A charada das taxas de juros reais Parte I
A teoria económica da contradição
Repentinamente, neste verão, todos os olhos do mundo estão
apontados para os aumentos das taxas de juros. A expectativa dos bancos
centrais, fechando ainda mais o cerco para afastar os efeitos de uma
inflação retardada, interrompeu abruptamente a alta especular do
mercado de ações gerada por uma anormal ampla liquidez, capaz de
gerar um colapso no mercado. Em condições normais os aumentos
dessas taxas baixam os preços das obrigações e
também os das ações. Mas no corrente boom de liquidez isto
está gerando uma persistente curva de rendimentos invertida, com as
altas taxas das taxas de juros de curto prazo impactando sobre os rendimentos
das obrigações de longo prazo, mas deixando os preços das
ações mais altos do que os fundamentos dos mercados possam
justificar.
Mesmo porque, na hipótese de que taxas de juros mais altas possam
reduzir a liquidez para reverter os aumentos em bolsas, tal fato não
irá deter o declínio real do dólar, como seria de se
esperar. A anômala combinação de aumento das taxas de juros
e dos sobre-preços das ações é explosivo bastante
por si mesmo; mas acrescentado-se a este fato a impotência chocante de
que altas taxas de juros não são suficientes para conter o
declínio do dólar, temos como resultado uma instável
mistura de uma mortal dinamite financeira em vias de ser detonada, mesmo por
razões menores e aparentemente distantes.
Normalmente, altas taxas de juros elevam o câmbio de uma moeda, reduzem
os preços de importação e reprimem, assim, uma
inflação. Esta repressão é um dos
benefícios compensatórios de uma rígida política
monetária, que, por outro lado, torna mais lenta a economia. Aportes de
capital são ainda atraídos por altas taxas de juros.
Mas o dólar não é uma moeda normal. É uma moeda fiat
[1]
, irresgatável e oficialmente decretada moeda corrente, que pode ser
produzida à vontade pelos EUA e que não tem atrás de si
nada com valor intrínseco, tendo já assumido o papel de uma moeda
de reserva para o comércio e finanças internacionais. A
característica sem igual do dólar é a que se assenta por
trás da sua hegemonia.
As fiat moedas no mundo formam uma cobra e o dólar é a sua
cabeça. Quando o fiat dólar declina em valor no logo prazo, como
expresso em seu minguado poder de compra, todas as outras fiat
moedas declinam com ele, devido à hegemonia do dólar em
relação à arquitetura monetária das finanças
internacionais; embora algumas moedas possam declinar nessas
condições mais rapidamente devido as várias
condições locais tais como diferentes taxas de juros e
inflação. Nesses casos o mercado registra a alta do dólar
em relação à essas moedas, enquanto em realidade, todas as
moedas estão seguindo o dólar em seu persistente declínio
líquido em relação aos ativos reais. As torcidas
organizadas dos mercados então desqualificam a persistente
elevação dos preços dos investimentos em
relação à queda regular do valor da moeda como um sinal
de boom de bons negócios numa alegada dinâmica economica global
guiada pelo boom de liquidez dos EUA.
Simultaneamente, algumas moedas podem declinar menos em poder de compra em
relação ao dólar, causando no mercado uma visão
destas moedas como subindo em valor cambial com o dólar, quando, na
realidade, elas estão declinando em valores reais. A divergência
temporária ou convergência dos valores de câmbio entre as
moedas, devido algumas vezes às ineficiências ou aos excessos do
mercado, é que tornam lucrativa a arbitragem entre moedas, embora com o
correspondente risco de perda.
Esta tendência global de declínio no valor das moedas tem
prosseguido por diversas décadas na arquitetura da corrente
internacional financeira e tem distorcido a histórica e convencional
relação das taxas de juros, inflação e crescimento
econômico. Esta distorção manteve os banqueiros centrais
procurando desesperadamente, se não novas, até mesmo
"novas" redescobertas de teorias econômicas, para construir
aperfeiçoados algoritmos para guiar sua deliberação sobre
política monetária, no novo paradigma econômico.
O NOVO GURU DO FED
The Wall Street Journal
em 3 de outubro de 2000 publicou que o Federal Reserve, banco central
americano então sob a presidência de Alan Greespan, ultimamente
estava sob a influência da visão do economista sueco Johan G. K.
Wicksell (1851 1926), especificamente nas relações entre
taxas de juros, inflação e crescimento econômico. Wicksell
argumentava que a política monetária contem melhor a
inflação ao determinar as taxas de juros, não no
nível da oferta de dinheiro como sugerem os livros de teoria economia
neoclássica, mas sim no nível na taxa de retorno do investimento.
Alguns críticos descrevem o novo capricho do FED ao se aconselhar com um
finado, que nunca teve sequer uma chance de analisar os dados de hoje: Wicksell
morreu três anos antes da queda de 1929.
Greenspan fez sua famosa fala da "exuberância irracional" no
conservador American Enterprise Institute em Washington DC, em 5 dezembro de
1996, quando o "Dow Jones Industrial Average" (DJIA), índice
Dow Jones, estava em 6.442, quase duas vezes mais do que o índice da
pré-queda de 1987, de 2.722. Menos do que há um ano, em 31 de
janeiro de 1996, o FED diminuiu a
prime rate,
[2]
"FED Funds Rate FFR", em 25 pontos base, de 5,5% a 5,25%
para adicionar liquidez à mesma "exuberância irracional"
que Greespan posteriormente fez a advertência contra. O FED não
elevou a
prime rate
até quatro meses após a advertência de Greespan e
então o fez apenas por 25 pontos base, retornando a 5,5%, em 25 de
março de 1997.
Não surpreendentemente, o mercado continuou subindo a despeito das
advertências de Greespan e no dia 14 de janeiro de 2000, com a
prime rate
ao nível de 5,5%, o índice Dow Jones chegou ao irracional
nível de 11.723, elevando-se outros 83,5% acima do nível de
alerta de Greespan. Mas o Produto Interno Bruto - PIB apenas subiu de $7,8
milhões de milhões em 1996 para $9,8 milhões de
milhões em 2000, ou 25,6 %. O índice Dow Jones subiu três
vezes mais que o PIB nos quatro anos após a advertência de
irracionalidade de Greespan. Só podemos concluir que o dólar
tenha declinado seu valor em 54,7 % naquele período.
Dois meses depois, após algumas "correções de um
secular bull market
" no qual as perdas eram apagadas por subsequentes ganhos, o índice
Dow Jones teve, em 14 de abril de 2000 a maior elevação na
história, 499,19 pontos, fechando em 10.630,60. Em 14 de abril de 2000,
22 dias depois. o índice Dow Jones despencou 617,78 pontos, fechando em
10.305,77, historicamente a mais alta queda em um só dia, mas o
índice Dow Jones estava ainda 50% mais alto que os 6.442 pontos
relativos á admoestação de Greespan sobre a
exuberância irracional, há 4 anos. Esta volatilidade veio
puramente das especulativas forças operando numa bolha de liquidez. A
economia real não mudou nesses 22 dias de operação.
TAXAS DE JUROS E ELEIÇÕES
O FED na sua reunião de conselho a 3 de outubro de 2000, no mesmo dia da
reportagem do
Wall Street Journal
sobre Wicksell, com o índice fechando a 10.719,74, deixou a
prime rate
a 6,5%, mantendo a inflação ajustada pela taxas de juros reais de
curto prazo em sua alta histórica. Esta decisão deixou a
prime rate
em seu alto limite histórico e os Democratas com uma anêmica
economia, a despeito do superávit fiscal e dos robustos ganhos das
corporações sob o governo Clinton, nos meses cruciais antes das
eleições presidenciais em Novembro. Embora uma
diminuição da
prime rate
tenha sido garantida pela sabedoria convencional com base nos dados
econômicos da semana e também pelos agouros dos principais
indicadores econômicos, a
prime rate
manteve-se alta porque o mercado acreditava que o FED teria que cortar esta
taxa logo em seguida, para prevenir uma profunda correção de
mercado.
Quando saiu desta situação o FED não baixou a
prime rate
até a reunião de conselho de 3 de Janeiro de 2001, após a
Suprema Corte ter arrebatado uma quase vitória dos seguidores israelitas
do candidato democrata Al Gore e entregado uma amarga e contestada Casa Branca
ao Republicano George Bush. O FED então diminuiu a
prime rate
por, mais largo do que o usual, 50 pontos, para 6%, para começar um
largo ciclo de diminuição de taxas, com 13 mais cortes em 30
meses, para atingir um mínimo de 1% em 25 de junho de 2003, empurrando a
prime rate
de curto prazo abaixo da neutralidade ou melhor abaixo da taxa de
inflação, alimentando uma multi-anual bolha de crédito.
Apenas cinco dias após a
prime rate
atingir a histórica baixa de 1%, o FED, numa epifania retardada na
descoberta dos perigos da inflação que tinha sido visível
porém não levada a sério por algum tempo, reverteu o curso
e aumentou a
prime rate
em 25 pontos base, seguida por mais uma seqüência de 18 aumentos
equilibrados, até chegar a 5,25% em 29 de junho de 2006 e a manteve
constante por 11 meses até agora, sem sinalizar o fim à cautelosa
pausa das variações da taxa de juros, estendendo um
boom de liquidez que cria uma charada na política de
fixação
das taxas de juro.
CHARADA É OUTRO NOME DA CONTRADIÇÃO
Mestre Greespan confessou publicamente que, com toda sua reconhecida sabedoria,
ele não podia entender porque as taxas de juros de longo prazo estiveram
baixas a despeito de uma alta
prime rate,
enquanto a curva invertida de rendimentos tenha sido obviamente causada pelo
FED em suas próprias ações prévias de oferecer
muito crédito no sistema. Este crédito fácil canalizou um
déficit externo o qual, devido à hegemonia do dólar, foi
reciclado como um superávit das contas de capital no Tesouro Americano,
empurrando as taxas de juros de longo prazo para baixo. Esta tendência
prossegue e é exacerbada por uma liquidez endógena gerada
internamente por securitização de débitos e hedging
através de derivativos. O que determina as taxas de juros de longo prazo
é uma liquidez monetária sustentada ou excesso de dinheiro
já no sistema, a partir de prévias taxas de juros de curto prazo
muito baixas e que permanecem por longos períodos; mas o subsequente
gradualismo do FED nas elevações das taxas de curto prazo com
data certa não poderia ser capaz de parar rápida e efetivamente o
"momentum" em baixa das taxas de juros de longo prazo.
DETERMINAR O TEMPO NAS ELEIÇÕES
Em 9 de novembro de 2004, no dia da eleição para o segundo
mandato de Bush, a
prime rate
estava em 1,75%, ainda bem abaixo da neutra, com os Índice de
Preços Daw Jones chegando à alta incrível
(bullish)
de 10.386,37, dando a Bush um mercado temporário altista (
bull market
), se não "uma forte economia auto sustentada" para obter uma
vitória fácil em relação à seu desafiante
John Kerry, com o FED mantendo uma interna cara de pau como sendo uma
instituição apolítica que opera nos verdadeiros
princípios científicos monetários. O FED elevou a
prime rate
a 2% em sua primeira reunião após a eleição
presidencial, quando era politicamente seguro elevar as taxas e mante-las
subindo até a corrente taxa de 5,25 %.
O Índice de Preços Dow Jones fechou em 10.719,74 no mesmo dia da
publicação Wicksell-Wall Streeet Journal, em 3 de outubro de
2000, tendo quebrado os psicológicos 10.000 pontos pela primeira vez na
história em 19 de março de 1999. O Índice de Preços
Dow Jones havia subido 50% desde sua prévia baixa de 7.161,15 registrada
em 27 de outubro de 1997, quando sofreu uma grande baixa de 554,26 pontos, ou,
7,2%, por contágio pela Crise Financeira Asiática.
No dia 4 de junho de 2007, desafiando persistentes notícias de uma fraca
economia, o índice de preços subiu 91% em relação a
baixa de 1997, para fechar num recorde absoluto de 13.673.
O SANGRENTO EXPERIMENTO DE VOLCKER
Os monetaristas, que têm dominado o FED na maior parte de sua
história, subscrevem a teoria de que a inflação só
pode ser prevenida ou com altas taxas de juros, que reduzem o crescimento ao
reduzir o crescimento da oferta de dinheiro, ou com alto desemprego para a
redução de salários, que são na verdade, duas faces
da mesma moeda. Wicksell argumenta que a política monetária
trabalha melhor para conter a inflação fixando-se a taxa de juros
ao retorno sobre o investimento, ao envés da oferta de moeda.
À teoria de Wicksell foi dada credencial empírica em 1980 com o
breve experimento do Presidente do FED Paul Vocker, que procurava atingir a
base monetária com seu automático ajuste de taxas de juros
através de seu "procedimentos em novas
operações". O desastroso e ruinoso resultado da violenta
flutuação da
prime rate
forçou o FED a deixar cair pouco a pouco a mal sucedida proposta
imprópria de Volcker depois de aproximadamente seis meses.
O "novo procedimento operacional" foi adotado em 6 de outubro de 1979
pelo FED, sob a presidência de Paul Vocker, como um tratamento
terapêutico de choque para a Wall Street, que havia sido condicionada a
perder fé na ação política do FED para conter a
inflação por seu antigo presidente Arthur Burns, político
imprudente e oportunista da era Nixon, nos anos 70. O "novo procedimento
operacional", ao concentrar-se nos agregados monetários,
deixando-os ditarem as mudanças da
prime rate
num intervalo de 13 a 19%, a serem autorizados pelo Comitê do Mercado
Aberto do FED (FOMC - Fed Open Market Committee), era um exercício de
"incerteza criativa" para forçar o mercado financeiro a sair
da sua complacência quanto à política tradicional de
estabilização e gradualismo das taxas de juro do FED.
Havia uma tradicional expectativa no mercado que mesmo que o FED estivesse para
elevar as taxas ele o faria tão gradualmente, para não permitir a
volatilidade do mercado, que os bancos poderiam continuar a emprestar na medida
em que pudessem gerenciar lucrativamente o aumento gradual das taxas.
Sob os "procedimentos em novas operações" os bancos
estariam expostos a riscos tais que as taxas de juros poderiam súbita e
drasticamente ir contra mesmo às suas posições de
crédito a curto prazo. Os bancos também estiveram procurando
aumentar seus rendimentos expandindo novos empréstimos além dos
depósitos recebidos, emprestando fundos de curto prazo a baixas taxas de
juros. Esta prática recebeu dos reguladores bancários o benigno
nome de "responsabilidade gerencial", permitindo aos bancos lucrar em
spreads
acima da curva de rendimentos. O FED raramente, se tanto, havia permitido que
a curva de rendimentos se apresentasse invertida, quais sejam, taxas de curto
prazo maiores do que taxas de longo prazo, ao menos por longo tempo.
Esta prática de arbitragem em taxas de juros veio a ser depois chamada
de
carry trade
no jargão bancário e quando internacionalizada levou
eventualmente à crise financeira asiática de 1997, quando as
taxas de juros e a volatilidade das taxas de câmbio tornaram-se o novo
paradigma para turvar os mercados de participação e de moedas.
Os "procedimentos em novas operações" teria aumentado
bastante o risco de exposição dos bancos, ao menos antes da
muito difundida prática da "loan securitization"
(proteção aos empréstimos) que mudou os riscos
bancários individuais para um risco sistêmico do mercado
financeiro completo. No topo de tudo isto, Volcker também estabeleceu um
adicional de 8% de reserva nos empréstimos bancários. Os
"procedimentos em novas operações" violaram o
tradicional mandato do FED, o qual, como um banco central, era suposto ser
responsável por manter o mercado em ordem, o que significa serenas e
graduais mudanças nas taxas de juros, o que, por seu turno, manteria a
flutuação do suprimento de moeda moderada e gradual, de modo que
os preços não estariam excessivamente desligados dos fundamentos
do mercado. Os "procedimentos em novas operações" eram
políticas para provocar ameaças de severas panes de curto prazo
para estabilizar a expectativa de inflação de longo prazo.
Muitos economistas concordam que quando o crescimento da moeda é baixo,
os juros de mercado aumentam. O problema com o uso da
prime rate
para controlar o suplemento de moeda é que isto devia ser feito
através do processo
fiat money,
o que expunha o FED a pressões políticas para deter o boom de
liquidez que sempre acompanhava este processo. Um "case" pode ser
levantado, e é freqüentemente levantado, que as
variações da
prime rate
tendem a ser profecias auto-cumpridas ao invés de uma ferramenta para
manejar futuras tendências. do FED. Altas
prime rates
deflacionam enquanto baixas
prime rates
inflacionam e há poucos argumentos a respeito desta
relação, ao menos antes da era das "finanças
estruturadas" quando moeda virtual pode ser criada dentro de uma sistema
circulatoriamente fora do controle do FED. Sob as "finanças
estruturadas" altas
prime rates
podem realmente inflar porque elas elevam o custo do dinheiro
necessário para proteção através do hedging e na
feitura de lucros através da arbitragem financeira.
Mas há muitos argumentos a respeito da competência do FED em suas
projeções na economia. A história mostrou que o FED, muito
freqüentemente, tem tomado decisões erradas baseadas em
projeções errôneas, que as vezes margeia na cega
contradição porém com base em dados claros. Os
"procedimentos em novas operações" deixariam os
agregados monetários estabelecer a
prime rate
cientificamente e dariam uma cobertura política para ela fosse a dois
dígitos. Isto atinge o monetarismo pela porta traseira, não por
heróica convicção intelectual mas por covardia
política.
O Conselho Federal Consultivo ("Federal Advisory Counsil FAC")
do FED ("Federal Reserve Board") é único, uma
instituição peculiar, porque é um gigantesco lobby
bancário composto por doze representações da
indústria bancária que oficialmente dá consultoria ao FED:
é toda uma poderosa Instituição pública com a
força da lei, mas tendo como proprietários, os bancos privados. A
FAC se reúne secretamente quatro vezes ao ano com os membros do FED para
dar à industria bancária uma particular rota de influência
nas deliberações ou nas próprias decisões do FED.
As ainda não secretas anotações da FAC mostram que quatro
semanas antes dos anúncios de Volcker sobre os "procedimentos em
novas operações", em 6 de outubro de 1979, a FAC tinha
recomendado ao FED uma revisão de seu "tradicional"
procedimento operacional, antes mesmo que o presidente do FED estivesse alerta
sobre as deliberações e decisão final de adotar os
"procedimentos em novas operações" . Inicialmente a FAC
estava preocupada que a pressão política iria por certo empurrar
a
prime rate
para baixo, não antecipando que o suprimento de moeda se tornaria
volátil criando uma extrema volatilidade nas taxas de juros. Carter,
preocupado com a crise dos reféns do Irã, estava totalmente no
escuro sobre a ameaçadora política das voláteis taxas de
juros com a qual o FED sobre a presidência de Volcker, um republicano,
estava a atingir a administração democrática de Carter, em
direção à sua segunda eleição, em um ano.
Para estabilizar o suprimento de moedas o FED anunciou em 14 de marços
de 1980 um programa de emergência do controle de crédito. O
programa afetou não apenas os bancos comerciais mas também os
fundos mútuos e companhias de varejo (retalho) que emitem cartões
de crédito. Os bancos estariam limitados a 9 % de crescimento de seus
créditos ao invés de 17% até fevereiro. Em abril, o FED
ficou chocado pelos dados que davam o dinheiro como desaparecido do sistema
financeiro numa alarmante e rápida velocidade. Nas últimas duas
semanas de março $17 mil milhões desapareceram, representando um
grau de encolhimento anual de 17%, gerando uma mudança de 34% na oferta
de moeda. A moeda estava a evaporar-se do sistema bancário como
crédito estéril, com os devedores pagando seus débitos em
resposta à persuasão moralista de Carter que visava salvar a
nação da hiper-inflação através da
restrição pessoal ao consumo. Outra causa era a mudança
dos depósitos bancários para as Notas do Tesouro de três
meses, que estavam pagando 15% ªª de juros, causando uma saída
da moeda de novo para a caixa forte subterrânea do FED.
Os "procedimentos em novas operações" de Volcker,
adotado seis meses antes, agora enfrentava um teste crítico. De acordo
com a teoria monetarista, o FED agora precisava bombear novas reservas
bancárias para parar a contração da oferta
monetária. Mas na prática, Volcker e o Comitê do Mercado
Aberto do FED (FOMC - Fed Open Market Committee) estavam aplicando um
monetarismo, o qual, por definição, deveria ser uma
política de longo prazo, para turbulência de curto prazo e no
processo minaram seus próprios esforços na luta contra a
hiper-inflação e pior ainda, desestabilizaram a economia
desnecessariamente. Quando os mortais fazem-se de deuses, outros mortais
morrem, não necessariamente.
Em 6 de maio de 1980, com o Balcão do Mercado Aberto de Nova Iorque
("New York Fed´s Open Market Desk") furiosamente tentando
reverter uma devastadora contração da oferta monetária,
bombeando dinheiro no sistema, comprando títulos do governo e
depositando os fundos nos bancos para criar nova moeda adicional de alta
potência, aumentando a reserva dos bancos para empréstimos, os
juros caíram repentina e abruptamente. A
prime rate
caiu 500 pontos em duas semanas, de 18% para 13%, seu nível mais baixo,
e estava sendo realmente negociada em 1 ponto abaixo da mais baixa taxa
prevista pelo Comitê do Mercado Aberto do FED (FOMC) nos
"procedimentos em novas operações".
DIZENDO AO COMBOIO MONETÁRIO PARA IR EM DIREÇÕES OPOSTAS
SIMULTANEAMENTE
O FED estava em perigo de perder o controle da
prime rate
no mercado e pondo em risco sua própria credibilidade. O FED de Nova
Iorque notificou o Comitê do Mercado Aberto do FED (FOMC) que o FED
poderia continuar a seguir os "procedimentos em novas
operações" injetando mais reservas nos bancos para deixar a
"prime rate" cair abaixo do baixo limite estabelecido pelo
Comitê do Mercado Aberto do FED (FOMC) ou restringir o suprimento de
reservas para fazer com que a
prime rate
atingisse de novo os 13% estabelecidos por este comitê, mas que
não poderia seguir ambas as alternativas, assim como um trem não
poderia ir em direções opostas simultaneamente.
Volcker optou por continuar os "procedimentos em novas
operações" e arranjou um telefone para conferência de
emergência junto à FOMC para autorizar uma nova mais baixa
prime rate
de 10,5%, menor do que
prime rate
de 13%, mas abaixo da taxa de inflação de 12%.
As condições do mercado eram tais que as taxas de juros caindo
abaixo de 10% significariam estar abaixo do neutro, com taxas de juros
negativas após o ajuste inflacionário, o que faria com que se
iniciasse uma outra farra de empréstimos para piorar as futuras
inflações. A falha fundamental do monetarismo estava sendo
exposta pela vida real. O clamor para estabilizar a oferta de moeda e que
também estabilizaria as taxas de juros, estava mostrando-se inoperativo
nos eventos econômicos. Na realidade, tentativas para estabilizar a
oferta monetária realmente desestabilizavam as taxas de juros e as
puxavam para baixo num mercado dinâmico de rápida
reação, num ambiente de contração de liquidez.
Desesperado, o FED, sob o comando de Volcker, com a concorrência de uma
Casa Branca de Carter atacada de pânico, começou a desmontar o
Controle Emergencial de Crédito mais rapidamente do que as medidas
administrativas o permitiam; assim, a demanda por crédito não
seria artificialmente fechada, na esperança de fazer com que o mercado
de taxas de juros subisse a partir de mais empréstimos. Assim ficamos
até julho de 1980, antes de que o derradeiro controle de crédito
fosse levantando. Em abril passado, o FED de Nova Yorque tinha injetado
reservas adicionais no sistema bancário numa taxa anual de 14% e em maio
numa taxa anual de 48% em reservas não emprestáveis, empurrando
as taxas de juros para baixo e preparando o terreno para a futura
inflação.
É obvio que Volcker ficou apavorado e assombrado pelo imediato colapso
econômico provocado por seu próprio programa de controle de
crédito que pararia o crescimento de oferta de moeda. Na última
semana de julho, a
prime rate
caiu abaixo de 13%, ou seja, 8,5% a menos do que os 20% de março. Num
dia de negociação ela mergulhou a 7,5% e foi nestas
circunstâncias que o FED perdeu o controle. A taxa de curto prazo que a
política monetária regulava mais diretamente estava livre e
flutuando para baixo a seu bel prazer, sem articulação com a
prime rate
estabelecida pela Taxa de Juros Federal do FED (FFR - Fed Federal Rate). Com
uma
prime rate
abaixo da taxa de desconto, ela poderia ser zero por bancos que respondessem
às forças do mercado. Assim a pressão para abaixar a taxa
de desconto era esmagadora. Os mercados financeiros jamais haviam visto nada
como isto. O mercado financeiro tornou-se um jogo no qual os guardas foram
reunidos em sua torre enquanto os ocupantes deixavam o hospício.
CORRIGINDO A ULTRAPASSAGEM DO LIMITE COM NOVA ULTRAPASSAGEM
A
prime rate
caiu de 20% em abril para 8,5% em 10 semanas, banindo efetivamente o
gradualismo nas taxas de juros para locais menos povoados. No outono de 1979 o
FED tomou a iniciativa de puxar para cima o preço do dinheiro em 100%,
para lutar contra a inflação. Agora abertamente, sete meses
depois, o mesmo FED, deixou o preço do dinheiro cair ainda mais
rapidamente, para reverter a contraída oferta de moeda, dando uma
importância pequena à inflação-torpedo, que viria
com frenesi à frente, com toda a velocidade, num mar de liquidez. A
recessão abruptamente chegou ao fim devido à reação
desmedida do FED e Volcker, o auto-ordenado matador do dragão da
inflação, tornou-se de um dia para outro um criador de
bebês-dragões, de DNA inflacionário ainda mais agressivo e
a economia enfrentava uma inflação pior e problemática
devido à sua imunidade às taxas de juros do que quando o mesmo
assumira a presidência do FED há menos de um ano.
Muitos negócios que eram lucrativos durante um regime constante de taxas
de juros foram à bancarrota durante o breve período da
súbita volatilidade da liquidez produzida pelo FED, mas os bancos
dançavam nas ruas com os lucros trazidos pelos ventos e com o excesso de
caixa para emprestar. O experimento "procedimentos em novas
operações" de Volcker colocou de novo o FED em sua
trajetória original: foco nas taxas de juros e não nos
números do suprimento de moeda, jurando novamente focar apenas no longo
prazo. Até para o longo prazo, o suprimento de moeda era o correto
barômetro, enquanto para o curto prazo, a taxa de juro era a ferramenta
apropriada. O FED pareceu não ter aprendido nada, a despeito de ter
feito a nação e o mundo pagar uma instrução
bastante cara.
A política das altas taxas de juros de Volcker ocasionou que o
dólar subisse nos mercados externos, fazendo as
exportações norte-americanas se tornarem menos competitivas,
porém menos caros os seus investimentos. A elevação nos
preços de importação era moderado pelas baixas taxas de
lucro disponível aos importadores estrangeiros cujos ganhos em
dólares agora valiam mais em suas moedas locais.
Ao invés de reestruturar a economia dos Estados Unidos e reformar os
termos do comércio globalizado para endereçar-se ao suporte do
déficit estrutural de sua balança de pagamentos, o
secretário do Tesouro James Baker, com Reagan Presidente, optou pela
maneira mais fácil e engenhou o "Plaza Accord" em 22 de
setembro de 1985, para empurrar o dólar para baixo pela
intervenção combinada dos bancos centrais dos Estados Unidos e
Japão, e Alemanha, França e Inglaterra. Duas semanas antes, em 6
de setembro, o FED elevou as taxas da
prime rate
em 25 pontos base para 8%, de 7,75% estabelecida em metade de julho, pondo uma
pressão de alta no dólar, a despeito do Tesouro estar tentando
empurrar o dólar para baixo.
O "Plazza Accord" quando finalmente posto em prática com a
intervenção do banco central, empurrou o yen japonês para
baixo acima de 50% contra o dólar. Mas isto teve pouco efeito
visível no déficit da balança de pagamentos dos EUA.
Permitiu, por certo, aos EUA exportar deflação ao Japão,
usando a baixa taxa de juros do dólar para impulsionar nominalmente os
valores dos seus ativos.
O "Plazza Accord" desuniu a taxa de juros do dólar de sua taxa
de câmbio, e também
a tradicional ligação entre o aumento das taxas de juros e a
queda dos preços dos papéis participativos.
A revista
Time
publicou em 26 de janeiro de 1987 que John Makin, diretor de estudos de
política fiscal da "American Enterprise Institute" de
Washington, argumentou que o valor do dólar era "totalmente
irrelevante. Se o déficit do orçamento não o iria empurrar
para baixo o suficiente, o déficit na balança de pagamentos
também não o iria." Sidney Jones, um economista do
"Brookings Institution", também advertiu do perigo se a taxa
de câmbio do dólar continuasse a servir como o principal
instrumento no controle do balanço de pagamentos: o risco de que a
inflação, cerca de 2% em 1986, fosse subitamente despontar.
"Uma vez que subam aqueles preços de importação,
então você poderá safar-se aumentando os preços
domésticos. Este é provavelmente um grande risco da
inflação, maior do que simplesmente aumentar os preços dos
produtos importados," Jones foi citado falando. Até agora a
Casa Branca passou uma altamente restritiva conta de comercio externo para
todos; mas isto tem sido protelado pelo Senado (controlado) da
República, favorável ao comércio externo.
A CHINA ENTRA NO QUADRO DO COMEacute;RCIO
Como era de esperar, a mesma paixão pelo jogo comercial do Japão,
há duas décadas, está agora sendo desenvolvida pela China.
E se a China submeteu-se, como fez o Japão, à pressão
dos EUA para revalorizar sua moeda contra o dólar, a China vai fazer
frente a décadas de deflação, como fez o Japão. A
China começou sua reforma econômica e sua política de
abertura para o exterior em 1978 e uma boa parte do excesso global de liquidez
resultante da reciclagem das rendas do petróleo após a crise do
petróleo de 1973 foi para a China após 1978, e também para
outras economias na Ásia, fundando os "Newly Industrializad
Countries (NICs)", conhecidos como os Tigres Asiáticos,
ávidos para comercializar com e investir na China. Por quase três
décadas, a China foi conduzida num meio de altíssima liquidez,
criada pela ação secreta de desvalorização do poder
de compra do dólar, pelo FED dos EUA.
Ironicamente, pânditas de todas as cores tem desde então aplaudido
a China por sua sabedoria em adotar o capitalismo de mercado como
trajetória para sua fuga da pobreza, enquanto todo o mundo tem-se
tornado viciado no dinheiro fácil denominado dólar de valor
decrescente, que atualmente produz de cada um um pobre em termos reais,
só que alguns se tornam mais rapidamente, e por
comparação, mais pobres. Pateticamente, os economistas
neoliberais caíram sobre si próprios saudando o poder de
erradicação da pobreza do fundamentalismo de mercado.
O LOGRO DA IGUALDADE DE RENDAS
J. Bradford DeLong, como professor de economia da Universidade da
Califórnia e ex-assessor de Clinton, atraiu as atenções ao
alegar, em artigo de fevereiro de 2001, "A Distribuição de
Rendas no Mundo Está Virando a Esquina?"
(The World"s Income Distribuition: Turning the Corner?),
que a distribuição global de rendas está tendendo
à igualdade, através da globalização. Tal
alegação não apenas toca a face do Banco Mundial, com seus
Coeficientes de Gini que medem as des(igualdades) de renda na economia, mas
ignora o fato de que todos os salários estão caindo globalmente
em seu poder de compra, mesmo se subindo nominalmente, melhorando a igualdade
estatística, como salários nominais, nas alterações
para mais das economias pobres, que sobem numa maior velocidade porque elas
partem de uma base mais baixa, quer seja em termos nominais ou reais.
A ideologia neoliberal afirma que a desigualdade é o resultado da
pobreza e que quando a pobreza é aliviada a desigualdade retrocede. Esta
asserção nega a possibilidade da desigualdade por si mesma causar
a pobreza, não como um resultado de um jogo de soma zero, mas como um
abafador na demanda de consumo numa economia global contaminada pela
supercapacidade de produção. O comércio externo
globalizado, melhor que o desenvolvimento doméstico, tem sido aclamado
pelos economistas neoliberais, como a solução para ambas, a
desigualdades e a pobreza. A oposição à
globalização pelo mundo pobre tem sido rotulada como tolice pelas
correntes neoliberais que mantêm o poder de monopólio na
mídia, em desprezo pela evidente condição da pobreza
decorrente destas razões.
O MODELO HARROD-DOMAR DE DESENVOLVIMENTO
Os economistas neoliberais apontam o Modelo Harrod-Domar de crescimento
econômico para argumentar que uma distribuição desigual de
renda promove um mais rápido crescimento econômico e um maior
emprego, porque os ricos poupam mais do que os pobres, de tal forma que um
maior volume de poupanças domésticas irá aumentar o
estoque de capitais disponíveis para investimentos; e a acelerada
formação de capitais irá fazer crescer o produto interno
bruto e as resultantes rendas, um círculo virtuoso dando como resultado
maiores poupanças. Então, desigualdades de rendas, mesmo com
pobreza generalizada, é considerada como boa para o desenvolvimento,
não como um compromisso transitório, mas como uma permanente
necessidade estrutural. Este é essencialmente o modelo FMI/OMC de
fundamentalismo de mercado, desde então desacreditado pelos dados
fatuais.
Até mesmo Deng Xiao-ping, supremo líder da reforma
econômica chinesa, caiu nesta falácia e aceitou a necessidade de
"algumas pessoas tornarem-se ricas primeiro".
Afirmativamente, a palavra "primeiro" logo desapareceu das
deliberações da política econômica chinesa,
até ser demasiado tarde. Finalmente, as novas lideranças da China
estão há tempos chamando a atenção sobre o problema
das disparidades de renda, primeiro, entre a população e segundo,
entre regiões, mas a tarefa é cada vez mais hercúlea pelas
duas décadas de longa solidificação de uma superestrutura
política e burocrática engastada com a poderosa resistência
dos interesses especiais daqueles que ficaram ricos primeiro e querem ficar
mais ricos permanentemente.
Não obstante o modelo de Harrod-Domar poder não ser operativo num
mundo infestado por capacidades em excesso devido ao sobre-investimentos, e
insuficiente demanda devido à desigualdade de rendas, o modelo omite o
fato de que, sob o capitalismo financeiro globalizado, mesmo a poupança
dos ricos em economia pobres são sifonadas para os mercados de capitais
americanos, esgotando a economia local dos capitais desesperadamente
necessários. A abundância do dólar global no contexto da
hegemonia do dólar que o presidente do FED, Ben Bernanke, interpretou
mal como a abundância da poupança global é a
evidência viva contra a validade do modelo de Harrod-Domar de crescimento
econômico. As desigualdades de renda nas economias que exportam para os
EUA prevêem formação de capital apenas para os EUA ao
financiar uma conta superavitária de capital norte-americano com os
superávites correntes que essas economias conseguem no comércio
exterior.
Tal situação eleva o custo do capital para as economias
exportadoras que tem que oferecer retornos drasticamente mais elevados que o
retorno que eles obtêm dos EUA e seu soberano débito, meramente
para induzir o seu próprio capital que volte para casa.
E ainda assim, o capital flui apenas para o setor exportador para ganhar mesmo
mais dólares, que pagam capitais estrangeiros denominados em
dólares, colocando essas economias numa perpétua desvantagem
competitiva na obtenção de capitais globalizados. A China
é o perfeito exemplo de uma economia em rápido crescimento
apanhada nesta armadilha. Procurando resultados melhores do que seus
dólares em reserva obtêm do Tesouro dos EUA, a China está
começando a perseguir o assim chamado "investimento
alternativo" em empresas privadas de alto risco enquanto continua a
encarar deficiência de capital em suas regiões rurais e na maior
parte de seus setores não exportadores.
A MIRAGEM DO CRESCIMENTO DO PIB
Na metade dos anos 60, a teoria equacionando o crescimento interno com o
crescimento do PIB não estava ainda empiricamente apoiada pela
evidência. O PIB atribui lucros ao país onde fábricas ou
minas ou instituições financeiras estão localizadas,
não fazendo menção da nacionalidade do país
proprietário, mesmo que lucros e investimentos possam não estar
permanentemente neste país. A mudança na contabilidade do PNB
Produto Nacional Bruto, que mede o valor total adicionado pelas
economias interna e externa, declarada pelos residentes de um país, para
o PIB, mudou muitos debates: não se falou mais de economias exploradas,
mas sim em estatísticas de
boomtowns
enquanto se seduziam os líderes locais a abraçar a economia
global, seus países deslizavam para uma pobreza maior.
Mas tais micro evidências têm sido sistematicamente rejeitadas
pelas principais correntes da economia, porque elas vão além do
predominante macro paradigma da globalização do comércio,
a qual é considerada intelectualmente incontestável e
ideologicamente correta. Além disso, a evidência vai contra o
poderoso interesse econômico das ricas economias e é rejeitado
como o resultado de um déficit da democracia. Nas regras do
desenvolvimento, o capital é tratado como mais escasso do que o trabalho
sendo o mais precioso fator de produção; os donos do capital
são logicamente justificados por receber uma maior parte dos
benefícios do desenvolvimento.
Lawrence Summers, como economista chefe do Banco Mundial, usou um argumento
econômico similar para descarregar a poluição das economias
avançadas nas economias em desenvolvimento, de modo a conseguir um custo
geral mais baixo, globalmente.
O único problema com esta pervertida aproximação do
custo-benefício para a economia do bem estar, é que isto
não é verdade. O desenvolvimento ótimo requer capital e
trabalho para ser considerado legítimo e ter valor eqüitativo;
assim a oferta e demanda têm que estar em equilíbrio e toda a
existência humana deve ser tratada com igualdade porque muitos no mundo
já reconheceram que o aquecimento global não reconhece economias
ou fronteiras nacionais.
COMPRADORES CATIVOS DO DÉBITO SOBERANO DOS EUA
Em 1995, um ano após o FED ter começado o grande passeio com a
prime rate
e abruptamente ter reduzido suas próprias compras das notas do tesouro
americano, disparando a crise do peso mexicano e a subseqüente
diminuição do crescimento dos EUA, o Banco do Japão
iniciou o programa de uso de suas moedas externas, comprando $100 mil
milhões de notas do tesouro americano. A China comprou $80 mil
milhões. Hong Kong e Singapura compraram $22 mil milhões.
Coréia, Malásia, Tailândia, Indonésia e Filipinas,
compraram $30 mil milhões. As compras da Ásia totalizaram $260
mil milhões de 1994 a 1997, um crescimento inteiramente em
dólares dos EUA, mantidos em reserva.
Em 1995, o leste da Ásia sustentou 47% dos fluxos de capitais para todos
os países de baixa e média renda. Somente em 1996, cerca de $100
mil milhões fluíram o para leste da Ásia, tendo Banco
Central Asiático de comprá-los por moeda local, investindo-os no
tesouro americano.
Mas em 1997, $150 mil milhões fluíram para fora nos três
meses após julho, exacerbando a Crise Financeira Asiática ao
secar as reservas de moeda externa mantidas pelos bancos centrais
asiáticos. Esses dólares reciclados empurraram para cima os
preços das ações dos EUA, antes e depois da Crise
Financeira Asiática.
AS "FINANÇAS ESTRUTURADAS" TORNAM INOPERATIVO O GRADUALISMO
DAS TAXAS DE JUROS
Os "procedimentos em novas operações" de Volcker
iniciaram-se em 1980, 27 anos atrás. Hoje em dia, com as
"finanças estruturadas", as quais podem adicionar liquidez
endógena criada internamente por esquemas de gerenciamento de riscos
para a proteção contra uma trituração
(crunch)
de liquidez, uma nova dimensão deve ser somada. Por esta nova
dimensão, ao estabilizar a oferta de moeda, ao invés de levar as
taxas de juros para baixo, a taxa de juros será mandada aos céus
devido à violenta competição por moeda pelos participantes
do mercado. Viciados num suprimento sem fim de moeda barata, transformando um
aumento rápido de liquidez em um aumento rápido de
falências. Quando o mercado antecipa que a moeda tornar-se-á
escassa, todos os agentes querem emprestar antes que a moeda acabe. A moeda
torna-se fácil só se há poucos emprestadores para a moeda
disponível para empréstimos. Quando cada um quer mais dinheiro
fácil, inclusive emprestadores que precisam emprestar mais dinheiro para
concederem mais empréstimos, a moeda torna-se difícil de
conseguir muito rapidamente.
Reconhece-se que a maneira mais efetiva para que o FED estabilize o sistema
monetário é através de um consistente, gradual e
"mais regular" política de taxas de juros, sem surpresas ou
bruscas mudanças. O mercado de crédito tem crescido acostumado a
graduais políticas de taxas de juros. Este é o racional para uma
boa aterrissagem, que amorteça os efeitos adversos de uma bolha
preexistente. O problema com o gradualismo é que a sua
aproximação é crescentemente fora de passo com um mundo
financeiro de rápido-passo, dirigido por "finanças
estruturadas" com derivativos financeiros de todas as espécies, que
tendem a criar uma súbita super volatilidade sistêmica ainda que
os instrumentos financeiros empregados fossem destinados para assegurar
estabilidade para os participantes individuais do mercado. Alta volatilidade
tornou-se oportunidade de lucro para os
hedge funds,
bancos e
traders.
O GRADUALISMO CHINÊS SOB ATAQUE
Ironicamente, o gradualismo da China na reforma financeira e no ajustamento
das taxas de juro tem sido veementemente atacado por impacientes
funcionários públicos americanos, não obstante a
tradicional preferência do FED pelo gradualismo monetário.
Ironicamente, o gradualismo opera num controlado mercado de capitais, o qual a
China ainda tem, mas não num não-controlado mercado de capitais
conduzido pelos Estados Unidos .
WICKSELL DÁ A GREENSPAN UMA COBERTURA CIENTÍFICA
A teoria de Wicksell de unir a taxa de juros à taxa de retorno do
investimento providenciou uma oportuna cobertura científica para a
política de altas taxas de juro de Greenspan em face da lenta economia,
ao aproximar-se a eleição presidencial de 2000. As taxas de juros
poderiam estar altas e a justificativa teórica seria que os
investimentos no estrangeiro estavam obtendo bons retornos, mesmo no caso da
economia doméstica estar mostrando claros sinais de
estagnação.
A oferta global de moeda continua a se expandir através da
política do FED sob a hegemonia do dólar, que permite o
déficit comercial dos EUA para financiar o superávit na conta de
capital dos EUA, mantendo a taxa de juros de longo prazo do dólar baixa,
mesmo quando o FED mantém a
prime rate
alta. A curva de rendimentos achatada, ou invertida em certos momentos,
significando taxas de longo prazo caindo abaixo das taxas de curto prazo,
não trazem recessões no longo prazo porque a liquidez é
mantida alta pelo fluxo circular do déficit comercial que volta na conta
de superávit de capital, com a inflação mantida baixa
pelos baixos salários artificialmente mantidos e dos preços dos
ativos mantidos altos pelo excesso de dinheiro que regularmente perde poder de
compra.
CONTRAPARTIDA
(TRADE-OFF)
ENTRE OS CRESCIMENTOS GLOBAL E INTERNO
Este era o ponto pelo qual a economia política dos Estados Unidos
começou a fazer a macro contrapartida
(trade-off)
procurando os benefícios da globalização às
expensas de sua economia doméstica. Esta contrapartida tornou-se
possível devido à hegemonia do dólar, na qual o
comércio e as finanças mundiais são denominadas em
fiat
dólares, que os Estados Unidos e só os Estados Unidos podem
emitir à vontade e com poucas penalidades no curto prazo.
Para o capital é permitido explorar o trabalho em todas as economias,
inclusive nos Estados Unidos, de tal modo que a taxa interna de retorno pode
ficar alta. A tradição de baixar a taxa de juros de curto prazo
em resposta à uma economia lenta tem sido nos Estados Unidos
substituída pela necessidade de manter maiores a taxa de juros de curto
prazo para atrair fluxos de capital e para compensar a contínua
desvalorização do dólar independentemente das
flutuações das taxas de câmbio no curto prazo. Altas taxas
de juros são necessárias para sustentar o superávit na
conta de capital. Com a ajuda do FED, o tesouro americano tornou-se o principal
jogador no "carry trade business", pagando baixas taxas de juros nos
títulos do tesouro, emprestando essas importâncias aos bancos
à taxas maiores, os quais, por seu turno, emprestam às
corporações e agentes privados a taxas maiores ainda.
Enquanto esta contrapartida
(trade-off)
não foi inteiramente compreendida pelos economistas de Clinton,
liderados por Robert Robin (antes de se juntar à Casa Branca de Clinton
foi um senhor vendedor de títulos da Goldman Sachs), o público,
trabalhadores particulares, ficou por muito tempo completamente esquecido,
sujeito a um destino ameaçador ou seja perder a camisa que protegia suas
costas, feita pelos membros da "União das Senhoras Trabalhadoras na
Indústria do Vestuário", que seriam substituídos por
roupas mais baratas, feitas por baixos salários na Ásia,
particularmente na China.
A RUÍNA DO MERCADO DE TÍTULOS
William H. Grossm da "Pimco Total Return Bond Fund", um
veterano e altamente respeitado gerente do mercado de títulos, com um
impressionante récorde ao manejar com lucros um fundo de títulos
acima de U$ 100 mil milhões, o maior do mundo, recentemente admitiu
publicamente que cometeu um erro muito grande apostando nas taxas de juros do
FED em processo de queda para compensar a lentidão da economia americana
causada por um colapso no setor habitacional devido ao colapso do mercado
sub-prime
[3]
de hipotecas. Como investidor no mercado de títulos, Gross,
compreensivelmente, colocou sua visão apenas em uma dimensão, no
movimento das taxas de juros, uma vez que o preço dos títulos
move-se em direção oposta às taxas de juros.
Enquanto Gross acuradamente previu uma economia mais lenta, falhou em
compreender que o FED estava determinando as taxas de juros para os altos
rendimentos nominais globais corporativos encorajado por um regime de total
desvalorização monetária, mas com o dólar se
desvalorizando numa velocidade mais alta do que as demais moedas, aumentando
então as rendas externas em termos de dólar. A carteira de
títulos da Pimco perdeu em dois níveis em sua má
opção sobre taxas de juros: num colapso nos preços
nominais pois as taxas permaneceram altas, e num declínio a longo prazo
que seus títulos tiveram após uma persistente
desvalorização no poder de compra real do dólar frente a
valores reais.
UM DÓLAR FORTE É DO INTERESSE NACIONAL DOS EUA
Naturalmente, o Tesouro, o qual, por lei, requer o FED para apoiar suas
políticas de taxas de câmbio como matéria de
segurança nacional, tem repetidamente declarado que é do
interesse nacional dos Estados Unidos um dólar forte. E um dólar
forte, na arquitetura das finanças internacionais, requer uma alta taxa
de juros. Agora, em adição à segurança nacional e
justificando este interesse nacional, uma respeitável teoria
científica está sendo ressuscitada para apoiar a política
de altas taxas de juros de Greenspan requerida por sua bolha de liquidez.
Com a globalização do comércio e das finanças, os
dados de campo tem então demolido a sabedoria convencional de que o
desemprego abaixo do nível estrutural de 6% cause
inflação, porque os preços de consumo dos Estados Unidos
são mantidos baixos pelos baixos preços das
importações devido à arbitragem salarial global e pelos
baixos salários pagos aos imigrantes ilegais, a despeito do
declínio global do poder de compra de todas as moedas guiadas pela
hegemonia do dólar. Greenspan chamou suas altas taxas de "taxas de
juros de equilíbrio". Mas um dólar é forte apenas em
relação a outras moedas chaves, enquanto todas as moedas
continuam a se desvalorizar contra valores reais numa tendência global
à se tornarem fracas, guiadas pelo dólar. A despeito da
retórica, os Estados Unidos não tem tido uma política de
dólar forte por décadas.
A POLÍTICA DA ECONOMIA
O FED, não obstante sua pretensão intelectual e
auto-proclamação de independência política, foi
sempre uma instituição política. A política do
monetarismo econômico repetidamente ressuscitada na "terra do lixo
intelectual"
(intelletual wasteland),
como uma Sibéria teórica, tem contado com novos gurus para
apoiar suas últimas interpretações ideológicas de
uma sempre mudada economia. Ganhadores do Prêmio Nobel são
proponentes de teorias que explicam "cientificamente" as
últimas ondas das políticas deficitárias.
A lista inclui a maior parte dos Prêmios às políticas
contestadas de Gunar Myrdal e Friedrick August von Hayek (em 1974, Myrdal, pela
interdependência dos fenômenos econômicos, sociais e
institucionais), em contraste com Hayed, pela teoria da moeda,
flutuação econômica e fundamentalismo de mercado, que fez
com que Myrdal encabeçasse a lista pedindo a abolição de
qualquer homenagem no terreno da moralidade. Outros na lista eram: Milton
Friedman (1976, história monetária, teoria monetarista e
política de estabilização), Theodore W. Schultz e Arthur
Lewisn (1979, desenvolvimento econômico e países em
desenvolvimento), James Tobin (1981, mercados financeiros e decisões de
despesas, emprego, produção e preços), George J. Stigler
(1982, estruturas industriais, funcionamento do mercado e causas e efeitos da
regulamentação pública), Franco Modigliani (1985,
poupanças e mercado financeiro), Robert M. Solow (1987, crescimento
econômico). Robert Lucas (1995, expectativas racionais), Amartya Sem
(1998, economia do bem estar), Robert C. Merton e Myron S. Scholes (1997, valor
preciso das opções e derivativos), Robert A. Muldell (1999,
regime das taxas de câmbio), George A. Ackerlof, A. Michael Spence e
Joseph E. Stiglitz (2001, mercados com informações
assimétricas), etc, etc.
Não é difícil notar que muitos conceitos econômicos
honrados pelo Comitê Nobel, por trabalhos usualmente realizados
décadas anteriores, eram conceitos muito em voga no tempo em que os
prêmios foram concedidos, e não para serem seguidos nos desastres
da vida real causados pelas inquestionáveis e muito difundidas
aplicações desses mesmos conceitos admiráveis. O
último exemplo é Stiglitz, que, parte integrante da
instituição econômica que promovia o fundamentalismo de
mercado, sumarizado pelo Consenso de Washington, a despeito de seu trabalho
anterior sobre informações assimétricas do mercado,
só com atraso levantou questões sobre os reclamos do mercado
fundamentalista como as soluções enviadas por Deus para a ordem
econômica depois da Guerra Fria. Como o prêmio Nobel da Paz, o
Nobel da Economia é altamente politizado.
Wicksell providencia uma cobertura intelectualmente respeitável para
Greenspan, que abdica da sua responsabilidade como o presidente do mais forte
banco central do mundo ao pretender seguir os fluxos do mercado, para tratar as
taxas de juros como o preço do dinheiro estabelecido por forças
do mercado e não como uma autoridade monetária com um mandato
para promover o pleno emprego e o crescimento balanceado nas economias
interconectadas do mundo. A questão embaraçosa é que nunca
é perguntado porque um banco central é mesmo necessário se
o mercado financeiro está com um piloto auto-ajustado.
TODOS TÊM UMA POLÍTICA DE RENDAS
O fato é que os monetaristas do FED estão fervorosamente e
incessantemente intervindo nos mercados financeiro e monetário; a
única diferença entre eles e os Keynesianos é que eles
intervêm para favorecer o capital como expresso pelo valor nominal da
moeda, enquanto os Keynesianos intervêm para proteger o trabalho do
desemprego estrutural e dos salários abaixo da inflação,
suposto necessário pelos monetaristas em sua luta contra a
inflação. Como o economista pós-Keynesiano Paul Davidson
com todo o discernimento disse: "
todos têm uma política de rendas; eles não gostam da
política de rendas de seus outros colegas mas afirmam que sua
própria é determinada por um mercado inteiramente livre
". Estendendo seu desagrado pela inepta burocracia, os neo-conservadores
monetaristas rejeitam a política imperativa dos governos, enquanto que
os neoliberais monetaristas rejeitam a responsabilidade do governo visando o
bem estar de todos os cidadãos, defendendo uma política de rendas
que favoreça à classe dos ricos.
UM NOVO GURU
A instalação de um novo Guru no FED estimula o re-pensamento em
Wall Street.
Traders
e investidores agora têm que reverter as suas tradicionais
reações automáticas para vender, assim que o FED aumenta
suas taxas de juros de curto prazo. Mesmo quando os ganhos reais das
corporações caem no meio das taxas de juros em
elevação, tais quedas são mascaradas nominalmente como
lucro, no giro da desvalorização da moeda.
UMA PALAVRA ACERCA DE WICKSELL
Knut Wicksell, nascido em Estocolmo, Suécia, publicou seu livro:
"Value, Capital and Rent" (Valor, Capital e Rendas) (1893) em sueco,
o qual não foi traduzido para o inglês até 1954. Em seus
dois volumes, "Lectures on Political Economy" (Conferências
sobre Economia Política) (1901-6) e "Selected Papers on Economic
Theory" (Artigos Selecionados sobre Teoria Econômica) (1958) foram
lidos apenas por profissionais. Wicksell fez um trabalho rigoroso sobre a
teoria marginal de preços e distribuição e sobre a teoria
monetária. "Lectures on Political Economy" foi considerado
competentemente um "livro texto para professores". Numa carreira
inusualmente volátil, incluindo breve prisão por exercer direitos
de discursar em público sem autorização, ele escreveu e
conferenciou incansavelmente sobre "princípios fundamentais na
economia", que não figura entre as atitudes admiradas por
Greenspan, um discípulo de Ayn Rand, devoto do objetivismo com extremo
individualismo.
Wicksell era um defensor das reformas econômicas e sociais de toda a
sorte, muito notadamente do conceito Neo-Malthusiano de controle da
população. Ele estendeu o conceito de Ricardo sobre a
distribuição de rendas desiguais com base na lei férrea
dos salários, asseverando que uma economia totalmente livre não
equalisa naturalmente a distribuição da riqueza; assim a riqueza
criada pelo crescimento seria distribuída em sua maior parte para
aqueles que já tenham riqueza. Wicksell defendeu a
intervenção do governo para impulsionar o bem estar
público e nacional através de uma equitável
distribuição dos benefícios do crescimento.
A teoria dos juros de Wicksell, publicada no seu livro de 1898, "Interest
and Prices" (Juros e Preços), distingue a taxa de juros natural da
taxa de juros da moeda. A taxa de juros da moeda, ou taxa de juros nominal,
é meramente a taxa de juros no mercado de capitais enquanto a taxa
natural de juros é a taxa de juros que é neutra em preços
do mercado real, ou melhor, é a taxa de juros à qual oferta e
demanda no mercado real estão em equilíbrio. O crescimento
econômico acontece quando a taxa de juros natural é maior do que a
taxa do mercado; uma visão compartilhada pela Escola Austríaca, a
despeito da diferença que o individualismo austríaco tem, com o
institucionalismo de Wicksell.
Nos seus últimos anos, Wicksell foi admirado por uma nova
geração de economistas que se tornaram conhecidos como a Escola
de Estocolmo, entre cujos membros incluía-se o Prêmio Nobel Gunnar
Myrdal (1974 Interdependência Institucional) e Bertil Ohlin (1977
Teoria de negócios). Eles desenvolveram as idéias de
Wicksell sobre o processo cumulativo dentro de uma teoria dinâmica de
macrodinâmica monetária com, mas independentemente, da
revolução Keynesiana.
O uso seletivo das idéias de outras pessoas é notório em
Greespan. Sua predileção pela "destruição
criativa" de Schumpeter, que ele cita em praticamente todas as falas,
sempre deixa de lado a segunda metade da visão de Schumpeter: que a
"destruição criativa" nos encaminha aos
monopólios (à Microsoft) e acelera a vinda do socialismo, o
pesadelo pior possível de Greespan e seus amigos do banco central.
Joseph A. Schumpeter (1883-1950) escreve em seu "Capitalismo, Socialismo e
Democracia" (1942 Capítulo 3): "O progresso econômico na
sociedade capitalista significa desordem." E, no capítulo 13,
seção 2, escreve; " O capitalismo inevitavelmente e em
virtude da própria lógica de seu ato de civilizar, cria, educa e
subsidia um interesse fixo no desassossego social. Os Keynesianos desejam
salvar o capitalismo subjugando suas contradições internas com
uma dose moderada de prescrição socialista.
12/junho/2007
[1] Fiat money: papel moeda emitido sem qualquer vínculo com metais
preciosos.
[2] Prime rate: taxa de juros que mais se aproxima daquela paga pelo
investimento sem risco, isto é, aquela proporcionada pelos
títulos de primeira linha ou de alta qualidade. No mercado financeiro
internacional os títulos do governo estado-unidense eram os considerados
mais próximos do risco zero.
[3] Sub-prime market: Mercado de empréstimos a tomadores insolventes ou
não qualificados devido a problemas com o seu historial de
crédito.
A seguir: Desvalorização de divisas deprime os salários globalmente.
[*]
Presidente de um grupo privado de investimento com sede em Nova York. O seu
sítio web pessoal encontra-se em
www.henryckliu.com
.
O original encontra-se em
http://www.henryckliu.com/page135.html
. Tradução de COM.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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