Denunciar o desastre social e o vocabulário do engano (1)
por Michael Hudson
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... o declínio de uma linguagem deve em última análise ter
causas políticas e económicas... Ela torna-se disforme
e imprecisa porque nossos pensamentos são tolos, mas o desmazelo da
nossa linguagem facilita termos pensamentos tolos. Argumento que este processo
é reversível... Se alguém se livrar destes hábitos
poderá pensar mais claramente e pensar claramente é um primeiro
passo necessário rumo à regeneração política.
George Orwell, "Política e língua inglesa"
(1946)
Você pode enganar algumas pessoas o tempo todo. São aquelas
em que deveria se concentrar.
George W. Bush (2001)
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"A desordem social começa quando se deixa de chamar as coisas pelos
seus nomes correctos. O primeiro passo para reformar um mundo mal estruturado
é, portanto, a "rectificação dos nomes". Para
Confúcio, isto significava restaurar o significado original das palavras.
A terminologia económica actual tem uma óbvia necessidade de tal
renovação. Rejeitando a economia clássica de Adam Smith,
John Stuart Mill e os seus críticos contemporâneos dos
latifundiários e monopolistas, os defensores rendimento não
merecido borraram e obscureceram a terminologia económica com eufemismos
a fim de negar que há algo como almoços grátis. Os termos
rentista
(rentier)
e usura
(usury),
que em séculos passados desempenharam um papel central, soam agora como
anacrónicos e foram substituídos pelo "pensamento
duplo" orwelliano.
Como sabem os publicitários, dar nome a um produto condiciona a forma
como as pessoas o percepcionam. Uma vasta operação de
relações públicas foi engendrada para inverter o sentido
das palavras e fazer com que o preto pareça branco. Em nenhum outro lado
esta táctica é tão política quanto na
promoção da ideologia económica. O vocabulário
actual acerca da riqueza e o seu deslize para uma economia de renda e usura
é disfarçado com eufemismos como o progresso rumo a uma sociedade
de lazer não de servidão à dívida. Bolhas
financeiras que inflacionam os preços para a compra de uma casa ou
planos financeiros específicos de aposentadoria são chamadas de
"criação de riqueza", não de
"inflação dos preços dos activos alavancados por
dívida, ao passo que a contracção de empresas industriais (
downsizing),
a sua desintegração ou encerramento é chamada de
"criação de valor", não de saqueio.
O vocabulário económico é definido pelos vencedores de
hoje a classe financeira rentista
Alice no país dos espelhos (
Through the Looking-Glass
),
de Lewis Carroll, descobre que a definição das palavras depende
de quem está no controle. "Quando uso uma palavra disse
Humpty Dumpty, num tom escarninho ela significa apenas o que eu escolho
que signifique nem mais nem menos. ... A questão é, quem
comanda e isto é tudo".
Assim como a história é escrita pelos vitoriosos, do mesmo modo
os direitos adquiridos patrocinam porta-vozes académicos e jornalistas a
fim de moldar o vocabulário dos media de maneiras que descrevam a Wall
Street a desempenhar um papel produtivo. Quanto mais predatório é
o comportamento desta, mais necessário se torna moldar a opinião
pública através do abuso de linguagem, concedendo prémios
para explicar como "mercados livres" funcionam sem a
"interferência" tributária ou a
regulamentação da riqueza por parte do governo.
O actual consenso neoliberal de Washington reverte o liberalismo
clássico ao favorecer a extracção predatória de
renda, políticas fiscais regressivas e desregulamentação
económica. Assim, "reforma" agora passa a significar desfazer
aquilo que no século XX era considerado reforma. Políticas
anti-laborais destinadas reduzir o poder dos sindicatos e a
protecção no lugar de trabalho são rotuladas como
reformas, tal como são reescritas as leis da bancarrota, revertendo a
tendência para um tratamento mais humanitário dos devedores.
Em parte alguma o vocabulário do "duplo pensamento" é
mais descarado do que na conquista financeira da Grécia pela
"troika" da Eurozona: o Banco Central Europeu, a Comissão
Europeia e o FMI. James Galbraith, assessor do ex-ministro das Finanças
grego Yanis Varoufakis, foi questionado sobre se "as
instituições (FMI, CE e BCE) teriam de resgatar a Grécia
indefinidamente". Ele respondeu:
Não existe qualquer "resgate" aqui. Não há
"resgate", não há "bailout", não
há "reforma" em curso. Preciso insistir nisto, porque estas
palavras infestam nosso discurso. Elas são plantadas pelos credores a
fim de que pessoas incautas as utilizem, mas nada disso se verifica. O que
está a acontecer é uma captura dos activos possuídos pelo
Estado grego, pelas empresas e pelas famílias gregas. Não faz
sentido dizer que isto tem algo a ver com a recuperação da
economia grega ou com o bem-estar do povo grego. Ao contrário, esta
política é absolutamente indiferente a tais
considerações".
[1]
Um vocabulário que retrata a classe financeira como produtiva
Todo grupo de pressão
(special interest)
procura afirmar-se como justo e equitativo. Banqueiros e latifundiários
preferem naturalmente um vocabulário que os retratem como produtivos, ao
invés de predadores. Consequentemente, o vocabulário
anti-clássico actual redefine "mercados livres" como aqueles
que são livres
para
os extractores de rendas. A fim de impedir a regulação,
tributação ou nacionalização e até
mesmo obter subsídios públicos e garantias do governo os
lobistas dos sectores financeiro, seguros e imobiliário (FIRE) retratam
a renda e o juro como reflectindo a contribuição dos seus
receptadores
para
a riqueza comum e não os seus privilégios para
extrair
renda económica
da
economia.
Aparentemente as contas do Rendimento Nacional e do Produto Interno seguem esta
reviravolta linguística ao descreverem juros e rendas como
"ganhos", como se banqueiros e proprietários de terras ou
imóveis produzissem PIB na forma de crédito e serviços de
propriedade. Esta prática está em conflito com a
definição de John Stuart Mill de que renda da terra é
aquilo que os donos da propriedade são capazes de produzir
"enquanto dormem" pela simples cobrança de taxas de acesso a
lugares criados pela natureza e cujo valor depende da prosperidade geral da
comunidade. Apresentar tais cobranças como "ganhos" por
fornecer um "produto" económico é fingir que a
extracção de renda reflecte um produto real, como se se tratasse
de um serviço proveitoso.
O que está em causa é a definição clássica
de renda económica como rendimento não merecido o excesso
de preço sobre o valor real do custo uma
reivindicação ou um privilégio que não reflecte um
custo de produção necessário. Tais custos são em
última análise redutíveis ao pagamento pelo trabalho. Com
efeito, a Teoria do Valor Trabalho foi aperfeiçoada a fim de isolar a
renda económica. Ao rejeitar a teoria clássica do valor e do
preço, a teoria economia de hoje literalmente livre de valor está
baseada no pressuposto de que
nenhuma
actividade é improdutiva ou extractiva [de renda].
Essa inversão da linguagem deturpa o que os principais economistas
clássicos defendiam. Adam Smith e seus colegas reformadores são
aclamados por terem favorecido os "mercados livres" e se oporem
à "interferência" do governo. Mas aquilo a que eles
realmente se opuseram foi a governos controlados pela aristocracia
latifundiária, que dominava a política fiscal, por exemplo, pelo
poder que detinha na Câmara dos Lordes da Grã-Bretanha para
aplicar impostos aos trabalhadores e à indústria ao invés
da terra e da finança. Smith criticou as aventuras militares e o
colonialismo por darem origem a dívidas de guerra, emissão de
títulos do governo a serem pagos com a tributação dos bens
de consumo básicos.
No final do século XIX, movimentos reformistas foram ganhando poder. Com
a influência de Darwin, quase toda a gente via o capitalismo industrial a
evoluir para o que era generalizadamente chamado socialismo. Do socialismo
cristão ao "socialismo ricardiano" de Mill e do socialismo
utópico ao socialismo libertário de Henry George, o termo
"socialismo" tinha uma ampla variedade de acepções. O
socialismo marxista descreveu o capitalismo como sendo revolucionário ao
levar inexoravelmente a uma mais forte propriedade e direcção
pública da economia, frequentemente através de sistemas
bancários nacionalizados.
Por surpreendente que possa parecer nos dias de hoje, as ideias
clássicas de criação de um mercado livre seriam
alcançadas através de reformas "socialistas". O seu
objectivo comum era proteger as populações da
obrigação de pagar preços que incluíam uma renda
não proveniente do trabalho ou um imposto financeiro a pagar aos donos
de terras e proprietários de recursos naturais, monopolistas ou
detentores de títulos financeiros. Nesse sentido, os detentores de
direitos adquiridos protestavam contra a regulamentação
pública e a tributação. Eles opunham-se à
propriedade pública ou mesmo à tributação de
terras, monopólios naturais e bancos. Eles queriam arrecadar rendas e
juros, não fazer terras, bancos e infraestruturas monopolistas de
carácter público.
Hoje, os neoliberais e seus mascotes libertários procuram ter governos
demasiados fracos para cumprirem o programa clássico de
tributação da terra e dos recursos naturais, para regular ou
impedir os monopólios, ou para proporcionar serviços
económicos e financeiros básicos através do investimento
público em infraestrutura. Ao denegrir a regulação como
sendo "planeamento central", o efeito é abandonar o
planeamento aos centros financeiros globais da Wall Street, City de Londres,
Frankfurt, Bolsa de Paris, todos eles a fazerem lobby a favor dos seus clientes
rentistas. Aqueles que se auto-classificam como libertários tornaram-se
portanto anti-iluministas financeiramente patrocinados contra governos
democraticamente estabelecidos.
Mercados livres, liberdade e o antídoto para a "falsa
visão"
Denis Diderot (1713-1784) organizou a
Encyclopédie
como um projecto do Iluminismo francês. Publicada em fascículos
de 1751 a 1772, continha um mapa do conhecimento humano de acordo com linhas
que definiam o programa político do Iluminismo: "O bem do povo deve
ser o maior objectivo do governo. Pelas leis da natureza e da razão, os
governantes são investidos de poder para esse fim. E o maior bem do povo
é a liberdade. Ela é para o Estado o que a saúde é
para o indivíduo".
Hoje, o "bem maior do povo" de Diderot acabou por ser revertido pelo
pensamento agora dominante na economia que defende a riqueza e o produto
acumulado principalmente pelos rentistas, os mesmos que os fisiocratas
franceses e seus amigos reformadores pretendiam tributar. A
reacção anti-clássica de hoje redefine liberdade para
identificar
(to connote)
liberdade aos predadores
das
sanções governamentais contra comportamentos socialmente
destrutivos. Invertendo o objectivo clássico de libertar os mercados
dos rentistas,
os neoliberais consideram a regulação de monopólios e
das taxas de juro, o investimento público em infraestrutura e a
tributação da propriedade e do sector financeiro como sendo uma
intrusão na sua liberdade. Isto é antitético à
liberdade das populações da dependência a dívidas e
ao crédito para ter acesso à habitação,
educação, cuidados médicos e outras necessidades
básicas.
O
Dicionário filosófico
de Voltaire (1764) estava intimamente associado à
Encyclopédie
e escrito num estilo aforístico com o seu humor e ironia habituais para
torná-lo uma crítica mordaz e sarcástica à Igreja
Católica Romana, à nobreza e ao palácio real. Voltaire
à sua própria maneira fez algo semelhante a Orwell quando
descrevia o carácter das Ideias falsas:
Temos homens cegos, homens zarolhos, homens vesgos, homens com visão de
longo alcance, curtos de vista, fraca visão. Tudo isso corresponde a uma
imagem bastante fiel de nossa compreensão; mas estamos mal
familiarizados com a falsa visão.
... Por que nos deparamos frequentemente com mentes que são
absolutamente falsas em coisas importantes? Por que estes mesmos siameses que
nunca se deixam enganar quando se trata de contar-lhes três
rúpias, acreditam firmemente nas metamorfoses de
Sammonocodom
? ...Os maiores génios podem ter falsas opiniões sobre um
princípio que aceitaram sem exame. ...Tudo o que certos tiranos das
almas desejam é que os homens a que eles ensinam tenham juízos
falsos.
Ao referir-se a um faquir sem dúvida para evitar citar o nascimento
através de uma virgem e a ressurreição, Voltaire notou que
"quanto mais subtil é a sua mente, mais falsa ela é e forma
depois outras mentes tão falsas como a sua". Tais indivíduos
"raciocinarão de modo distorcido em toda a sua vida". O meu
próprio dicionário critica aos actuais economistas do
"mercado livre" neoliberal e similares de raciocínios
distorcidos baseados em falsos pressupostos, imune ao senso comum
empírico.
O modo de raciocínio mais típico dos que têm Ideias falsas,
explicou Voltaire, é "não examinar se o princípio
é verdadeiro, mesmo quando se deduzem consequências precisas do
mesmo". Este é o método de hoje na análise
económica matemática, nas estatísticas do rendimento
nacional e especialmente na teoria do comercial internacional e
monetária. (Providencio uma lista de citações de
vencedores do Prémio Nobel de Economia que seguem tais linhas
religiosamente anti-científicas no meu artigo "Economics as
Fraud" neste livro.)
A teoria económica neoliberal do "mercado livre" desempenha
actualmente o papel que a religião desempenhava nos dias de Voltaire.
Mas na academia o aviso que Voltaire deu aos seus leitores permanece
verdadeiro: "É perigoso ter razão em assuntos nos quais os
homens consagrados estão errados". Talvez por esta razão
hoje em dia licenciados em ciências económica colocam as suas
dúvidas de lado quando concorrem a uma posição para fazer
carreira em universidades respeitáveis.
A terminologia eufemística é usada para tornar populares
políticas que de outra forma seriam impopulares ou pelo menos para
ganhar tempo confundindo algumas das partes lesadas. Se o objectivo é
enfraquecer os sindicatos, rebaixar níveis salariais e reduzir a
protecção no local de trabalho, a táctica de
relações públicas adequada é tentar cooptar os
trabalhadores chamando a tais programas "capitalismo do trabalho"
como fez o general Pinochet no Chile após o golpe militar de 1973, ou
"capitalismo popular' como a sua admiradora Margaret Thatcher na
Grã-Bretanha após a vitória conservadora de 1979.
Igualmente, para confundir assuntos adoptando um vocabulário falso para
complementar uma falsa narrativa, lobistas das privatizações
caracterizaram a regulamentação pública e a
protecção dos consumidores como "interferência".
Na verdade, é o que em 1944 Frederick Hayek chamou de
O caminho da servidão (The Road to Serfdom)
como se o neoliberalismo não fosse o caminho para uma nova
servidão e a escravidão pela dívida
(debt peonage).
O currículo académico foi sequestrado a fim de substituir a
economia política clássica por uma ideologia aparentemente
despolitizada, mas que é realmente uma ideologia a favor dos rentistas.
Ao simbolismo matemático foi dado o papel santificador que no passado
era concedido ao latim. Macaqueando as ciências naturais, economistas
refugiam-se em abstrusos modos de expressão. Quanto mais complexa a
matemática, mais simplistas e banais tendem a ser as
relações postuladas e as conclusões. A maior parte da
matemática refere-se a escolhas entre diferentes "menus" de
bens e serviços, sem muita análise de como foram estes
produzidos, ou sobre as consequências para toda a economia a longo prazo
de comprar a crédito ao invés de cash.
Teorias económicas que incidem sobre a troca de bens e serviços
sem discutir os meios de adquirir controle sobre a riqueza desviam a
atenção do exame daquilo que é mais importante na
modelação da economia. Em última análise, o que
está em causa é se o jargão económico considera que
a economia "real" da produção e do consumo é
mais real do que os interesses da finança e da propriedade.
Não é possível resgatar bancos através de
bail-outs
e de alguma forma dar capacidade aos devedores para pagar. Um lado ou o outro
deve perder. É por isso que o problema económico é em
última análise o da insolvência, não de mera falta
de liquidez temporária. O grande problema económico é se
as dívidas devem ser reestruturadas para reflectirem a capacidade de
pagamento, ou se os níveis de crescimento e padrões de vida devem
ser sacrificados a fim de preservar o valor que os credores reclamam.
(Continua)
[1] James Galbraith e J. Luis Martin, "The Poisoned Chalice", Open
Democracy, 01/Setembro/2015,
opendemocracy.net/...
O original é o capítulo introdutório do livro
"J is for Junk Economics A Guide to Reality in an Age of Deception"
, de Michael Hudson, ISLET, 2017, 404 p., ISBN 978-3-9814842-5-0. Tradução de
DVC, revisão de JF. O conteúdo completo do livro é este:
Table of Contents
Foreword: Economies and Economic Theory at the Crossroads
Preface and Acknowledgements
Introduction: Social Naming Disorder and the Vocabulary of Deception
A-to-Z GUIDE
A is for Adam Smith. Asset-Price inflation and Austerity
C is for Casino Capitalism and the Client Acadernics who praise it
D is for Debt Deflation and the Debt Peonage it leads to
E is for Economic Rent and "Euthanasia of the
Rentier
"
F is for Fictitious Capital and the FIRE Sector where it is concentrated.
G is for Grabitization and the Groundrent that is its main objective.
H is for Hubris
I is for Inner Contradiction and the Invisible Hand
J is Junk Bonds and Junk Economics.
K is for Kleptocrat
L is for Leamed Ignorance
M is for Marginalism and the Money Manager Capitalism
N is for Neofeudalism and its Neoliberal advocates
O is for Oligarchy
P is Ponzi Scheme and the Pension-Fund Capitalism that feeds it
Q is for Quandary
R is for
Rentiers
and the Race to the Bottom they sponsor
S is for Say's Law and Serfdom
T is Trickle-Down Economics
U is for Unearned Income
V is for the Vested Interests
W is for Wealth Addiction
X & Y are for X and Y Axes
Z is for Zero-Sum Activity.
ESSAYS AND ARTICLES
The 22 Most Pervasive Economic Myths of Our Time
Economics As Fraud
Methodology is Ideology, and Dictates Policy
Does Economics Deserve A Nobel Prize?
Commonweal
1970
Hudson Bubble Model: From Asset-Price Inflation to Debt-Strapped Austerity
(Formulas. and Charts)
AUTHOR INTERVIEW: KILLING THE HOST
(Companion book)
Eric Draitser's 2015 CounterPunch Radio interview with Michael Hudson
ABOUT THE AUTHOR
(and Paul Craig Roberts' Hudson Bio)
BOOKS AND PUBLICATIONS BY MICHAEL HUDSON
A-TO-Z GUIDE - MINI INDEX
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Esta 1ª parte do capítulo introdutório de
"J is for Junk Economics"
encontra-se em
http://resistir.info/
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