O golpe de 11 de Abril
por Hugo Chávez,
entrevistado por Marta Harnecker
[*]
PORQUE É QUE CHÁVEZ DECIDE ENTREGAR-SE
Marta
Esta entrevista decorre no mesmo lugar onde estiveste detido durante o golpe de
11 de Abril; poderias contar-me as tuas recordações mais
importantes daquelas horas amargas?
Chávez
Inicialmente, pensámos que tínhamos várias alternativas,
inclusive a de irmos para Maracay, mas os tanques que eu tinha pedido bem cedo,
que eram precisamente o poder de fogo, a mobilidade, o poder de choque, com que
supunhamos contar, tinham sido levados para o Forte Tiúna por
imposição dos generais golpistas, de modo que ficámos sem
mobilidade e a opção Maracay tornou-se mais difícil.
Depois de uma análise da situação e de discutir com alguns
companheiros, decidi, finalmente, aceitar render-me.
Abracei Giordani e Navarro no meu gabinete, despedi-me e disse-lhes:
"Não houve saída possível". Eles não me
responderam. Pensei que ia morrer. Essa ideia nefasta passou-me pela mente por
um instante. Despedi-me de todos os que, naquele momento, me acompanhavam no
palácio.
Fui levado para o Forte Tiúna com os generais Rosendo
[1]
, Hurtado
[2]
e outro oficial de minha escolta pessoal
[3]
. Não ia preso. Só quando lá cheguei e entrei no
edifício do Comando Geral do Exército é que passei a ser
prisioneiro dos golpistas.
INTENÇÕES DE MATÁ-LO
No Forte Tiúna, vendo pela televisão um televisor
emprestado por um oficial que anunciam a minha renúncia, dou
conta da grande mentira. Naquele momento penso: "Agora vão matar-
me; a única forma de Chávez não dizer que não
renunciou é estando morto". Naquele momento, às escondidas,
um oficial emprestou-me um telefone; liguei à minha esposa e disse-lhe:
"Faz alguma coisa porque me vão matar". Tento falar com minhas
filhas mas só consigo falar com María: "María, faz
alguma coisa e denuncia-os porque me vão matar".
PORQUE NÃO O MATARAM
Marta
Eu também pensei que te iam matar. E ainda não entendo como
não o fizeram.
Chávez
A ordem de me matar foi dada, mas os generais golpistas não tinham uma
verdadeira liderança; e alguns generais, principalmente os militares
mais jovens que me guardavam, neutralizaram essa ordem.
Inclusive um empregado um desses rapazes que serve café
ouviu alguns militares, entre eles o almirante Molina, o que parecia ser uma
pressão sobre Carmona pela minha eliminação física.
Este rapazinho disse ter ouvido claramente, pois estava atendo, o que Carmona
disse: "Bom, está bem, apliquem-lhe, então, a lei da
fuga". Naquela noite levaram-me de helicóptero a Turiamo um
local inóspito e, pelas circunstâncias do momento, e a
tensão que eu sentia no ambiente, pensei: "Chegou a hora" e
comecei a rezar o Pai Nosso com este crucifixo. Estava disposto a morrer de
pé, com dignidade. Disse a mim mesmo: "Chegou a tua hora, mas vais
morrer por ser fiel ao teu povo".
O APOIO QUE RECEBE NOS DIFERENTES LUGARES EM QUE ESTÁ PRESO
O pessoal subalterno que me rodeou nos diferentes lugares onde estive, desde os
soldados da tropa até aos oficiais que queriam limpar o pequeno
aposento, a casa de banho, que era muito modesto, traziam objectos. Havia uma
cama muito pequena e procuraram outra, uma cadeira. O que deseja, um refresco,
um café? Foram muito atenciosos comigo.
Quando me deixaram caminhar fora da cela, deram-me uma camisa, como estava
descalço, deram-me uns chinelos, estavam preocupados que me faltasse
alguma coisa.
Também há o caso de duas mulheres fiscais militares.
Inicialmente, elas entraram sozinhas no meu quarto, mas um minuto depois,
determinaram que elas saíssem; poucos minutos depois, elas entram
novamente, agora acompanhadas por um coronel dos golpistas, que era advogado, e
sentaram-se. Então, deduzi que as mandaram sair porque o coronel queria
estar presente. Falámos durante uns minutos. Perguntaram-me como me
sentia. Inicialmente, disse-lhes que queria que elas soubessem que eu
não tinha renunciado e que não pensava fazê-lo; e que
denunciava a mentira que estava a ser veiculada pelos órgãos de
comunicação.
Elas escreveram à mão num papel apenas dados relativos à
saúde, que eu tomei conhecimento e assinei. Quando li e dei conta de que
não tinham anotado o detalhe sobre a renúncia, soube que estavam
sob pressão, mas não quis ser impertinente com elas. Além
disso, eu não as ia pressionar, apenas lhes disse: "Bem, muito
obrigado".
Fizeram com o olhar um gesto de cumplicidade e saíram. E sabes o que
fizeram? Depois de assinarem e de o coronel revisar a folha e saírem,
uma delas escreveu em letra pequenina, debaixo da assinatura, uma nota:
"Manifestou que não renunciou". Em seguida, fizeram chegar uma
cópia por fax à Procuradoria Geral da República e foi
assim que Isaías Rodríguez, o procurador, na entrevista que saiu
nessa tarde, disse: "Chegou-nos a informação da Procuradoria
Militar de que o presidente não renunciou".
Há a ajuda do soldado que me oferece uma pedra para que eu a esfregue e
peça um favor ao Espírito Santo. Este é um patriota
à sua maneira. E o tenente que, em Turiamo, me disse: "Fique
tranquilo, o senhor é o nosso presidente, não se preocupe que,
quando anoitecer, vamos deter os oficiais superiores e sairemos daqui".
Também há um outro rapaz, que chegou de repente à minha
cela e me disse que era das pampas, e eu escrevi uma nota, deitei-a ao lixo e
ele saiu, levando o papel para a esposa, que tirou não sei quantas
cópias e divulgou que eu não tinha renunciado.
Todas elas foram ajudas, uma gotinha atrás da outra. Nunca me esquecerei
dessas pessoas e desses dias.
O QUE OCORREU NA ILHA DE ORCHILA
[Olha o relógio: são duas e pouco da madrugada.]
Estar em Orchila faz-me lembrar, hoje, duas coisas: uma agradável e
outra desagradável. A agradável é que estive aqui na
Semana Santa a tomar banho com a minha menina, Rosa Inés, com
María Isabel
[4]
e o meu Raúl. Dei uma fugida e passámos momentos
agradáveis. A desagradável foi a lembrança daquela noite
quando me trouxeram preso.
Ao anoitecer, comecei a dar conta de que algo estava a acontecer no
país, algo a favor da revolução. Notava isso na atitude
dos militares que me guardavam. Tinham mudado de atitude, comecei a senti-los
mais solícitos. Numa ocasião, esteve lá um almirante, de
helicóptero; e quando entra no aposento onde me encontrava
descalço, com uns calções e uma camisa, comendo um peixe,
depois de ter caminhado um pouco com os sargentos que estavam em actividade
detém-se firme e diz-me: "Presidente, venho com uma
comissão especial". Esse foi outro sinal: ninguém, desde a
minha prisão, me tinha chamado de presidente. Em seguida, chegou a
comissão enviada pelos golpistas: um general da Justiça Militar,
um coronel dos golpistas e o arcebispo. Eu estava naquele aposento a imaginar a
situação, a pensar no que aquelas pessoas me iriam propor. Eu
queria, principalmente, ganhar tempo para tratar de me informar do que estava a
acontecer no país. Tinham aceite ir para La Orchila porque, como a
conheço, sabia que, apesar de ser uma ilha, eu tinha mais oportunidades
de obter informações. Até cheguei a pensar que a
situação não mudara e que eles me iriam propor que
saísse do país. Talvez devesse aceitar, sem renunciar ao governo,
com a ideia de que, a partir do exterior, de algum país amigo, eu
pudesse inteirar-me do que estava a acontecer na Venezuela, agir a nível
internacional e começar uma acção. Primeiro quis falar com
o arcebispo; falei com ele sobre algumas coisas, perguntei-lhe, principalmente,
como era possível que a Igreja Católica tivesse aceitado esse
golpe, contrariando a doutrina de Cristo. Falamos por uns instantes. Em
seguida, fomos para a reunião. Eles traziam o decreto de renúncia
para que eu assinasse e disseram-me que havia um avião pronto para me
tirar do país, uma vez que eu assinasse a renúncia. Duas noites
antes eles tinham dito que não importava se eu assinava ou não,
que ia dar no mesmo de qualquer maneira. Quando ouvi aquilo, pensei: "Eles
estão com problemas, está a acontecer algo de muito sério
para que cheguem ao ponto de colocarem um avião à minha
disposição".
Eu disse-lhes que não poderia assinar aquilo, que se lembrassem de que
eu me disporia a assinar, mas com uma série de condições,
e repeti-lhes as condições que tinha estabelecido no
palácio. Eu sabia que eles não as iam cumprir. Disse-lhes,
primeiro, sobre a questão da segurança física de todos os
homens e mulheres, povo e governo: "Os senhores violaram o acordado,
agrediram, prenderam, quem sabe o que está a acontecer por lá;
mas, pelo pouco que eu soube enquanto estive no Forte Tiúna, vi que
prenderam Tarek5, outro deputado, os ministros foram tirados de suas casas
quase arrastados".
"Segundo: que se respeite a Constituição, quer dizer, eu
renuncio perante a Assembleia Nacional e o vice-presidente assume a
Presidência da República, até que se convoquem novas
eleições. E os senhores calcaram a Constituição,
dissolveram a Assembleia Nacional, o Tribunal da Justiça, etc., de modo
que é disso que vamos falar."
Marta
E tu sabias disso?
Chávez
Eu sabia disso porque, no Forte Tiúna, como disse, um oficial tinha-me
emprestado um televisor e, durante todo aquele dia, até as seis da
tarde, pude ver televisão. Posteriormente, quando me levaram daquele
para outro local, durante a noite, não fiquei a saber mais nada. Eu vi
que prenderam o Ministro do Interior, o governador de Táchira. Vi a
posse de Carmona e todo o processo
[6]
.
A terceira condição era falar em directo para o país.
"Como os senhores acham que eu vou partir assim, sem dizer nada ao
país?"
Quarto: que me acompanhassem todos os funcionários do meu Governo, os
jovens que me auxiliaram durante anos. Tão-pouco iriam aceitar isso,
porque seria um grupo de choque que eu teria em mãos.
E o bispo disse: "Bom, Chávez, tens de pensar no país, tu
sabes, com esse discurso...". "Bem, eu estou a pensar no
país". Começamos a discutir e eu ia ganhando tempo. Via os
sargentos que estavam ali perto com as suas espingardas e
lança-foguetes, a conversar entre si e a olhar-me de soslaio; havia
nervosismo no ar. E, lá fora, o almirante, fazia chamadas, entrava e
saía. Eu pressentia que algo estava a acontecer, para além da
renúncia.
O meu objectivo era ganhar tempo, falar e discutir. Então, foi quando
lhes apresentei uma segunda situação e disse: "Eu não
vou assinar a renúncia, não insista, monsenhor. Os senhores
violentaram tudo isto" e mostrava-lhe a Constituição.
"A absoluta falta de presidente é o que os senhores querem? Essa
falta absoluta é a morte. Isso é o que querem? A renúncia
depende de mim, a morte depende dos senhores. Ou querem que uma junta
médica me declare mentalmente incapacitado e que essa
declaração seja aceita pelo Supremo Tribunal da Justiça e
validada pela Assembleia Nacional? Hoje não temos Tribunal da
Justiça nem Assembleia Nacional, não sei se haverá
médicos que possam fazer isso. Quem vai dar o aval? E isso
tão-pouco é viável. Resta-lhes então uma
alternativa que proponho para facilitar, uma alternativa constitucional:
afastamento do cargo". Então eu lancei-lhes uma armadilha
interpretativa, eu sabia que o monsenhor não conhecia muito as leis, mas
havia um coronel, advogado e muito astuto, e eu pensei: "É com esse
que eu tenho de debater. Ele é advogado e eu não, mas ele
não conhece a Constituição e eu sim".
Então digo: "Eu posso abandonar o cargo, eis a
Constituição. Vamos lê-la? Falta absoluta do presidente da
República, tal e tal, abandono do cargo". Mas acontece que a
Constituição diz que o abandono do cargo deve ser reconhecido
pela Assembleia Nacional, e isso eu não lhes li. "Eu sou capaz de
assinar um documento que diga que eu abandono o cargo, mas não
renuncio." "Bem, mas qual é a diferença?" O
coronel sai para fazer consultas, seguramente por telefone, e volta com uma
Constituição que alguém lhe deu e ele dá conta da
armadilha. "Mas Chávez, acontece que há um problema: a
Assembleia Nacional". "Isso é um problema vosso, mas é
a única maneira de eu assinar; além disso, preciso de um
telefone, porque, se vou para o México ou para Cuba, preciso de falar
com o presidente desse país. Eu não vou sair daqui num
avião sem rumo e, além disso, preciso de falar com a minha
esposa, os meus filhos, etc., e algumas outras pequenas coisas."
Então, passei a redigir um documento onde dizia: "Eu, Hugo
Chávez Frías, cédula de identidade tal". Claro,
redigi como eu o havia concebido! "Diante da contundência dos
factos, aceito que fui removido do cargo e, portanto, o abandono", algo
assim. E esse homem mordeu o anzol e disse-me: "Bom, rapaz, está
bem, eu tenho de levar para lá algo assinado".
Então, eles começam a escrever o documento ao computador. O
oficial que escrevia era do grupo do qual eu me tinha aproximado e eu
falei com eles, um a um, a maioria eram jovens de boa-fé
trabalhava lentamente, cometia erros, fazia por ganhar tempo. O coronel
apressava-o. Durante esse tempo, notei que havia nervosismo. Havia muitos
sargentos em posição de defesa e eu vi que alguns estavam a
assumir posições de combate, de alerta. Então, chamo o
almirante, que estava lá fora, e pergunto-lhe: "Que ameaça
pode haver aqui? Por que é que os rapazes estão a tirar os
lança-foguetes, assumindo uma posição de defesa?" O
homem nervoso diz: "Não, não presidente, não é
nada, não aconteceu nada, o senhor sabe, é preciso proteger a sua
vida".
Eu fico sozinho na sala e o chefe da minha guarda aproxima- se silencioso e
fala-me quase ao ouvido: "Presidente, não assine nada" e
desaparece como um presságio. Fico a pensar no que estaria a acontecer.
Entrei na casa de banho para ganhar um pouco mais de tempo e para estabelecer
rapidamente uma estratégia. Decidi então não assinar. Saio
e digo: "Tenente, não escreva mais nada", e digo ao arcebispo
e aos outros: "Não vou assinar nada, definitivamente, de modo que:
muito obrigado pela sua visita". E então fiz uma brincadeira com
eles: "Se quiserem podem ficar esta noite aqui na minha cela, que é
de luxo, e amanhã poderão partir. Eu pensei bem e,
definitivamente, não vou partir. Aqui está a minha
família, os meus filhos, a minha mulher, os meus seguidores, o povo...
Eu não sei o que está a acontecer, os senhores negaram-se a
informar-me, nem sequer tive um telefone para poder falar com alguém,
mantiveram-me incomunicável".
Foi muito estranho o facto de eles não oporem nenhum tipo de
resistência à minha ideia, mas disseram de repente, muito
rápido: "Bem, Chávez, tens razão, vamos embora"
e saíram rápido, nervosos, mas mais nervosos estavam quando
entraram novamente, cinco minutos depois. O padre estava da cor dessa cadeira
[aponta], branco, os demais estavam nervosos, e os rapazes, então, notei
que estavam ainda mais tensos. O almirante diz-me: "Presidente, há
um esquadrão de pára-quedistas, que está a chegar"
ele não sabia que também vinha uma fragata e uma patrulha
ligeira da Marinha. E eu pergunto: "Mas, a que vêm?"
"Vêm resgatar o senhor". "E tu, o que pensas fazer?"
"Nada, estamos aqui para guardar a sua vida, não vai acontecer
nada. Eu já falei ao telefone com o general Baduel o dos
pára-quedistas e pedi que dissesse por rádio aos
helicópteros que não vai haver resistência, que não
vai haver nenhum disparo". "Ah! Parece muito bem!" e perguntei:
"E essa gente, por que está aqui?". "Bem, porque o
avião que os trouxe partiu e os deixou aqui!" Imagino que, pelo
rádio, o piloto ouviu que os pára-quedistas estavam a chegar e
foi como o diabo a fugir da cruz. Eu, rindo, ofereci-me para os levar no meu
helicóptero. O almirante sai outra vez e aproxima-se de mim:
"Presidente, tem uma chamada telefónica". "Quem
é?" "O ministro da Defesa" "Não quero falar
com esse almirante" o que os golpistas haviam nomeado ministro da
Defesa. "Não, não é ele, é o seu ministro da
Defesa, o doutor Rangel". Aí, subitamente descobri que na cozinha
havia um telefone que me tinham escondido. Ouvir a voz de José Vicente
foi como se o sol brilhasse no meio da noite. Aquela voz inflamada. "Bem,
estamos à tua espera! Depois explico-te". "Mas, onde
estás tu?" "Aqui, no Ministério da Defesa;
retomámos o palácio; Carmona está preso. Os
pára-quedistas vão-te buscar, devem estar a chegar. Estamos
à tua espera, o povo está aqui na rua" "Houve
mortos?" "Bem, alguns, depois explicamos-te" "E com quem
estás tu aí?" "Com o general López Hidalgo"
"Passa-lhe o telefone". E falei com ele um momento: "Compadre, o
que aconteceu? Há muitos mortos?" "Não, presidente,
não se preocupe, há alguns, mas o povo está na rua e
nós estamos a controlar o Exército e as demais
forças". "Então até já".
Liguei para o general dos pára-quedistas, em Maracay, que foi o
bastião da resistência. Falei com Baduel, falei com García
Montoya, que estavam lá no comando operacional. Explicaram-me algumas
coisas, mas não houve muito tempo, pois passado alguns instantes os
helicópteros já estavam a aterrar. Não houve nenhum
problema, alguns advogados vieram verificar o meu estado físico, porque
houve boatos de que me tinham espancado muito, que meu fígado tinha sito
rompido, não sei o que mais, e o povo estava muito preocupado com isso.
Bem, eu acho que era mais ou menos esta hora quando eles chegaram (olha para o
relógio, são duas e pouco da madrugada), porque eu cheguei ao
palácio cerca das quatro da manhã. De maneira que sempre me
lembrarei deste local por toda a minha vida.
Quando penso no golpe de 11 de Abril lembro-me das ideias de Kennedy, que
já citei antes: "Os que fecham o caminho para a
revolução pacífica abrem o caminho para a
revolução violenta". Nós escolhemos fazer a
revolução constitucionalmente, por um processo constituinte de
inquestionável legitimidade. Se em algum momento de 11 e 12 de Abril
duvidei que uma revolução democrática e pacífica
fosse possível, o que aconteceu a 13 e 14 de Abril quando essa
imensa quantidade de pessoas saiu às ruas para rodear o palácio
de Miraflores e vários quartéis, exigindo o meu regresso
reafirmou em mim com muito vigor a ideia de que é possível, sim.
Claro que a batalha é dura e será dura e difícil. Trata-se
da arte de tornar possível o que pareceu e continua a parecer para
muitos como impossível.
Notas
1- Manuel Antonio Rosendo.
2- Ismael Hurtado.
3- General Vietri Vietri, chefe da Casa Militar, hoje director da Escola
Militar.
4- Sua esposa.
5- William Tarek Saab, deputado pelo V República e membro do Comando
Táctico Nacional e presidente da Comissão de
Relações Exteriores da Assembleia Nacional.
6- Refere-se ao processo em que Carmona tomou posse e declarou dissolvidos os
poderes da Nação: Supremo Tribunal da Justiça,
Procuradoria Geral da República, Defensoria Popular, Tribunal de Contas
da República, Conselho Nacional Eleitoral e Poder Executivo (ministros,
etc.).
[*]
Capítulo do livro
Hugo Chávez: Um homem, um povo
, de Marta Harnecker, editado pela Campo das Letras, Porto, 2006, 228 pgs.,
ISBN 989-625-040-5
Esta entrevista encontra-se em
http://resistir.info/
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