Thomas Piketty, uma crítica ilusória do capital
por Alain Bihr e Michel Husson
[*]
No primeiro capítulo de
O Capital,
Marx caracteriza a economia vulgar nestes termos: ela "contenta-se com as
aparências [...] e limita-se a elevar pedantemente em sistema e a
proclamar como verdades eternas as ilusões com que o burguês gosta
de povoar o seu mundo, para ele o melhor dos mundos possíveis". E
isto muito simplesmente porque ela não chega, ou mesmo renuncia, a
"penetrar o conjunto real e íntimo das relações de
produção na sociedade burguesa".
Ora, assim como existe uma apologia vulgar do capitalismo, existe também
uma crítica não menos ilusória. A mesma ignorância
radical das relações capitalistas de produção, a
mesma fascinação exercida por suas aparências fetichistas
(a mercadoria, o dinheiro, a contabilidade nacional e seus instrumentos
estatísticos, etc), o mesmo desejo de relatar em termos de pseudo-leis
trans-históricas, o mesmo encerramento no quadro de uma ideologia que
sacraliza a propriedade privada, a liberdade empresarial e a igualdade reduzida
à sua dimensão jurídica, que ao mesmo tempo limita as suas
propostas de reforma a medidas de redistribuição do rendimento e
da propriedade.
É a demonstrar que Thomas Piketty permanece ao nível desta
crítica ilusória que este obra se dedica, ao mesmo tempo que
desenvolve em contraponto os elementos de uma crítica radical.
Ver a
resenha desta obra publicada por Henri Sterdyniak
, no sítio A l'encontre.
[*]
Economistas.
Thomas Piketty, une critique illusoire du capital
, Page 2 e Editions Syllepse, 2020, 196 p.
O original encontra-se em
www.atterres.org/livre/thomas-piketty-une-critique-illusoire-du-capital
Este nota encontra-se em
https://resistir.info/
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