O chamado "aquecimento global" é um mito
pseudo-científico
por Marcel Leroux
[*]
entrevistado por
La Nouvelle Revue d'Histoire
A característica do clima é a mudança. Contudo,
actualmente há um discurso a afirmar que as mudanças do presente
estão a levar a um aquecimento global inevitável. O estudo do
passado confirma essa interpretação?
Não porque, à escala paleoclimática, as mudanças
foram muito mais significativas do que nos dizem. Assim, em África,
durante o último glaciar máximo, ou seja, entre 18.000 e 15.000
anos antes da nossa época, as temperaturas médias foram 5ºC
mais baixas que as actuais, o deserto estendeu-se consideravelmente para Sul e
a floresta quase desapareceu, enquanto que durante o óptimo
climático do Holoceno, entre 9.000 e 6.000 anos antes da nossa
época, as temperaturas eram 2ºC mais altas que as actuais e as
florestas superavam em muito sua extensão actual. Quanto ao Saara,
recebeu chuvas relativamente intensas, tanto de origem mediterrânica como
tropical. Estava salpicado de lagos e pântanos e os pastores
visitavam-no, como demonstram numerosos desenhos rupestres.
Depois de perder a extensa memória paleoclimática, não
estamos a perder também a nossa memória climática imediata?
Hoje em dia a memória é muito selectiva, porque esquecemos o
Outono surpreendentemente frio de Agosto de 2006 e nos apressamos a esquecer o
Inverno de 2005-2006, que bateu recordes de frio ou de neve, ou o Inverno de
2000 quando a Sibéria registou suas temperaturas mais baixas e a
Mongólia pediu ajuda internacional. Para não falar da
África, que durante os anos sessenta beneficiou-se de
precipitações superiores ao normal. A área do Sahel
retrocedeu para o Norte, fazendo recuar o deserto. Ao mesmo tempo, no Norte da
Eurásia e do Canadá, a floresta boreal e a agricultura
deslocaram-se para Norte. A seguir, a partir de 1972, quando se inverteu a
tendência, as precipitações diminuíram drasticamente
e o Sahel voltou a deslocar-se gradualmente para Sul.
Deveríamos ter medo do aquecimento previsto por alguns
"peritos"?
Historicamente os períodos cálidos sempre foram bons, como por
exemplo no princípio da nossa era durante os anos triunfantes da
República Romana e do Império. Durante a epopeia viking da
Gronelândia e América do Norte, entre 1150 e 1300, na Europa
central e ocidental prevaleceu um óptimo climático que deslocou
os cultivos, particularmente a vinha, de 4 a 5 graus de latitude para o Norte.
O "doce século XII" representa na tradição
escocesa uma "idade de ouro" com seus Invernos suaves e Verões
secos. A seguir, depois de uma descida da temperatura, voltou-se a um
período "quente" conhecido pelos especialistas como o
óptimo climático medieval, que favoreceu, em particular, as
longas viagens de descobrimentos.
Pelo contrário, os episódios de frio foram considerados como
"escuros", como o que depois de 1410 rompeu as relações
com a Gronelândia ou o da "Pequena Idade do Gelo" entre 1600 e
1850, que atingiu sua maior intensidade cerca de 1708-1709, que Reaumur chegou
"o ano do grande Inverno", período durante o qual os glaciares
alpinos atingiram uma grande extensão, como o demonstram em 1789 os
"Cahiers de dóleances" ("Cadernos de queixas") dos
agricultores chamoniardos cujas pradarias haviam sido invadidas pelo gelo.
Portanto, é ridículo que os meios de comunicação
afirmem que o calor é sinónimo de calamidade, especialmente para
as pessoas que, durante o Inverno, só pensam no Verão, a sonhar
com a sua aposentação para residir no Sul ou em Espanha, ou
inclusive no Marrocos, ou seja, ao Sol! Desta maneira, a "incrível
suavidade" de Dezembro de 2006 e a redução da factura de
calefacção poderiam ser apresentadas pelos meios de
comunicação como desastres.
O senhor sustenta que se o deserto do Saara avança não é
pelas razões que costumam ser apontadas. Mas se se produzisse um
aquecimento global sustentado, não seria de temer que tenhamos de
enfrentar desastres terríveis em África devido ao aumento das
temperaturas?
A história nos mostra que todos os períodos quentes em
África foram chuvosos, especialmente na Idade Média, o que
permitiu a época de prosperidade (entre 1200 e 1500) durante os grandes
impérios sahelo-sudaneses. Quanto à actual
diminuição das precipitações no Sul do Saara,
é exactamente o contrário de um cenário de aquecimento,
que desmente claramente o que afirma o IPCC. Cabe assinalar que nos
trópicos as chuvas caem principalmente na estação quente.
Se se produzisse um aquecimento haveria uma melhoria das
precipitações, mas actualmente não é o caso. O
actual deslocamento para Sul da zona do Sahel, e portanto do Saara, é da
ordem de 200 a 300 quilómetros e o fenómeno, que começou
nos anos 70, é semelhante ao último máximo glaciar, entre
18.000 e 15.000 anos antes dos nossos dias, quando o Saara se movia 1000
quilómetros para o Sul, não num contexto de aquecimento dos
pólos e sim, pelo contrário, com um padrão de aumento do
arrefecimento dos pólos, o que contradiz uma vez mais o cenário
não fundamentado do IPCC, dos ecologistas e dos meios de
comunicação.
Então, com que base o senhor qualifica como "mito" o
aquecimento global?
Em 1988 os Estados Unidos experimentaram uma seca dramática com ventos
de pó que recordavam os anos 30, os anos da
"dust bowl"
[bandeja de pó], ilustrados por John Steinbeck em "As vinhas da
ira". Em Junho de 1988 J. Hansen (da NASA) apresentou ao Congresso uma
curva em que, às médias anuais, somou uma média
estabelecida nos últimos cinco meses, o que teve o efeito de aumentar
artificialmente a curva térmica dos Estados Unidos.
Este processo desonesto desencadeou então o "pânico
climático" de longa duração já preparado pelos
movimentos ecologistas, que conduziu à criação do IPCC
em 1989. A partir dessa data, o número dos chamados climatologistas, a
maioria das vezes autoproclamados ou nomeados pelos governos, aumentou
drasticamente. O clima converteu-se na preocupação das
organizações ambientalistas, dos chamados jornalistas
científicos, dos meios de comunicação e dos
políticos. Ao mesmo tempo, tudo foi hiper-simplificado pelos delegados
nomeados pelos governos e qualificados como "peritos" (ou seja,
políticos ou politólogos) que redigiram, como em Paris em
Fevereiro de 2007, o "Resumo para os responsáveis pela tomada de
decisões". Nesses encontros, a base de simplificações
e negações, e inclusive de mentiras vergonhosas, orquestram-se os
golpes mediáticos destinados a impressionar a opinião
pública.
Desta maneira, em 1995 introduziu-se sem debate científico a
fórmula ainda não provada da "responsabilidade humana na
mudança climática". Nessa altura já estávamos
muito longe do clima em si. Mas é assim que os políticos e os
meios de comunicação sobem o nível do aquecimento global
catastrófico... Com a mesma confiança e vigor que nos anos
setenta quando anunciaram o regresso a uma "nova era glacial"!
Vamos ao efeito estufa, se não se importa. Devemos acreditar nos peritos
e nos meios de comunicação quando asseguram que o CO2 é o
factor único da mudança climática e de todos os
fenómenos meteorológicos?
Noventa e cinco por cento do efeito estufa deve-se ao vapor de água. O
dióxido de carbono, ou CO2, representa só 3,62 por cento do
efeito estufa, 26 vezes menos que o vapor de água. Uma vez que o vapor
de água é produzido quase a 100 por cento de forma natural, tal
como a maioria dos demais gases emissores (CO2 e CH4 ou metano), o efeito
estufa é essencialmente um fenómeno natural. Só uma
pequena proporção (o chamado efeito estufa antropogénico)
pode ser atribuído às actividades humanas, com um valor total de
0,28 por cento do efeito estufa total, incluído 0,12 por cento só
para o CO2, ou seja, uma proporção insignificante ou inclusive
completamente insignificante. Assim, é estúpido afirmar que as
taxas actuais nunca foram tão altas desde... 650 mil anos segundo a
última afirmação. Especialmente porque os estudos
paleoclimáticos não revelaram nenhuma relação entre
o CO2 e a temperatura. Em resumo, não foi estabelecida nenhuma
relação causal, fisicamente fundamentada, provada e quantificada
entre a evolução da temperatura (ascensão, mas
também descida) e a variação efeito estufa pelo CO2. A
fortiori, não se demonstra nenhuma relação entre as
actividades humanas e o clima: o homem não é em absoluto
responsável pela alteração climática.
Perdoe uma pergunta brutal: a Terra está a aquecer-se, sim ou
não?
A chamada "temperatura média mundial" aumentou em 0,74º
durante o período 1906-2005. Mas, sobretudo, os dados observados mostram
que algumas regiões estão a aquecer-se enquanto outras
estão a arrefecer-se. Algumas regiões estão a
arrefecer-se, como o Árctico ocidental e a Gronelândia, ao passo
que outras aqueceram-se, como o Mar do Norte e suas cercanias, a uma escala
anual de ±1°C e no Inverno a ±2°C, durante o período
1954-2003. O espaço do Norte do Pacífico está a mudar de
modo semelhante com um arrefecimento sobre a Sibéria oriental,
especialmente no Inverno, e um forte aquecimento sobre o Alasca e o Estreito de
Bering. Portanto, é absolutamente inexacto afirmar que o planeta
está a aquecer-se. A "alteração
climática" não é sinónimo de "aquecimento
global" porque "clima global" não existe. Além
disso, e como acabo de lhe dizer, a alteração climática
não depende em absoluto do CO2 e o homem não é em absoluto
responsável por isso, excepto no contexto limitado das cidades.
O que é preciso dizer aos que asseguram que há importantes
ameaças para o Árctico e a Antárctida?
Que misturam tudo: clima, contaminação, ecologia e ecologismo,
desenvolvimento sustentável, novidades mediáticas, propaganda e
factos reais, muitas vezes distorcidos, política e interesses
económicos (admitidos e não reconhecidos). Portanto, há
muitas inconsistências, declarações gratuitas,
impossibilidades físicas e mentiras descaradas.
Contudo, a Gronelândia está a derreter-se a Antárctida
está a desintegrar-se...
É certo que o gelo se derrete nas camadas inferiores em torno da
Gronelândia, banhadas pelo ar quente do Sul. Mas em 1816 e 1817, por
exemplo, foi possível alcançar o Pólo ao longo das costas
da Gronelândia. Por outro lado, os satélites demonstram que a
parte mais alta da Gronelândia se arrefece e eleva-se 6
centímetros ao ano devido às fortes nevadas.
Quanto à Antárctida, é particularmente estável e
inclusive beneficia-se de um aumento da massa glacial na sua parte oriental. A
Península Antárctida é uma excepção bem
conhecida pelos climatologistas. Devido à sua latitude e à
proximidade do Andes, que canalizam vigorosamente o fluxo ciclónico
quente e húmido para o Sul, as terras baixas dos Sul estão a
experimentar uma evolução notável. Estão cada vez
mais esburacadas, enquanto a sua trajectória é cada vez mais
meridional e a temperatura do ar está a aumentar. Assim, como nas
proximidades do Mar da Noruega (ou na região do Estreito de Bering), o
aquecimento da Península Antárctica, falsamente atribuído
pelo IPCC ao efeito estufa, está controlado por uma
intensificação da circulação do ar quente e
húmido de fontes tropicais longínquas rumo ao Pólo.
Como explica a alterações que se estão a verificar na
Europa?
Para responder à sua pergunta de maneira a que seja entendida pelos
não especialistas, digamos que na área do Atlântico Norte
enquanto o Árctico ocidental esta a arrefecer-se e os sistemas de alta
pressão que saem do Pólo são mais poderosos, a
afluência ciclónica de ar associada com as baixas leva mais ar
quente e húmido de origem subtropical, inclusive tropical, ao Mar da
Noruega e mais além. Como resultado, a temperatura aumenta e as
precipitações (nevadas na parte superior, sobre a
Gronelândia e Escandinávia) aumentam. À medida que a
pressão diminui, as tormentas aumentam, com mais depressões a
chegarem a latitudes mais setentrionais. Uma vez que a Europa se encontra no
caminho dos ciclones do Sul, também se beneficia de um aquecimento ou
inclusive de um excesso local de chuva.
Cabe assinalar que no Atlântico, a aglutinação
anti-ciclónica (AA), habitualmente conhecida como Pico dos
Açores, é mais potente e estende-se para o sul, razão pela
qual o Sahel atlântico, e em particular o arquipélago de Cabo
Verde, está a experimentar uma seca mais pronunciada que no continente
vizinho. O Mediterrâneo, que estende este espaço atlântico,
é mais frio e portanto mais seco na sua bacia oriental (como na Europa
Central), enquanto a pressão da superfície também
está a aumentar. Este aumento da pressão, e não o CO2,
é o responsável nas nossas regiões de longas
sequências sem chuva (ou neve nas montanhas) quanto a
situação se mantém alta durante muito tempo, ou
períodos de calor, ou inclusive ondas de calor como em Agosto de 2003.
Mas ainda assim, como se costuma dizer, "os glaciares estão a
desaparecer".
Por que não dizer que eram ainda mais pequenos nos Alpes na Idade
Média e que a longitude da sua língua glaciar depende hoje do seu
fornecimento de neve antes do período actual? Isto é ainda mais
certo nas neves de altura no Kilimanjaro, outro exemplo muito publicitado,
próximo dos 6000 metros, onde não foi a temperatura (aqui abaixo
dos 0ºC) que variou e sim, como em outros lugares, as
condições das precipitações.
Também se diz que haverá cada vez mais ciclones e mais violentos.
Os meteorologistas tropicais não estão de acordo, mas não
são escutados... Afirmam inclusive que não se observa nenhuma
tendência em alta. Quanto ao simpósio sobre ciclones tropicais
celebrado na Costa Rica sob os auspícios da Organização
Meteorológica Mundial em Dezembro de 2006, chegou inclusive à
conclusão de que nenhum ciclone pode ser atribuído directamente
à alteração climática. Chris Landsea, perito
indiscutível em furacões, preferiu renunciar ao IPCC porque
não queria contribuir para um processo motivado por objectivos
pré-concebido e cientificamente não fundamentados. Mas o dano
causado pelos ciclones proporciona imagens tão "belas"
às revistas e aos noticiários de televisão... O exemplo do
Katrina é explorado descaradamente, ao passo que a ruptura dos diques de
Nova Orleans era um desastre que já se havia anunciado desde há
muito tempo...
Falando de catástrofess... Alguns media afirmam inclusive que a Corrente
do Golfo se deterá...
Para que isso ocorra, o vento, que é o motor das correntes marinhas
superficiais, teria que deixar de soprar. Por outras palavras, todo o
tráfego aéreo e oceânico teria que bloquear, o que
naturalmente é inverosímil. Também se diz que o mar
está a subir, mas nenhuma curva o demonstra, excepto uns poucos
centímetros hipotéticos (12 centímetros em 140 anos) e
nenhuma terra desapareceu ainda. As previsões, muitas vezes de
carácter "hollywoodense", baseiam-se em modelos
climáticos cuja eficácia é muito debatida. Em primeiro
lugar, e isto é a última coisa para os modelos digitais, pelos
próprios matemáticos que consideram que os modelos utilizados
são tão simples, grosseiros, empíricos e enganosos que as
conclusões que deles se extraem não têm valor preditivo.
Qual é o futuro da climatologia no clima actual politicamente correcto?
Em lugar de traçar planos muito hipotéticos para o planeta em
2100, a climatologia, que tem estado num beco sem saída conceptual
durante uns 50 anos, deveria, ao invés, tratar de contribuir eficazmente
para a identificação de medidas apropriadas para a
prevenção e adaptação ao clima num futuro
próximo. Porque a alteração climática
evoluir constantemente faz parte da natureza do clima é muito
real, mas é uma contradição com o cenário quente
que nos impõem actualmente, como o demonstra o aumento contínuo
da pressão atmosférica em muitas regiões, inclusive a
França. Esta mudança no clima não é a que previu o
IPCC. Mas os teóricos e modelistas prestam pouca atenção
à observação de fenómenos reais. São as
razões e os mecanismos desta mudança permanente que devem ser
seriamente definidos pela climatologia. Ao mesmo tempo, outras disciplinas,
às quais serve a mistura de géneros e que não necessitam
do ilusório espantalho climático, poderão dedicar-se
eficazmente ao controle da poluição ou ao desenvolvimento
sustentável.
De Marcel Leroux ver também:
https://resistir.info/climatologia/impostura_cientifica.htmal
https://www.youtube.com/watch?v=urcYfQ-5qb4
[*]
Marcel Leroux (1938-2008) foi professor emérito de Climatologia, antigo
director do Laboratório de Climatologia, Riscos e Ambiente) do Centro
Nacional de Investigação Científica, membro da Sociedade
Americana de Meteorologia e da Sociedade Meteorológica de França.
Esta entrevista foi realizada e publicada em
La Nouvelle Revue d'Histoire
, nº 31, Jul-Ago de 2007, pgs. 15 a 18. Não foi possível
traduzir a partir do original pois a referida revista deixou de ser publicada e
agora está inacessível.
A versão em castelhano encontra-se em
movimientopoliticoderesistencia.blogspot.com/...
Esta entrevista encontra-se em
https://resistir.info/
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