A supremacia do capital financeiro:
lucros record e ascensão do autoritarismo
por James Petras
Não existe sector da economia dos EUA que, nos anos mais recentes, tenha
conseguido igualar as maiores instituições financeiras, tanto em
termos relativos como em absolutos. Para o primeiro trimestre de 2006, findo em
Fevereiro, o banco Goldman Sachs (GS) superou o record absoluto da Wall Street,
anunciando lucros de 2,48 mil milhões de dólares (anualizando
atingirão mais de 10 mil milhões de dólares). Os lucros
foram superiores em 64% relativamente ao mesmo período do ano anterior
(apesar de ter sido também um ano muito lucrativo). A rentabilidade dos
recursos próprios alcançou 38,8%, o que representa também
um valor record. A receita total bruta atingiu os 10,3 mil milhões de
dólares. O GS obteve lucros recordes em cinco dos últimos nove
trimestres (
Financial Times,
FT, 15/03/2006, p 1).
Por outro lado, o banco Morgan Stanley declarou um aumento dos lucros de 17%
totalizando 1,64 mil milhões de dólares também durante
primeiro trimestre que terminou em Fevereiro de 2006. A receita total bruta
aumentou 24%, enquanto no ano anterior esse aumento foi de 19,7%. O Lehman
Brothers declarou um aumento de 24% dos lucros no primeiro trimestre de 2006
atingindo o seu valor record de 1,1 mil milhões de dólares. A
receita total bruta aumentou 17% chegando aos 4,5 mil milhões de
dólares. O Bear Stearns (BS) juntou-se à dança dos
milhões de Wall Street, declarando para o primeiro trimestre lucros de
514 milhões de dólares; os lucros foram superiores a 34%
relativamente ao ano anterior. A nova receita total bruta do BS cresceram 19%
atingindo 2,3 mil milhões, enquanto o retorno para os accionistas subiu
20,1% no primeiro trimestre de 2006. Os lucros combinados destes 4 bancos
totalizam 5,73 mil milhões de dólares durante o trimestre
Novembro de 2005 a Fevereiro de 2006, ou 22,9 mil milhões considerando o
resultado anual e isso não inclui os lucros de três dos
cinco bancos de topo (Citigroup, JP Morgan e Merrill Lynch) cujos trimestres
decorrem entre Janeiro a Março de 2006, dos quais são esperados
igualmente lucros elevados, duplicando para além dos 12 mil
milhões de dólares neste primeiro trimestre, e que atinjam um
valor próximo de 50 mil milhões para o ano de 2006.
Nenhum outro sector da economia pode ostentar taxas de retorno tão
elevadas, nem mesmo qualquer uma das sete maiores empresas podem sequer igualar
os lucros recordes. Os bancos conseguem os seus maiores lucros de sempre
facilitando a concentração e centralização do
capital (operações que designam por "fusões e
aquisições"), cobrando taxas lucrativas de
"assessoria" e subscrevendo os financiamentos das fusões e
aquisições. A segunda fonte de lucros está na
especulação em geral, inclusive sobre a negociação
da dívida dos países e apostando nos mercados mundiais de
valores, nomeadamente em energia onde o Goldman e o Morgan têm
"feito uma fortuna nos últimos trimestres".
Enquanto nos EUA, os consumidores, os políticos demagogos e os
activistas anti-guerra, culpam os países produtores de petróleo,
esquecem completamente a responsabilidade que os grandes bancos especuladores
têm na subida do preço do petróleo.
O aspecto político fundamental é que a força motriz do
sector económico mais importante nos EUA os serviços
é o sector financeiro, precisamente aquele que menos se ocupa da
actividade produtiva, ou seja, a produção de bens e
serviços para a população. Pois para além dos seus
elevados lucros, também as gratificações e salários
astronómicos das suas elites dirigentes, assim como a sua
acção para a concentração do capital, têm
tido um forte efeito na crescente desigualdade salarial. Os custos que os
bancos impõem às empresas pelos seus "serviços"
tem contribuído para um endividamento que consequentemente tem originado
despedimentos maciços e redução dos benefícios da
segurança social, como parte das medidas de "assessoria" dos
bancos envolvidos.
Além de desenvolverem as suas actividades especulativas, os bancos
estão a ser cada vez mais importantes accionistas em sectores
não-bancários. Eles têm desempenhado o principal papel na
redução dos custos de mão-de-obra, e na
redução investimentos de longo prazo na
investigação e tecnologia, como forma de maximizar os lucros a
curto prazo. Por último, a fonte mais lucrativa e a mais dinâmica
dos seus lucros especulativos, está na sua expansão no
estrangeiro, particularmente na Europa e especialmente na Ásia. Por
exemplo, o banco Lehman Brothers anunciou em meados de Março de 2006 uma
" agressiva expansão na Ásia". Pois enquanto a receita
total bruta, e em termos globais, foi superior a 17% como vimos, esse mesmo
índice no estrangeiro como um todo, atingiu 30%, chegando aos 67%
só na Ásia. David Goldfarb, director administrativo, declarou que
aquela expansão para a Ásia era o "a prioridade
número um" do Lehman. Todos os principais bancos têm, ou
estão no processo de estabelecer, posições fortes no
sector bancário da China e da Índia. O imperialismo financeiro
está a tornar-se no principal instrumento da construção do
império no século XXI.
Capital financeiro: Poder político e política económica
O capital financeiro exerce uma enorme influência sobre a política
económica governamental através da sua
representação directa no organismo de controlo da política
monetária dos EUA: o presidente da comissão executiva da Reserva
Federal (FED). Os principais critérios exigidos ao presidente da Reserva
Federal, são a "confiança", ligações
estreitas e relações sólidas que o candidato deverá
ter com Wall Street. Esses mesmos critérios são aplicados a todas
as pessoas nomeadas para o Tesouro norte americano, para o Banco Mundial e para
o Fundo Monetário Internacional. Durante muito tempo, o presidente do
FED, Alan Greenspan, foi muito respeitado e louvado, não pelo seu
péssimo desempenho económico, mas pelas suas políticas
favoráveis aos banqueiros de Wall Street. Durante a presidência de
Greenspan, a economia dos EUA foi desindustrializada, deu-se a
acumulação de um enorme défice comercial e
orçamental, e registaram-se duas bolhas especulativas (tecnologia de
informação e caixas económicas). Ele presidiu a uma
economia que alcançou níveis de endividamento público sem
precedentes duplicaram em cinco anos. O apoio de Greenspan à
redução de impostos para os ricos (rendimentos, benefícios
de capital, etc) contribuiu para o enorme défice orçamental e
para as crescentes desigualdades. A sua política de baixas taxas de
juros alimentou as bolhas especulativas à custa do investimento
produtivo. O seu apoio à desregulamentação do capital
(denominada "globalização") conduziu à
deslocalização para o estrangeiro das multinacionais norte
americanas (muitas das quais exportam para os EUA) produzindo enormes
défices comercial e da balança de pagamentos. Ainda que todas
estas políticas tenham conduzido ao estado desastroso actual em que se
encontra a economia nacional, elas criaram no entanto condições
extraordinariamente favoráveis para a expansão do capital
financeiro, no interior e no exterior dos EUA, e originaram a
concentração e a centralização dos bancos em dez
grupos de controlo.
O impacto da Wall Street na economia e na estrutura social pode ser melhor
ilustrado examinando a cidade de Nova York, o seu centro de
operação. Em primeiro lugar a distribuição da
propriedade na cidade de Nova York é uma das mais desiguais no mundo.
Pouco mais de 1% da população controla mais de 80% dos recursos.
Tal situação é equivalente ao que se passa na Guatemala ou
no Brasil. Em segundo lugar, a Wall Street tem uma ligação muito
estreita com o capital imobiliário em Nova York, e ambos foram
instrumentos para o aumento dos valores da propriedade e do mercado de
arrendamento, o que levou à destruição de mais de 500 mil
postos de trabalho na industria durante as últimas três
décadas. A maioria das propriedades industriais foram
"redimensionadas" libertando áreas para serem utilizadas na
edificação de espaços dedicados a escritórios para
actividades relacionadas com o mundo financeiro e alojamentos para financeiros
ricos. O senador Schumer do estado de Nova York, um conhecido defensor da Wall
Street, liderou nos EUA uma campanha para converter a China em bode
expiatório, pela perda de postos de trabalho na indústria,
ignorando o papel determinante do capital imobiliário, na
destruição deliberada de imóveis do sector industrial na
cidade de Nova York. Claro que a falência da indústria da cidade
de Nova York não se deveu unicamente ao capital financeiro. Tanto os
capitalistas locais do ramo dos têxteis como os sindicatos são
parte responsável nesse processo ao apostar em mão-de-obra barata
por forma a conseguir competir uma aposta ineficaz face à China
em vez de actualizar tecnologicamente as unidades, computorizando o
projecto e a produção, e de dedicar essa industria a produtos de
alta qualidade. Os sindicatos (International Ladies Garment Workers Union
(ILGWU, mais tarde denominado UNITE) apoiaram a estratégia de
mão-de-obra barata dos patrões das fábricas de
vestuário, permitindo de facto, mas discretamente, que os
salários caíssem abaixo do salário mínimo e que
isso ficasse consignado nos acordos colectivos de trabalho. Sem dúvida
que as diferenças étnicas e de classe entre os patrões
judeus, com salários de seis dígitos, e os trabalhadores
asiáticos e latinos mal pagos, assim como a posição
habitual dos patrões relativamente às questões
étnicas e de classe, facilitaram a aplicação destas
políticas fracassadas: a perda de competitividade industrial e perda de
postos de trabalho.
O capital financeiro e a guerra no Médio Oriente
O capital financeiro, até há pouco tempo, estava
predominantemente nas mãos de protestantes brancos e judeus.
Actualmente, a base étnica e religiosa de Wall Street alargou com a
aquisição de bancos familiares pelas corporações
financeiras. Apesar disso, entre a nova geração de ambiciosos
especuladores, existe uma desproporção enorme de
indivíduos de origem judaica, não necessariamente religiosos nem
envolvidos em actividades de comunidades judias ou israelitas para
angariação de fundos ou com fins políticos. Não
obstante, uma significativa minoria de proeminentes judeus banqueiros ou de
milionários relacionados com a actividade imobiliária,
está activa no financiamento ou na promoção da
política israelita, quer directamente quer através dos lobbies
mais importantes pró-Israel, como seja o AIPAC
[1]
e o presidente da principal organizações judaica. Estes lobbies
estiveram na vanguarda da promoção da guerra contra o Iraque, do
boicote ou do ataque militar contra o Irão e da limpeza étnica
dos palestinianos. O peso político desta minoria de financeiros judeus
ricos pró-Israel não tem oposição, quer seja de
organizações de outros banqueiros judeus, quer de magnatas
financeiros gentios
[2]
, muçulmanos ou hindus. Através do uso político da sua
riqueza, da sua estratégica localização e do seu elevado
status, esta minoria de financeiros politicamente activos, está em
posição de estabelecer os parâmetros e as políticas
do Médio Oriente, através do seu papel dominante no financiamento
dos partidos políticos (especialmente o partido democrata), dos
candidatos e dos congressistas.
Os críticos da guerra, judeus e gentios, esquecem deliberadamente o
papel desempenhado pela minoria de judeus ricos e seus lobbies políticos
na conformação da política dos EUA no Médio
Oriente, e centram-se nas companhias petrolíferas dos EUA no estrangeiro
("Sangue por petróleo, não!"). Existem grandes
evidências durante os últimos 15 anos de que:
1. As companhias petrolíferas não promoveram uma política
de guerra;
2. As guerras prejudicaram os seus interesses, a sua operação e
os acordos com os regimes predominantemente árabes e islâmicos da
região;
3. Os interesses das companhias petrolíferas têm sido sacrificados
em favor do interesse do estado de Israel;
4. O poder do capital financeiro através dos lobbies pró-Israel,
excede o das companhias petrolíferas em influenciar a política
dos EUA no Médio Oriente.
Uma investigação cuidadosa das publicações e
actividades de lobbing da indústria petrolífera a dos lobbies
pró-Israel durante a última década, revela uma quantidade
enorme de documentação que demonstra que os lobbies judeus
estiveram muito mais a favor da guerra do que a industria petrolífera.
Além disso a documentação tornada publica demonstra que a
indústria petrolífera estabeleceu um grande do nível de
cooperação económica com todos os estados árabes,
numa crescente integração dos mercados. Em contraste, as
declarações públicas, as publicações e as
actividades dos poderes economicamente mais poderosos e influentes dos lobbies
judeus pró-Israel, estiveram directamente implicados no incremento das
hostilidades dos EUA com os países árabes, inclusive exercendo a
máxima pressão em favor da guerra do Iraque, do boicote ou do
ataque militar contra o Irão, e no apoio dos EUA aos assassinatos e
limpeza étnica do povo palestino.
A ilustração mais notável do poder judeu para moldar a
política dos EUA no Médio Oriente contra o interesse do poder
petrolífero, está demonstrado pela política que os EUA
têm desenvolvido relativamente ao Irão. Como o
Financial Times
comentou: "As companhias petrolíferas internacionais estão
a levar a cabo investimentos milionários em projectos no Irão, e
a ficar preocupadas com o afrontamento diplomático (sic
ameaças económicas e militares dos EUA) acerca do programa
nuclear do país" (FT 18/19 de Março, 2006 p.1). Apesar do
facto de estarem em jogo milhões de dólares em petróleo,
gás e contratos petroquímicos, o lobby pro-Israel influenciou o
Congresso para impedir todas as principais companhias petrolíferas dos
EUA de investir no Irão. Através da sua campanha desenvolvida
junto do Congresso e da Administração, o lobby Israel-judaico dos
EUA criou um clima de guerra que agora se revela ser contra os interesses das
principais companhias petrolíferas mundiais, e muitas outras como a BP,
a companhia com sede no Reino Unido, a SASOL sul-africana, a Shell holandesa, a
Total de França.
O mito de "guerra por petróleo" foi posto a circular por quase
todos os principais intelectuais progressistas judeus, e foi papagueado pelos
seus seguidores gentios, os quais estão, proibidos de, por palavras ou
por acções, mencionar a sigla AIPAC em qualquer reunião
pública ou manifesto. O poder da minoria dos financeiros judeus
politicamente activos no lobby pro-Israel está a expandir-se para
além da área da política externa de EUA, atingindo a vida
cultural, a académica e a económica dos EUA. Três eventos
principais que ilustram isto vêm imediatamente à memória.
Na cidade de Nova York, uma importante produção de teatro sobre a
vida de Rachael Corrie, uma voluntária humanitária americana
assassinada nos territórios ocupados por um soldado das forças
armadas israelenses conduzindo um buldozzer, foi cancelada devido à
pressão judia e a ameaças financeiras. O teatro admitiu que o
cancelamento teve a ver com as "sensibilidades" (e o bolso) que o
assunto provocou no movimento "Israel-Primeiro". A defesa e o suporte
da opinião minoritária do lobby pro-Israel em favor de uma
agressão no Médio Oriente, estão agora a estender-se e a
atingir um tal nível autoritário que ameaçam as liberdades
básicas dos norte-americanos de se exprimirem de uma forma livre e
aberta.
O segundo exemplo da tirania crescente da minoria pro-Israel sobre as nossas
liberdades civis é a campanha virulenta empreendida por todas as
principais publicações judias e organizações
pro-Israel contra um ensaio bem documentado escrito pelos professores Stephan
Walt da Universidade de Harvard e John Mearsheimer da Universidade de Chicago
[3]
, no qual é desenvolvida uma crítica à influência do
lobby judeu na política dos EUA para o Médio Oriente. Desde o
jornal ultradireitista e ortodoxo
Jewish Press
(que reivindica ser o jornal judeu "independente" de maior tiragem
nos EUA), até ao social-democrata
Forward,
e ao
Jewish Weekly,
todos eles lançaram uma campanha de propaganda de
difamação junto das principais organizações
judaicas ("os novos Protocolos de Sion", "anti-semitismo",
"fontes de sítios nazis da internet..."), pressionando no
sentido da sua expulsão do mundo académico. O autoritarismo judeu
obteve já um êxito parcial. Os comunicados de imprensa foram
publicados pelos meios de comunicação de massas sem permitirem
que esses académicos, debaixo de ataque, pudessem refutar o publicado. A
Universidade de Harvard exigiu que a identificação da Harvard
Kennedy School fosse retirada do documento. O patrocinador da cadeira doutoral
(com o seu nome), ocupada pelo professor Stephan Walt como académico
decano na Harvard Kennedy School, já não é mencionado no
seu documento. O professor ulta-sionista Dershowitz e os seus fanáticos
colegas de Harvard puseram em dúvida a sua qualificação
moral e académica para o ensino. Tanto nos EUA como em França,
está a ser preparada legislação para equiparar o
anti-sionismo ao anti-semitismo, e para criminalizar como "delito de
ódio" a livre expressão sobre as atrocidades israelenses, e
qualquer crítica acerca do controle que o lobby exerce sobre a
política dos EUA no Médio Oriente. Nos EUA, a
legislação proposta poderia causar inclusivamente a
negação do financiamento público de qualquer
instituição académica onde sejam criticadas as
políticas de Israel. Ainda não se constituiu nenhuma
oposição organizada no EUA, constituída por
académicos judeus e gentios, ou mesmo jornalistas, contra este ataque
à liberdade de expressão, ou pela defesa da integridade dos dois
académicos críticos do lobby judeu. Não existe nenhum
grupo de investidores ou financeiros judeus dispostos a financiar uma campanha
de direitos civis em defesa das liberdades de expressão,
académica ou artística, para contenção da elite
minoritária financeira sionista. Negócio é negócio.
Alguns mitos e uma quantas conclusões: O capitalismo e a guerra
Para além do mito da "guerra por petróleo" existem
alguns falsos conceitos fáceis de aceitar:
Mito 1: O domínio do capital financeiro conduz à guerra:
Não existe nenhuma evidência de que o capital financeiro funcione
melhor em tempo de guerra do que em tempo de paz. Na realidade a
história recente demonstra que as "crises" provocam
volatilidade dos mercados e alterações rápidas que
prejudicam as grandes "apostas" financeiras e outros
benefícios. A maioria dos lucros financeiros provém de
fusões e aquisições, com tendência para aumentar,
devido à existência de condições para a
implementação de mercados competitivos, e não devido
à guerra. Os financeiros que apoiam a guerra fazem-no por razões
ideológicas pessoais, pela sua identificação
étnica, normalmente através de organizações de
filiação étnica, e não através de
associações financeiras. Desta maneira as grandes
contribuições da minoria judaica financeira em favor dos lobbies
sionistas partidários da guerra, têm menos que ver com a sua
classe de filiação, e muito mais com a sua
identificação com as organizações que defendem
acima de tudo Israel.
Mito 2: Apesar dos financeiros serem a principal fonte de recursos dos
belicosos lobbies pro-Israel e dos seus porta-vozes do Congresso, são no
entanto uma minoria entre os banqueiros judeus cuja primeira
preocupação consiste em maximizar os ganhos dos seus bancos e
consequentemente os seus lucros, envolvendo-se naturalmente em todo o tipo de
actividades sociais, culturais e profissionais não judaicas. Mais de
metade deles não se casam no seio da comunidade judaica.
Mito 3: Muitos escritores citam referendos que sugerem que a maioria dos
judeus, tal como os restantes americanos, se opõem agora à guerra
no Iraque. A questão no entanto é de que a maioria dos judeus
não está na disposição de criticar os lobbies
defensores da guerra, nem a importância que Israel teve no seu
desencadeamento com a ocupação que tem exercido sobre a
Palestina.
Mito 4: O lobby pro-Israel funciona como tantos outros lobbies. Ora o lobby
judeu pro-Israel é único na capacidade de influencia que
dispõe, dado que comanda uma vasta rede de organizações de
base, para além dos 150 funcionários que trabalham a tempo
inteiro em Washington de forma disciplinada e comprometida com uma
potência estrangeira, Israel. Acrescentamos a isto o facto de o lobby ser
financiado por indivíduos muito ricos e por sectores altamente
lucrativos e em crescimento (tais como o sector bancário). Em terceiro
lugar acresce ainda a sua reputação estabelecida ao longo do
tempo de exercer normalmente ameaças ou recompensas sobre os
congressistas recalcitrantes ou leais, sobre executivos e fazedores de
opinião, o que o converte num extraordinário e perigoso lobby.
Conclusão
O predomínio do capital financeiro e a influência que exerce sobre
a política económica dos EUA, em grande parte negativas, tem tido
consequências determinantes na economia dos EUA, especialmente no nosso
nível de vida, nas contas externas e sobre o orçamento. Os
mercados financeiros desregulados conduziram a um lucro record para Wall
Street, mas conduziram também a uma série de bolhas especulativas
que têm levado milhões de pequenos investidores à
falência.
A perda da competitividade da industria dos EUA é em grande parte o
resultado da transferência de capital das inovações
produtivas, que aumentam a competitividade, para actividades especulativas, e
em muitas situações à custa da actual
produção de bens e serviços. Actualmente os
"Derivados" e os "Hedge funds" conseguem igualar a
dimensão da economia dos EUA que se situa nos 12 mil milhões de
dólares... espera-se que um colapso financeiro venha a acontecer. O
capital financeiro na sua fase mais avançada dos "derivados",
baseia-se em apostar sobre apostas já apostadas... o que tem aumentado
tremendamente a probabilidade de existir um colapso económico, e tem
originado o aumento do abismo que separa banqueiros e assalariados.
O poder político do capital financeiro tem sido exercido na esfera da
política económica e nomeações de executivos;
não tem estado envolvido directamente na formulação das
políticas de guerra ou tirado benefícios disso. Porém o
capital financeiro tem sido compatível, apoiante e beneficiário
das fortes ligações e relações que possui com a
elite política militarista no Congresso e no Executivo. A
relação é mutuamente suportada. O Governo desregula os
mercados financeiros, baixa os impostos, corta os gastos sociais, designa para
presidente da Reserva Federal amigos de Wall Street, e em troca o Wall Street
apoia os partidários da guerra imperial no Governo e no Congresso.
Os bancos de investimentos têm estado profundamente envolvidos na
reciclagem do petróleo árabe, tal como têm estado
comprometidos com as fusões e aquisições que se
verificaram em larga escala no Médio Oriente, enquanto uma minoria de
financeiros judeus, mas muito militante, financiam os lobbies pro-Israel que
têm vindo a pressionar os EUA no sentido de adoptar uma política
bélica mais decidida contra os mundos árabe e islâmico.
A postura de Wall Street relativamente à deterioração das
liberdades democráticas passou da ambiguidade para o autoritarismo.
Enquanto apoiam o Patriot Act do Governo dos EUA, opõem-se à
realização do contrato de gestão de terminais
portuários dos EUA por uma firma do Dubai. E enquanto uma minoria activa
apoia a proibição da produção teatral baseada na
vida de Rachael Corrie e financiam organizações
pró-Israel, tentam expurgar académicos críticos de Israel,
a maioria continua com uma atitude de indiferença.
A ascensão do autoritarismo e a lucrativa actividade financeira
são compatíveis com o domínio do capital financeiro.
1-
American-Israel Public Affairs Committee (AIPAC)
2- Termo com que a comunidade judaica denomina aqueles que não são
judeus (N.T.)
3-
http://www.lrb.co.uk/v28/n06/mear01_.html
O original encontra-se em
http://www.informationclearinghouse.info/article12579.htm
e
http://iraqwar.mirror-world.ru/article/83862
. Tradução de MJS.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
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