Os super-ricos riem ao dizer "Que comam bolos"
Os EUA como Estado fracassado
por Paul Craig Roberts
[*]
Os EUA têm todas as características de um Estado fracassado.
O presente orçamento operativo do governo dos EUA está dependente
de financiamento estrangeiro e de criação monetária.
Como país demasiado fraco politicamente para defender os seus interesses
através da diplomacia, os EUA têm de confiar no terrorismo e na
agressão militar.
Os custos estão fora de controle e as prioridades são distorcidas
no interesse de ricos grupos de interesse organizados a expensas da vasta
maioria dos cidadãos. Por exemplo, a guerra a todo custo, que enriquece
a indústria de armamento, os corpos de oficiais e as firmas financeiras
que manuseiam o financiamento da guerra, ganha precedência sobre as
necessidades dos cidadãos americanos. Não há dinheiro para
fornecer cuidados de saúde aos não segurados, mas oficiais do
Pentágono disseram no Defense Appropriations Subcommittee na
Câmara dos Deputados que todo galão [3,785 litros] de gasolina
entregue às tropas dos EUA no Afeganistão custa aos contribuintes
americanos US$400.
"É um número de que não estávamos
conscientes e que é preocupante", disse o republicano John Murtha,
presidente do subcomité.
Segundo relatórios, os US Marines no Afeganistão gastam 800 mil
galões de gasolina por dia. A US$400 por galão, isso dá
uma conta de combustível diária de US$320 milhões
só para os Fuzileiros Navais. Só um país totalmente
descontrolado dissiparia recursos deste modo.
Enquanto o governo dos EUA desperdiça US$400 por galão de
gasolina a fim de matar mulheres e crianças no Afeganistão,
muitos milhões de americanos perderam os seus empregos e as suas casas e
estão a experimentar a espécie de miséria que é a
vida diária dos povos pobres do terceiro mundo. Americanos estão
a viver nos seus carros e em parques públicos. As cidades e estados da
América estão a sofrer os custos das deslocações
económicas e da redução de rendimentos fiscais devidos ao
declínio da economia. Contudo, Obama enviou mais tropas para o
Afeganistão, um país do outro lado do mundo que não
é uma ameaça para a América.
Custa US$750 mil por ano cada soldado que temos no Afeganistão. Aos
soldados, que estão em risco de vida e de pernas, é pago uma
ninharia. Mas os serviços privatizados para os militares estão a
nadar em lucros. Uma das maiores fraudes perpetradas contra o povo americano
foi a privatização de serviços que os militares americanos
tradicionalmente efectuavam por si próprios. Os "nossos"
líderes eleitos não podiam resistir a qualquer oportunidade para
criar riqueza privada a expensas dos contribuintes, riqueza que podia ser
reciclada para políticos em contribuições de campanhas
eleitorais.
Republicanos e democratas a receberem de companhias de seguro privadas
sustentam que os EUA não podem permitir-se proporcionar aos americanos
cuidados de saúde e que devem ser feitos cortes mesmo na
Segurança Social e no Medicare. Assim, como podem os EUA permitir-se
guerras ruinosas, e muito menos guerra totalmente inúteis que não
servem qualquer interesse americano?
A enorme escala de empréstimos estrangeiros e de criação
de moeda necessários para financiar as guerras de Washington
estão a remeter o dólar para baixas históricas. O
dólar experimentou grandes declínios mesmo em
relação a divisas de países do terceiro mundo tais como o
Botswana e o Brasil. O declínio do valor do dólar reduz o poder
de compra dos americanos, já com rendimentos em declínio.
Apesar do mais baixo nível de construções de casas em 64
anos, o mercado habitacional dos EUA está inundados com casas não
vendidas e as instituições financeiras têm um enorme e
crescente stock de casas arrestadas que ainda não estão no
mercado.
A produção industrial entrou num colapso que a levou ao
nível de 1999, liquidando uma década de crescimento da
produção industrial.
As enormes reservas dos bancos criadas pelo Federal Reserve não
descobriram o seu caminho para dentro da economia. Ao invés disso, os
bancos estão a entesourar as reservas como seguro contra os derivativos
fraudulentos que eles compraram dos gangsters dos bancos de investimento da
Wall Street.
As agências regulatórias foram corrompidas pelos interesses
privados. A
Frontline informa
que Alan Greenspan, Robert Rubin e Larry Summers obstruíram
Brooksley Born, o responsável da Commodity Futures Trading Commission de
regulamentar derivativos. O presidente Obama premiou Larry Summers por sua
idiotice nomeando-o director do National Economic Council. O que isto significa
é que lucros para a Wall Street continuarão a ser transferidos do
decrescente abastecimento de sangue da economia americana.
Um inequívoco sinal de despotismo terceiro-mundista é uma
força policial que encara o público como o inimigo. Graças
ao governo federal, nossas forças policiais locais agora estão
militarizadas e imbuídas de atitudes hostis para com o publico. Equipes
de choque
(SWAT teams)
proliferaram e mesmo pequenas cidades têm agora forças policiais
com o poder de fogo das US Special Forces. Intimações são
cada vez mais entregues por equipes de choque que tiranizam cidadãos
arrebentando portas, uma reparação de US$400 ou 500 para o
tiranizado morador. Recentemente um presidente de municipalidade e a sua
família foram as vítimas da incompetência da equipe de
choque da cidade, a qual por erro devastou a casa do presidente, aterrorizou a
sua família e matou os dois amistosos cães Labrador da
família.
Se um presidente de municipalidade pode ser tratado deste modo, como
será o destino dos pobres, brancos ou negros? Ou do estudante idealista
que protesta contra a desumanidade do seu governo?
Em qualquer Estado fracassado, a maior ameaça à
população vem do governo e da polícia. Esta é
certamente a situação hoje nos EUA. Os americanos não
têm maior inimigo do que o seu próprio governo. Washington
é controlado por grupos de interesses que se enriquecem a expensas do
povo americano.
Os um por cento que incluem os super-ricos estão a rir quando dizem:
"que comam bolos".
[*]
Ex-secretário assistente do Tesouro na administração
Reagan, co-autor de
The Tyranny of Good Intentions
. Email:
PaulCraigRoberts@yahoo.com
O original encontra-se em
http://www.counterpunch.org/roberts10222009.html
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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