Tempos estranhos
por Jake Gordon
[*]
Parecemos estar a viver tempos estranhos, dada um certo intangível
sentido intangível agourento. Os preços do petróleo
moderaram-se temporariamente, graças em grande medida à
disposição da Europa para expedir até 2 milhões de
barris/dia de produtos refinados em armazém para os Estados Unidos.
Este gesto foi adoptado em resposta aos furacões americanos, mas agora
terminará pois as próprias necessidades de crescimento da Europa
evidentemente têm prioridade. Em consequência, podemos esperar que
os preços do petróleo retomem a sua alta impetuosa nas semanas e
meses que se seguem. Apesar dos heróicos comentários oficiais em
contrário, e de um agitado mercado de acções baseado em
valores intrínsecos questionáveis, sinais de um declínio a
assomar na economia parecem estar a ser construídos, sendo
previsivelmente acompanhados por tumultos em França e na
Grã-Bretanha em que minorias étnicas pobres demonstram o seu
ressentimento. As filas para o recebimento de subsídios aumentam na
Alemanha. A confusão e a fome perseguem grande parte da África.
A América Latina parece estar a mover-se em direcção a uma
nova forma de união a fim de preservar os seus recursos e restaurar o
significado da palavra soberania. Mesmo nos Estados Unidos, uma
Resolução de Cidadãos foi aprovada em 11 de Novembro no
State Capital Building de Vermont apelado à secessão do Estado em
relação à União, de acordo com o seu Direito
Constitucional, exercido pela última vez pela Carolina em 1861. Na
Grã-Bretanha, o sr. Blair sofreu uma esmagadora derrota no Parlamento
quanto à legislação anti-terrorista: alguns
políticos evidentemente concluíram que foi o seu apoio à
invasão do Iraque que provocou a ameaça terrorista. No
próprio Iraque, a resistência à ocupação
continua com bombardeamentos aleatórios, e um crescente número de
vítimas. Provavelmente umas 500 mil pessoas já morreram
até agora como consequência directa ou indirecta da
invasão. Os hotéis de turistas da Jordânia também
foram vítimas de bombismo. A Síria, sob pressão dos
Estados Unidos, está a ser acusada de cumplicidade no assassínio
do Presidente libanês.
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