O governo colombiano está assustado
por Aldinever Morantes
[*]
O governo está "assustado" porque já se passaram quase
três meses e não cessa o dilúvio da
indignação nacional.
A sublevação da Colômbia contra o mau governo de Duque mal
começou. Um empurrãozinho das imensas multidões e pode
cair. Isso é que está a "assustá-lo". Duque
não sabe o que fazer e actua como se houvesse perdido a razão.
Por isso está a criminalizar os jovens da
Primera Línea
, aos quais atribuiu o status de "terroristas". E, para
demonstrá-lo, apresentou à imprensa os primeiros rapazes
capturados em rusgas, com todo o seu "arsenal terrorista": capacetes
de operário, protectores de olhos, luvas de trabalho, latas e
pedaços de folha de zinco. O protesto mantém-no louco.
Estabeleceu preço para as cabeças dos/as líderes das
Primeras Líneas, criminalizando de facto o protesto legítimo.
Não lhe pareceu suficiente que, na repressão destes
últimos meses, o exército e a polícia tenham assassinado
mais de uma centena de jovens, sem contar os feridos e os desaparecidos.
Frente às recomendações da CIDH
[1]
que visitou a Colômbia em meio aos protestos respondeu que para o
governo não é obrigação cumprir tais
recomendações, desconhecendo abertamente a conclusão do
Tribunal Constitucional no sentido de que "os padrões
inter-americanos têm carácter vinculante". E para rematar
agora inventaram a estupidez de fechar as fronteiras dos Departamentos para que
os povoadores das regiões não se vinculem às
mobilizações nacionais contra o governo. O que é isso?
Fascismo puro.
Desesperado, pretende distrair a atenção do povo das causas que o
lançaram em protestos nas ruas, mas o problema é que
o governo é o problema.
Os auto-atentados que montaram no Norte de Santander, fronteira com a
Venezuela, não servem para nada porque o povo não é tonto.
Três ou quatro dias antes já se sabia que isso ia ocorrer. E
agora, nas vésperas de uma nova mobilização contra o seu
governo em 20 de Julho, dia do grito da nossa independência há 211
anos, Duque resolver prosseguir o seu jogo de enganos detendo pessoas
supostamente ligada aos atentados a fim de dar credibilidade ao
artifício.
Tenha em conta, senhor Duque, que o assassinato do presidente do Haiti
não o deixa isento de salpicaduras, porque em companhia do seu amigo
Antonio Intriago, chefe da empresa de mercenários
CTU Security
dos Estados Unidos, o senhor já tentou fazer com Maduro o que agora
fizeram mercenários colombianos contra Moïse.
19/Julho/2021
[1] Comissão Interamericana de Direitos Humanos
[*]
Combatente das FARC-EP
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