Romney escolhe Ryan, a Wall Street quer a guerra de classe
Como os 99% podem reagir
por Deirdre Griswold
Mitt Romney, ao escolher Paul Ryan como seu candidato à
vice-presidência, deixou claro o rumo pretendido pela Wall Street.
Literalmente. O
Wall Street Journal
endossou Ryan no seu editorial de 9 de Agosto. Dois dias depois, Romney
anunciou o seu vice.
Não há dúvida de que a promoção de Ryan
assinala uma nova pressão para a direita por parte dos 0,001% das
finanças e da indústria aos quais a elite política serve.
Ryan tem um plano para o orçamento que é caro ao
coração da Wall Street: Cortar, cortar, cortar todos os programas
sociais necessários, incluindo rubricas em que se apoiam dezenas de
milhões de pessoas, como o Medicare e a Segurança Social.
É tudo o que o Departamento do Tesouro precisa para continuar a pagar
aos financeiros os juros da esmagadora dívida nacional, continuar a
financiar guerras de conquista no exterior, assim como polícias e
prisões internamente.
E não esqueça: Este monstruoso estado guerreiro tão
grande como o resto das máquinas de guerra do mundo somadas
é a causa primária que gera a maior parte desta dívida.
A questão para os trabalhadores e todo o povo oprimido é: O que
fazer acerca disto? Permanecer cativo do sistema capitalista de dois partidos e
esperar a salvação na urna eleitoral? Ou levar o combate a um
nível muito mais alto: as fábricas, escritórios,
supermercados, ruas, hospitais, escolas e comunidades que estão a ser
devastados, onde os trabalhadores constituem a grande maioria?
Os capitalistas aprenderam a lição de Wisconsin, o estado de
Ryan. Quando o governador lançou ali um assalto frontal contra o
movimento trabalhista, os trabalhadores responderam com uma
mobilização militante que levou a semanas de
ocupação do Capitólio do Estado. Foi um ponto alto na
história recente do trabalho nos EUA. Mas uma vez dissipada a
confrontação numa campanha para a revogação de
mandato, os patrões voltaram ao topo. O estilo Walker-Ryan de atacar
directamente os trabalhadores parecia mais prometedor para a classe dominante
como um todo.
Vamos olhar a Europa por alguns instantes, onde a mesma guinada política
para a direita alimentada pela pior crise económica capitalista desde a
Grande depressão,
Esta crise colocou os trabalhadores na defensiva em toda parte. Em lugar algum,
contudo, há partidos de trabalhadores suficientemente fortes para
arrancar o poder da classe dominante. Mas isto não impediu os
trabalhadores gregos, portugueses e espanhóis, apoiados por muita gente
nas camadas médias, de irem às ruas combater os planos de
austeridade impostos aos seus governos pelos grandes bancos europeus.
Na Grécia, após manifestações tremendas e
militantes, uma tentativa ligeiramente de esquerda de ganhar o parlamento pelo
partido eleitoralista Syriza fracassou por pouco, depois de desviar
temporariamente alguma da energia das massas para as eleições.
No entanto, os banqueiros europeus, liderados pelos alemães, pensaram
melhor as suas tácticas e adoçaram ligeiramente a pancada a fim
de impedir o governo grego de entrar em colapso sob o peso da dívida
acumulada pelos anteriores regimes burgueses. O que temiam os banqueiros? O
potencial de que a fornalha da luta de classe, alimentada pelas misérias
do desemprego e da fome, trouxesse à tona liderança
revolucionária quando as massas aprendessem que não há
nenhum outro caminho para sair da crise.
A experiência porque está a passar a classe trabalhadora daqui
ainda não alcançou o nível de luta do Sul e do Leste da
Europa embora aqui muitas pessoas experimentem há muito grandes
dificuldades, especialmente devido à disparidade económica
causada pela opressão histórica dos afro-americanos, nativos e
latinos. Mas a direcção aqui é fácil de ver. A
pobreza está a ascender, os empregos permanecem estagnados enquanto os
salários e benefícios são cortados, em grandes
despedimentos estão no horizonte quando o governo é amputado a
todos os níveis.
Mais está para vir e a escolha de Ryan é exactamente a
confirmação disso.
Wall Street tem um plano, o qual é empurrar todos os maus efeitos da sua
crise sobre as costas da classe trabalhadora. Os capitalistas relativamente
liberais e seus políticos, pelo seu lado, não têm o seu
próprio plano. A liderança do Partido Democrata tem executado
sempre os desejos da Wall Street desde que começou a crise em 2008-2009.
A diferença é que eles entregaram milhões de
milhões
(trillions)
de dólares aos banqueiros e começaram a cortar programas sociais
com um lamento ao invés de um grito de triunfo.
Neste período, moveu-se tudo para a direita. Sabichões
conservadores como Newt Gringrich, que anteriormente criticara o plano de Ryan
para transformar o Medicare num sistema voucher como "engenharia social de
extrema-direita", agora estão a louvá-lo. Porta-vozes das
forças de ultra-direita do Tea Party, como Glenn Beck, estão
exultantes, é claro.
Mas não esqueçamos que o Tea Party foi criado por
bilionários de extrema-direita para dar cobertura política a
neofascistas, induzindo-os a aparecerem publicamente. Eles criaram uma arma
para pressionar todo o estabelecimento político para a direita.
Este não é um período de liberalismo social por parte da
burguesia imperialista. Os dias das armas e manteiga estão acabados. As
contradições dentro do seu sistema, as quais provocam-lhe
convulsões exactamente no momento em que ele se torna mais produtivo do
que nunca, só podem ser combatidas pela luta de classe. O compromisso
com os super-ricos através da eleição dos seus candidatos
"menos maus" o governo meramente adia a luta real a travar
combater a classe de capitalistas parasita que está a arruinar o mundo.
15/Agosto/2012
O original encontra-se em
http://www.workers.org/2012/08/15/romney-picks-ryan-wall-street-wants-class-war/
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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