Alta dos preços do petróleo em consequência do expurgo
saudita
por Alexander Mercouris
Ainda que os media ocidentais ignorem a crise política na Arábia
Saudita, o mercado o petróleo está a assinalar a sua
preocupação com uma alta de preços, elevando os
preços do Brent a até US$62 em 6 de Novembro de 2017 [US$64 no
dia 7].
Se os preços do petróleo permanecerão a este nível
por muito tempo dependerá de quão rapidamente seja restaurada a
estabilidade política na Arábia Saudita.
Não é preciso dizer que uma crise política prolongada na
Arábia Saudita ou pior ainda uma ruptura total do sistema
político saudita rapidamente remeteria o preço do petróleo
para uma espiral ascendente, disparando potencialmente um choque
energético como o que se viu na queda do Xá em 1979.
Apesar de a Arábia Saudita já não dominar o mercado
petrolífero na mesma medida em que o fazia nas décadas de 1970 e
1980 a produção nos EUA e na Rússia é
aproximadamente comparável a perturbação da
produção num produtor tão importante teria inevitavelmente
enormes consequências para o preço do petróleo.
Potencialmente pode também ter grandes implicações para a
posição internacional do dólar estado-unidense. A
razão chave porque o dólar continua a ser a divisa de reserva do
mundo apesar do facto de que em termos de paridade de poder de compra a
economia dos EUA foi ultrapassada em dimensão pela da China é
devido a um antigo acordo entre os EUA e a monarquia saudita no sentido de que
esta aceitará o pagamento do seu petróleo em dólares.
Uma vez que a Arábia Saudita é o produtor regulador
(swing producer)
e considerando que o petróleo é a
commodity
mais amplamente comerciada sem a qual nenhuma economia industrializada pode
funcionar, isso obriga a que a maior parte do estado do mundo mantenham grandes
quantidades de dólares a fim de pagar suas importações de
petróleo. Isso por sua vez assegura a posição do
dólar como divisa de reserva mundial.
Uma crise política prolongada na Arábia Saudita ou uma ruptura
política ali poderia por em causa o acordo, com
implicações maciças para a posição global do
dólar e dos EUA.
Na verdade, a crise seria potencialmente tão grave que seria
concebível que disparasse uma decisão de intervir na crise
saudita por parte dos EUA, o qual apesar de negações já
tem uma presença militar dentro da Arábia Saudita.
A intervenção armada dos EUA numa crise interna na Arábia
Saudita o centro religioso do Islão teria entretanto
consequências explosivas. Os EUA extremamente desgastados com as
experiências passadas de combate a muçulmanos em países
como o Iraque e o Afeganistão estarão ansiosas para evitar
serem arrastados para dentro de um conflito na Arábia Saudita, o qual em
comparação os conflitos passados no mundo muçulmano seriam
menores.
É improvável por enquanto que a situação cheque a
isto. Até agora a crise dentro da Arábia Saudita está
confinada a uma lutar pelo poder dentro da família real saudita. As
probabilidades por enquanto são de que assim permaneça
aconteça o que acontecer no mais longo prazo e os EUA
estarão devotamente à espera de que assim aconteça.
Contudo, mesmo considerando o facto de que as agências diplomáticas e
de inteligência dos EUA actualmente estão imersas no
escândalo do Russiagate, é provável que estejam a observar
a situação saudita ansiosamente.
07/Novembro/2017
Ver também:
O petrodólar e a nova divisa chinesa com lastro ouro
, Paul Craig Roberts
The inside story of the Saudi night of long knives
, Pepe Escobar
O original encontra-se em
http://theduran.com/oil-prices-surge-in-response-to-saudi-purge/
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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