Militares dos EUA actuam em operações de guerra na Colômbia

por Carlos Lozano Guillén [*]

Clique na foto para ver o mapa ampliado Militares dos Estados Unidos estão a participar em operações de guerra na Colômbia. No dia 14 de Outubro a ministra da Defesa, Martha Lucía Ramírez, com a maior tranquilidade, reconheceu diante das câmaras da televisão que militares dos Estados Unidos estão a participar em operações de guerra no país.

Esta declaração cínica passou desapercebida no meios da "grande imprensa", aquela dita "de referência" e que está ajoelhada e entregue ao unanismo uribista.

As genuflexões são praticadas não só pelos congressistas liberais e conservadores, com umas poucas honrosas excepções. Também os directores dos grandes media estão rendidos diante do poder central e, naturalmente, em outra direcção, os funcionários do governo diante de Washington, de onde realmente saem as orientações para Uribe Vélez e os seus ministros.

Há poucos dias, com fanfarras, o alto governo e a cúpula militar celebraram a aprovação pelo Congresso dos Estados Unidos da permissão para que se possam utilizar os recursos do Plano Colômbia na luta contra-insurreccional. Apesar de isso ser uma farsa, porque na verdade os helicópteros, aviões e tropas financiadas com o Plano Colômbia estão há muito a participar nas operações. Contudo, nunca se disse que militares americanos interviriam de maneira directa, como agora o reconheceu a ministra Ramírez.

Com os dinheiros do Plano Colômbia se estão a financiar as operações militares contra as FARC e o ELN já há quatro anos, pouco depois de principiado o governo de Pastraña e de aprovado o referido instrumento de intervenção ianque. Sempre foi assinalada esta incongruência ao governo pastrañista: Como era possível falar de paz no Caguán enquanto se avançava a guerra e com recursos estrangeiros!

Nunca houve uma resposta clara e taxativa. Ao contrário, tornou-se evidente que Pastraña demonstrava sua vontade de paz na zona de distensão, ao passo que fora dela tem realmente uma acção decidida destinada a favorecer a negociação rumo à solução militar.

Com o governo de Uribe Vélez a questão é mais clara, ainda que não menos descarada e perigosa. O Governo Nacional encerrou em definitivo o livro da paz e, após as ordens do amo imperial, lança-se com tudo o que pode para o encerramento da possibilidade de reconstruir o processo de paz e até mesmo para a negação da troca [de prisioneiros, NR], ou o acordo humanitário.

Mas as declarações da ministra Ramírez são extremamente graves. Não tanto porque seja novidade a participação directa dos ianques no conflito interno e sim porque agora o reconhece a ministra com ostentação de cinismo e até ameaçadora, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.

O Governo Nacional está a violar a Constituição. Uma coisa é dizer que com os recursos do Plano Colômbia financiam-se as operações de guerra. Outra é o reconhecimento directo de que unidades militares dos Estados Unidos estão a participar nas operações de terra arrasada.

Segundo a declaração da ministra da Defesa, os militares gringos estão a tripular os aviões e helicópteros artilhados a partir dos quais se lançam toneladas de bombas e metralha-se de forma indiscriminada. Que infâmia! Que indignidade!

Algum dia estes governantes que lesam a soberania nacional e a autodeterminação em benefício do malfadado desígnio de uma potência estrangeira terão que responder perante a justiça colombiana, quando esta estiver em boas mãos e não nas de Luis Camilo Osorio, o fiscal de bolso do governo e de outras ervas daninhas.

O povo colombiano deve repudiar esta grave impostura, anti-nacional e antipatriótica.

[*] Director do jornal Voz , do Partido Comunista Colombiano.

O original deste artigo encontra-se em
http://www.anncol.com/oct2002/3110_intervencion_directa.htm


Este artigo encontra-se em http://resistir.info

07/Nov/02