A necessidade do planeamento a fim de amenizar as consequências da
produção máxima mundial de petróleo
É necessária uma estrutura a fim de planear a
amenização
(mitigation)
da escassez de petróleo depois de a produção mundial
atingir um máximo e entrar em declínio. Alguns argumentam que a
evolução normal do mercado será adequada para evitar a
escassez. Nós assumimos que não será assim.
Ao tratar de tais assuntos, o pior que pode acontecer é colocar entre
parênteses as exigências da amenização por se
entender que a miríade de variáveis e factores desconhecidos
não permitiria precisão. Consequentemente, a nossa
análise envolve considerações acerca de ordens de grandeza
económicas, experiências passadas do mundo real, previsões
da futura produção mundial de petróleo e possíveis
comportamentos dos exportadores de petróleo.
Considerar a escassez de petróleo é muito diferente de
simplesmente considerar os aumentos de preços do óleo. Estas
considerações debruçam-se sobre uma área na qual
não há experiência recente, uma vez que o mundo de hoje
é diferente do de 1973 e 1979, quando ocorreram breves momentos de
escassez. Abordamos este desafio com a crença manifestada em
Oil Shockwave:
"Basta apenas que uma quantidade de petróleo relativamente
pequena seja retirada do sistema para que surjam enormes
implicações económicas e de segurança".
[1]
No contexto do petróleo mundial, mudanças percentuais
relativamente pequenas são enormemente significativas. Exemplo: a
diminuição em 3% do PIB dos EUA resultante do embargo
árabe de 1973 resultou numa danosa recessão económica.
Uma mudança de 1% na actual produção mundial de
petróleo equivale a mais de 800 mil barris por dia (bpd), o que
representa um enorme volume. Preservar este nível de consumo
através de aumentos na eficiência da frota mundial de
veículos ligeiros (automóveis e camiões ligeiros) exigiria
mais de uma década, supondo um programa relâmpago de
implementação.
[2]
Do lado da oferta, a produção por exemplo de 800 mil bpd de
combustíveis líquidos substitutivos exigiria unidades
carvão-para-líquidos
(coal-to-liquids, CTL)
que custariam US$ 50 a 100 mil milhões e precisariam de um prazo de
pelo menos uma década na melhor das hipóteses. Assim, pequenas
percentagens da produção mundial de petróleo e da procura
representam grandes impactos económicos e níveis muito elevados
de hardware e de investimento para a amenização.
RELAÇÃO 1:1
A fim de estimar os impactos económicos potenciais examinou-se o
relacionamento entre a percentagem de declínio da produção
mundial de petróleo e a percentagem de declínio do PIB mundial.
Determinou-se que um ratio razoável é da ordem de 1:1,
ou seja, um declínio de 2% na oferta mundial de petróleo
resultaria num declínio de aproximadamente 2% do PiB mundial um
impacto extremamente forte.
Como caso limite para as taxas de declínio, foram examinados alguns
campos petrolíferos gigantes. E eram evidentes ali taxas de
declínio de 8-16%
após planaltos
(plateaus),
em casos bem administrados. A produção real de petróleo
da Europa e da América do Norte demonstrou períodos
significativos de produção relativamente horizontal
(plateaus).
Contudo, antes de entrar no seu período de planalto, a
produção norte-americana de petróleo passou por um pico
agudo e declínio acentuado. O exame de um certo número de
previsões da futura produção mundial de petróleo
mostrou períodos de mudanças ascendentes e descendentes
multi-anuais, os quais representam pseudo-planaltos. Mas a esmagar
potencialmente
tudo o mais, as considerações quanto ao nacionalismo nos
recursos apresentam um Cenário de Retenção dos
Exportadores de Petróleo
(Oil Exporter Withholding Scenario),
o que
precipitaria o início do declínio e exageraria as taxas de
declínio da oferta mundial.
Desta análise resultaram três cenários para o planeamento
da amenização:
1- Um Melhor Caso, onde a produção mundial máxima de
petróleo é seguida por
um planalto multi-anual antes de ter início uma taxa de declínio
monótona de 2-5% ao ano
;
2- Um Caso Médio, onde
a produção mundial de petróleo alcança um
máximo abruptamente, após o que cai a longo prazo, com
declínio anual monótono de 2-5%
; e finalmente
3- Um Pior Caso, onde
o pico agudo do Caso Médio é agravado pelas
retenções dos exportadores de petróleo, levando a um
crescimento da escassez mundial ainda mais rápido do
que os 2-5% ao ano
, criando os mais devastadores impactos económicos mundiais.
10/Setembro/2007
Fontes:
1. Oil Shockwave - Oil Crisis Executive Simulation. National Commission on
Energy Policy and Securing America's Future Energy. 2005.
2. Hirsch, R.L., Bezdek, R., Wendling, R. Peaking of World Oil Production:
Impacts, Mitigation, & Risk Management. DOE NETL. February 2005.
[*]
Conselheiro senior do programa de energia SAIC e autor principal de
Peaking of World Oil Production: Impacts, Mitigation, And Risk Management
(2005), escrito para o National Energy Technology Laboratory.
Este artigo é um breve resumo de documento apresentado para
publicação.
O original encontra-se em
http://www.aspo-usa.com/index.php?option=com_content&task=view&id=209&Itemid=91
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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