Brazil for sale
O Fórum Econômico Mundial de Davos é um centro comercial
às avessas: em vez das lojas e vendedores esperarem os
compradores, são os compradores que esperam os vendedores.
Os compradores são as multinacionais e o capital financeiro, enquanto os
vendedores são os governos dos países subservientes ao capital
internacional.
Os governos subservientes vendem as riquezas naturais de seus países,
empresas públicas, direitos trabalhistas, a força de trabalho das
suas populações, sem que tenham sido eleitos para tanto,
já que no geral os processos eleitorais são
antidemocráticos, beneficiando aqueles que têm mais recursos, que
mentem descaradamente para os eleitores, que escondem suas verdadeiras ideias
de submissão.
Estão presentes em Davos, na Suíça, representantes de
cerca de 140 das maiores empresas do planeta, das quais muitos têm
interesses diretos no Brasil, segundo relatos da imprensa.
Representando o Brasil nessa verdadeira feira estão o ministro da
Economia, Paulo Guedes, e alguns dos seus assessores, já que o
presidente da República se mostrou absolutamente incapaz no ano passado.
Não que o ministro seja alguma sumidade, mas ele sabe quais são
os interesses do capital e como viabilizá-los.
Em seus pronunciamentos o ministro colocou o Brasil à venda. Primeiro,
capitalizou a reforma da Previdência, que contribui para a
destruição do
SUS
, prejudica diretamente os trabalhadores, aposentados e pensionistas,
além de auxiliar os regimes de previdência privada e garantir
recursos para o pagamento da falsa dívida pública, de interesse
do capital financeiro.
A privatização dos Correios foi um dos temas abordados nas
reuniões, com interesse da estadunidense UPS. Já a chinesa Huawei
está de olho na telefonia. A energia e o saneamento, com destaque para a
Cedae do Rio de Janeiro, também foram destacados e objeto de interesse
por parte das multinacionais, além da Eletrobras, Telebras, Casa da
Moeda, ferrovias, rodovias e aeroportos.
Guedes apresentou o PPI, financiamento público para multis
"comprarem" estatais
O ministro apresentou o Programa de Parcerias de Investimentos, sigla que
representa financiamento público para as multinacionais
"comprarem" as empresas estatais, abordando mais de 100 projetos em
curso. Em suma, colocou o país à venda em condições
mais que facilitadas.
Entre as preocupações das empresas estrangeiras estão a
reforma tributária brasileira eles querem mais
isenções de impostos e créditos subsidiados; assim como a
reforma administrativa, a fim de sucatear ainda mais as empresas
públicas, tentar calar quaisquer manifestações em sua
defesa, e reduzir seus preços.
Para as negociatas não ficarem escancaradas, o meio ambiente é um
dos temas em destaque no fórum. Foi cobrado dos representantes do atual
governo brasileiro compromissos com a sua defesa, em especial da Amazônia.
O ministro Paulo Guedes, tentando responder ao tema, pagou vexame até
mesmo para os representantes das multinacionais: O pior inimigo do meio
ambiente é a pobreza. As pessoas destroem o meio ambiente porque elas
precisam comer. Elas têm outras preocupações, as quais
não são as mesmas preocupações das pessoas que
já destruíram as florestas, que já combateram as minorias
étnicas e todas essas coisas. É um problema muito complexo,
não tem uma solução simples, mas o primeiro passo é
tentar acabar com todos esses obstáculos, e é algo que nós
estamos tentando fazer agora, disse ele.
Ao contrário do presidente, ele admite que existe fome no Brasil, mas
culpa quem luta contra ela como os agressores ao meio ambiente, não os
verdadeiros destruidores, os ruralistas e grandes empresas que destroem cada
vez a floresta e o meio ambiente como um todo.
Medidas similares a essas defendidas pelo ministro foram adotadas em outros
países, com imensos prejuízos para seus povos. Não deram
certo lá nem darão aqui, pois não visam o bem-estar da
população, muitos menos o fortalecimento do país, mas
apenas garantir as benesses do capital.
Essas iniciativas são as verdadeiras inimigas do povo brasileiro.
São elas que devemos combater prioritariamente, sem esquecer um
possível totalitarismo, manifestado abertamente por integrantes e
simpatizantes do governo.
23/Janeiro/2020
[*]
Jornalista. Apesar de ser adepto do mestre Ariano Suassuna e ser contra a
utilização de expressões em outra língua que
não a nossa, abri no título uma exceção para deixar claro
o que
está acontecendo.
O original encontra-se em
monitordigital.com.br/brazil-for-sale
e em
pcb.org.br/portal2/24758/brazil-for-sale/
Este artigo encontra-se em
https://resistir.info/
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