EUA esforçam-se por alcançar a tecnologia hipersónica
russa
A Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA) está a
avançar uma nova iniciativa para conter ameaças
hipersónicas, tais como o míssil russo Kinzhal (Adaga), o qual
é capaz de viajar 10 vezes mais rápido do que a velocidade do
som. O general da Força Aérea John Hyten, comandante do US
Strategic Command,
disse
que os Estados Unidos actualmente nada têm para combater esta
ameaça. De acordo com
The Drive
, "a DARPA exibiu a arte conceptual da parte interceptora do Glide Breaker
pela primeira vez no seu D60 Simpósio D60, que em Setembro de 2018
homenageia o 60º aniversário da organização".
Poucos pormenores foram divulgados e não se sabe se aquele programa
está relacionado com o
projecto
de defesa hipersónica da Missile Defense Agency (MDA). Interceptores
cinéticos de difícil aniquilação serão um
elemento de um sistema multi-camadas.
Os EUA estão empenhados numa corrida hipersónica com a
Rússia, a China e Israel. No mês passado a Força
Aérea
atribuiu
à Lockheed Martin um contrato no valor de US$480 milhões para
começar a desenhar um protótipo de arma hipersónica
designado como AGM-183 Air-Launched Rapid Response Weapon, ou ARRW. Em Junho,
aquela companhia recebeu um contrato de US$928 milhões para o Hypersonic
Conventional Strike Weapon (HCSW).
Secretário da Força Aérea Heather Wilson: "Estamos a
avançar depressa e a aproveitar a melhor tecnologia disponível
a fim de obter capacidade hipersónica de combate tão logo quanto
possível". Está a ser feito tudo para atingir este objectivo
e, como os acontecimentos mostram, os meios para fazer isto não
estão limitados a meramente criar defesas ou sistemas de ataque
hipersónicos.
Os EUA não se coíbem de utilizar espiões para descobrir
mais acerca do programa da Rússia. Em Julho, Viktor Kudryavtsev, que
trabalhava no Instituto Central de Investigação de
Construção de Máquinas (TsNIIMash), o qual está
associado à Agência Espacial Federal, foi detido e a seguir
aprisionado depois de ser acusado de
espionagem
. Foi formada uma comissão para vasculhar actividades no instituto, o
qual foca o desenvolvimento de naves espaciais. Os media russos informaram que
serviços de segurança ocidentais haviam obtido
informação sobre a nova e classificada tecnologia
hipersónica que está a ser desenvolvida pela indústria
russa.
Quão bem sucedidos virão a ser os esforços da
América para tomar a dianteira em tecnologia hipersónica? Os EUA
estão realmente apenas a começar a por o pés nesta
área, ao passo que a Rússia já tem armas
hipersónicas no seu stock. Pelo menos dez caças MiG-31 equipados
com Kinzhal estão operacionais. Cada avião carrega um
míssil, mas o conjunto do armamento do bombardeiro Tu-22M3 inclui
quatro
deles. O Kinzhal baseado em bombardeiros será
testado
em breve. Os EUA demorarão pelo menos 10 a 12 anos para desenvolver um
interceptor. E naturalmente a Rússia não ficará ociosa.
Nessa altura terá armas hipersónicas muito mais refinadas no seu
arsenal.
A emergência de armas hipersónicas é uma
revolução que muda todo o conceito da guerra contemporânea.
Sua simples velocidade torna quaisquer sistemas anti-aéreos obsoletos. O
S-500
russo é o único sistema de defesa aérea que pode
interceptar alvos a voarem a Mach 5.0-6.0.
No ano passado, o novo porta-aviões classe Ford de US$15 mil
milhões
foi comissionado
com grande fanfarra, só para se tornar
um alvo para os mísseis hipersónicos Kinzhal da Rússia que
ficaram plenamente operacionais e prontos para combate apenas uns meses antes
daquela cerimónia ter lugar. Trata-se de uma corrida às armas que
os EUA
já estão a perder
apesar de um orçamento de defesa que excede os US$760 mil
milhões, a serem comparados com os US$50 mil milhões da
Rússia. A Rússia gasta menos de um décimo do que os EUA
gastam, mas produz armas contra as quais os EUA não têm defesa. O
Pentágono tem estado a perseguir a tecnologia hipersónica
há mais de uma década, mas tem falhado em alcançar os seus
objectivos.
Os EUA estão obviamente
a perder
a competição geral "custo-eficiência". Exemplo:
muito tem sido escrito e dito acerca do conceito US Prompt Global Strike (PGS),
mas foi a Rússia, não a América, quem primeiro adquiriu
capacidade global, rápida, de primeiro ataque, pois suas armas
hipersónicas podem ser armadas com ogivas convencionais. Talvez seja
isso que está a motivar os EUA a levarem a corrida armamentista ao
espaço
, pois parecem ter perdido sua vantagem tecnológica em outros
domínio e
ficaram para trás
no desenvolvimento hipersónico. Os EUA têm de correr para
alcançar, mas não há como saber se conseguirá. E
a acrescentar-se a isto está a sua enorme dívida nacional
o fardo pesado que os EUA têm de carregar, ao contrário da
Rússia ou da China.
10/Setembro/2018
[*]
Coronel russo, reformado, perito em questões de segurança
internacional.
O original encontra-se em
www.strategic-culture.org/...
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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