Declaração final do III Encontro Civilização ou
Barbárie
Reunidos na cidade portuguesa de Serpa, os participantes no III Encontro
Internacional Civilização ou Barbárie Desafios do
Mundo Contemporâneo lançam um alerta quanto ao agravamento da
crise global do sistema capitalista.
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Constatam que pela evolução dessa crise política,
social, financeira, económica, militar, energética, cultural e
ambiental o capitalismo, na sua escalada de agressividade, se tornou um
factor de regressão absoluta da civilização,
ameaçando a própria continuidade da vida na Terra.
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Sublinham que os EUA, núcleo do sistema capitalista, optaram por uma
estratégia de terrorismo de Estado que assume matizes genocídas
nas suas guerras asiáticas.
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Identificam na União Europeia um bloco politico-económico-militar
ao serviço do capital monopolista, empenhado em impor, através do
chamado Tratado Constitucional, um reforço da integração
capitalista, aprofundando o seu carácter federalista, neoliberal e
militarista.
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Saúdam a resistência dos povos europeus à ofensiva em curso
contra os seus direitos e garantias,contra as soberanias nacionais e a
democracia, ofensiva que promove o desemprego e a pauperização,
favorece o grande capital, e suprime direitos laborais e sociais,sobretudo nos
sectores da Saúde, da Educação, da segurança
social,destruindo conquistas históricas dos trabalhadores, e atingindo
com particular violência as mulheres trabalhadoras. As gigantescas
manifestações de protesto em França, em Espanha, Italia,
Portugal e sobretudo na Grécia confirmam que a
radicalização da luta de massas, como resposta à
violência do sistema, se amplia a nível continental.
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Condenam as guerras imperiais que atingem os povos do Iraque e do
Afeganistão, agredidos e ocupados e os monstruosos crimes ali cometidos
pelas forças armadas dos EUA e da NATO, com a aprovação e
cumplicidade do Governo português; denunciam como farsa os
calendários de retirada das tropas invasoras; advertem que
autênticos exércitos de mercenários se comportam na
Região como hordas fascistas; e saúdam a resistencia dos povos
iraquiano e afegão em luta pela liberdade e independencencia.
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Manifestam a sua solidariedade com o povo mártir da Palestina e o povo
do Líbano no seu combate heróico contra o sionismo neofascista.
Denunciam o Tribunal Especial das Naçóões Unidas sobre o
Líbano como mero serventuário dos EUA e de Israel. Denunciam a
hipocrisia da falsa política de paz do governo Obama,
aliado incondicional do sionismo e do Estado terrorista de Israel.
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Advertem contra o perigo de uma agressão iminente dos EUA e de Israel ao
povo do Irão agressão que poderia ser o prólogo da
III
Guerra Mundial e denunciam a campanha de desinformação
montada
para deformar a imagem daquela nação que foi berço de
grandes civilizações.
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Alertam para a política de cerco militar e guerra fria que os EUA
conduzem contra a República Popular da China.
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Condenam as intervenções militares directas e indirectas do
imperialismo estadounidense na America Latina; denunciam o regresso da IV Frota
da US Navy a águas sul americanas e a instalação de 7
novas bases norte-americanas na Colômbia e reclamam o encerramento de
todas as existentes no Continente, incluindo a de Guantanamo, ocupada
ilegalmente em Cuba.
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Denunciam a participação do governo dos EUA, através da
CIA e do Pentágono, no golpe de estado nas Honduras e na fracassada
intentona no Equador e saúdam as conquistas democráticas e as
medidas anti-imperialistas alcançadas pelos governos progressistas de
Evo Morales na Bolívia e de Rafael Correa no Equador.
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Saúdam a luta, corajosa e difícil, de uma percentagem crescente
de cidadãos norte-americanos contra as engrenagens de um sistema de poder
cuja ambição e irracionalidade configuram ameaça à
humanidade e sublinham que as esperanças suscitadas pela
eleição de Barack Obama se desvaneceram à medida que se
tornou evidente que o novo presidente dava continuidade no fundamental à
política externa de George Bush agravando-a mesmo, como sucede no
Afeganistão e na América Latina e, no plano interno,
actuava como aliado do capital contra os trabalhadores.
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Saúdam calorosamente o povo da Venezuela pelos avanços realizados
no desenvolvimento da Revolução Bolivariana,
e pela firmeza perante o imperialismo estadounidense e na defesa do projecto de
construção de uma sociedade socialista.
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Reclamam o fim do bloqueio imposto a Cuba pelos EUA e da
«Posição Comum da UE»,ambos instrumentos do
imperialismo.
Sublinham que a sua revolução socialista e a heróica
resistência do seu povo a meio século de guerra não
declarada foi factor decisivo para o fortalecimento em todo o continente da
resistência ao imperialismo norte-americano. Sem essa resistência e
exemplo, os avanços revolucionarios registados na Venezuela não
teriam sido possiveis, nem a emergência de governos progressistas noutros
países.
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Saudam as primeiras manifestações da classe operária e
dos trabalhadores da Rússia contra a exploração
desencadeada pela restauração capitalista em curso no
país.
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Saudam a campanha internacional «Gaza Livre» pelo levantamento do
criminoso bloqueio a Gaza.
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Condenam os crimes cometidos pelo governo de Uribe Velez na Colômbia nos
quais desempenhou importante papel o actual presidente Juan Manuel Santos e
lembram que a solidaridade da União Europeia com o regime neofascista
colombiano dificulta uma solução negociada para o conflito
existente naquele pais pela qual tem lutado corajosamente o seu povo. Exprimem
a sua solidariedade com a senadora Piedad Cordoba e as vítimas do
terrorismo de estado.
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Constatam que o crescimento económico capitalista, baseado no aumento do
consumo, mobiliza fluxos colossais de materiais e de energia, causando a
degradação e a exaustão de recursos naturais finitos
nomeadamente o petróleo que neste momento atinge o nível
máximo de produção possível
ameaçando os processos de renovação natural. Ao
invés do bem-estar das populações, o crescimento
económico capitalista desfigura assim a relação harmoniosa
do Homem com a Terra que habita e que é património comum da
humanidade, destruindo o ambiente necessário à vida e os recursos
indispensáveis à produção
de bens essenciais.
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Alertam para a necessidade imperiosa do combate à
alienação de grande parte da humanidade, envenenada pelo massacre
mediático de uma comunicação social controlada pelo
imperialismo que desinforma e manipula, disseminando a mentira e
ocultando a realidade em escala mundial.
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Apelam ao reforço da defesa da diversidade cultural e da
resistência cultural e linguística, contra a
hegemonização e a colonização do espaço
mediático, comercial, cultural, científico pela expressão
anglo-saxónica, enquanto «língua de trabalho» do
imperialismo.
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Proclamam a convicção de que o marxismo e em particular o
seu
núcleo fundador assente na obra de Marx e Engels continua a
ocupar um
lugar central entre as referências teóricas mobilizadas não
somente pelos comunistas mas também pelos progressistas do mundo. A
reapropriação e o reforço do marxismo, da sua metodologia
e dos seus conceitos, como pensamento da crítica e da
transformação do mundo, nem dogmático nem domesticado, e a
herança do marxismo-leninismo, continuam a ser uma necessidade absoluta
da luta ideológica e na justa definição da
estratégia e da táctica das forças que se empenhem no
combate anti-capitalista e anti-imperialista. Contra o sistema
totalitário de desinformação, de alienação e
de manipulação das massas, o marxismo-leninismo permanece
como a arma intelectual mais preciosa nas mãos dos trabalhadores e dos
povos que resistem. Renunciar a ele equivaleria a desistir da luta pelo
socialismo.
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Denunciam o carácter profundamente reaccionário das campanhas de
criminalização do comunismo, recordam as consequências
trágicas do desaparecimento da União Soviética e expressam
a convicção de que o socialismo é a única
alternativa ao sistema capitalista que, ao entrar na fase senil, optou por uma
estratégia de desespero e exterminista, que ameaça reconduzir a
humanidade à barbárie.
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Registam o significado das comemorações do I Centenário da
Republica Portuguesa, sublinhando a importância decisiva da
participação do povo na revolução do 5 de Outubro
de 1910 e nas suas conquistas políticas.
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Constatam com alegria e esperança a intensificação das
lutas dos trabalhadores em escala mundial, bem como a resistência
às guerras de agressão, designadamente nos EUA, centro do sistema
de dominação, e sublinham que o reforço da solidariedade
internacionalista entre os explorados e os excluídos de todo o mundo
é imprescindivel à globalização do combate contra o
inimigo comum: o capitalismo e o imperialismo.
Serpa, 1 de Novembro de 2010
O original encontra-se em
http://www.odiario.info/?p=1798
Esta declaração encontra-se em
http://resistir.info/
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