Segredos do dinheiro, dos juros e da inflação
O dinheiro desempenha um grande papel nas nossas vidas. Também na
sociedade, quase tudo é determinado pelo dinheiro. É
estranho
que apenas umas poucas pessoas conheçam os truques de malabarismo
através dos quais se origina e desaparece o dinheiro.
A maior parte das pessoas vêm que o dinheiro se vai tornando menos
valioso com o tempo, mas não sabe que isto é causado, em primeiro
lugar, pelo próprio sistema monetário.
Também a eterna busca do crescimento económico e a sempre
crescente pressão do trabalho nos países industrializados
são provocados pelo sistema monetário.
O dinheiro também pode servir para a opressão,
como por exemplo nos países do Terceiro Mundo, ou ser motivo de guerras,
como aquela contra o Iraque. Gostaria de fazer uma pequena
excursão pelos seus bastidores?
Bem vindo ao circo dos malabaristas do dinheiro!
1- Fazer dinheiro
2- Inflação permanente
3- Bancos centrais precisam de inflação
4- Caprichos do stock de dinheiro
5- A guerra contra o Iraque
6- A opressão do Terceiro Mundo
7- A arma da China
8- Inflação e crescimento económico
9- Mais crescimento ou uma sociedade sustentável?
1- Fazer dinheiro
Troca, uma necessidade primária
Cada pessoa precisa de produtos e serviços de outras pessoas. Elas
utilizam dinheiro para efectuar trocas umas com as outras. Naturalmente, seria
lindo se o dinheiro proporcionasse um meio de troca honesto. Mas isto
não é o caso. O dinheiro perde valor ao longo do tempo.
O dinheiro não pertence ao Estado
A maior parte das pessoas acredita que o dinheiro é criado pelo Estado.
Contudo, grande parte dos governos tem pouco ou nada a dizer acerca da oferta
monetária do seu país. Os banqueiros assumiram o comando deste
poder. Eles transformaram este meio de troca num modo lucrativo de cobrar
impostos à população com a recolha do juro. Banqueiros
recolhem juros permanentemente sobre quase todo o dinheiro do mundo.
O dinheiro é criado pelos bancos comerciais
Os bancos comerciais criam continuamente moeda para empréstimos. Eles
fazem isso simplesmente teclando números nas contas bancárias de
tomadores de empréstimos, os quais então gastam-nas como se
fossem papel moeda real. Hoje a grande maioria de todo o dinheiro existe
apenas como números em contas bancárias. De acordo com a lei,
estes números têm o mesmo valor do papel moeda e das moedas
metálicas.
É permitido a cada banco comercial que crie novo dinheiro desta forma.
Nos bastidores, escondido dos olhos dos clientes, começa então o
lucrativo malabarismo com o dinheiro de outras pessoas. De facto, as quantias
que foram tecladas nas contas são comparáveis a cheques
"carecas". O próprio banco não tem o dinheiro. Quando
o tomador do empréstimo gasta a quantia teclada através do
preenchimento de um cheque ou de uma ordem de pagamento, o banco
utilizará o dinheiro de outras pessoas para pagá-lo.
Desapercebidamente, este dinheiro é tirado das contas de depósito
à ordem e à prazo de outros clientes. Você não
percebe isso. Os números sobre as suas contas à ordem e a prazo
permanecem imutáveis. E no momento em que você quiser dispor
outra vez do seu dinheiro, haverá algum empréstimo que
será pago outra vez ao banco, de modo que nunca saberá acerca
disso. Em muitos países o mínimo de reservas que os bancos devem
manter está fixado por lei. (Muitas vezes algo em torno dos 10 por
cento). A maior parte das vezes estas reservas são mantidas pelo banco
central do país.
Porque os bancos utilizam o dinheiro de outras pessoas para apoiar o novo
dinheiro que eles emprestam, a quantidade de novo dinheiro que podem criar
é limitada. Na prática, cerca de 90 por cento de todos o
dinheiro depositado em contas à ordem e de poupança é
utilizado como suporte do novo dinheiro.
Contudo, o dinheiro depositado em contas à ordem e de poupança
também é dinheiro que em certo momento foi extraído do
chapéu do banqueiro. Assim, novo "dinheiro criado a partir do
nada" é suportado pelo já existente "dinheiro criado a
partir do nada". Mas enquanto ninguém perceber, o malabarista
obtém aplauso. Vamos dar uma olhadela às consequências.
O carrossel de empréstimos
Os empréstimos têm um efeito encoberto. Quando o tomador gasta o
dinheiro, o receptor deposita-lo-á no seu banco. Este banco,
graças a este depósito, pode emitir novos empréstimos.
Estes empréstimos também serão gastos e
tornar-se-ão depósitos num banco a seguir. E assim por diante.
Naturalmente, a cada novo nível um banco recolhe juros. É um
vasto carrossel de criação de dinheiro, o qual inflaciona a
quantidade total de dinheiro no país.
Cada vez que empréstimos, emitidos por um banco, chegam como
depósitos num banco a seguir, um novo ciclo de empréstimos pode
começar. O esquema também se aplica quando o dinheiro de um
empréstimo é gasto e retorna como depósito ao mesmo banco.
Se houvesse apenas um banco no país, rapidamente tornar-se-ia
óbvio que este banco está a criar novo dinheiro continuamente
através da emissão de empréstimos, e a recolher de volta
como depósitos o dinheiro criado, emitindo novos empréstimos
outra vez, a recolher de volta o dinheiro, e assim por diante.
Assim, o efeito do carrossel é que os bancos em conjunto criam mais
empréstimos e recolhem mais juros o tempo todo. Isto inflaciona o stock
de dinheiro muitas vezes. Mas será que nós, ou os bancos,
ficamos mais ricos com isto?
Os bancos criam mais dinheiro, mas eles não criam magicamente mais bens
para comprar. Quando as pessoas têm mais dinheiro, mas ainda há a
mesma quantidade de coisas para comprar, os preços simplesmente
ascenderão. Cada unidade de dinheiro torna-se menos valiosa. Isto
é chamado inflação.
Assim, quando os bancos colocam mais dinheiro em circulação, o
valor de cada unidade da moeda desce. E isto também é verdade
para os juros que eles recolhem. Quanto eles emitem 10 vezes mais
empréstimos e inflacionam o stock de moeda em 10 vezes, o juros que
recolhem também valem 10 vezes menos.
A competição garante a inflação
A maior parte dos países tem apenas uma divisa oficial, mas
múltiplos bancos comerciais a emitirem a moeda. E embora estes bancos
em conjunto não fiquem muito mais ricos com o inflacionamento do stock
de moeda, ainda assim ficam. A única razão para isto é a
competição entre eles. Embora competição soe como
coisa saudável, quando falamos acerca de empresas normais, a
competição entre bancos significa emprestar tanto dinheiro quanto
possível e assim maximizar a inflação.
Pois cada competição bancária é simplesmente uma
batalha para recolher mais juros e aumentar a sua fatia de mercado e de lucros.
O banco com o melhor resultado crescerá mais rapidamente do que os
outros e, no longo prazo, será capaz de comer os seus competidores.
O fosso entre ricos e pobres
Nem todos podem tomar emprestado o dinheiro que quiserem. Ao emprestar
dinheiro, os bancos exigem [garantias] colaterais que possam arrestar se o
tomador falhar nos seus pagamentos. Pessoas que possuam suficiente garantia
colateral podem obter empréstimos e investir facilmente. As grandes
corporações pagam mesmo menos juros. A procura por garantias
colaterais funciona como um alargamento contínuo do fosso entre ricos e
pobres.
Para as sociedades, isto é um perigo permanente a assomar. Quando banco
e não governos decidem acerca de empréstimos, os governos podem
apenas tentar mascarar as rupturas sociais, mas não serão capazes
de curá-las nem de impedi-las.
Empréstimos para investimento e consumo
Um efeito dos empréstimos que todos os tomadores conhecem demasiado bem
é que o principal tem de ser pago de volta com juros. E
empresário que toma emprestado para investimentos terá de gerar
rendimento extra para pagar este juro. Empréstimos para investimento
são não só uma vaca leiteira para os banqueiros como
também contribuem para mais actividade económica. Tornar
disponíveis empréstimos para investimentos seria um papel
útil dos bancos para a sociedade.
Em contra partida, empréstimos para os gastos de consumo normalmente
não contribuem para mais consumo. É verdade que, graças
ao crédito ao consumidor, a compra de um artigo verifica-se mais cedo.
Contudo, esta vantagem é compensada por um período mais longo de
poder de comprar diminuído do consumidor. O consumidor deve não
só ganhar o dinheiro para a sua compra como também para o juro.
Portanto ele comprará menos bens de consumo com os seus salários.
Quando o consumidor paga o juro ao banco, apenas uma parte deste dinheiro
será destinada a salários de empregados do banco e apenas uma
parte destes salários serão gastos em bens de consumo. Assim, o
crédito a bens de consumo ao invés disso leva a uma
diminuição das compras totais de bens de consumo.
Para onde vai o dinheiro?
Depois de o tomador ter gasto o dinheiro do seu empréstimo torna-se
imprevisível quantos possuidores sucessivos utilizarão este
dinheiro. Alguém pode adquirir o dinheiro emprestado através da
venda de um carro ao seu tomador. O vendedor pode então pagar o
dinheiro como salários. O receptor do salário pode então
utilizar o dinheiro para pagar o arrendamento da sua casa. De facto, assim que
o dinheiro entra no grande pátio de recreio das
transacções entre pessoas, ele pode servir para todas as
finalidades em que o utilizamos.
Durante o tempo de vida dos empréstimos, o dinheiro é transferido
de banco para banco cada vez que os titulares da conta fazem pagamentos a
titulares de conta em outros bancos. Para esta finalidade, o banco central
mantém uma conta para cada banco e executa estas transferências.
Por vezes é mais prático utilizar papel moeda e moedas
metálicas. No banco ou numa caixa automática multibanco
alguém pode retirar dinheiro da sua conta. Quando ele é gasto, o
receptor leva-lo-á para o seu banco, fará um depósito, e
verá a quantia aparecer na sua conta. O dinheiro pode assumir a forma
de cash ou números em contas bancárias. Para os pagamentos,
não importa a forma que assuma.
Onde acaba o dinheiro?
O dinheiro acaba quando o tomar paga de volta ao banco o principal do
empréstimo. Nesse momento o banco transfere dinheiro das contas de
depósito dos tomadores para as suas contas de crédito. A conta
de crédito mostrará que a dívida do tomador foi reduzida.
O dinheiro entrou em existência pela colocação de
números na conta do tomador e desvaneceu-se pela redução
destes números.
O tomador do empréstimo também paga juros ao banco. Os juros
não fazem parte do dinheiro que o banco creditou a este tomador. O
tomador deve trabalhar e obtê-lo de outro dinheiro e
circulação. (Por definição, este outro dinheiro
faz parte do conjunto de todos os empréstimos por liquidar do
país naquele momento.)
Assim, o tempo de vida do dinheiro finaliza quando os empréstimos
finalizam. E se todos os empréstimos fossem reembolsados, não
seria deixado qualquer dinheiro. Mas, por enquanto, há oceanos de
dinheiro e sobre todo este dinheiro os bancos recolhem juros.
Não-banqueiros versus banqueiros
Na sociedade o dinheiro circula. O dinheiro chega a si quando produz ou faz
coisas que os outros querem. O dinheiro afasta-se quando você compra
coisas ou faz pessoas trabalharem para si. Finalmente você pode poupar
algum dinheiro para mais tarde. Os banqueiros fazem isto de forma diferente.
Eles simplesmente e permanentemente tomam algum dinheiro dos outros e
gastam-no. Isto é baseado no princípio de que o dinheiro
é deles, uma vez que foram eles que o criaram. Assim, os banqueiros
consideram lógico terem direito a recolher a renda
(rent).
Na verdade, em alguns países este tributo é chamado
"rente" (em inglês "interest"). E embora todos
utilizem o dinheiro, o banco sempre cobra este tributo do primeiro utilizador,
o tomador do empréstimo. Daqui a pouco veremos como os bancos fazem
também os outros utilizadores pagarem.
Bancos não podem ser considerado como empresas comerciais comuns. Eles
declararam-se proprietários de todo o dinheiro e fazem com a
população paguem renda por ele.
Time-out
Quase todo o dinheiro é temporário. Empréstimos a
finalizar têm de ser substituídos por novos empréstimos
para manter o dinheiro em circulação. Os empréstimos
começam em diferentes momentos e têm diferentes tempos de vida.
Muitas vezes o tomador paga de volta uma parte do seu empréstimo a cada
mês. Isto significa que cada quantia em circulação tem a
sua própria data de maturidade
("time-out"),
a qual é a data em que se prevê que o tomador o pague de volta.
A quantia total de dinheiro em circulação determina quanto
dinheiro nós dispomos para as nossas transacções e, no
longo prazo, estabelece o nível geral de preços dos produtos e
serviços.
Transacções
Durante o seu tempo de vida o dinheiro é um meio para
transacções. Uma transacção verifica-se quando
duas partes consideram-na interessante. "A" considera o dinheiro que
obtém mais interessante e "B" considera que o carro de segunda
mão que está a comprar mais interessante. Verifica-se um
intercâmbio. Agora "A" tem o dinheiro e "B" tem o
carro e ambos sentem-se satisfeitos.
Transacções podem incluir um pagamento por valor acrescentado.
Quando um padeiro faz pão, ele acrescenta o seu trabalho à
farinha, leite e fermento. O trabalho que ele faz representa valor
acrescentado. Quando vende o pão a transacção não
é apenas uma troca de propriedade, mas inclui pagamento pelo valor
acrescentado.
Por si própria, a quantia total das transacções num
país não dá qualquer indicação acerca do
valor acrescentado, nem acerca do valor dos bens e serviços produzidos
num país.
2- Inflação permanente
A inflação dos preços faz-nos perder valor no dinheiro que
detemos. Ela pode flutuar um bocado ao longo do tempo. Muitas teorias
económicas apresentam explicações sobre as causas.
Contudo, estas teorias explicam antes o aumento e reduções de
preços entre produtos e serviços. Elas não explicam
porque a inflação é permanente. A inflação
permanente tem uma causa diferente. Vamos dar uma volta rápida
através dos diferentes tipos de inflação. Mas, para
começar, eliminaremos a confusão entre o Índice de
Preços no Consumidor e inflação dos preços.
Índice de Preços no Consumidor e inflação dos
preços
A inflação dos preços leva à
insatisfação da população. É por isso que
muitos países utilizam um Índice de Preços no Consumidor
(IPC), o qual mostra números mais agradáveis
[1], [2], [3]
. Assim, quando políticos ou responsáveis utilizam a palavra
"inflação" eles muitas vezes referem-se a
mudanças no Índice de Preços no Consumidor.
O índice é baseado na comparação anual de
preço de um cabaz de produtos que uma família
"média" precisaria. O conteúdo do cabaz varia de
país para país, assim como as regras para o cálculo do
índice. Um país pode incluir o custo da
alimentação, combustível e habitação; um
outro pode deixar estes custos de fora
[4], [5]
. Alguns países publicam as categorias de produtos que incluem no cabaz
[6]
, mas os produtos exactos habitualmente permanecem secretos. No entanto,
alguns gabinetes de estatística revelam alguns dos truques que utilizam
para conseguir índices simpáticos. Exemplo: eles mudam o
conteúdo do cabaz periodicamente. Produtos que aumentam demasiado de
preço são retirados e substituídos por outros mais
baratos. Ou, quando o preço de um produto permanece estável, mas
a qualidade melhora, eles contam a melhoria da qualidade como uma
redução de preço. Assim, para o computador no seu cabaz,
o Dutch Central Bureau for Statistics (CBS) conta uma redução de
preço de 64 por cento entre 1998 e 2003! E assim diminui o
índice!
[7]
Assim, o conteúdo do cabaz é ajustado periodicamente. A
justificação é: "quando os preços ascendem,
as famílias também ajustam as suas compras". E o que
significa esta política para índice? Bem, desde que a
família definida não pode gastar mais do que ganha, o aumento de
preço do cabaz do índice é automaticamente limitado ao
aumentos nos rendimentos. A família definida não pode pagar
preços mais elevados.
A menos que indicado, neste artigo a expressão
"inflação de preços" refere-se ao aumento real
nos preços em todas as transacções e não apenas de
algum IPC. E neste artigo "inflação" significa, em
primeiro lugar, o aumento do stock monetário. Dentro em breve
examinaremos melhor este assunto.
Teoria da inflação pelos custos
(Cost-push theory)
A teoria da inflação pelos custos diz que os aumentos dos custos
são responsáveis pela inflação dos preços,
como salários mais altos, aumentos nos preços de
matérias-primas importadas ou aumentos de impostos sobre o consumo
[8]
.
Teoria da inflação pela procura
(Demand-pull theory)
A teoria da inflação pela procura diz que a
inflação de preços surge quando a procura excede a oferta
[9]
. A procura acrescida pode ser provocada por actividades de
exportação, reduções fiscais ou crescimento da
oferta monetária. Flutuações na procura também
podem ocorrer, quando consumidores poupam mais dinheiro e, após algum
tempo, começam a gastá-lo outra vez.
Expectativas auto-cumpridas
As expectativas quanto à inflação de preços
também afectam a inflação real de preços.
Industriais e comerciantes geralmente têm listas de preços, as
quais são válidas por seis meses ou um ano. Eles têm de
incluir uma percentagem para a inflação esperada. Isto
imediatamente aumenta os preços, e assim contribui para a
inflação real. O mesmo se passa quanto aos banqueiros. Quando
eles emitem empréstimos, prevêem que os juros a serem obtidos em
retorno ao longo do tempo serão reduzidos pela inflação,
de modo que calculam uma margem extra. O custos extra dos juros contribui para
a inflação real.
Aumento do stock monetário
Se as inflações pela procura e pelos custos se verificassem sem
expansão do stock monetário, alguns preços ascenderam e
outros baixariam. Contudo, vemos antes que alguns preços sobem mais
depressa do que outros, mas raramente os preços abaixam. Isto acontece
porque, ao longo do tempo, o stock monetário aumenta cada vez mais com
os empréstimos por liquidar
(outstanding loans).
Isto é chamado a inflação monetária.
Ela naturalmente afecta os preços nas transacções, mas
nunca por igual. Praticamente, quando mais dinheiro fica disponível,
este dinheiro extra cria espaço para aumentos de preço em cada
transacção sucessiva. Podemos presumir que quando outros
factores inflacionários estão em funcionamento em algum lugar,
procura elevada por exemplo, o dinheiro extra levará ali a aumentos de
preços extra.
A inflação monetária é a causa dos aumentos de
preços gerais e permanente que percebemos no longo prazo. É a
única inflação a levar em conta ao longo de anos e
décadas.
Inflação, em primeiro lugar, refere-se ao inflacionamento do
stock monetário. Isto conduz aos aumentos dos preços
médios. Hoje também utilizamos a palavra
"inflação" para o aumento dos preços. Mantenha
em mente que quando o stock monetário cresce e, simultaneamente, a
produtividade cresce, pode acontecer que os preços médios
não aumentem ou aumentem menos rapidamente. O dinheiro
disponível é disperso entre um grande número de produtos e
serviços e isto ajuda a manter os preços baixos.
3- Bancos centrais precisam de inflação
Pode parecer que a inflação mantem-se naturalmente. Quando
aumentam preços durante o tempo de vida de empréstimos, novos
empréstimos devem financiar mais coisas caras e portanto têm de
ser mais elevados. A qualquer momento a causa da inflação seria
a própria inflação. Contudo, não é alguma
espécie de "moto perpétuo" o responsável pela
inflação e sim uma política clara e abertamente admitida
dos banqueiros centrais
[10]
,
[11]
. A inflação é uma componente do nosso sistema
bancário.
Tal como exposto anteriormente, a competição entre bancos
comerciais garante que eles emitirão a quantia máxima de
empréstimos. Portanto, para inflação mais alta ou mais
baixa o banco central precisa apenas aliviar ou endurecer a emissão de
empréstimos.
O caminho melhor conhecido de os bancos centrais dirigirem a
inflação é pela alteração das taxas de juro.
Isto significa influenciar potencial tomadores de empréstimo. Nas
palavras do Banco Central Holandês (Dutch Central Bank, DNB): "O
juro actua como o pedal de aceleração e de travagem da economia.
Com um aumento da taxa de juros, os preços diminuirão, ou pelo
menos ascenderão menos rapidamente. Com uma diminuição da
taxa de juros os preços ascenderão mais depressa".
[12]
Um modo de explicar é que quando a taxa de juros se torna mais alta, as
pessoas tomarão menos emprestado. E quando menos empréstimos
finalizados são substituídos por novos empréstimos,
haverá menos dinheiro no país. Ao longo do tempo, você
pode comprar mais com cada unidade de moeda. Preços mais baixos. Mas
repare no que o DNB acrescentou: "ou pelo menos menos rapidamente".
Aqui o banco central não tem intenção de ver os
preços mais baixos. Neste caso, aparentemente, ainda se permite que o
stock monetário cresça, mas apenas um pouco mais devagar.
Quando o banco central reduz a taxa de juros, a razão é clara:
permitir mais empréstimos e permitir que a velocidade de crescimento do
stock de moeda aumente. Naturalmente, as taxas de juros também actuam
sobre as poupanças. Quando o juro sobre as poupanças é
baixo, mais pessoas preferirão gastar o seu dinheiro.
Os bancos centrais não podem dirigir a inflação sobre
preços específicos, como os preços do pão, de
bicicletas ou de máquinas. Ao invés disso eles dirigem a
inflação monetária, o aumento do volume total de
empréstimos. O dinheiro extra nunca se dissemina por igual
através da economia. Ele ao contrário aumenta os efeitos de
outros factores, como elevar os custos ou elevar a procura.
Quando a economia não pode mais absorver a inflação e o
dinheiro não se espalha suficientemente, ocorrem bolha. Então,
massas cada vez maiores de dinheiro circulam por exemplo nos mercados de
acções ou no mercado imobiliário, onde se ganha dinheiro
ao forçar o aumento de preços. As empresas também
são cada vez mais compradas e vendidas, como se elas fossem brinquedos
financeiros.
Embora os bancos centrais admitam que a inflação é parte
da sua política, eles de preferência avançam com
razões económicas. Elas parecem plausíveis a maior parte
das vezes e são enriquecidas com comentários de economistas e
jornalistas. Contudo, a maior parte deles esquece, em primeiro lugar, que os
bancos centrais precisam de inflação para si próprios.
Inflação: Os bancos centrais precisam de rendimento
Os bancos centrais obtiveram o poder de controlar o volume do stock
monetário, ajustar inflação e juro, e ditar as regras para
as instituições financeiras. Com este poder podem influenciar a
economia. Eles obtiveram leis para reter este poder. Se dependessem de outros
para o seu rendimento, o seu poder poderia desgastar-se rapidamente outra vez.
Isto acontece porque eles arrecadam o seu próprio rendimento
[14], [15]
.
Os bancos centrais obtêm o seu rendimento de operações
monetárias. Uma fonte muito lucrativa de rendimento é tomar
emprestado quando o juro é baixo e emprestar quando é alto. Nas
operações monetárias o objectivo é como se segue.
Quando os juros nos bancos comerciais reduzem-se demasiado (procura baixa), o
banco central empresta grandes volumes de dinheiro dos bancos. Desta forma
haverá menos dinheiro deixado em circulação. Portanto, a
procura por empréstimos aumentará outra vez e os juros nos bancos
comerciais subirão novamente. Em outros tempos, quando os juros nos
bancos comerciais ficavam demasiado altos, o banco central emprestava dinheiro
aos bancos, de modo a que eles pudessem fornecer mais empréstimos aos
seus clientes e finalmente os juros baixassem outra vez
[16]
. Quanto maiores as diferenças nos juros entre a tomada e a
concessão de empréstimos, mais elevados serão os
benefícios para o banco central.
Para conseguir rendimento destas operações, a
inflação é essencial. Sem inflação, as
taxas de juro permaneceriam baixas
[17]
. Nesse caso dificilmente haveria qualquer diferença entre juros altos e
baixos. Relacionado com este comércio, os bancos centrais também
expandem os seus balanços. Eles compram mais títulos (emprestam
mais dinheiro) do que vendem.
Muitos bancos centrais dizem que querem manter a inflação em
torno dos 2 por cento. O que querem significar com isto é um aumento de
2 por cento no Índice de Preços no Consumidor do seu país
[11]
, não a inflação real do stock de moeda, a qual
normalmente é um bocado mais alta
[3]
.
Inflação: faz a população pagar pela
utilização do dinheiro
A inflação é não só uma necessidade para o
rendimento dos bancos centrais como também um meio de exercer poder
sobre os utilizadores da moeda. Através da inflação
monetária a população paga mesmo contra a sua
vontade pela utilização da moeda. Os bancos recolhem
juros dos tomadores de empréstimos. Por este meio apenas os tomadores
dos empréstimos parecem pagar pela moeda criada. Mas vamos ver como
isto funciona quando há inflação.
Através da inflação, o tomador do empréstimo tem a
vantagem de que os seus pagamentos ao banco representam menos valor à
medida que passa o tempo. Tais pagamentos referem-se aos juros e ao retorno do
principal. Os juros constituem rendimento para o banco. Podemos estar certos
de que o banco previu a inflação e cobrou um pouco mais de juros
adiantadamente. Assim, para os juros, a inflação não
proporciona uma vantagem ao tomador do empréstimo. Contudo, para o
principal isto é diferente. O banco apenas necessita da sua quantia
nominal para ser reembolsado pois, com o reembolso, apenas os números
teclados, com os quais começou o empréstimo, têm de ser
reduzidos a zero. A desvalorização das quantias a reembolsar
pelo principal certamente é uma vantagem para o tomador do
empréstimo.
A vantagem do tomador do empréstimo nos pagamentos do principal pode ser
calculada separadamente para cada prestação. E quando
também
calculamos a inflação suportada pelos utilizadores seguintes do
dinheiro criado por este empréstimo, os totais parecerão serem
aproximadamente os mesmos.
Neste exemplo a linha vermelha mostra a quantia total das
transacções efectuadas com o dinheiro do empréstimo
durante o tempo de vida do principal. A perda de valor da
inflação é dissimulada nas 60 transacções.
Quando a inflação é de 2 por cento, esta é em
média 0,167% por transacção. A perda de valor para os
utilizadores do dinheiro equivale à vantagem para o tomador.
Dito de forma simples, se os tomadores tiverem de pagar 6 por cento de juros
(sobre o principal) e tem a vantagem de 2 por cento da inflação
(sobre o principal), a sua vantagem equivale a 2/6 dos juros
[18]
. Os
utilizadores do dinheiro perdem uma quantia igual com a inflação.
Os bancos não perdem. Eles previram a inflação e
cobraram um pouco mais de juros adiantadamente.
Por outras palavras, isto é o que faz a política de
inflação dos banqueiros centrais: comuta uma parte do fardo dos
juros dos tomadores dos empréstimos para os utilizadores.
Deste modo
os utilizadores pagam juros pelo uso do dinheiro!
Manipulando inflação e juros
Com a autoridade de estabelecer inflação e juros os banqueiros
centrais têm o poder. Eles podem fazer-nos poupar mais, investir mais,
consumir mais, especular mais e sempre trabalhar mais arduamente.
Como mostrado acima, a inflação é juro que os utilizadores
de dinheiro têm de pagar. A inflação pressiona a
população a trabalhar mais arduamente e a competir para obter
algum do dinheiro extra colocado em circulação e compensar a
perda de valor do dinheiro que detêm.
A inflação também pressiona as pessoas a não
manterem dinheiro nos seus bolsos ou sob os seus colchões, mas a
gastá-lo ou levá-lo aos bancos para obter algum juro. Deste
modo, a maior parte do dinheiro permanece disponível para os bancos.
Quando o juro for alto, as pessoas pouparão mais. Quando for baixo, as
pessoas preferirão gastar, tomar emprestado e investir.
O que consideramos interessante fazer um momento particular depende em grande
medida daquilo que o banco central quer que façamos.
4- Caprichos do stock monetário
Como mencionado acima, o stock de moeda que a sociedade dispõe é
a quantia total dos empréstimos por liquidar. Em si mesmo isto é
muito estranho. Pois o que deveria ser a relação entre os
empréstimos por liquidar e a necessidade de dinheiro na sociedade? O
que terá a ver a necessidade dos tomadores de empréstimos e a sua
capacidade de reembolsar com a necessidade de dinheiro do resto da sociedade?
Se você comprar uma casa amanhã e, com o seu empréstimo,
trouxer à existência dinheiro para vinte anos, o que nada tem a
ver com as necessidades da economia em dez ou quinze anos, por que isso importa?
De facto, a sociedade desfaz-se de um arriscado stock monetário,
ocasionado pelos empréstimos emitidos no passado, e da parte que ainda
tem de ser reembolsada. A cada dia partes são reembolsadas e novos
empréstimos são contraídos. Devido ao volume gigantesco
do stock monetário a população dificilmente percebe as
variações. Em teoria, os bancos centrais poderiam centralizar
toda a inflação acerca dos empréstimos por liquidar e
saber exactamente quanto dinheiro será deixado dos empréstimos
amanhã, dali a dois dias ou dali a dez dias. Contudo, como mencionado
acima, esta não é a pollítica dos bancos centrais. Eles
apenas fazem o stock de dinheiro crescer.
Há teorias que dizem que sem inflação a economia
não poderia ser pilotada. Um dos argumentos chave é que, quando
o stock monetário não aumenta os salários não podem
ser rebaixados quando necessário devido a uma adversidade
económica. "Os salários pagos teriam de ser reduzidos e os
empregados nunca aceitariam isso". E "quando o stock de moeda
aumenta os cortes nos salários podem ser escondidos deixando que os
salários aumentem menos rapidamente do que a
inflação". Assim, entendem os proponentes destas teorias,
aquela inflação é o trapacear do povo e, argumentam,
não pode ser de outra forma. Mas a sua teoria não é
verdadeira. Pois, com um stock monetário estável, alguns
preços ascenderiam enquanto outros reduzir-se-iam. A
aceitação do povo de variação nos salários
seria muito diferente da situação de hoje, em que, desde
há décadas, os preços apenas ascendem. Além disso,
com um stock de moeda estável, é mesmo possível manter os
salários pagos estáveis durante uma adversidade económica
se durante a prosperidade económica o rendimento extra for formado por
participações em lucros e reduções fiscais.
O sistema monetário de hoje não começou de uma quantidade
de moeda que fosse ajustada às necessidades da economia. O sistema de
hoje apenas garante que os bancos recolham juros sobre todo o dinheiro
existente, que a competição entre eles provoque a máxima
inflação monetária e que os bancos centrais assegurem o
seu rendimento e poder. O estímulo da economia consiste de simplesmente
de um pouco mais ou um pouco menos de juro e inflação. Pois o
resto da economia deve lidar com o dinheiro que acontece estar ali num momento
particular.
5- A guerra contra o Iraque
O dinheiro é expresso em divisas. Cada país tem uma divisa
oficial. Nos EUA é o dólar. O dólar também
é um bocado utilizado fora dos EUA. Desde 1973 a quantidade de
dólares fora dos EUA aumenta cada vez mais rapidamente. Metade das suas
importações são pagas com dólares, pelos quais os
EUA nada entregam em retorno. Aqueles dólares permanecem no exterior
indefinidamente. Deste modo os EUA compram a cada minuto 1,25 milhão de
dólares de bens e serviços de outros países, pelos quais
os outros países nada obtém em retorno. As quantias são
simplesmente acrescentadas à dívida externa. Esta dívida
é tão alta agora que os EUA não podem resgatá-la
mais. Assim, os EUA estão em bancarrota. Uma das principais
razões porque todo o mundo ainda quer dólares é porque
quase todo o gás e petróleo no globo tem de ser pago em
dólares. Deste modo, os EUA também têm a vantagem de que
podem sempre dispor livremente destas reservas de gás e petróleo.
Pois os EUA podem sempre criar tantos dólares quanto quiserem para
pagar pelas mesmas. Assim, para manter a procura mundial por dólares e
dispor livremente das reservas de gás e petróleo, os EUA tentam
garantir que os países da OPEP continuem a vender o seu petróleo
em dólares. Contudo, o Iraque, que dispõe das segundas maiores
reservas de petróleo do mundo, comutou para o Euro em 6 de Novembro de
2000
[19]
. Embora os EUA procurassem durante muitos anos um meio de restabelecer a sua
influência no Iraque, a guerra tornou-se inevitável por causa
desta comutação para o Euro. O dólar afundou em toda a
parte e em Julho de 2002 a situação tornou-se tão
séria que o FMI advertiu que o dólar poderia entrar em colapso
[20]
. Uns poucos dias mais tarde os planos para um ataque foram discutidos na
Downing Street
[21]
. Um mês depois Cheney proclamou estar seguro de que o Iraque tinha
armas de destruição em massa
[22]
. Com este pretexto os EUA invadiram o Iraque em 19 de Março de 2003.
Os EUA restabeleceram o comércio de petróleo em dólares a
5 de Junho de 2003
[23]
. Assim, agora, pelo menos financeiramente, os EUA dispõem livremente
das reservas de petróleo iraquianas outra vez. (E enquanto jornalistas
em Bagdad jornalistas relatam acerca da guerra, em Bassorá o
petróleo é exportado em dólares). A partir da Primavera
de 2003 o Irão também comutou para o Euro e desde 8 de Junho de
2006 a Rússia vende o seu gás e petróleo em rublos. (Pode
ler mais explicações e pormenores em "Cost, abuse e danger
of the dollar" [24}. Nota: por trás do conflito dos EUA com o
Irão há mais do que um conflito de divisas. Nos bastidores
também está a formação de um cartel no mercado
mundial de combustível nuclear. Pode ler mais acerca disto em
"Raid on nuclear fuel market"
[25]
).
6- Opressão de países do Terceiro Mundo
A vantagem das importações gratuitas (1,25 milhão de
dólares por minuto) só se aplica quando os dólares ficam
no exterior permanentemente. Se outros países os utilizassem para
comprar bens e serviços dos EUA, então não haveria
vantagem. Mas desde há 30 anos os EUA importam mais do que exportam.
Como mais ninguém, eles dominam a arte de manter os dólares no
exterior.
Exemplo: o Banco Mundial e os FMI fornecem empréstimos em
dólares a países do Terceiro Mundo desde a década de 1960.
A política é fornecer tantos empréstimos quanto
possível, de modo que estes países nunca serão capazes de
reembolsá-los
[26]
. Deste modo eles ficam eternamente enterrados em empréstimos e
encargos de juros crescentes. Assim, a chamada "ajuda" a
países em desenvolvimento é nada mais do que opressão. E
o trombeteado alívio da dívida por parte dos países
industrializados dificilmente chega a 1 por cento
[27]
.
7- A arma da China
O governo chinês não quer livre comércio com dólares
dentro do seu país. Os dólares ganhos pelos exportadores
chineses são trocados contra moeda local pelo Banco Central
Chinês. O Banco Central Chinês tem um enorme stock de
dólares. Em Março de 2007 cerca de 1 milhão de
milhões de dólares
[28]
. Isto constitui de facto uma arma bastante efectiva contra eventual
agressão dos EUA. Quando a China quiser, ela poder oferecer cargas de
dólares nos mercados de câmbio e empurrar a taxa do dólar
para baixo, ou até mesmo fazer com que o dólar entre em colapso
imediato
[29]
.
8- Inflação e crescimento económico
Nosso sistema monetário, dominado por bancos, juros e
inflação, já existia quando nascemos. Ele faz parte da
nossa envolvente natural. É por isso que é difícil ver
que influência tem na nossa vida e na nossa sociedade. Tudo o que
pudéssemos dizer acerca disto poderia ser facilmente julgado como
normal. Não conhecemos melhor. Os efeitos do sistema estão por
toda a parte, mesmo na nossa forma de pensar e nas nossas
convicções.
Assim, consideramos auto-evidente que a economia só possa ser sã
quando está a crescer. O conceito de "crescimento
económico" foi canonizado por economistas, políticos e toda
a gente que entende ou pensa que entende a sociedade. Na Europa Ocidental e na
América do Norte esforçámo-nos com êxito pelo
crescimento económico desde o arranque da revolução
industrial. O sistema comprovou-se.
Não é um acaso que o nosso sistema monetário esteja
baseado na inflação eterna e a nossa economia no crescimento
eterno. Alguns banqueiros espertos conceberam o sistema desta forma no
princípio do século passado
[30]
. Juros e inflação constituiriam um rendimento permanente para
os bancos, como contra-partida do malabarismo de simplesmente extraírem
dinheiro dos seus chapéus. Os empréstimos conduziriam a mais
actividade económica. Governos e populações viriam e
implorariam por mais empréstimos. Isto ajusta-se perfeitamente nos
desenvolvimentos da área industrial. A mecanização,
mineração, agricultura extensiva, recursos coloniais, aumentos de
escala, competição entre países, guerras e
reconstruções, o crescimento explosivo das
populações, trabalhadores estrangeiros, mulheres no trabalho, o
desenvolvimento do sector de serviços, o boom na tecnologia dos
computadores, tudo isto leva ao crescimento económico. Crescimento
económico era sinónimo de prosperidade. Hoje, na Europa
Ocidental, ainda falamos em termos de crescimento económico. Devido
à redução do crescimento populacional isto agora só
pode ser obtido por uma pressão cada vez maior no trabalho por
empregado. Os caminhos do crescimento económico e da prosperidade
divergem.
A inflação funciona como a cenoura diante do focinho do burro.
Todos começam a correr mais arduamente a fim de obter algum do dinheiro
extra que foi colocado em circulação. E enquanto a correr,
ninguém escapa ao pagamento pela utilização do dinheiro.
Graças à inflação todos participam no pagamento de
juros aos bancos. E se, em consequência de todos nós corrermos
mais intensamente, nos tornarmos mais ricos, podemos ter quase a certeza de que
os juros serão aumentados. No jargão bancário diz-se
então que a economia está super-aquecida e tem de ser arrefecida.
Até devermos correr mais intensamente outra vez.
Expansão à escala mundial
Enquanto isso os próprios bancos tornaram-se extravagantes. Com os seus
truques malabares eles conquistaram o bundo. Por toda a parte os bancos
tomaram o poder sobre o dinheiro e fazem a população pagar os
juros e a inflação. Por toda a parte, excepto na China, os
bancos centrais conseguiram leis especiais a fim de estabelecer
independentemente da vontade do governo local o nível de juros e
de inflação. Após a Europa Ocidental e a América
do Norte outros países estão agora a desenvolver a sua economia.
Para os bancos isto significa que novos governos e populações, as
quais querem dinheiro tirado do chapéu.
De facto não faz grande diferença se os bancos centrais
são privados ou bancos estatais. Praticamente todos eles obtiveram um
status especial que lhes garante um alto nível de independência em
relação ao governo local. Juntamente com os bancos comerciais,
eles determinam quantos empréstimos são emitidos, quanto dinheiro
a sociedade dispõe e quanto a população tem de pagar.
9- Crescimento ulterior ou uma sociedade sustentável?
A política da maior parte dos bancos centrais é baseada no
crescimento permanente do stock de dinheiro. Na Europa Ocidental e na
América do Norte este crescimento do dinheiro acompanhou o crescimento
da economia e o crescimento da população. Enquanto isso, o mundo
mudou bastante. A expansão explosiva da população e a
expansão de actividades económicas aumentou tremendamente a
pressão sobre o ambiente. Áreas férteis foram ocupadas
pelos humanos. Florestas foram transformadas em terra agrícola e
cidades. Muitas espécies foram exterminadas. A maior parte do peixe
dos mares e oceanos foi pilhada. Com o rápido crescimento da
população mundial a poluição de solos, água
e ar ainda aumenta mais. Em muitos lugares há escassez de alimentos e
água potável. Os prognósticos indicam que, com as
tendências actuais, a população mundial continuará a
crescer rapidamente e chegará mesmo a duplicar. As linhas no
gráfico foram desenhadas como se isto fosse possível...
Limites do crescimento
A Terra não cresce juntamente com a expansão das nossas economias
e populações. Pela primeira vez na história humana
encontramos os limites. Naturalmente, não temos qualquer ideia do que
fazer. A igreja e o Estado sempre costumavam pregar crescimento. Os
banqueiros também gostam do crescimento. Limites à
população mundial? Ninguém no poder ousa queimar os dedos
com este assunto.
Onde está este limite? Isto depende do que queremos como humanidade.
Se quisermos alcançar a qualidade vida mais alta possível
para nossos filhos e netos não deveríamos sobrecarregar a
Terra mais do que o estritamente necessário. Deveríamos
esforçar-nos por uma população mais pequena. Isto
também afastaria a principal razão
[NR]
para conflitos e guerras.
A política de hoje é completamente oposta às necessidade
de uma sociedade pacífica e sustentável. O sistema
monetário desempenha um papel chave. São necessárias
reformas. Quanto mais tempo esperarmos, mais difícil se tornará
o futuro.
Setembro/2007
Notas e referências
[1]
http://www.mw.ua/2000/2020/52764
[2] "
o valor de referência (4,5%) do crescimento do MS numa
base anual. Este valor de referência para o crescimento monetário
é baseado num potencial de crescimento económico de 2,0% a 2,5%,
numa inflação de menos de 2,0% no médio prazo e num
declínio a longo prazo da velocidade do dinheiro em 0,5% a 1,0% ao
ano".
http://www.dnb.nl/dnb/home/file/ar03_tcm47-146939.pdf
[3] "Em 2003, a oferta monetária (M3) na área do Euro
cresceu a uma taxa de 8,0%, bem acima do valor de referência oficial de
4,5%".
http://www.dnb.nl/dnb/home/file/ar03_tcm47-146939.pdf
[4]
http://bigpicture.typepad.com/comments/2005/09/the_history_of_.html
[5]
http://www.goldandsilverexchange.info/consumer-price-index.html
[6]
www.cbs.nl/en-GB/menu
[7]
www.cbs.nl/NR/rdonlyres/
[8]
www.tutor2u.net/economics/
[9]
http://www.britannica.com/eb/article-3512/inflation
[10]
http://www.dnb.nl/dnb/home/rente_en_inflatie/algemeen/nl/46-150027.html
[11] "A estabilidade de preços é definida como aumento ano a
ano do Índice Harmonizado de preços no consumidor (HICP) para a
área do Euro abaixo dos 2%".
http://www.ecb.int/mopo/strategy/pricestab/html/index.en.html
[12]
http://www.dnb.nl/dnb/home/rente_en_inflatie/algemeen/nl/46-150027.html
[13]
http://www.cbc.ca/news/background/economy
[14]
http://www.bis.org/speeches/sp050218.htm
[15]
http://financial-dictionary.thefreedictionary.com/facility
[16]
http://news.bbc.co.uk/2/hi/business/6938425.stm
[17]
http://www.house.gov/jec/fed/05-19-03.pdf
[18] A vantagem real depende de cada calendário específico de
amortização do empréstimo. Vale a pena comparar.
[19] Iraqi oil in euros:
http://www.un.org/Depts/oip/background/oilexports.html
[20] Advertência do FMI sobre o colapso do dólar:
http://news.bbc.co.uk/1/hi/business/2097064.stm
[21] Downing Street Memo:
http://www.timesonline.co.uk/tol/news/uk/article387374.ece
[22] Cheney:
http://english.aljazeera.net/News/archive/archive?ArchiveId=2480
[23] How can the dollar collapse in Iran?
http://www.raisethehammer.org/index.asp?id=252
(See Iraq)
[24] "Cost, abuse and danger of the dollar."
http://www.courtfool.info/en_Cost_abuse_and_danger_of_the_dollar.htm
[25] "Raid on nuclear fuel market."
http://www.courtfool.info/en_Raid%20on%20Nuclear%20Fuel%20Market.htm
[26]
http://www.cadtm.org/spip.php?article2211
[27]
http://www.aidc.org.za/?q=book/view/40
[28]
http://news.xinhuanet.com/english/2007-05/11/content_6083732.htm
[29]
www.telegraph.co.uk/money/main.jhtml?xml=/money/2007/08/07/bcnchina107a.xml
[30] G. Edward Griffin, The Creature of Jekyll Island
[NR] resistir.info não tem de concordar com tudo para publicar um artigo.
Quanto a este ponto específico considera discutível que
a razão
principal
para guerras possa ser atribuída à demografia
Outra leitura acerca de particularidades do Federal Reserve, o banco central
dos EUA:
MeetTheSystem.org
.
Do mesmo autor:
Custos, malfeitorias e perigos do dólar
[*]
Investigador independente, holandês.
Contacto através de
www.courtfool.info
, onde podem ser publicadas reacções e respostas.
É autorizada a republicação deste artigo em jornais e
sítios web.
O original encontra-se em
http://www.courtfool.info/en_Secrets_of_Money_Interest_and_Inflation.htm
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
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