A economia americana entrou em recessão no 1º trimestre de 2007
Para o LEAP/E2020, como demonstra a análise das cinco principais moedas
mundiais (Dólar americano, Euro, Libra inglesa, Iene e o Iuan), a
economia americana já entrou em recessão durante o 1º
trimestre de 2007.
Aliás, foi durante este período que o valor do Produto Nacional
Bruto começou a descer quando calculado em três das quatro divisas
que não o Dólar Americano, ou seja, o Euro, a Libra e o Iuan. As
estimativas dos investigadores do LEAP/E2020 para os 2º e 3º
trimestres de 2007 indicam o reforço desta tendência (no 2º
trimestre a recessão irá confirmar-se nas quatro divisas)
conduzindo directamente os EUA à "muito grande
depressão" anunciada no GEAB N°11 de Janeiro de 2007.
Esta metodologia chamada de "localização multi-divisas"
do percurso de uma economia é utilizado há dois anos pela equipa
LEAP/E2020 para seguir a evolução das grandes economias mundiais,
colando-se o mais próximo possível da realidade económica
e financeira, em plena mutação devido à crise do sistema
actualmente em curso. A fase de impacto desta crise corresponde em particular a
uma saída definitiva da ordem económica e financeira
pós-1945 fundada unicamente na potência da economia e do
dólar americanos. Assim, o LEAP/E2020 cedo verificou a necessidade de
desenvolver novos instrumentos de medida, de que este processo
"multi-divisas" é um exemplo, a fim de melhor apreender a
realidade de um mundo globalizado onde diversos actores estratégicos,
com pesos relativos em plena mudança, estão no centro da
actividade económica e financeira mundial
[1]
. A medida apenas em dólares já não chega para apreender
esta nova realidade.
No número de Maio do GEAB, a equipa do LEAP/E2020 descreve o conjunto
dos dados e hipóteses de trabalho: taxas de câmbio anuais e
estimativas das taxas de crescimento e das taxas de câmbio para o 2°
e 3° trimestres. É importante ter em mente que para realizar a sua
análise, o LEAP/E2020 baseou o seu estudo em hipóteses muito
conservadoras a fim de evitar qualquer polarização
estatística que possa acentuar a evolução em curso. Assim,
para o crescimento americano, as nossas equipas usaram o valor oficial
provisório de 1,3% de crescimento do PNB no primeiro trimestre de 2007
[2]
, enquanto se considerarmos o crescimento de 10% do défice comercial dos
EUA em Março de 2007 (que atingiu os 63,9 mil milhões de
dólares)
[3]
, é provável que o valor definitivo do crescimento dos EUA no
1° trimestre seja entre 0,6% e 1,1%. No entanto, mesmo baseando-nos em
valores de crescimento muito optimistas, a recessão chegou e vai-se
agravar rapidamente.
Assim, tal como foi antecipado pelo LEAP/E2020 em Fevereiro de 2007
(GEAB N°12)
, o mês de Abril de 2007 marcou o ponto de inflexão da
fase de impacto da crise sistémica global e assinala a entrada objectiva
em recessão dos EUA, mesmo que os valores oficiais norte-americanos
ainda tentem esconder esta evolução. Para além disso,
juntamente com esta informação fundamental, Abril de 2007
terá marcado o ponto de viragem para diversos factores-chave da crise
sistémica global cuja evolução irá sofrer uma nova
aceleração. No número deste mês do GEAB, o
LEAP/E2020 desenvolve as duas análises seguintes:
- Agravamento da insolvência do consumidor norte-americano, queda dos
lucros das empresas dependentes do mercado americano e despedimentos
maciços contribuem para um círculo retroactivo negativo;
- Aceleração da queda do dólar, inflação
importada, aumento do défice da balança de pagamentos
e tensões comerciais com a Ásia e a Europa acabam com o consenso
na Reserva Federal e levam à entrada na "muito grande
depressão".
No início do próximo Verão, as consequências da
evolução destes factores irão determinar a nova etapa da
fase de impacto da crise sistémica mundial. Como o LEAP/E2020 já
havia sublinhado, esta crise desenvolve-se segundo um processo de tipo espiral
(cujo epicentro se mantém nos EUA, por enquanto), e não como um
colapso linear. A complexidade do mundo globalizado no qual esta crise se
desenrola significa que a degradação da anterior ordem se
desenvolve em simultâneo, mas a velocidades diferentes e com
consequências variáveis através de uma série de
sectores (económico, financeiro, militar, diplomático, cultural,
político, ...).
Mesmo quando um parâmetro parece estabilizar, isso só significa
que a crise se está a desenvolver noutra frente. Da mesma maneira que
é necessário usar várias referências para medir
correctamente o PNB das grandes potências económicas do
século XXI, para avaliar seriamente a sua evolução real,
é necessário observar simultaneamente uma série de
factores de forma a medir, compreender e antecipar o caminho da crise
sistémica global em curso. É o que tentam fazer todos os meses os
investigadores do LEAP/E2020, para antecipar não apenas as
características da crise mas também a configuração
do processo de saída da crise que se perfila para 2009-2010 (passando de
um processo em espiral descendente a uma espiral ascendente). Uma figura que se
chama simbolicamente "uma superfície de
revolução".
15/Maio/2007
Notas:
[1] Os quatro países/entidades (para além dos EUA) cujas divisas
foram escolhidas para as análises do LEAP/E2020 sobre a
evolução do PB americano representam, em 2006, 42% do PNB mundial
(fonte:
FMI 2007
), aproximadamente 38% do comércio mundial dos bens e
serviços (fonte:
Organização Mundial de Comércio
, 2007) e aproximadamente 40% das trocas comerciais
dos EUA (fonte:
US Census Bureau Foreign Trade Statistics
).
[2] Fonte:
US Department of Commerce / Bureau of Economic Analysis
, 27/04/2007
[3] Fonte:
US Census Bureau / Foreign Trade Statistics
, 10/05/2007
[*]
GEAB: Global Europe Anticipation Bulletin
O original encontra-se em
GEAB Nº 15
. Tradução de ACN.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
|