A era da injustiça
por Paul Craig Roberts
O dia 11 de Abril de 2019 deu-nos uma nova palavra para Judas: Moreno o
presidente fantoche do Equador que vendeu Julian Assange a Washington por suas
30 moedas.
Nesta manhã a prisão de Assange dentro da embaixada equatoriana
em Londres foi a primeira etapa na tentativa de Washington de criminalizar a
Primeira Emenda da Constituição dos EUA.
O homem de Washington em Quito disse que revogou o asilo político de
Assange e a sua cidadania equatoriana devido à sua liberdade de
expressão.
Quando polícias de diversa raça e género arrastaram
Assange para fora da embaixada nesta manhã, reflecti sobre a absoluta
corrupção de três governos dos EUA, Reino Unido e
Equador e das suas instituições.
A polícia britânica não mostrou vergonha quando carregou
Assange desde a sua embaixada-prisão dos últimos sete anos
até uma cela britânica como estação
intermediária para outra americana. Se a polícia britânica
tivesse qualquer integridade, toda a força policial teria ficado doente.
Se o parlamento britânico tivesse qualquer integridade, eles teriam
bloqueado a contribuição de Londres para o julgamento
espectáculo de Washington agora em preparação.
Se os britânicos tivessem um primeiro-ministro ao invés de uma
agente de Washington, Assange teria sido libertado há muito tempo
atrás e não mantido num aprisionamento de facto até que
Washington aceitasse o preço de Moreno.
Se o embaixador equatoriano em Londres tivesse qualquer integridade, ter-se-ia
demitido ao invés de chamar a polícia para levar Assange.
Será o embaixador tão desalmado que possa viver tranquilo consigo
próprio como o homem que ajudou Moreno a desonrar a
reputação do Equador?
Se os jornalistas anglo-americanos tivessem qualquer integridade, eles
levantar-se-iam em armas quanto à criminalização da sua
profissão.
O presidente Trump sobreviveu a três anos de provação
semelhante aos sete anos da provação de Assange. Trump sabe
quão corruptas são as agências de inteligência e o
Departamento de Justiça (sic) dos EUA. Se Trump tivesse qualquer
integridade, ele poria um fim imediato à vergonhosa e embaraçosa
perseguição à Assange através da emissão de
perdão pré julgamento. Isto também poria fim ao
re-aprisionamento ilegal de Manning.
Mas integridade não é algo que prospere em Washington, ou em
Londres ou em Quito.
Quando o Departamento de Justiça (sic) não tem um crime com o
qual acusar a vítima que pretende, o departamento repete continuamente a
palavra "conspiração". Assange é acusado de
estar em conspiração com Manning para obter e publicar dados
secretos do governo, tais como o filme, o qual já era conhecido de um
repórter do
Washington Post
o qual fracassou no seu jornal e na sua profissão ao permanecer
silencioso quanto a soldados dos EUA cometerem crimes extraordinários
sem remorso. Como soldado dos EUA, era realmente dever de Manning relatar os
crimes e a falha de tropas estado-unidenses em desobedecerem a ordens ilegais.
Supunha-se que Manning relatasse os crimes aos seus superiores, não ao
público, mas ele sabia que o militares já haviam encoberto o
massacre de jornalistas e civis e não queria um outro evento tipo My Lai
nas suas mãos.
Não acredito na acusação contra Assange. Se a WikiLeaks
rompeu o código para Manning, a WikiLeaks não precisava de
Manning.
O alegado Grande Júri que alegadamente produziu a acusação
foi conduzido em segredo ao longo de muitos anos enquanto Washington buscava
algo que pudesse ser atribuído a Assange. Se houve realmente um grande
júri, os jurados eram destituídos de integridade, mas como
podemos saber se houve realmente um grande júri? Por que
deveríamos nós acreditar em qualquer coisa que diga Washington
depois das "armas de destruição em massa de Saddam
Hussein", da "utilização por Assad de armas
químicas contra o seu próprio povo", da "ogivas
iranianas", da "invasão russa da Ucrânia", do
"Russiagate" e assim por diante
ad infinitum
? Por que acreditar que Washington desta vez está a contar a verdade?
Quando o grande júri foi secreto por causa da "segurança
nacional", será que o julgamento também será secreto
e as provas secretas? Será que teremos aqui um processo tipo
Star Chamber
no qual uma pessoa é acusada em segredo e condenada em segredo com
provas secretas? Este é o procedimento utilizado por governos
tirânicos que não dispõem de argumentos contra a pessoa que
eles querem destruir.
Os governos em Washington, Londres e Quito são tão
desavergonhados que não se importam em demonstrar a todo o mundo seu
desrespeito à lei e a sua falta de integridade.
Talvez o resto do mundo seja ele próprio tão desavergonhado de
modo a não haver consequências adversas para Washington, Londres e
Quito. Por outro lado, talvez o enquadramento de Assange, a seguir à
falcatrua do Russiagate e da desavergonhada tentativa de derrubar a democracia
na Venezuela e instalar um agente de Washington como presidente daquele
país, venha a tornar claro para todos que o chamado "mundo
livre" é conduzido por um governo patife e sem lei. Washington
está a acelerar o declínio do seu império pois deixa claro
que não é digna de respeito.
Não se pode ter confiança alguma em que seja feita justiça
em qualquer julgamento americano. No julgamento de Assange, a justiça
não é possível. Com Assange condenado pelos media, mesmo
um júri convencido da sua inocência irá condená-lo a
fim de não enfrentar denúncias por libertar um
"espião russo".
A condenação de Assange tornará impossível para os
media relatarem fugas de informação que sejam
desfavoráveis ao governo. À medida que o precedente se expandir,
futuros promotores públicos apresentarão o caso de Assange como
um precedente para processar críticos do governo que serão
acusados de pretensos danos ao mesmo. A era da justiça e do governo
responsável está a chegar ao fim.
11/Abril/2019
Ver também:
twitter.com/wikileaks
defend.wikileaks.org
MINUTO A MINUTO: Arrestan a Julian Assange
Assange expôs a democracia burguesa e o estado burguês
O original encontra-se em
www.paulcraigroberts.org/2019/04/11/the-age-of-injustice/
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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