Uns esclarecimentos aos Burnays, Nogueiras Leites, Condes Rodrigues e quejandos

Carlos Branco [*]

Major-General Carlos Branco.

– Não fui na mala do Durão Barroso para Bruxelas.

– Não vivo das senhas de presença em Conselhos de Administração.

– Não fui membro de um partido e integrei um governo de outro.

– Não fui nem pretendo ser secretário de Estado.

– Não tenho descendentes a trabalhar em organizações internacionais.

– Não simulei lesões em serviço para ser considerado deficiente das Forças Armadas.

– Não fiz reconstituição de carreira.

– Não busco prebendas, nem ambiciono integrar comissões, sejam elas de reflexão ou de outra coisa qualquer, aquele colinho que a proximidade com o poder proporciona.

– Não integro, nem ambiciono integrar as elites que nos conduziram ao estado calamitoso em que o país se encontra.

– Não plagiei nem falsifiquei documentos a dizer que tinha recebido prémios que não recebi.

– Não integro obediências.

– Não vivo de esquemas.

– Não minto, não confabulo, nem invento factos.

– Fui durante três anos responsável pela cooperação militar da NATO, em particular com a Rússia, Ucrânia e Geórgia.

– Privei profissionalmente com segmentos importantes das elites militares desses países, alguns reformados outros bem ativos neste conflito.

– Estive em operações de paz, quando havia guerra, não depois de se terem assinado acordos de paz.

– Ensino resolução de conflitos internacionais há mais de duas décadas, e tenho obra publicada sobre a matéria.

E já agora, ficam também a saber que, apesar das consequências, quando determinados princípios éticos foram colocados em causa, não receei:

– Quando era capitão, queixar-me do meu superior hierárquico, levando à sua condenação pela justiça militar.

– Como oficial general renunciar a um cargo por ter um diretor incapaz, que ainda anda por aí.

Mais um esclarecimento.

– Sou o único oficial das forças armadas portuguesas que ocupou três funções internacionais por concurso internacional, duas de alta direção. Não me sabujei a ninguém para lá estar.

Fiz cedências ao longo da vida?! Fiz, mas as necessárias e suficientes para sobreviver. Não vendi a alma.

O que é que isto tem a ver com a Ucrânia e os ataques que os acima referidos me fazem? Tem tudo!

Não milito em nenhuma causa. Apenas procuro perceber os acontecimentos com a isenção possível. Decido de acordo com o conhecimento adquirido no terreno e com a minha consciência. Não pela conveniência ou pela subserviência ao politicamente correto, ao que está a dar, ou porque essas tomadas de posições me possam vir a prejudicar, ou afetar a minha “carreira”. Sou um homem livre.

Muitos dos acima referidos estariam a dizer o oposto se isso fosse conveniente para as suas “carreirinhas”. O colinho proporcionado pelo poder é tão bom. A babuje e a bajulice. São muito ecléticos nas suas convicções.

Estou muito longe de subscrever as ideias políticas de Vladimir Putin e do regime que está no poder na Rússia. Mas isso, não me leva a subscrever a ideologia proto nazi e xenófoba do regime ucraniano. Não participo em campanhas de revisionismo histórico.

Não posso associar-me a quem há um ano acusava Kiev de despotismo, torturar opositores políticos, corrupção, “Panamá papers”, etc., e passados seis meses glorifica Zelensky e o transforma num herói impoluto.

Por onde andaram os iluminados acima referidos? Em que guerras estiveram? Custa ver uma coisa durante o dia, a ser contada ao contrário à noite nos telejornais. Mas apesar de não terem visto nada durante o dia, engolem tudo o que lhes contam durante a noite, e só têm certezas (convenientes) que defendem até ao último ucraniano.

Heróis do ar condicionado, com o computador ao colo e snacks ao lado sabem tudo, sem nunca terem visto nada. Bolçar diabretes contra mim não os engrandece nem os torna gente crescida. Muito pelo contrário. Não passam de lúmpen engravatado.

25/Agosto/2022

[*] Major-General.

O original encontra-se em estatuadesal.com/2022/08/25/uns-esclarecimentos-aos-burnays-nogueiras-leites-condes-rodrigues-e-quejandos/

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26/Ago/22