– Não fui na mala do Durão Barroso para Bruxelas.
– Não vivo das senhas de presença em Conselhos de Administração.
– Não fui membro de um partido e integrei um governo de outro.
– Não fui nem pretendo ser secretário de Estado.
– Não tenho descendentes a trabalhar em organizações internacionais.
– Não simulei lesões em serviço para ser considerado deficiente das Forças Armadas.
– Não fiz reconstituição de carreira.
– Não busco prebendas, nem ambiciono integrar comissões, sejam elas de reflexão ou de outra coisa qualquer, aquele colinho que a proximidade com o poder proporciona.
– Não integro, nem ambiciono integrar as elites que nos conduziram ao estado calamitoso em que o país se encontra.
– Não plagiei nem falsifiquei documentos a dizer que tinha recebido prémios que não recebi.
– Não integro obediências.
– Não vivo de esquemas.
– Não minto, não confabulo, nem invento factos.
– Fui durante três anos responsável pela cooperação militar da NATO, em particular com a Rússia, Ucrânia e Geórgia.
– Privei profissionalmente com segmentos importantes das elites militares desses países, alguns reformados outros bem ativos neste conflito.
– Estive em operações de paz, quando havia guerra, não depois de se terem assinado acordos de paz.
– Ensino resolução de conflitos internacionais há mais de duas décadas, e tenho obra publicada sobre a matéria.
E já agora, ficam também a saber que, apesar das consequências, quando determinados princípios éticos foram colocados em causa, não receei:
– Quando era capitão, queixar-me do meu superior hierárquico, levando à sua condenação pela justiça militar.
– Como oficial general renunciar a um cargo por ter um diretor incapaz, que ainda anda por aí.
Mais um esclarecimento.
– Sou o único oficial das forças armadas portuguesas que ocupou três funções internacionais por concurso internacional, duas de alta direção. Não me sabujei a ninguém para lá estar.
Fiz cedências ao longo da vida?! Fiz, mas as necessárias e suficientes para sobreviver. Não vendi a alma.
O que é que isto tem a ver com a Ucrânia e os ataques que os acima referidos me fazem? Tem tudo!
Não milito em nenhuma causa. Apenas procuro perceber os acontecimentos com a isenção possível. Decido de acordo com o conhecimento adquirido no terreno e com a minha consciência. Não pela conveniência ou pela subserviência ao politicamente correto, ao que está a dar, ou porque essas tomadas de posições me possam vir a prejudicar, ou afetar a minha “carreira”. Sou um homem livre.
Muitos dos acima referidos estariam a dizer o oposto se isso fosse conveniente para as suas “carreirinhas”. O colinho proporcionado pelo poder é tão bom. A babuje e a bajulice. São muito ecléticos nas suas convicções.
Estou muito longe de subscrever as ideias políticas de Vladimir Putin e do regime que está no poder na Rússia. Mas isso, não me leva a subscrever a ideologia proto nazi e xenófoba do regime ucraniano. Não participo em campanhas de revisionismo histórico.
Não posso associar-me a quem há um ano acusava Kiev de despotismo, torturar opositores políticos, corrupção, “Panamá papers”, etc., e passados seis meses glorifica Zelensky e o transforma num herói impoluto.
Por onde andaram os iluminados acima referidos? Em que guerras estiveram? Custa ver uma coisa durante o dia, a ser contada ao contrário à noite nos telejornais. Mas apesar de não terem visto nada durante o dia, engolem tudo o que lhes contam durante a noite, e só têm certezas (convenientes) que defendem até ao último ucraniano.
Heróis do ar condicionado, com o computador ao colo e snacks ao lado sabem tudo, sem nunca terem visto nada. Bolçar diabretes contra mim não os engrandece nem os torna gente crescida. Muito pelo contrário. Não passam de lúmpen engravatado.