Marxismo, social-democracia e “socialismos” (1)

– Uma entrevista do filósofo e militante marxista argentino Nestor Kohan a “La Manigua” (Cuba)

Daniel Vaz de Carvalho (seleção e notas)

Nestor Kohan.

Néstor Kohan, é um intelectual e militante marxista argentino, professor na Universidade de Buenos Aires, autor de numerosas obras de teoria social, historia e filosofia, como El Capital: Historia y método - Una introducción; Ernesto Che Guevara: el sujeto y el poder; Ideario socialista: Marx, Einstein, Guevara, y outros; Fidel para principiantes; Hegemonía y cultura en tiempos de contrainsurgencia 'soft'    [NR].

Recentemente, deu uma extensa entrevista-diálogo, tendo como epígrafe “Social-democracia em Cuba? Crónica de um fracasso anunciado” a «La Manigua» (Cuba) da qual pela sua relevância selecionamos alguns trechos. O texto completo pode ser lido aqui, aqui e aqui, na versão revista e aumentada pelo entrevistado.

Néstor Kohan (NK) analisa com profundidade e pormenor as estratégias imperialistas que visam subordinar as camadas proletárias e movimentos em princípio progressistas aos seus objetivos de derrotar os processos de construção do socialismo. Diga-se que estas estratégias seguem, não por acaso, as do nazi Goebbels. Assim, é replicado pelo imperialismo o que Gobbels, triunfalista nas vésperas da agressão à URSS, mencionava no seu diário sobre a propaganda nazi para os soviéticos, transmitindo simultaneamente três programas de rádio: um trotskista, outro separatista e outro fascista, dito nacionalista.

1 - Anti-imperialismo na cultura e nas ciências sociais

Diz NK, “Já na década de 1960, o imperialismo procurava prever o que aconteceria se os esquemas económicos neoliberais fossem aplicados. Esta política de "choque" começou a ser implementada a partir do golpe do general Pinochet em 11 de setembro de 1973 (e continua a ser aplicada em vários países até à atualidade). O imperialismo investiu muito dinheiro, dezenas de milhares de dólares (talvez centenas de milhares) para descobrir o que aconteceria às massas trabalhadoras deixadas de fora do sistema produtivo capitalista. As forças revolucionárias aumentariam? Revoltar-se-iam? Usariam a violência revolucionária para resistir? Este projeto atuou em vários países, principalmente na Argentina e no Chile. O projeto foi financiado pela Fundação Ford. Todos sabiam (e sabem) que por trás da Ford estava…a “Companhia” (CIA), ou seja, a principal instituição contra-revolucionária do mundo”.

“A “Companhia” não teve e não tem qualquer problema em empregar pessoas que venham da esquerda, se forem úteis. Por exemplo, conta NK, neste processo “participou também Fernando Henrique Cardoso (futuro presidente neoliberal do Brasil, na época ainda com posições "marxistas"). Esse projeto gerou uma série de polémicas porque aparentemente usava linguagem de "esquerda" e até terminologia "marxista." “Superficialmente, tudo era muito limpo e muito "vermelho", mas por trás disso estava a Fundação Ford, e através da Ford o dinheiro e a orientação política vinham...da CIA. O que era aparentemente muito "prolixo” na verdade estava manchado pelo dinheiro sujo da contra-revolução imperialista”.

Este projeto foi desmascarado de forma ideologicamente rigorosa num texto do militante argentino Daniel Hopen. “Há dias, os tribunais argentinos condenaram dois altos funcionários da Ford à prisão por cumplicidade com a ditadura genocida de 1976. Daniel Hopen estava certo!” “Lembremos que Daniel Hopen e a companheira de vida e militância, Moni Carreira, foram sequestrados, torturados e feitos desaparecer em 1976, na ditadura do General Videla e do Almirante Massera. Terroristas liderados pela embaixada dos EUA”.

“Na Universidade de Buenos Aires, muitos "liberais" (falsos esquerdistas e bolsistas do imperialismo) defendem a Ford e atacam cruelmente Daniel Hopen (apesar de ele ter sido sequestrado e feito desaparecer!) Mas ninguém se atreveu a publicar suas críticas à CIA.” “Na obra “Hegemonía y cultura en tiempos de contra-insurgencia soft", utilizei um fragmento de Daniel Hopen, em homenagem aos nossos 30 mil companheiros desaparecidos e desaparecidas na Argentina, mas sobretudo resgatando essa crítica contra o imperialismo ao nível da cultura, da investigação e das ciências sociais”.

Prossegue NK, “Outro camarada, Haroldo Conti – era um pouco mais velho que Daniel Hopen, mas fazia parte da mesma organização revolucionária, o Exército Revolucionário do Povo. Pois bem, Haroldo Conti, sem muita retórica, e com toda humildade, simplesmente rejeitou os promotores da Guggenheim Fellowship. Ele escreveu uma carta de rejeição muito respeitosa, sem insultar ninguém, mas muito clara (…) De uma forma simples, rejeitou a maçã envenenada do dinheiro "altruísta" do imperialismo. Haroldo Conti e Daniel Hopen não eram dois "super-heróis" do cinema. Eram pessoas comuns e normais. Mas eles eram claros sobre as coisas e nunca deixaram a bússola de suas vidas se perder. Por alguma razão, Haroldo Conti foi também sequestrado, torturado e feito desaparecer na Argentina”.

“Entre as fundações e ONG, ligadas à CIA e outras agências de espionagem menos conhecidas do mesmo país, que há várias décadas oferecem bolsas de estudo, viagens de estudo, "estágios académicos", financiamento para blogs, páginas de Internet, publicação de livros, brochuras, projetos de pesquisa, “laboratórios de ideias”, exposições de arte e outros mecanismos clássicos de cooptação político-ideológica da juventude estudantil e do campo intelectual, estão a American Ford Foundation [criada em 1936 pelo grande admirador de Hitler, Henry Ford, autor do livro The International Jew], a Open Society Foundation (propriedade do magnata das finanças George Soros, discípulo do marxista convertido e cofundador do neoliberalismo Karl Popper); USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional); o NED (National Endowment for Democracy); a Fundação Carnegie; a FAES (Fundação de Análise e Estudos Sociais); a Fundação Rockefeller; assim como a Guggenheim Memorial Foundation e o Programa Fulbright patrocinado pelo Bureau of Educational and Cultural Affairs do Departamento de Estado dos EUA. Estes são os mais famosos. Existem muitos outros”.

“Os que recebem dinheiro ou outras vantagens destas instituições pretendem convencer-nos que é "algo 'natural', absolutamente 'normal', receber o dinheiro imundo da CIA e de toda a gama de instituições aparentemente 'civis' que a rodeiam como fachada”. “Mentira absoluta. Falsidade completa. Estamos falando de financiamento regular, sistemático e permanente de instituições estatais (ou paraestatais), contra-revolucionárias da principal potência político-militar do planeta, cujos objetivos declarados visam derrubar a Revolução Cubana”.

“Contei sobre o método utilizado pelas organizações argentinas de direitos humanos (em particular o grupo HIJOS de desaparecidos). Como os tribunais oficiais deixaram em liberdade com total impunidade a maioria dos torturadores e violadores, elas mobilizaram-se e marcharam a essas casas atirando tinta para a parede para que toda a vizinhança soubesse que ali morava um ex-torturador”. “Em Cuba, antes do triunfo de 1959, quando o movimento popular e principalmente juvenil detetava a presença de um torturador militar ou policial, dois jovens de motocicleta procuravam-no e executavam-no diretamente”.

“Para ser mais claro e sem eufemismos: ninguém aceitava o dinheiro sujo dos ianques, nem da Fundação Ebert alemã. Para todos eles era impensável aceitar aquele dinheiro. Portanto, aprendendo com aqueles exemplos práticos de pessoas de carne e osso, parece-me um absurdo inaceitável e uma verdadeira traição que em 2021 se pretenda tornar natural alguns cubanos serem filmados, “desafiadores” e “orgulhosos”, dizendo que receberão dólares do NED ou da OSF de George Soros. (...) Não aceito que então se "vitimem" assumindo a pose de "pobres", "perseguidos", "incompreendidos" se alguém os criticar por trabalharem a soldo do imperialismo genocida, cujo poder só é comparável ao Terceiro Reich”.

Esquerda revolucionária e esquerda gelatinosa

"Esquerda" gelatinosa é uma "esquerda" muito suave que não incomoda ninguém. “La CIA y la Guerra Fría cultural” (pode descarregar o livro gratuitamente) é o mais famoso livro de Stonor Saunders porque estuda principalmente o caso europeu. Aparecem nomes famosos como Sartre e Simone de Beauvoir. Descobrimos que a CIA os tinha como inimigos de morte porque defendiam Cuba, assim como defendiam a Argélia e toda a luta do Terceiro Mundo. Stonors Sounders descreve os mecanismos usados pelos EUA para conter todos os projetos revolucionários. Um desses procedimentos consistia em recrutar pessoas... com que mecanismos? Fundamentalmente com muito dinheiro. É por isso que o título do original em inglês é “Quem paga a conta?” Ela pergunta com grande ironia: eventos foram realizados em hotéis cinco estrelas com comida formidável, viagens em navios luxuosos, férias em lugares exclusivos e esses intelectuais nunca perguntaram quem paga a conta? Quem aposta em todo esse luxo? O dinheiro foi fornecido pela CIA. A autora prova isso porque entrevistou um grande número de ex-agentes reformados. Esses ex-agentes foram encorajados a tornarem-se valentões e relataram suas supostas façanhas de como haviam criado várias instituições culturais aparentemente "progressistas", supostamente "esquerda" para conter a esquerda revolucionária que lutava pelo socialismo”.

“Porque se alguém aparece frente à esquerda com um discurso de extrema-direita, como o dos vermes de Miami, eu acho que no geral a população comum, vai olhar para isso com desconfiança. Agora, se quem se aproxima diz que é mais ou menos "socialista", que é mais ou menos "progressista", que defende a causa popular, então torna-se mais credível. Nesses casos, os setores populares e juvenis podem ouvi-lo ou ler com mais atenção o que ele escreve, porque aparentemente quem o faz e emite esses discursos seria um membro da nossa família política. O imperialismo, com grande subtileza e não pouca astúcia, fabricou a “esquerda” anticomunista”.

“No meu modesto entendimento, uma esquerda anticomunista não é uma esquerda. Correntes de opinião aparentemente "progressistas" que defendem um capitalismo verde (isto é, um "ambientalismo" pró-capitalista); um capitalismo violeta (isto é, um “feminismo” que defende “o assumir do poder das mulheres empresárias”); uma social-democracia que legitima os bombardeamentos da NATO e do Pentágono (porque, como está escrito, “os bombardeamentos da NATO salvam vidas”). Capitalismos verdes, roxos e rosa ou amarelos eles são capitalismo. Imperialismo "com rosto humano" é uma história mais infantil do que a dos reis magos”.

No caso cubano, o Estado norte-americano aloca abertamente parte de seu orçamento de Estado para criar, artificialmente, "laboratórios de ideias" (só o nome gera risos) a partir dos quais, enfim, personagens que se vendem no mercado das ideologias, como uma "esquerda não fidelista", uma "esquerda anticomunista" ou uma "esquerda contra Che Guevara e Fidel Castro" e assim por diante. Contra Fidel e Che? Sim, eles não ousam formulá-lo abertamente, mas disfarçadamente procuram associar Fidel e Che a tudo o que é "mau" e demoníaco, a algo "totalitário" e monstruoso ou a múmias que supostamente são do passado”.

“Você pode imaginar que alguém na Argentina me convidasse para tomar café com aqueles que torturaram e estupraram mulheres grávidas e roubaram seus bebés, ou com aqueles que aplicaram eletricidade nos órgãos genitais de Daniel Hopen, Raymundo Gleyzer, Haroldo Conti? Por favor! Quem quer que propusesse isso seria simplesmente um apologista do terrorismo de Estado. Se alguém em Cuba está propondo o mesmo, como chama-lo? Como caracterizá-lo?”

“De modo que a dita "esquerda" não é só gelatinosa pela frouxidão e oportunismo das suas orientações políticas e pela escandalosa flexibilidade de seus princípios éticos, não é apenas gelatinosa, é escorregadia. Eles fingem ser de esquerda, mas vão contra o socialismo e o comunismo, eles veem isso como um palavrão. Tudo o que tenha uma referência próxima a Fidel Castro é automaticamente classificado como algo mau e "totalitário".

O pluralismo inclusivo da revolução cubana

“Pode haver nuances à esquerda? Claro que sim! Lembrem que sou argentino… Na Argentina diz-se: “Todo esquerdista é dividido por dois” [risos]. Na verdade há pluralismo na esquerda, é claro, e é muito bom que haja. Quando fui a Cuba pela primeira vez e conheci Fernando Martínez Heredia, fiz uma entrevista com ele, intitulada “Cuba e o pensamento crítico” (a entrevista pode ser obtida na internet). Fernando foi muito claro: na história da Revolução Cubana houve nuances, houve diferentes correntes. Ousaria dizer que desde o início da Revolução Cubana, triunfante em 1959, o processo social e político revolucionário foi alimentado por diferentes correntes. A Revolução Cubana é uma revolução pluralista desde o seu nascimento. E dentro desses campos também houve discussões, polémicas, que conhecemos hoje, umas de origem cristã, outras de orientação marxista, também participaram correntes ligadas ao nacionalismo popular e revolucionário, outras de pessoas que provinham de religiões afrodescendentes. Todas convergiram num processo de unificação”.

“Um dos elementos da discussão forte e atual sobre Cuba é: por que existe um único partido? Então existe algo como "uma ditadura totalitária"! Aqueles que afirmam isso com leviandade simplesmente desconhecem o processo histórico a partir do qual se formou o que mais tarde ficou conhecido como Partido Comunista. Esta organização não foi formada desde o início. No início se chamava ORI, Organizações Revolucionárias Integradas, no plural. Compreende-se? Havia várias organizações diferentes, não apenas com nuances, mas até com tradições diferentes. Por que foram chamadas de "integradas"? Porque conseguiram partilhar o que tinham em comum e colocaram de lado o que os confrontava. Posteriormente, esse agrupamento adotou outro nome: Partido Unido da Revolução Socialista de Cuba, ou seja, um Partido que buscava reunir os elementos da unidade, seguindo os ensinamentos de Martí. Não o caricatural e bizarro “Martí” da tragicómica “Radio Martí” da Florida; mas José Martí, a verdadeira figura histórica que escreveu Nuestra América e organizou o núcleo principal do partido da independência cubana contra o colonialismo espanhol e contra o imperialismo ianque.

“O Partido Unido da Revolução Socialista de Cuba agrupou diferentes aspetos, diferentes correntes, até mesmo diferentes jornais. Muitas polémicas, discussões, debates. Demoraram mais de cinco anos, já tendo triunfado, tendo derrotado a polícia, os torturadores e o exército da ditadura; tendo derrotado uma invasão mercenária preparada pelo imperialismo dos EUA; tendo superado uma crise nuclear que quase fez o planeta inteiro voar para o universo. Só depois de todo esse processo tomaram a decisão de formar uma organização unitária com o nome de “comunista”.

“Falo e escrevo humildemente, de fora da pequena ilha. Não de Miami (nave-mãe dos vermes e do polvo com muitos tentáculos, cabeças e máscaras da contra-revolução financiada a 100%, em todos os seus aspetos, pelo complexo militar-industrial do Estado ianque), nem de Madrid (donde alguns intelectuais da social-democracia da NATO pretendem “falar de cátedra” ao povo cubano), nem de Berlim (donde fundações alemãs financiam ONG anticomunistas e macarthistas com enormes quantias de euros). Portanto, na minha modesta opinião, em Cuba não houve nem há um partido único autocrático”.

“O Partido Comunista de Cuba nasceu seis anos após o triunfo, após uma guerra revolucionária de massas e uma luta democrática contra a ditadura militar apoiada pelos Estados Unidos, é uma organização popular e um partido síntese. Por quê "síntese"? Porque consegue articular correntes diversas, distintas, plurais, que não só têm nuances, mas também opiniões e crenças muito diferentes sobre a história nacional, a história da América Latina, a forma de compreender a cultura revolucionária, a forma de interpretar o marxismo, etc. Correntes, tendências e inclinações que conseguem se unificar”.

“O imperialismo adoraria que a organização popular liderada por Fidel se dividisse e se fragmentasse, explodindo em vinte cinco guetos desintegrados e desarticulados, confrontando-se com os discursos mais coloridos e bizarros possíveis; quanto mais a “novos” soassem, melhor, então alcançariam maior sedução e penetração nas periferias sociais, territoriais e geracionais menos politizadas”. “Para alimentar o "pluralismo" e "expandir os direitos"? De maneira nenhuma! Obviamente não! O oposto!”

“O verdadeiro objetivo desta pregação é absolutamente o inverso: a divisão, dispersão e fragmentação do tecido social e político cubano permitiriam que chegassem a dominar Cuba como uma faca na manteiga. Esta fragmentação política e o colapso da unificação das organizações sociais cubanas, esmagadas e moídas por uma multitude de ONG, garantiriam que a burguesia lumpen, a máfia, os vermes da Florida, os EUA ou o Estado alemão, etc., aproveitassem todas as ocasiões para demonizar a unidade do campo popular e revolucionário”.

“Tudo o que soa ou cheira a socialismo, comunismo e unidade popular, os fantoches contratados e os estudiosos assalariados do imperialismo demonizam e automaticamente pintam como um “monstro” dos filmes de terror. Tudo o que diga respeito ao Estado cubano seria, por axioma, "terrível" “Dividi-lo e estilhaçar ao máximo o campo revolucionário é o grande negócio e a principal estratégia do imperialismo. Na Argentina e em muitos outros países dependentes submetidos à "grande vigilância do ocidente". Sofremos com essa estratégia contra-revolucionária há décadas”.

“Como renovar a hegemonia socialista da revolução cubana, agora que, fisicamente, já Fidel não está entre nós? Pois recreando o seu exemplo e a sua lucidez política”. “A renovação da hegemonia socialista cubana deve necessariamente integrar, articular e incluir a grande maioria do povo cubano. Também correntes, vertentes e tradições que talvez não conheçam O Capital de Marx ou não tenham estudado as Obras Completas de Lenine, mas coincidam no desejo de independência de Cuba e anseiem por um futuro mais justo e solidário para a humanidade”.

“Incluindo todos? Na minha humilde opinião, não; definitivamente não. Nem todos! A pequena e microscópica minoria que vive do dinheiro sujo do imperialismo essa minoria não pode ser incluída. Quem quer que trabalhe para o imperialismo, seja qual for a máscara que tenha, abertamente terrorista ou "amigo, perfumado e educado" e crie "laboratórios de ideias" para derrubar a revolução cubana não é amigo. Não é um parceiro”.

“A unidade revolucionária, como nos ensinou Fidel, deve incluir todos aqueles que não são contra a Revolução. Há pessoas que talvez hoje não tenham simpatias bem definidas ou entusiásticas pela luta revolucionária mundial, mas talvez no futuro possam mudar de opinião. Uma política inteligente e lúcida deve esforçar-se por tentar persuadir, convencer, atrair aqueles que não estão 100% convencidos.

Lembremos que nem mesmo Marx nasceu comunista! Na sua juventude sentiu distanciamento e até desconfiança em relação ao comunismo de seu jovem amigo Engels. Ernesto Guevara também não foi um militante revolucionário desde o colégio. As pessoas podem mudar. E temos que ter uma política cultural que estimule e incentive os valores da solidariedade, generosidade, amizade, lealdade, altruísmo; para combater o egoísmo, o individualismo e o consumismo que tentam nos vender do "American way of life". Contudo, quem se coloca ideologicamente ao serviço do imperialismo e até reproduz o seu quotidiano com o dinheiro sujo da contrarrevolução, fica necessariamente fora da “família” revolucionária”.

NK menciona ainda La Joven Cuba, um blog criado na Universidade de Matanzas (Havana) desde há dez anos. Segundo os próprios, La Joven Cuba é uma equipa de investigação e análise política que trabalha por “um país justo, democrático e sustentável”, cujo “editor-chefe opera nos EUA”. “La Joven Cuba, dirigida desde Estados Unidos, afirma que o Partido cubano “nunca foi marxista”. “Nunca! Quando li isto não sabia se ria ou chorava. Mas que nível de ignorância! Que grau de petulância!” “Por isso digo que é preciso travar a batalha ideológica e lutar para recriar a hegemonia socialista, mas também não perder tempo com gente tão pouco séria”.

(continua)

20/Outubro/2021

[NR] Ver Obras de Nestor Kohan

A entrevista completa encontra-se em
lapupilainsomne.wordpress.com/2021/10/27/socialdemocracia-en-cuba-cronica-de-un-fracaso-anunciado-parte-1-por-nestor-kohan/,
lapupilainsomne.wordpress.com/2021/10/28/socialdemocracia-en-cuba-cronica-de-un-fracaso-anunciado-parte-2-por-nestor-kohan/ e
lapupilainsomne.wordpress.com/2021/10/29/socialdemocracia-en-cuba-cronica-de-un-fracaso-anunciado-parte-3-por-nestor-kohan/

Este artigo encontra-se em resistir.info

07/Nov/21