Reforma do IRC é um embuste
por CGTP-IN
O grande objectivo desta reforma não visa facilitar caminho para se
implantarem empreses nem criar mais emprego, mas aumentar os lucros das
empresas cotadas na bolsa. Segundo um estudo do BPI a redução do
IRC para 19% levaria a uma subida dos lucros destas empresas até 15%, em
2018.
Este é uma situação tanto mais escandalosa quando a
esmagadora maioria das grandes empresas pagaram uma taxa média efectiva
de IRC de 17% em 2011, sendo que as empresas com um volume de negócios
superior a 250 milhões de euros se ficaram pelos 15%.
Acresce que a proposta agora apresentada pelo Governo levaria a uma perda
acumulada de receita fiscal até 2018 de 1.223 milhões de
euros. Confrontado pela CGTP-IN sobre como compensaria esta quebra fiscal, o
secretário de Estado dos Assuntos Fiscais foi peremptório:
reduz-se na despesa pública!
O mesmo é dizer despede-se dezenas de milhares de trabalhadores na
Administração Pública e corta-se, para já, 4,7 mil
milhões na despesa social, ou seja, nos serviços públicos,
na Saúde, na Educação e na Segurança Social,
trata-se de mais uma operação de transferência de riqueza
dos trabalhadores e pensionistas para os grandes accionistas.
No momento em que os trabalhadores e os reformados são esmagados pelo
aumento dos impostos é inadmissível que o Governo invente uma
reforma do IRC para acentuar a concentração da riqueza e aumentar
as desigualdades.
Para a CGTP-IN a questão de fundo assenta na necessidade da
realização de uma verdadeira reforma fiscal que combata a
injustiça fiscal, trate de uma forma séria e articulada os
diversos impostos (IRS, IVA, IMI, IRC), ataque a fraude e evasão e
assegure uma justa taxação do capital.
Portugal não se pode tornar num país de serviços, nem numa
placa giratória para dar cobertura a mais lucros para o capital, com a
isenção do pagamento de impostos, a troco de mais
exploração dos que aqui vivem e trabalham.
O grande problema do país não radica no IRC. Radica na
recessão económica e na redução dramática da
procura interna. Ponham o país a produzir, aumentem os salários e
as pensões e o consumo sobe, as empresas vendem mais, o emprego aumenta
e melhoram as receitas fiscais e as contribuições para a
Segurança Social.
O Governo disse ir colocar o Estudo da Comissão para reforma do IRC em
discussão pública até 20 de Setembro. A CGTP-IN
está a preparar um documento sobre a Reforma Fiscal necessária
que discutirá abertamente e apresentará aos partidos com
representação parlamentar.
Lisboa, 02/08/2013
DIF/CGTP-IN
Acerca do IRC, ver também:
Corrida para o fundo
O original encontra-se em
www.cgtp.pt/social/fiscalidade/6624-reforma-do-irc-e-um-embuste
Este comunicado encontra-se em
http://resistir.info/
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