Mais importante que pensar no pós-troika é impedir que a "troika" e este governo destruam ainda mais a economia e a sociedade portuguesa
por Eugénio Rosa
[*]
A política recessiva pró-cíclica de cortes nos rendimentos dos
trabalhadores e dos pensionistas e de enormes aumentos de impostos que
está a ser aplicada em Portugal em plena recessão
económica, situação esta que é agravada pela facto
da maioria dos países da UE estar também em recessão, a continuar,
deixará Portugal numa situação muito pior que a atual, que
é já pior do que a que existia quando a “troika” e este governo
entram em funções, como mostro utilizando alguns dados oficiais,
apresentados sob a forma de gráfico para serem mais claros e de leitura
rápida.
Eliminando o efeito do aumento de preços, o valor do PIB, ou seja, o
valor de toda a riqueza criada em Portugal em 2013 será inferior
à que foi criada em 2010, em mais de 11.000 milhões , ou
seja, um valor muito superior ao valor do défice orçamental
previsto. Portanto, admitindo que a previsão de recessão do
governo (quebra de 2,3% do PIB) se verifique (e a experiencia já mostrou
que este governo e esta "troika" nunca acertam nas previsões),
a situação em 2014 será muito pior do que a existente no
início de 2011. Mas não é apenas por esta razão que
a situação é pior.
Segundo as previsões constantes do Orçamento retificativo de 2013
apresentado pelo governo, existirão em Portugal, no fim de 2013, menos
463.000 empregos dos que existiam no inicio de 2011. Esta redução
brutal do emprego em Portugal significa que a politica imposta ao País
pela "troika" e pelo governo PSD/CDS causou a
destruição de 422 empregos por dia, incluindo sábados,
domingos e feriados. Como consequência o desempego disparou, empurrando
centenas de milhares de famílias para a miséria, e a única
coisa que os "senhores" da "troika" e Vitor Gaspar
têm para dizer aos portugueses é que é um "resultado
surpreendente e não esperado" ou então, como escreveu o FMI,
que se "enganaram". E com estas palavras procuram
desresponsabilizar-se do que fizeram.
Em 2 anos e um trimestre de "troika" e de governo PSD/CDS a divida
pública externa aumentou em 36.000 milhões e a divida
pública total (que inclui também a interna) cresceu em 59,000
milhões , ou seja, à média de 54 milhões
por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. Este crescimento
brutal da divida pública torna cada vez mais insustentável a
situação do próprio Estado. Uma das consequências
é o disparar dos juros, como mostra o gráfico seguinte.
Entre 2010 e 2013, os juros com a divida pública aumentaram em 53,7%,
pois passaram de 4.850 milhões para 7.454 milhões o
que está a tornar a situação insustentável. Para
pagar aos credores, e não para pagar pensões e salários
como tem afirmado Passos Coelho, o governo procedeu a um corte brutal na
despesa pública (cortou salários e pensões, confiscou
subsídios de ferias e de Natal, reduziu o subsidio de desemprego, o RSI,
o direito ao abono de família, etc.) e fez um enorme aumento de
impostos, para empregar as palavras do próprio Vitor Gaspar.
que Portugal terá de pagar em cada ano no período 2013-2045
Portugal terá de pagar, em 2014, 14.110 milhões de
empréstimos que se vencem nesse ano; em 2015, o montante a amortizar
já atinge 16.740 milhões ; em 2016, a divida a pagar
é já de 16.740 milhões ; etc... E estes valores
ainda não incluem a dívida a curto prazo, que é
também elevada.
17/Junho/2013
[*]
Economista,
edr2@netcabo.pt
,
www.eugeniorosa.com
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