Acerca da guerra bacteriológica durante a Guerra da Coreia
Relatório da Comissão Científica Internacional que
a investigou
Este artigo é a primeira abordagem concreta na Internet e análise
de um documento único de guerra-fria, o "Relatório da
Comissão Científica Internacional (ISC) para a
Investigação dos Factos Relativos à Guerra
Bacteriológica na Coreia e na China."
(
"Report of the International Scientific Commission for the Investigation of the Facts Concerning Bacterial Warfare in Korea and China"
).
A ISC foi dirigida por um dos maiores cientistas britânicos da sua
época, Sir Joseph Needham. O relatório foi publicado pelo governo
chinês em 1952. A versão aqui apresentada em link, impressa pela
Agência de Notícias Hsinhua em Praga, Checoslováquia,
não inclui centenas de páginas de anexos que constam do
relatório inicial. Temos esperança que estas serão
disponibilizadas on-line num futuro próximo.
As acusações de utilização guerra biológica
pelos EUA durante a Guerra da Coreia têm sido há muito objecto de
intensa controvérsia. A confiança, parcial, nos testemunhos de
prisioneiros de guerra norte-americanos levados para os EUA conduziu a
alegações de "lavagem ao cérebro". Essas
acusações mais tarde tornaram-se a base de uma história de
encobrimento para experiências secretas da CIA no uso de uso de drogas e
outras formas de interrogatório coercivo e tortura na qual se baseou o
seu
manual KUBARK de 1963 sobre interrogatório
e, muito mais tarde, uma influência poderosa no programa
pós-11/Set da CIA de "interrogatório reforçado"
("enhanced interrogation").
Se bem que o documento incorporado abaixo tenha sido objecto de numerosos
ensaios e livros, o próprio documento geralmente não está
disponível ao público. Mesmo aqueles que queiram estudar o
assunto considerarão provavelmente que é muito difícil
obtê-lo. Vou explorar algumas dessas razões abaixo. Mas note-se
que, embora alguns estudiosos de guerra-fria tenham sido rápidos em
desmascarar o relatório ISC, nenhum fez o mínimo esforço
para disponibilizar materiais originais de outros estudiosos ou do
público para avaliar por si mesmos a verdade ou a falsidade de suas
análises.
No fim deste texto há uma bibliografia para os leitores interessados
Report of the International Scientific Commission for the investigation of the facts concerning bacterial warfare in Korea and China
, 1952, 68 p.
ISC Report Part 1
ISC Report Part 2
(Cryptome.org aproveitou a minha colocação na internet deste
documento na Nuvem de Documentos. Combinou as suas duas partes que eu
incorporei aqui, com um tamanho de 2,6 MB. Para aqueles que o desejam usar ou
ligar à sua versão
o link está aqui
).
Por que foi este relatório efectivamente suprimido?
O que se segue é uma transcrição de uma importante
sessão do relatório relativo ao uso pelo Japão de armas
biológicas contra a China durante a Segunda Guerra Mundial. O
conhecimento aliado sobre isto e o possível uso pelos EUA durante a
Guerra da Coreia deste conhecimento científico e técnico detido
pelo Japão, como bem como do seu pessoal militar.
Em 1952, a colaboração entre os EUA e criminosos de guerra
japoneses que usaram armas bacteriológicas foi mantida ultra-secreta e
totalmente negada pelos EUA. Mas hoje, mesmo historiadores dos Estados Unidos
aceitam que foi feito um acordo entre os EUA e os membros da Unidade 731
associando militares japoneses que na verdade tinham quase 15 anos de
experimentação sobre o uso de armas bacteriológicas,
incluindo vivissecção humana e bárbaras torturas de
milhares de seres humanos, a maioria dos quais foram depois suprimidos em
crematórios. Além disso, houve colaboração entre o
Japão e o regime nazi sobre estas questões, embora isto esteja
para além do tema deste artigo. (ver o ensaio Martin na bibliografia).
A colaboração dos EUA com criminosos de guerra japoneses da
Unidade 731 foi admitida formalmente em 1999
formally admitted in 1999
pelo governo dos EUA, embora a documentação sobre isto nunca
tenha sido publicada. Tenho esses documentos e irei publicá-los muito em
breve. É uma questão de registo histórico, agora que se
sabe que o governo dos EUA concedeu amnistia ao chefe da Unidade 731, o
General-médico Shiro Ishii e seus cúmplices. A amnistia foi
mantida secreta durante décadas, até ser revelada pelo jornalista
John Powell num
artigo de referência para o Bulletin of Atomic Scientists
, em Outubro de 1981.
O que veio a ser conhecido como o relatório Needham, devido ao facto de
o ISC ter sido liderado pelo prestigiado cientista britânico, Sir Joseph
Needham, ficou desde logo sob fogo após a publicação. O
relatório continua a ser um ponto de referência para os
estudiosos. Um
artigo de 2001
da Historical Association do Reino Unido detalhava como responsáveis da
ONU e do governo do Reino Unido colaboraram na tentativa de desacreditar as
conclusões do ISC. O Ministério dos Negócios Estrangeiros
do Reino Unido emitiu memorandos dizendo que alegações de guerra
bacteriológica pelo Japão em 1941 foram dadas "oficialmente
como 'não provadas'".
O material sensível descoberto pelo ISC referia-se a duas áreas
de pesquisas secretas do governo dos EUA. Primeiro, foram os próprios
planos de governos dos EUA para pesquisa e possivelmente
implementação de guerra bacteriológica. A segunda
questão diz respeito a confissões de aviadores dos EUA sobre como
foram agendados em reuniões e implementados ensaios de guerra
bacteriológica durante a Guerra da Coreia. Os EUA alegaram que os
aviadores foram torturados e a CIA difundiu a ideia que haviam sido sujeitos a
"lavagem ao cérebro" por métodos diabólicos,
causando pânico sobre programas de controlo da mente pelos
"comunistas" e destruidores da mente
(menticide)
os quais eles utilizaram para justificar o gasto de milhões de
dólares em programas de controlo da mente nos EUA durante as
décadas de 1950-1970.
Os programas dos EUA de controlo da mente e interrogatórios-tortura
usaram civis involuntários em experiências, bem como com soldados
em suposta formação anti-tortura nas escolas militares SERE
(Survival, Evasion, Resistance and Escape).
Mostrei através de registos públicos
que cientistas da CIA continuaram a fazer experiências sobre
"stress" nas escolas SERE após o 11/Set e acredito que tais
experiências foram realizadas em detidos da CIA e do Departamento de
Defesa. Que tal pesquisa teve lugar pode ser inferida a partir do
lançamento em Novembro de 2011 de um novo conjunto de
orientações relativas à investigação de
Departamento de Defesa. Esta versão mais recente de uma
instrução padrão (directiva 3216.02) continha pela
primeira vez uma proibição específica de pesquisa feita
sobre os detidos. (Ver secção 7 c.)
Acredito que pode ser apresentado um argumento convincente de que
métodos coercivos, principalmente o isolamento, foi usado em
prisioneiros de guerra dos EUA que posteriormente confessaram, que suas
confissões eram predominantemente verdadeiras. A ideia de que apenas
falsas confissões resultam de tortura é na verdade falsa em si
mesma. Se bem que falsas confissões
possam
resultar da tortura (como também de menos método opressivos,
tais como a
técnica de Reid
, utilizada hoje pelos departamentos de polícia nos Estados Unidos),
confissões reais também podem por vezes ocorrer. Tenho
experiência em primeira-mão, por trabalhar com sobreviventes de
tortura, para saber que é verdade.
É verdade que todos os prisioneiros de guerra que confessaram o uso de
guerra bacteriológica depois retrataram-se ao voltarem para os Estados
Unidos. Mas os termos das suas retratações são suspeitas.
As retratações foram feitas sob a ameaça de tribunal
marcial. As provas em arquivo das inquirições aos aviadores foram
destruídas ou perdidas devido ao fogo (de acordo com o governo).
Enquanto isso, pelo menos um cientista que trabalhou em Fort Detrick naquela
altura admitiu antes de morrer, num documentário de investigadores
alemães, que os EUA realmente estiveram envolvidos em guerra
bacteriológica na Coreia.
(
Ver video
).
Uma "verdadeira investigação... poderia provocar danos
psicológicos e danos militares"
As acusações de uso de armas biológicas durante a guerra
da Coreia são ainda mais incendiárias do que as actualmente
comprovadas alegações de que os EUA amnistiaram médicos
militares japoneses e outros que trabalharam no desenvolvimento de armas
bacteriológicas experimentadas em seres humanos e que acabaram por matar
milhares com a utilização operacional dessas armas contra a China
durante a guerra Sino-Japonesa na Segunda Guerra Mundial.
A amnistia foi o preço pago pelos investigadores militares e dos serviços secretos dos EUA para obter acesso ao acervo de investigação
, grande parte dele
através de experiências fatais sobre seres humanos, que o
Japão havia conseguido ao longo de anos de desenvolvimento de armas para
a guerra bacteriológica.
Os EUA negaram veementemente tais acusações e exigiram uma
investigação internacional através das
Nações Unidas. Os chineses e norte-coreanos ridicularizaram tais
intenções porque foram sancionadas pelas forças das
Nações Unidas que a eles se opuseram e bombardearam as suas
cidades. Mas por trás desta cena, um documento da CIA tornado
acessível em Dezembro de 2013
revelou
que os EUA consideravam como mera propaganda o apelo para uma
investigação da ONU.
Numa reunião de alto nível entre dirigentes dos serviços
secretos e do governo em 6 de Julho de 1953, os Estados Unidos não foram
sérios sobre a realização de qualquer
investigação sobre tais acusações, apesar do que
afirmavam publicamente. A razão pela qual os EUA não quiseram
qualquer investigação era que uma "verdadeira
investigação" revelaria operações militares,
"que, tornadas públicas poderiam provocar danos psicológicos
e danos militares"
"Um
memorando
do Conselho de Estratégia Psicológica (PSB) detalhando esta
reunião definia especificamente como um exemplo do que poderia vir a ser
revelado: "a preparação ou operações do
8º Exército (por exemplo, a guerra química)."
Acusações da guerra química pelos EUA durante a guerra da
Coreia faziam parte de um relatório (
PDF
), por organização de advogados com influência comunista de
visita à Coreia, e os seus resultados foram descartados como propaganda.
Mas o memorando do PSB sugere que talvez tivessem razão. Existem
também outras evidências de falsas histórias divulgadas
pelos EUA.
Não muito tempo depois de ter publicado o documento do PSB acompanhando
o meu artigo, o universitário Stephen Endicott escreveu-me para me
lembrar que ele e o seu associado Edward Hagerman, co-autores do livro de 1998,
"
The United States and Biological Warfare: Secrets from the Early Cold War and Korea
(Indiana Univ. Press)" tinham eles próprios encontrado material que
indicava que os apelos dos EUA para "inspecção internacional
a fim de combater as acusações chinesas e norte-coreanas... era
menos que ingénuo." Endicott e Hagerman descobriram que o
Comandante do Extremo Oriente, General Matthew Ridgway, "secretamente deu
permissão para recusar a eventuais inspectores da Cruz Vermelha acesso a
quaisquer fontes específicas de informação".
Além disso, apresentaram um memorando do Departamento de Estado datado
de 27 de Junho de 1952 em que este notificava ser "impossível"
o embaixador na ONU daquela altura garantir que os EUA não tinham a
intenção de usar "guerra bacteriológica -- mesmo na
Coreia." (p.192, Endicott e Hagerman)
O julgamento de Crimes de guerra de Khabarovsk
O relatório ISC faz referência ao julgamento de crimes de guerra
realizado pela URSS em Dezembro de 1949 em Khabarovsk, não muito longe
da fronteira chinesa. O julgamento de criminosos de guerra japoneses associados
às Unidades 731, 100 e outras divisões de guerra
bacteriológica seguiu-se a um quase apagão destas questões
durante o julgamento de crimes de guerra Toyko realizado pelos aliados, alguns
anos antes.
Na época do julgamento de Khabarovsk, os media e responsáveis do
governo dos EUA ignoraram o processo, ou denunciaram-no como sendo mais outro
"julgamento espectáculo" dos soviéticos. Os
soviéticos, por sua vez publicaram o processo e distribuíram-no
amplamente, inclusive em inglês. Cópias deste relatório
são mais fáceis de encontrar na Internet para compra de
exemplares usados, embora caros, mas nenhuma versão aparece
disponível on-line, e não há edição
académica que tenha sido publicada.
Mesmo assim, historiadores dos Estados Unidos foram obrigados ao longo dos anos
a aceitar as conclusões do Tribunal de Khabarovsk, embora a generalidade
da população e meios de comunicação
permaneçam ignorando que tal julgamento se tenha realizado. O facto de
os soviéticos terem também documentado o uso pelo Japão de
experiências bacteriológicas em prisioneiros de guerra dos EUA foi
altamente controverso, negado pelos Estados Unidos durante décadas, foi
uma questão bastante polémica na década de 1980-1990.
Embora um historiador ligado aos arquivos nacionais
tenha discretamente determinado que tais experimentos de facto tiveram lugar
,
a questão foi silenciada no país.
A relevância destas questões é natural para a propaganda de
guerra em curso entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, bem como para a
reconstrução militar e a postura agressiva contra o Japão
e o global "Asian Pivot" em que o Pentágono está
redistribuindo recursos no teatro de operações asiático
para uma possível guerra futura contra a China.
A história por trás da Guerra da Coreia, assim como as
acções militares e as encobertas dos EUA relativas à
China, Japão e Coreia, são uma matéria de quase total
ignorância entre a população dos EUA. As
acusações de "lavagem cerebral" de prisioneiros de
guerra dos Estados Unidos, num esforço contínuo para esconder
evidências das experiências de guerra bacteriológica dos EUA
e seus ensaios, ficaram interligados com a propaganda usada para explicar o
programa de interrogatórios e tortura após o 11/Set dos EUA e
serviu de álibi para crimes passados da CIA e do Departamento de Defesa
durante anos de programas ilegais de controlo da mente, incluídos nos
programas MKULTRA, MKSEARCH, ARTICHOKE e outros.
O seguinte é uma transcrição de parte do relatório
ISC que deveria ser de interesse para os leitores. São as primeiras
alegações que pude encontrar relativas ao programa japonês
BW e links para o que então foi apenas concebido como um possível
encobrimento e colaboração das autoridades dos EUA. Needham (que
nunca perdeu a crença na correcção do que os seus
investigadores descobriram) estava então certo. Ele e o trabalho dos
seus investigadores não mereciam o descrédito e o esquecimento
que aguardava o seu trabalho. Esta transcrição é uma
tentativa de corrigir esse erro histórico.
A relevância da guerra bacteriana japonesa na Segunda Guerra Mundial
Nenhuma investigação sobre alegações de guerra
bacteriológica na Ásia Oriental poderia deixar de tomar
conhecimento do facto indubitável de que foi utilizada pelos japoneses
contra a China durante a Segunda Guerra Mundial. A Comissão foi
relativamente bem informada sobre este assunto, uma vez que um dos seus membros
fora o principal especialista no julgamento de Khabarovsk e outro fora um dos
poucos cientistas ocidentais com uma posição oficial na China
durante o decorrer dos acontecimentos. Em 1944, parte do seu dever era informar
aquele governo que apesar de inicialmente ter uma atitude de grande cepticismo,
o material colectado pelo gabinete do responsável da saúde
pública da China parecia mostrar claramente que os japoneses haviam
disseminado pulgas infectadas com praga em vários distritos. Assim,
foram capazes de provocar um número considerável de casos de
peste bubônica em áreas onde normalmente não era
endémica, mas onde as condições para sua
propagação eram bastante favoráveis. Como é
geralmente conhecido, em circunstâncias normais, a peste bubônica
é endémica apenas em determinadas áreas fortemente
circunscritas (por exemplo na província de Fukien) para fora da qual
não se propaga.
A partir dos arquivos do Ministério da Saúde chinês um dos
relatórios originais sobre a indução artificial de peste
em Changte na província de Hunan, pelos japoneses em 1941 foi colocada
perante a Comissão (App. ISCC/1). Este documento é ainda hoje de
considerável valor e de facto de interesse histórico. Registos
oficiais chineses indicam o número de cidades de Hsien, que foram
atacadas desta forma pelos japoneses como onze: quatro em Chekiang, duas de
cada em Hopei e Honan e uma em Shanxi, Hunan e Shantung. O número total
de vítimas da peste artificialmente disseminada é agora avaliado
pelos chineses como aproximadamente 700 entre 1940 e 1944.
O documento reproduzido abaixo tem, além disso, interesse
histórico. Sabe-se que o responsável de então da
saúde pública na China distribuiu dez cópias entre as
embaixadas em Chungking, e, podendo bem ser mais do que uma coincidência,
segundo o bem conhecido Relatório Merck de janeiro de 1946, trabalhos em
larga escala sobre métodos de guerra bacteriológica,
começaram nos Estados Unidos no mesmo ano, 1941. A Comissão
estava feliz por ter a oportunidade, durante o seu trabalho na Coreia, de
conhecer o distinto especialista nestas matérias que escreveu o
memorando original de Changte e de ouvir sua opinião sobre o fracasso do
governo Kuomintang em dar seguimento às provas que já estavam nas
suas mãos no final da Segunda Guerra Mundial (App.). Como é do
conhecimento geral, suas conclusões foram depois totalmente confirmados
pelo que os acusados admitiram no julgamento de Khabarovsk.
Através da publicação do "Material on the Trial of
Former Servicemen of the Japanese Army charged with Manufacturing and Employing
Bacteriological Weapons" (Moscovo, 1950) importantes
informações sobre práticas realizadas sob a
direcção do bacteriologista japonês Shiro Ishii (que
infelizmente não estava no banco dos réus) foi disponibilizada
para o mundo. Apurou-se para além de quaisquer dúvidas que haviam
sido empregadas técnicas para a produção em massa de
bactérias tais como as da cólera, febre tifóide e peste,
literalmente em centenas de quilos de pasta húmida de cada vez.
Técnicas, bastante simples, também haviam sido usadas para a
procriação de um grande número de ratos e um grande
número de pulgas, embora na prática apenas as últimas
pareçam ter sido disseminadas.
Além disso, várias testemunhas estavam prontas a dar
informações detalhadas incluindo as datas em que elas haviam
actuado em várias bases japonesas na China para supervisionar os
métodos de disseminação utilizados. Detalhes abundantes
também foram entregues sobre os destacamentos secretos especiais (como o
notório "731") e seus laboratórios, fábricas
piloto e prisões em que patriotas chineses e russos foram usados com
perfeito sangue frio como animais experimentais. No decorrer do seu trabalho,
como será mencionado abaixo (p. 44) a Comissão teve oportunidade
de examinar alguns dos poucos espécimes restantes das "bombas"
de cerâmica que foram manufacturadas para Ishii numa fábrica
especial em Harbin.
Aparentemente os militaristas japoneses nunca abandonaram as suas visões
de conquista do mundo com a ajuda de armas bacteriológicas em geral e em
particular a disseminação através de insectos. Antes de
eles partiram de Dairen destruíram sistematicamente todas as
publicações da Universidade e artigos em bibliotecas
departamentais que tivessem qualquer conexão com a guerra
bacteriológica. Não deveria ser esquecido que antes de as
alegações da guerra bacteriológica na Coreia e Nordeste da
China (Manchúria) começarem a ser feitas nos primeiros meses de
1952, artigos em jornais haviam relatado duas visitas sucessivas de Shiro
Ishii, à Coreia do Sul, e que ele estava lá novamente em
março. Se as autoridades de ocupação no Japão
haviam promovido as suas atividades, e se o Comando Americano do Extremo
Oriente esteve envolvido no uso de métodos essencialmente japoneses,
eram questões que dificilmente poderiam ter estado ausentes das mentes
dos membros da Comissão.
-A partir de páginas 13 e 14 do relatório da Comissão
científica internacional para a investigação dos factos
relativos bacteriana guerra na Coreia e na China
Alguma Bibliografia
Daniel Barenblatt,
A Plague Upon Humanity: The Secret Genocide of Axis Japan's Germ Warfare Operation
, HarperPerennial, 2005
Tom Buchanan,
"The Courage of Galileo: Joseph Needham and the 'Germ Warfare' Allegations in the Korean War,"
The Historical Association, Blackwell Publishers, 2001
Dave Chaddock,
This Must Be the Place: How the U.S. Waged Germ Warfare in the Korean War and Denied It Ever Since
, Bennett & Hastings, 2013
Stephen Endicott & Edward Hagerman,
The United States and Biological Warfare: Secrets from the Early Cold War and Korea
, Indiana Univ. Press, 1998
Stephen Endicott & Edward Hagerman, "Twelve Newly Released Soviet-era
`Documents' and allegations of U. S. germ warfare during the Korean War,"
online publication, 1998, URL:
http://www.yorku.ca/sendicot/12SovietDocuments.htm
Sheldon H. Harris,
Factories of Death: Japanese Biological Warfare, 1932-45, and the American Cover-up
, rev. ed., Routledge Press, 2002
Milton Leitenberg, "New Russian Evidence on the Korean War Biological
Warfare Allegations: Background and Analysis"
Cold War International History Project, Bulletin 11
, 1998
Jeffrey A. Lockwood,
Six-Legged Soldiers: Using Insects as Weapons of War
, Oxford Univ. Press, 2010
Bernd Martin, "Japanese-German collaboration in the development of
bacteriological and chemical weapons and the war in China." Ch. 11 (p.
200-214) in
Japanese-German Relations, 1895-1945: War, diplomacy and public opinion
(Ed. Christian W. Spang and Rolf-Harald Wippich), Routledge, 2006
John Powell, "A Hidden Chapter in History,"
Bulletin of the Atomic Scientists
, October 1981
Ver também:
Ensaios médico-sociais
, livro do Dr. Samuel Barnley Pessoa,
médico brasileiro que participou da comissão internacional de
investigação dos crimes de guerra bacteriológica dos
Estados Unidos durante a Guerra da Coreia. O livro contém um
capítulo
acerca dos mesmos.
[*]
Psicólogo, especialista em psicoterapia, reside em San Francisco, EUA.
Trabalhou profissionalmente durante mais de 10 anos com vítimas de tortura e
solicitadores de asilo.
O original encontra-se em
valtinsblog.blogspot.pt/2015/01/a-lost-document-from-cold-war.html
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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