A negação do
1984
de Orwell
Um antídoto para o vocabulário de duplo sentido em teoria
económica
Michael Hudson é professor de Teoria Económica na Universidade do
Missouri, Kansas City, e do Levy Institute. Talvez seja mais conhecido pelo seu
livro recente
Matando o hospedeiro
(2015) e pelo seus artigos na [revista]
Harper
(2005, 2006) em que identificou aspectos chave da crise financeira que se iria
manifestar em 2007-8.
J for Junk Economics (Teoria económica lixo)
é ostensivamente um dicionário, mas de um tipo muito inabitual.
Os verbetes típicos não tratam de termos comummente usados na
teoria económica
mainstream
como é costume, mas procuram clarificá-los quanto às
falácias e maus entendimentos que contêm e apresenta também
verbetes que mostram os fundamentos dos quais decorrem as
clarificações. Ou seja, a economia clássica, o pos
keynesianismo, a moderna teoria monetária (MMT) e elementos de novas
teorias da criação de dinheiro e da actividade do sistema
financeiro, assim como certas ideias de Marx. O âmbito da obra é
eclético e pessoal e ainda assim sistemático, em certa medida
coerentemente temática em relação à dinâmica
estrutural e à lógica das economias contemporâneas actuais.
O "dicionário" é de muitas maneiras um trabalho
excelente. Contem muitas afirmações vigorosas que exprimem
visões importantes de modo conciso. Faz isso de acordo com temas que
acompanham directamente as preocupações mais gerais de Hudson e
que são estabelecidas na introdução (ver
parte 1
e
parte 2)
e desenvolvidas através dos verbetes (e também em cinco ensaios
anexos publicados anteriormente). O prefácio apresenta um resumo do
livro e de como foi preparado.
"Organizei o dicionário e os ensaios que o acompanham há
mais de uma década, para um livro que seria chamado
The Fictitious Economia (A economia fictícia).
Não consegui editor. Minhas advertências sobre como a
alavancagem da divida levaria a uma crise não o qualificavam como
adequado numa altura em que proliferavam manuais de como-ficar-rico da
espécie que os editores consideram ser "livros de economia". A
maior parte dos leitores estava a ganhar dinheiro fácil no mercado de
acções e imobiliário
Ninguém queria ouvir
dizer que os ganhos não podiam ser permanentes" (2017: p. 7)
Claro que é tanto trágico como irónico que o trabalho
tivesse realmente sido oportuno se tivesse sido publicado há mais de uma
década e ter sido adiado precisamente pela sua relevância e
pertinência. Isso, como observa Hudson, estendia-se à
incompreensão manifestada por um revisor anónimo que leu o
original como símbolos da incompreensão e distorção
da teria económica clássica que ajudou a moldar a moderna teoria
económica
mainstream.
Para Hudson, a intenção que conduzia a economia politica
clássica era
libertar
mercados da extracção exploradora de rendas, ao passo que a
ideologia, teoria e consequências políticas do mercado livre de
hoje tornaram-se maneiras de facilitar essa extracção de rendas.
Hudson em geral justifica e contextualiza
J is for Junk
como sociologia do conhecimento aplicada, e faz isso com uma referencia inicial
ao
1984
de Orwell. A Teoria Económica agora parece ter-se tornado um
Ministério da Verdade produzindo um discurso duplo e uma linguagem
(newspeak)
que reverte, oculta ou ofusca o estado real das coisas. De acordo com Hudson
isto tem um sentido, serve os interesses de uma minoria e permite a
perpetuação da desigualdade
provocada.
Há um problema real e permanente que mantém a relevância
de
L para Lixo
ainda que o projecto tenha sido moldado inicialmente há mais de dez
anos. Isso demonstra-se facilmente (ver também 2017: p. 179). Exemplo:
podemos ver o declínio da participação do trabalho ao
longo do período neoliberal.
Teoria económica que diz falsidades
para
servir o poder ao invés de verdades
ao
poder
Para Hudson, as causas da desigualdade incluem uma estrutura de ideias que
envolve "uma ignorância aprendida" (ver 2017; pag. 141) ou
"incapacidade treinada" articulada pela teoria económica
mainstream.
Esta captura cria uma passividade generalizada, confusão e um sentido
de impotência (no estado em que as coisas estão, tornou-se natural
e finalmente acaba por ser tanto uma afirmação de que é
para o benefício de todos ou de que não há qualquer
alternativa razoável, suprimindo assim as alternativas). A captura tem a
sua própria linguagem:
"O curriculum académico foi sequestrado para substituir a economia
politica clássica por uma ideologia aparentemente despolitizada mas na
realidade
pro-rentista (pro-rentier).
Ao simbolismo matemático é dado o papel santificador outrora
reservado ao latim. A macaquear as ciências naturais, economistas
refugiam-se em modos de expressão abstrusos. Quanto mais complexa a
matemática, mas simplista e banal tendem a ser as relações
postuladas e as conclusões. A maior parte da matemática refere-se
a escolhas entre os diversos "menus" de produtos e serviços,
sem grande análise de como estes chegam a ser produzidos, ou das
consequências para a economia a longo prazo de comprar a crédito
ao invés de cash. As teorias económicas que focam o
intercâmbio de bens e serviços sem discutir os meios de adquirir
controle sobre a riqueza desviam a atenção do exame daquilo que
é mais importante na modelação da economia" (2017, p.
18).
E assim a parte do ponto
"J is for Junk" (lixo)
é para clarificar o que foi confundido e isso em particular anda em
torno de:
-
A distinção entre investimento produtivo e a
expansão/inflação do preço dos activos (em que a
criação de moeda pode ocorrer em qualquer destes extremos).
-
O papel importante, positivo e construtivo, do estado no apoio ao
investimento produtivo (especialmente em infrastruturas) onde o estado pode
também prover uma inspecção institucional eficaz e
equilíbrio sobre elites e corporações, ao invés de
simplesmente delegar-lhes poderes através da
desregulamentação (criando uma concentração
não eleita de poder e decisão que apesar de oligárquica e
oligopolística é articulada com o individualismo do mercado
livre).
-
A distinção chave entre rendimento merecido e não
merecido
(earned and unearned income).
Sem esta distinção final a extracção de renda
funde-se com o crescimento económico e a criação de
riqueza. Este é um ponto que Hudson persegue claramente tendo em vista o
profundamente influenciado por uma linguagem mais familiar aos
americanos do que a outros povos sector das finanças, seguros e
imobiliário, FIRE na sigla em inglês 2017, p. 103). O sector FIRE
recebe transferências de pagamentos mas torna-se um aspecto central das
economias modernas cujo verdadeiro papel e consequências (ver abaixo)
não são plenamente entendidos, como Hudson afirma na sua
introdução:
"O guia de A a Z procura providenciar o vocabulário e os conceitos
para um diagnóstico mais eficaz da depressão económica de
hoje (e por extensão também da depressão
psicológica), ao pensar em termos de juros compostos, servidão da
divida, economias rentistas, rendimento não merecido, actividades de
soma zero e parasitismo económico. Sem ter tais conceitos em mente e no
primeiro plano, as economias neoliberalizadas de hoje estão destinadas a
sucumbir ao vírus do Duplo Sentido Orweliano. A teoria económica
lixo e o seu vocabulário eufemístico procuram limitar as
ferramentas do pensamento desviando a atenção das causas
e, portanto, dos remédios necessários pela teoria
económica do gotejamento
(trickle-down)
tecendo um véu de invisibilidade semântica em torno do
fenómeno do parasitismo rentista" (p. 20).
Uma ilustração dos principais temas de
J is for Junk
J is for Junk
é um extenso "crime de pensamento" no sentido orweliano de
transgressão perigosa. A sua concisão é também
indignada e por vezes polémica mas não no sentido pejorativo do
irrazoável. Entendemos isso claramente ao encadear uma
selecção de verbetes. Por exemplo, "O argumento 'como se' e
a 'Inflação de preço de activos'".
"Um universo paralelo é-nos apresentado como um conjunto de
suposições". Tal como nos romances, a chave reside em levar
os observadores a suspenderem a descrença. A teoria económica
mainstream,
por exemplo, raciocina como se todos os indivíduos ricos ganhassem o
seu rendimento desempenhando um papel produtivo e colocassem as suas
poupanças em bancos ou mercados de títulos os quais
supõe-se que aumentem a prosperidade ao emprestar essas poupanças
a empresários que constroem fábricas e empregam trabalho. O
rendimento rentista, empréstimos com hipotecas lixo e
takeovers
corporativos não desempenham qualquer papel neste quadro "como
se". A realidade é que os bancos não emprestam para novos
investimentos directos de capital e só uma pequena
proporção é emprestada para bens de consumo. Os bancos
emprestam principalmente contra activos já existentes
Este
crédito para compradores de imobiliário, acções e
títulos inflaciona os ganhos inesperados
(windfall)
provocados pela divida alavancada. (2017, p. 33).
Para Hudson um foco sobre o FIRE cria ênfase sobre os ganhos de capital
(2017: p. 50), os quais por sua vez criam razões para minimizar a
tributação sobre esses ganhos e para criar uma
regulação tributária preferencial (note-se que a divida
dispõe de vários benefícios fiscais que vão desde o
imobiliário até a depreciação fictícia).
Isso, como muitos reconheceram (Pikety, Keen, Palley, Galbraith, Kelton,
Tcherneva, etc) beneficia aqueles que possuem a vasta maioria de activos
financeiros e portanto cria um
loop
de retro-alimentação a favor da desigualdade. A desigualdade,
enquanto isso, é exacerbada pela alavancagem da divida, criando um
processo Minsky de expansão financeira instável (2017: p. 154). A
maioria da população é cooptada dentro de um sistema de
servidão da dívida (2017: pag. 71) através de um sistema
que exige a "propriedade" da casa e em que uma
participação em pequena escala nos mercados de
acções é uma entrada para a riqueza real, ao invés
de um meio para subjugar a maioria a uma divida de longo prazo; algo que
é mais uma vez exacerbado quando o estado devolve pensões ao
investimento privado com base nos mercados de acções e ao
lobby dos ricos a fim de reduzir a tributação corporativa
enquanto favorece a transferência de tributação sobre a
terra, activos e rendimentos altos para os restantes trabalhadores e o IVA.
Verifique-se como impostos corporativos e o imposto sobre o rendimento
divergiram nos EUA ao longo do período neoliberal.
Como Hudson observa, novos obscurecimentos tornam-se então
possíveis; como as afirmações da curva de Laffer (2017, p.
138) e do gotejamento (2017, p. 231) e:
"Argumenta-se que prejudicar lucros corporativos deixaria os fundos de
pensão com ganhos mais baixos, tornando mais difícil o pagamento
das pensões de reforma. Investir fundos de pensão no mercado de
acções em títulos ao invés de financiar o
investimento directo deixa os pensionistas (juntamente com os poupadores da
classe média) reféns do sector financeiro. Seus lobbystas afirmam
que reformas para ajudar os consumidores pela regulação dos
preços dos monopólios e para a segurança do produto,
melhorando as condições de trabalho ou pagando melhor
salários, afectaria negativamente os fundos de pensões erodindo
os lucros corporativos e assim os ganhos de preço das
acções (2017, p. 177)
Quanto mais o sistema é desviado para a actividade financeira menos
investimento produtivo se verifica, e assim é menor o retorno real sobre
o investimento produtivo verdadeiro a fim de reembolsar dívidas. O
sistema torna-se mais dependente da inflação do preço dos
activos, as dividas acumulam-se e diversificam-se incluindo a divida de
estudantes como investimento "necessário" em capital humano
para poderem empregar-se, os empréstimos para carros, cartões de
credito, etc. Uma proporção crescente do rendimento actual da
maioria é dada para o serviço da divida (assim o rendimento real
não é o que parece de modo como as contas do rendimento nacional
também são enganosas, 2017, p. 165). Finalmente, chega-se a um
ponto em que a crise financeira se manifesta. Esses são processos
reais
que a teoria económica mainstream não descreve nem explica
adequadamente. Isto também se torna útil do ponto de vista
sócio-politico.
Baseado no poder da finança e dos juros que decorre precisamente da
instabilidade dos processos financeiros, os bancos e proprietários de
grandes volumes de activos financeiros têm uma posição
preferencial. São salvos e compensados e são essencialmente
tratados como vítimas ao invés de carrascos (2017, p. 37). A
maioria, enquanto isso, descobre que as suas dívidas são
transportadas de uma crise financeira para outra. Isso é
problemático tanto do ponto de vista pessoal como sistémico, pois
a dependência da divida que paira afecta o âmbito da actividade
económica no período seguinte e leva também a novas
soluções relativas à financiarização (via
facilidades quantitativas e outros meios, os quais simplesmente criam uma
renovada inflação de preços de activos.). Como Hudson
nota, no seu verbete sobre a teoria do ciclo de negócios:
"Não explica o crescimento exponencial da divida de uma
recuperação para a seguinte e portanto deixa de ver a crise
derradeira. Os neoliberais anti-trabalho e anti-governo sequestraram a teoria
do "ciclo de negócios" ao retratar os períodos de baixa
(downturns)
como sendo causados por aumentos de salários e preços de
matérias-primas quando é alcançado o pleno emprego e
utilização da capacidade total, cortando lucros de modo a
diminuir gradualmente o crescimento. Mas o factor chave que atravessa os ciclos
de negócio é o crescimento da divida e o aumento de encargos com
juros que restringem os lucros. O serviço de divida absorve o rendimento
até então gasto no novo investimento directo e no consumo, de
modo que o emprego e a produção declinam" (2017, p. 46).
Segue-se, dentro do tema nuclear que permeia os verbetes, que uma crise
financeira pode ser apenas de uma sequência delas e também que
é indicativa ou constituída no interior de um problema estrutural
mais básico com as economias financiarizadas contemporâneas como
economias
politicas
. No seu verbete as Duas Economias, Hudson afirma:
"Os sectores privados internos são compostos por dois sistemas
distintos. Esses fundem-se para representar "A economia", mas as suas
dinâmicas são muito diferentes. 1) A "economia
real" da produção e consumo actual, dos salários e
lucros industriais
2) O sector FIRE consistente de terra, direitos
monopolistas e direitos financeiros que proporcionam retornos rentistas na
forma de juros, comissões financeiras, renda económica
(rendimento não merecido) e ganhos de monopólio, mais ganhos em
preços de activos ("ganhos de capital")
A maior parte da
riqueza financiarizada do sector FIRE o lado do activo no balanço
é possuída pela classe rentista
A contraparte da sua
divida no lado do passivo no balanço consiste principalmente de divida
hipotecária... Desde a II Guerra Mundial, a "economia real"
gastou cada vez mais rendimento em imobiliário, seguros e pagamentos a
bancos, fundos de pensões e outras transacções financeiras
(2017, p. 232).
Poderíamos continuar mas deveria ficar claro que grande parte do livro
J is for Junk
apresenta um tema coerente. Assim, talvez o ponto importante a sublinhar seja
o objectivo que Hudson pretende com o seu dicionário. Assim como os
endividados são as verdadeiras vitimas das crises financeiras e
do mesmo modo como a divida que paira de uma crise para outra é um
problema cumulativo então em conjunto com um papel mais
construtivo por parte do estado, Hudson argumenta a favor do perdão da
divida como o elemento chave na transformação dos problemas
actuais das economias financiarizadas (2017, p. 68, 72 3 131). Isto, claro,
contesta o posicionamento habitual dos carrascos como vítimas.
Alguns comentários finais
Se bem que
J is for Junk
seja um trabalho excelente de leitura fácil, destacando numas
poucas frases algumas importantes visões gerais que muitos já
pensaram mas poucos articularam tão bem há também
algo de estranho como um dicionário. Não pretendo desencorajar
quaisquer leitores potenciais. Sentei-me e li toda a obra em duas ou três
sessões e não apenas para fazer a revisão. Até
pensei em lê-lo de modo diferente, ou seja se deveria consultá-lo
como um dicionário
normal,
ou lê-lo como um trabalho extenso? Dado que um dicionário
destina-se tipicamente a apresentar uma declaração clara da
utilização comum
de expressões e muitas vezes, se utilizado num contexto
académico, para dar uma fonte de autoridade (na escrita de um ensaio
etc), um dicionário cuja cerne real é o
mau
uso comum
da linguagem apresenta algo de estranho, pelo menos como ponto de referencia no
sentido instrumental.
Concomitantemente, se desejasse um registo técnico dos conceitos e
termos que Hudson critica, a informação contida em
J is for Junk
seria insuficiente. Se pedisse uma critica substantiva significativa desses
conceitos e termos então os verbetes seriam insuficientes. O verbete das
Hipóteses Eficientes de Mercado ilustra os dois pontos (2017, p. 87).
Isso soa mais crítico do que se pretende e deve ser tomado como um
lembrete do que
J is for Junk
pretende ser. Se procura uma ideia geral da lógica subjacente, do
absurdo, da irrelevância ou do dano criados por alguns termos e conceitos
importantes em relação a outros, então ler
J is for Junk
é bom. Dito isto,
J is for Junk
é entretanto por vezes repetitivo em certos trechos, por vezes mal
desenvolvido em alguns do seus pontos históricos (porque a
política apoiada por Margaret Thatcher favorecia a
financiarização a longo prazo é sociologicamente complexo
de modo que um verbete num dicionário breve não pode capturar o
assunto, caso alguém esteja interessado nos antecedentes do "Big
Bang" do Reino Unido nos meados da década de 1980, 2017, p. 223), e
suscita a questão estranha de quem e o que foi omitido, dada a
selecção do que está incluído (por exemplo,
porquê Larry Summers, e por que não Frederic Mishkin?)
Porém, no contexto apropriado, pouco disto importa. Se quisermos ler
algo genuinamente vulgarizador em vez de simplisticamente fácil
então recomendo
J is for Junk.
Não pretendo ser pejorativo ao declarar que este livro é uma
leitura de wc ideal. Grande parte da teoria económica pode ser fecal,
mas este não é. É um recordatório do que realmente
importa para a grande maioria.
Referencias
Haldane, A (2015) "Labour's share", transcrito do discurso no
Congresso dos Sindicatos, Londres, Novembro 12, Banco de Inglaterra.
Hudson, M (2005) "The $4,7 trillion Pyramid: Why Social Security Won't Be
Enough to Save Wall Street", Harpers's Abril pp. 35-40.
Hudson, M. (2006) "The New Road to Serfom: An illustrated guide to the
coming real estate collapse", Harpers, Maio, pp. 39-46.
Hudson, M. (2015) "Killing the Host", Dresden, ISLET-Verleg.
Wade, R. (2017) "Is Trump wrong on trade? A partial defence on profuction
and employment", in E, Fullbrook e J. Morgan, editores.
Trumponomics: Causes and Consequences
Londres: WEA/College Books
26/Junho/2017
[*]
jamiea.morgan@hotmail.co.uk
O original encontra-se em
www.paecon.net/paereview//issue80/Morgan80pdf
. Tradução de MA, revisão de JF.
Esta resenha encontra-se em
http://resistir.info/
.
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