Após a vitória de alto risco de Sarkozy de Nagy-Bosca
Resistência e reconquista republicana
por PRCF
[*]
"Jamais um povo grande como o nosso será um povo de
escravos..."
(Apelo de 10 de Julho de 1940, Maurice Thorez e Jacques Duclos)
Cabeça de fila de todos os que sonham com a desforra sobre o Maio de 68,
o 29 de Maio de 2005, sobre 1945 e 1936, e mesmo em certos aspectos sobre 1789,
Sarkozy sobe ao Eliseu.
Tudo se torna possível em matéria de reacção e de
repressão.
O PRCF honra-se de ter chamado ao bloqueio contra esse rival de Le Pen e de
Bush, que prepara com o MEDEF a
ruptura
fascizante com tudo o que o nosso país tem de melhor.
Anunciam-se tempos difíceis;
será necessário mostrar sangue-frio e abnegação,
à semelhança dos Jacobinos durante a Restauração,
dos amigos dos partidários da Comuna sob Versalhes e... dos Resistentes
sob Vichy (Vichy, cuja bagagem ideológica é partilhada por
Sarkozy!).
Este "triunfo da democracia" celebrado pelos media é,
de facto, o resultado duma
armadilha política sabiamente preparada
que o PRCF analisou nas suas declarações anteriores. Como
explicar que um povo que vem de rejeitar a euro-constituição e
cuja juventude insurgiu-se contra o CPE
[1]
, se dê a um indivíduo que
deseja generalizar a precariedade, "liquidar a herança do Maio de
68" e impor a euro-constituição supranacional sem novo
referendo? É verdade que muitos trabalhadores que votaram em Sarkozy
estão longe de partilharem a maioria da sua ideologia fascizante; mas
parece também que uma parte do povo francês, que globalmente
resiste desde há vinte anos contra a
"contra-revolução conservadora" de Thatcher-Reagan, e a
quem a falsa esquerda recusou qualquer
ruptura progressista
com a Europa do capital, dá-se com a perigosa ideia que
"uma vez que não há alternativa ao liberalismo, mais vale
andar francamente com Sarko..."
Assim, não guardemos rancor aos trabalhadores que, enganados pelo
populismo do Berlusconi francês,
votaram no seu pior inimigo, num homem perigoso para a França e para os
outros países.
Sendo, desde há 30 anos, massivamente administrados o racismo e o
anticomunismo, acaba por levar à "direitização"
da sociedade, o que se traduz pelo insonso reformismo da "esquerda
anti-liberal", pela camaradagem do PS com a direita "centrista"
e pela fascização galopante da UMP. Como combater eficazmente
Sarkozy, quando, como Royal, se sacraliza a "empresa", a Europa, a
"ordem justa" e os temas securitários? Aflitiva é
também a responsabilidade dos dirigentes do PCF que, de há
décadas para cá, consideram palavrão a bela
expressão
classe operária,
que divertem a plateia com a "Europa social" e que abandonaram a
ideia de
independência nacional
face à reacção. Quantas traições da
esquerda foram necessárias para que milhões de eleitores votassem
pelo favorito de Bush e do MEDEF?
Para resistir e preparar o contra-ataque, os trabalhadores têm que
não reconhecer os sindicatos "euro-construtivos": é na
base, opondo uma frente unida contra as repressões, que devemos iniciar
a reconstrução. Porque é evidente que a Frente
heteróclita dos Richards de Neuilly e de certos
Smigards
[2]
abusadores de "Sarkopen" abrirá brechas muito em breve. Se
uma vanguarda esclarecida os combater, os trabalhadores verão que o
"pleno emprego" sarkozysta significa
trabalho forçado e desqualificado para os desempregados, HS impostos,
salários baixos à inglesa, ditadura patronal, queda do poder de
compra real
(se as "cargas fiscais" não voltarem, cada um terá que
pagar do seu próprio bolso a sua reforma e os seus medicamentos... e que
viva na rua se ficar desempregado!)
em relação ao índice dos trabalhadores do sector
público.
O esquartejamento da Educação e da Saúde, as
deslocalizações que Sarkozy não pode impedir sem rasgar os
tratado de Maastricht
("A UE é uma economia de mercado aberta a todo o mundo"),
os presentes fiscais aos mais ricos, tudo isto agravará as
condições de vida da maioria. Evitando as
provocações do interesse da UMP para ganhar as legislativas,
não deixemos passar nada sem denúncia pública: um por
todos, todos por um,
defendamos qualquer sindicalista reprimido, mostremos que
o anticomunismo visa toda a classe trabalhadora...,
e que o choque de classes procurado por Sarkozy acabará por certo por
se voltar contra ele próprio!
Mas a resistência social não chega:
os verdadeiros progressistas estão
politicamente
encostados à parede após a derrota da "esquerda
anti-liberal",
a qual, pelas suas divisões e pela sua recusa em assumir o
conteúdo social do
e patriótico
de 29 de Maio de 2005 (autêntico presente para "Sarkopen" que
Arlette e Olivir clamam com a bandeira tricolor em fundo!), preparou o
"voto útil" a favor de Royal e contribui para o deslize
direitista de todo o leque político francês!
Em tal estado de ruína em que se encontram a esquerda e a extrema
esquerda oficiais, a questão já não é a de saber se
haverá "recomposição" política, mas sim
qual será o
conteúdo de classe.
No PS, a aproximação a Bayrou está em curso, enquanto que
Emmanuelli quer recuperar a ala esquerda do PS, alguns alter-mundialistas e os
refundadores do PC para criar um
Partido Progressista...
favorável a uma Europa federal. Do lado sindical, Thibault e Aschieri
(FSU) gostariam de acompanhar a "ruptura" mas sem perder a face; para
o que desejam aproximar o sindicalismo francês à CSI e à
CES, duas confederações
amarelas
cujo VRP local se chama... Chérèque!
Por fim, da parte do PC mutante, é a "luta final" entre
"buffistas", "huistas" e refundadores, enquanto que a ala
do partido dita "ortodoxa" rabuja em seguimento do seu chefe, A.
Gerin, homem que tuteia "Nicolas" e que faz prefaciar o seu livro
pelo sarkozysta E. Raoult!
Nestas condições o PRCF reconhece as suas responsabilidades,
apesar do seu tamanho ainda modesto:
no âmbito sindical,
participamos em número no
Fórum sindicalista de 26 de Maio em Paris.
Se os sindicalistas deixarem-se ficar sem enfrentarem
juntos
os "acompanhantes" sindicais, bons dias virão para Sarko! Os
militantes têm que se juntar à escada nacional para resistir
às derivas dos seus estados-maiores respectivos, para defender desde
este Verão o
direito à greve
e para construir o
todos juntos
enquanto sobe por todo o lado a aspiração a melhores
salários!
No terreno político é urgente lançar as bases duma
Frente republicana antifascista, patriótica e popular pelo progresso
(FRAPP)
para combater a sarko-fascização e romper com a UE do capital.
Comunistas, socialistas fiéis a Jaurès, gaullistas de esquerda em
ruptura com a UMP, eleitores de Schivardi em luta contra a UE,
denunciámos juntos o Tratado de Roma em Março passado: porque
não construir juntos um
Apelo de 29 de Maio de 2007,
com a formação de comissões unitárias de base?
Tudo isso necessita de
estugar o passo
na reconstrução, não de um "partido
operário" de contornos vaporosos, mas de uma
vanguarda comunista
juntando a bandeira vermelha com a tricolor para prolongar no presente a
herança de 36 e da Resistência. É por isso que
o PRCF relança o magnífico apelo pela unidade de
acção comunista lançado por Geo Hage; "Agrupemo-nos
já desde amanhã" numa Confederação de
Acção Comunista!
Ajudemos os membros comunistas do PCF que intervenham no próximo (e
último?) congresso do partido a emanciparem-se da tutela do aparelho e a
agirem em unidade com os comunistas organizados fora do PCF; porque
é a partir da acção comum antifascista e anti-Maastricht
que renascerá um Partido livre de todos os reformistas.
O nosso apelo dirige-se também ao Movimento comunista internacional:
numa altura de euro-maccarthismo e de fascização, a
dispersão internacional é suicida.
É necessário agrupar as organizações
verdadeiramente comunistas antes que os liquidadores tenham destruído
TUDO!
No momento em que Cuba, a Venezuela e a Bolívia, juntamente com o
Equador exploram as vias do socialismo futuro, os comunistas franceses apelam
aos seus camaradas estrangeiros fiéis ao marxismo-leninismo a renascer
sem demora.
Neste contexto difícil,
faz falta um PRCF melhor organizado e mais disciplinado;
apoiemos o dinâmico movimento dos
Jovens pelo Renascimento Comunista
(JRCF); difundamos a
IC,
o único mensal verdadeiramente comunista do país.
O trabalho de organização torna-se vital.
Enfim,
é preciso que todos se dediquem ao apoio político e financeiro
aos candidatos do PRCF
que irão às legislativas em condições
difíceis, na região de Paris, em Corrèze e no norte do
Pas-de-Calais.
Sarkozy insulta o Maio de 68: mas os herdeiros da maior greve operária
da história reanimar-se-ão, cedo ou tarde: um Maio de 68
que vá até ao fim
poderá, mais cedo que o previsto, varrer os Fillion, Devedjian,
"de" Robien, "de" Villepin, "de" Villiers,
"de" Nagy e outros "herdeiros" de Versalhes, Neuilly e
Vichy!
Em 8 de Maio, aniversário da vitória dos povos sobre a primeira
Europa fascista, vamos contactar com os eleitores franceses para apelar
à resistência e à reconquista republicana.
[1]
CPE: Contrato de primeiro emprego
(Contrat première embauche)
[2] Smigard: Trabalhadores que recebem o salário mínimo interprofissional
garantido
(salaire minimum interprofessionnel garanti)
[*]
Pôle de Renaissance Communiste en France
. Tradução de DF.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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