O Facebook aderiu à guerra virtual contra o povo palestino
No dia 9 de Outubro o Facebook eliminou a página do Centro Palestino de
Informação (PIC) sem sequer contactar seus administradores.
A página contava com quase cinco milhões de seguidores no
Facebook e, para os provocadores ao serviço de Israel nas redes sociais,
era outro inimigo a abater.
Assim, o Facebook tornou a demonstrar seu servilismo para com o Tel Aviv e o
seu apoio ao racismo e ao apartheid.
Segundo um documento obtido por The Electronic Intifada, o governo israelense
financiou uma campanha mundial de propaganda para manipular os estrangeiros e
lutar contra o movimento palestino
BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções)
[1]
.
Israel formou um exército de milhares de provocadores financiados
parcialmente pelo Ministério de Assuntos Estratégicos. Para
ocultar a sua participação, o Ministério admitiu que
trabalha com grupos que lhe servem de camuflagem e não querem expor seus
vínculos com Tel Aviv.
Uma das plataformas on line deste tipo é
Act II
, que tem 15 mil membros activos. Trata-se de uma aplicação
móvel que recruta provocadores para uma guerra virtual às
mensagens pró palestinas no Facebook
[2]
.
Contudo, Israel nunca teria alcançado seus objectivos se o Facebook
não se houvesse somado oficialmente ao governo de Tel Avi na sua guerra
virtual contra os palestinos.
Em 2014 Sohaib Zahda foi o primeiro palestino detido pelo exército
israelense por inserir uma mensagem nas redes sociais. Iniciou-se assim uma
nova estratégia para reprimir o que Israel considera um
"incitamento". Desde então, a campanha de
detenções estendeu-se a centenas de palestinos, principalmente
jovens artistas, poetas e estudantes.
A partir do ano seguinte Israel começou a pressionar seriamente o
Facebook. As detenções de palestino por mensagens no Facebook
abriram uma nova janela às práticas de Israel, revelando o lado
mais escuro das redes sociais.
Israel construiu rapidamente uma legal para as detenções.
Só em 2015 foram abertos 155 processos, proporcionando uma cobertura
legal que foi explorada como parte do seu acordo posterior com o Facebook. O
juízes recorreram ao artigo 144 D.2 do Código Penal israelense de
1977 ("incitação à violência e ao terror")
para a repressão nas redes sociais.
Como é habitual, a estratégia israelense começou com uma
campanha maciça de propaganda para criar uma pressão
pública e mediática no Facebook. O governo israelense activou o
exército de sicários que acabava de criar na Internet para dizer
que o Facebook se havia convertido numa plataforma de ideias violentas que os
palestinos exploravam sobre o terreno.
Quando em Setembro de 2016 o governo israelense anunciou sua vontade de
trabalhar com o Facebook para "lutar contra o incitamento" à
violência, a rede de Zuckerberg estava preparada para acabar com a
liberdade de expressão que sempre havia prometido respeitar.
Após dois dias de conversações nas quais participaram,
entre outros, o ministro do Interior israelense, Gilad Erdan, e o ministro da
Justiça Ayelet Shaked, o governo israelense e o Facebook acordaram
"combater o incitamento à violência nas redes sociais"
[3]
.
Numa declaração posterior, o gabinete do ministro israelense do
Interior reconheceu que ambas as partes haviam acordado "criar equipes
para determinar a melhor maneira de supervisionar e eliminar o conteúdo
incendiário". Isso significava que os conteúdo relacionados
com a Palestina e Israel seriam filtrados, não só pelo Facebook
como também pelos polícias israelenses.
O processo de selecção de objectivos segue sempre o mesmo
percurso:
- os provocadores israelenses aparecem e comentam as publicações
palestinas;
- denunciam as pessoas e os conteúdo supostamente ofensivos à
equipe conjunta do Facebook e Israel;
- a plataforma digital envia recomendações sobre as contas
marcadas para a censura;
- as contas palestinas e solidárias são apagadas ou eliminadas.
A censura foi devastadora para os palestinos, com muitas páginas
eliminadas temporária ou permanentemente.
06/Novembro/2019
(1)
electronicintifada.net/content/inside-israels-million-dollar-troll-army/27566
(2)
jacobinmag.com/2017/07/israel-social-media-app-idf-shin-bet-bds
(3)
www.theguardian.com/...
Ver também:
Censura no Facebook
O modelo "Ocean" e o fascismo
‘Crucial source of intelligence’: Indian Army urges officers to wipe Facebook accounts & avoid WhatsApp over security gaps
‘Pegasus’ spyware attack: Indian journalists & activists targeted on WhatsApp, lawsuit claims
O original encontra-se em
movimientopoliticoderesistencia.blogspot.com/...
[*]
Movimento Político de Resistência.
Este artigo encontra-se em
https://resistir.info/
.
|