunicáveis acelerada pela
globalização. A saúde foi redefinida como uma
preocupação de segurança; o desenvolvimento do mundo
é retratado como uma fervilhante
placa de Petri
de SARS (Síndrome
Respiratória Aguda Grave), SIDA e infecções tropicais,
alastrando "doença e morte" por todo o globo
[34]
e exigindo que potências ocidentais estabeleçam sistemas de
saúde centralizados destinados a "ultrapassar os constrangimentos
da soberania estatal".
[35]
Intervenções imperiais no campo da saúde são
justificadas nos mesmos termos das recentes intervenções
militares "humanitárias": "Interesses nacionais agora
obrigam a que países se empenhem internacionalmente na
responsabilidade de proteger
contra ameaças à saúde importadas ou de ajudar a
estabilizar conflitos externos de modo a que não possam perturbar a
segurança global ou o comércio ".
[36]
Proporcionar apoio a operações para cuidados de saúde
nacionais já não está na agenda; ao contrário
em conformidade com programas de ajustamento estrutural que exigiram
ruinosos desinvestimentos em saúde pública por todo o mundo em
desenvolvimento
[37]
ministérios da saúde são rotineiramente
ultrapassados ou comprometidos através de "parcerias
público-privadas" e esquemas semelhantes. Quando sistemas nacionais
de saúde são esvaziados, as despesas de saúdo de
países doadores e fundações privadas ascenderam
dramaticamente.
[38]
Na verdade, o Council on Foreign Relations, com sede nos EUA, prevê um
definhamento do serviços de saúde patrocinados pelo estado, a
serem substituídos por um regime supranacional de "novas estruturas
legais, parcerias público-privadas, programas nacionais, mecanismos de
financiamento inovadores e maior empenhamento por parte de
organizações não governamentais, fundações
filantrópicas e corporações multinacionais".
[39]
O caso exemplar de filantropia na era da governação global da
saúde é a Fundação Gates. Amplamente dotada,
basicamente livre de responsabilidades, não tolhida pelo respeito para
com a democracia ou a soberania nacional, a flutuar livremente entre as esferas
pública e privada, está posicionada do modo ideal para intervir
com ligeireza e decisivamente em prol dos interesses que ela representa. Como
observou Bill Gates: "Não vou ser posto fora do governo em
eleições".
[40]
Relacionamentos de trabalho estreitos com a ONU, os EUA e
instituições da UE, bem como poderosas corporações
multinacionais, dão à BMGF (Bill & Melinda Gates Foundation) uma
capacidade extraordinárias para harmonizar complexas agendas que se
sobrepõem, assegurando que as ambições de
corporações e dos EUA sejam avançadas em simultâneo.
Para melhor entendimento de como opera a BMGF e no interesse de quem, vale a
pena examinar os programas de vacinas global da Fundação, onde
até recentemente o grosso do seu dinheiro e do seu músculo foi
exercido.
Notas:
1. "The Gates Foundation: Giving Away a Fortune,"
CBS 60 Minutes
, Sept. 30, 2010,
www.cbsnews.com/news/the-gates-foundation-giving-away-a-fortune/3/
.
2. Paul Harris, "They're Called The Good Club And They Want to Save
the World,"
Guardian
, May 30, 2009,
/www.theguardian.com/world/2009/may/31/new-york-billionaire-philanthropists
.
3. Andrew Clark, "US Billionaires Club Together,"
Guardian
, Aug. 4, 2010,
www.theguardian.com/technology/2010/aug/04/us-billionaires-half-fortune-gates
.
4. Matthew Bishop and Michael Green,
Philanthrocapitalism: How Giving Can Save the World
(2008), pp. 3, 6.
5. Harris,
op cit.
21. As pretensões ocasionais a Fundação gates à
caridade desinteressada são desmentidas pelas políticas do seu
consórcio
(trust),
o qual investe fortemente em "companhias que contribuem para o sofrimento
em saúde, habitação e bem-estar social que a
fundação esta a tentar aliviar". Andy Beckett, "Inside
the Bill and Melinda Gates Foundation,"
Guardian
, July 12, 2010,
www.theguardian.com/world/2010/jul/12/bill-and-melinda-gates-foundation
.
22. Bill Gates, Annual Letter 2011,
www.gatesfoundation.org/...
.
23.
Foundations and Public Policy: The Mask of Pluralism
(SUNY Series in Radical Social and Political Theory 2003); ver
também "New Study on the Role of US Foundations,"
Aspects of India's Economy
No. 38, Dec., 2004,
rupe-india.org/38/foundations.html
.
24. Ex.: "Na Indonésia as redes de conhecimento patrocinadas pela
Fundação Ford trabalharam para minar o governo neutralista de
Sukarno que desafiou a hegemonia dos EUA. Ao mesmo tempo, a Ford treinava
economistas (tanto na Universidade da Indonésia como em universidades
estado-unidenses) para um futuro regime apoiante do imperialismo
capitalista". Roelofs, "Foundations and American Power
," Counterpunch
, April 20-22, 2012,
www.counterpunch.org/2012/04/20/foundations-and-american-power/
.
25. Citado em E. Richard Brown, "Public Health in Imperialism: Early
Rockefeller Programs at Home and Abroad",
Am J Public Health
, 1976 September; 66(9): 897903, 897.
26. Desde os seus dias mais primitivos a filantropia de Rockfeller ocultava
também uma agenda interna. A Fundação foi forçada a
retratar-se do patrocínio de investigação no campo das
relações trabalhistas depois de o Relatório da Walsh
Commission de 1916 descobriu que estava "a corromer fontes de
informação pública" num esforço para encobrir
práticas de negócios predatórias e violência
industrial. Jeffrey Brison,
Rockefeller, Carnegie, and Canada
, Montreal: McGill-Queen's University Press, 2005, p. 35.
27. E. Richard Brown,
op. cit.
, p. 900.
28. David Killingray, "Colonial Warfare in West Africa 1870-1914,"
reprinted in J. A. de Moor & H.L. Wesseling, eds.,
Imperialism and War
, Leiden : E.J. Brill : Universitaire pers Leiden, 1989, pp. 150-151.
29. E. Richard Brown,
op. cit.
, p. 900.
30. Randall Packard, "Visions of Postwar Health and Development and Their
Impact on Public Health Interventions in the Developing World,"
reprinted in
Frederick Cooper & Randall Packard,
International Development and the Social Sciences
, Berkeley: Univ. of California Press, 1997, p. 97. Num discurso em 1948 ao
Quarto Congresso Internacional de Doenças Tropicais e Malária,
Marshal, um dos principais arquitectos da política dos EUA durante os
primeiros anos da Guerra Fria, esboçou uma visão grandiosa de
cuidados de saúde sob o capitalismo "esclarecido":
"É preciso pouca imaginação para visualizar o grande
aumento na produção de alimentos e matérias-primas, o
estímulo ao comércio mundial e, acima de tudo, a melhoria nas
condições de vida, com as consequente vantagens culturais e
sociais, que resultaria da conquista das doenças tropicais".
Ibid
., p. 97.
31.
Report of the Study for the Ford Foundation on Policy and Program
, Detroit: Ford Foundation, November, 1949, p. 26,
www.fordfoundation.org/pdfs/about/Gaither-Report.pdf
.
32.
Citado em
Packard,
op. cit
., p. 99.
33. Wilbur G. Downs, M.D., "The Rockefeller Foundation Virus Program
1951-1971 with Update to 1981",
Ann. Rev. Med.
1982 33:1-29, 8.
34. Andrew F. Cooper and John J. Kirton, eds.,
Innovation in Global Health Governance: Critical Cases
, Aldershot: Ashgate Publishing, 2009, ch. 1.
35. Michael A. Stevenson & Andrew F. Cooper, "Overcoming Constraints of
State Sovereignty: Global Health Governance in Asia",
Third World Quarterly
, vol. 30, no. 7, 3009, pp. 1379-1394.
36. Thomas E Novotny et al., "Global health diplomacy a bridge to
innovative collaborative action,"
Global Forum Update on Research for Health,
vol. 5, 2008, p. 41. (Emphasis added.)
37. Ver Ann-Louise Colgan,
Hazardous to Health: The World Bank and IMF in Africa
, Africa Action position paper, April 18, 2002, h
www.africafocus.org/docs02/sap0204b.php
.
38. Global Health Watch, pp. 210-11.
39. David P. Fidler,
The Challenges of Global Health Governance
, CFR Working Paper, May, 2010,
http://www.cfr.org/global-governance/challenges-global-health-governance/p22202
.
40. Entrevista com Bill Gates,
NOW with Bill Moyers
, May 9, 2003, transcript of television interview,
http://www.pbs.org/now/transcript/transcript_gates.html
.
Ver também:
Ebola, Cuba and capitalism
U.S. is Responsible for the Ebola Outbreak in West Africa
[*]
O autor vive em Nova York e tem escrito sobre a
estratégia militar imperialista
,
jlevich@earthlink.net
O original encontra-se em
http://www.rupe-india.org/57/gates.html
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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